CAPÍTULO 1

1201 Words
CAPÍTULO 1 Ayla… Mais uma noite como tantas outras, um mimado qualquer que quer continuar enchendo a cara no bar, mesmo que estejamos fechando e hoje para piorar Pietro o gerente não estava, então tive que lidar com o grandão mimado e tatuado sozinha. Mas eu estava acostumada, trabalho na noite já há muito tempo, sei me defender, digamos que a vida nunca foi tão gentil comigo. Me chamo Ayla, e tenho vinte e dois anos, trabalho nesse bar há três, desde que a minha mãe morreu, meu pai? Nunca vi na vida, ele apenas me fez e abandonou a minha mãe grávida, enfim com muito esforço ela conseguiu me criar, ela era uma imigrante brasileira, e as pessoas a julgavam por isso, ela nunca conseguiu um emprego formal, mas mesmo assim me deu o que pôde, e comigo não é diferente, os meus traços latinos logo entregam que eu não sou uma russa legítima, não tenho os olhos claros e cabelos dourados que a maioria das pessoas tem por aqui, mas se querem saber eu amo as minhas curvas e o meu sangue quente latino. Moro em um pequeno apartamento alugado em Chertanovo do Norte, digamos que é um bairro considerado por muitos, barra pesada, certamente não está entre os mais belos de Moscou. Os seus gigantescos e acinzentados prédios de apartamentos remetem ao imaginário sobre a era soviética, e alguns deles estão claramente degradados, mas como em todos os lugares há pessoas de bem morando lá, que simplesmente não tem outra opção de moradia. Meu apartamento, ou melhor dizendo, a caixa de fósforo onde moro, fica logo na entrada do bairro, então não preciso passar pela pior parte do lugar. Meu namorado, Dimitri, passa algumas noites comigo lá, mas no geral estou sozinha. O conheci logo que comecei a trabalhar aqui, mas estamos juntos apenas há um ano, ele é um cara legal, me trata bem, mas ainda sinto que falta algo na nossa relação, às vezes parece que Dimi, vive em um mundo só dele, um mundo que não faço parte e nem ele quer que eu faça. Termino de fechar o caixa, e levo o dinheiro para o cofre, eu sabia tudo sobre esse lugar, e Pietro confiava em mim cegamente, tranquei tudo e saí acompanhada dos seguranças, Dimi estava me esperando na porta para me levar embora. Era uma noite bonita, o céu estava estrelado, e até o ar parecia mais puro. [...] Assim que entramos no apartamento, me deparei com os inúmeros boletos enfiados debaixo da porta, contas e mais contas. — Mais algumas para a coleção—digo colocando os papéis junto com os da semana passada e caminhando até a minha cama. — Já disse que posso ajudar, se quiser—Dimi diz se sentando na minha cama. — E eu já disse que não precisa, eu me viro, junto as gorjetas da próxima semana e p**o isso—digo tirando a bota e me encostando na cabeceira da cama. — Um amigo me chamou para um aniversário, de um amigo ricaço dele, vai ser na London, coisa chique, ele disse que eu posso levar a minha gata, e antes que diga que tem que trabalhar, será na sua noite de folga—ele me olha sorrindo. — Ah, Dimi, não sei, essas festas são cheias de granfinos metidos a b***a—digo. — Amor, bebida de graça, vamos dançar, nos divertir, não fazemos isso há um bom tempo, e você sabe bem. Sim! Eu sei por que, eu trabalho igual uma escrava e não tenho tempo para o meu namorado, que pode facilmente estar trepando com uma russa siliconada enquanto eu sirvo doses de uísque atrás daquele balcão. — Tudo bem, nós vamos—digo e ele me abraça sorrindo. Decido tomar um banho e quando eu volto, Dimi está entretido com um jogo qualquer na TV, me deito ao lado dele na cama, e aproveito para olhar as minhas redes sociais, e responder às mensagens das minhas amigas malucas no grupo, logo o sono me invade e eu durmo, um sonho me perturba, eu estou correndo de alguém em uma floresta escura, mas paro quando alcanço um precipício, a criatura atrás de mim, me alcança, mas não posso ver o seu rosto, apenas o seu corpo desenhado reflete na luz da lua, metade monstro, metade humano, eu tinha duas opções, me atirar no precipício a minha frente, ou me deixar capturar por aquele ser, acordo antes que eu possa escolher, vejo pela pequena janela, que ainda é noite, fecho os meus olhos na inútil tentativa de dormir novamente, mas as imagens daquele sonho me invadem, e eu não conseguia entender. Vejo o dia amanhecendo, e logo Dimi se levanta para sair, ele trabalhava como entregador em uma rede de supermercado, então entrava cedo, eu como só trabalharia a noite fico enrolando na cama, tentando dormir um pouco, já que eu não havia conseguido. E quando acordo novamente já tem passado do meio-dia. Levanto-me ainda preguiçosa, só de pensar na noite de hoje eu já quero desistir, aos sábados o bar lotava de idiotas que não queriam somente a bebida e achavam que por eu trabalhar ali estava vendendo o meu corpo também. Caminho até o banheiro e ligo o chuveiro lavo o meu cabelo que estava há três dias sujos e dou um jeito na minha depilação que estava gritando por socorro, a verdade é que eu m*l tinha tempo de cuidar de mim. Saio do banho e coloco um vestido leve, estávamos no verão graças a Deus, pois o inverno aqui era rigoroso. Decido fazer comida de verdade, o meu estômago gritava só de ver um fast food, eu estava me alimentando muito m*l ultimamente. Faço o meu prato e me sento em frente a TV para assistir ao noticiário, mais do mesmo, assaltos, assassinatos e a maldita máfia mandando em tudo e fazendo o que bem quer e o pior embaixo do nariz das autoridades da cidade. A noite chegou mais rápido do que pensei, e logo estava entrando no Totem de novo, o meu amado, local de trabalho. Reviro os meus olhos quando vejo que o lugar já está cheio, eu realmente estava cansada disso aqui. Sigo para trás do balcão e começo o meu trabalho. —Oi de novo. A voz grossa ecoa próximo a mim, e eu ergo os meus olhos me deparando com o mesmo homem de ontem, os seus olhos azuis me analisando, o seu cabelo preso em um coque, a barba cheia, os braços cobertos pelas tatuagens e o seu perfume que exalava, a sua presença parecia preencher todo o lugar. — O que vai querer? Decido ser direta, aquele homem tinha uma enorme placa de perigo em cima da sua cabeça. —Você. A sua voz sai mais grossa e os seus olhos fixam nos meus. — Não sou uma garota de programa—afirmo sustentando o seu olhar. — Eu sei que não, eu sei exatamente quem você é Ayla. O meu nome sai dos seus lábios de forma pausada e sexy, um arrepio sobe pelas minhas costas, quem era esse homem? E o que ele queria de mim?
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