“Amar é se entregar e se lançar,
no total vazio da insegurança,
sem ter nada para se sustentar.
É preciso haver razão na esperança,
e fazermos tudo com confiança,
na oportunidade de amar.”
Luiz Carlos Guglielmetti.
Stela
— Levanta-se, acorda ou eu vou te derrubar da cama e chutar a sua b***a.
Sou acordada por Andreza como nos velhos tempos.
— A tia Andreza vai chutar a b***a da mamãe, papai, Andrew.
Isso sim, me desperta de vez.
Sento na cama e olho para as duas na minha frente. Andreza está com Louise no colo que está com um celular na mão.
— Vira a câmera para ela, bebê, me deixa ver a cara da sua mãe.
Escuto a voz do Andrew vindo do telefone, o que me leva a crer que estão em uma videochamada.
— Pelo amor de Deus, Stela, o que o Ivan está fazendo com você?
Eu me deito novamente e puxo o lençol para cobrir o meu rosto.
— Que horas são? Por que me acordaram tão cedo?
— Não é cedo, mamãe. O meu papai já foi trabalhar e a senhora ficou dormindo. O meu papai, Andrew, também já está trabalhando e a minha vovó teve que me dar o meu café da manhã e o meu leite.
Meu Deus, eu sou uma péssima mãe!
— Me perdoe, filha, vem aqui com a mamãe, vem. — Tiro o lençol, a chamo e Andreza me entrega minha bebê.
— O que você tem, Stela? Não foi trabalhar ontem e hoje eu chego aqui e você está na cama. O que está acontecendo com você, minha amiga?
Olho para Andreza depois para o celular que Louise tem nas mãos e vejo a preocupação nos olhos do Andrew.
— Como está a Catarina e a Eve, Andrew?
Percebo que só de falar no nome de Catarina, ele abre um sorriso grande.
— Eve está bem e a Catarina continua surtando com o pequeno Otelo.
Todos sorrimos, pois Catarina odeia o pequeno ratinho.
— Eu ainda não acredito que você e o Ivan derem mesmo um rato de presente para a menina — Andreza diz sorrindo.
— Você precisava ver a cara dela de felicidade, Andreza. Não tinha como simplesmente dizer não, é impossível dizer não a ela — digo sorrindo.
— Eu sei, tive essa experiência com ela e Louise quando fomos a última vez no shopping. De quem é a vez agora de viajar?
— Louise vem para Paris, pois, Eve foi ficar com vocês na última vez — Andrew responde.
— Mamãe, quero ir para Paris, estou com saudades da mamãe, Catarina, e da Eve — Louise diz fazendo bico.
— É só delas que você sente saudade, sua pequena traidora?
Louise gargalha.
— Eu também sinto a sua falta, papai, Andrew.
— Estou vendo que sim. Agora vá para o seu quarto e troque de roupas. Onde está a sua babá? — Andrew pergunta e Louise mexe a cara sem querer fazer o que ele manda.
— Ela está no meu quarto, mas eu...
— Louise Smith! — ele diz enquanto ela bufa e cruza os braços.
— Obedeça ao seu padrinho, minha filha. A mamãe já te encontra no seu quarto, vai, vai.
Eu sei o que Andrew está fazendo e pela cara da Andreza, ela também sabe.
— Tudo bem.
Ela entrega o celular para Andreza e pula da cama chateada, mas obedece saindo do quarto e fechando a porta.
— Que p***a é que está acontecendo com você, Stela? Está deixando o Ivan preocupado e Louise também. Eu vou até aí e a trago para Paris até você e o seu marido resolverem as coisas porque pelo que já entendi o problema é com você.
Eu não aguento a bronca e deixo um soluço escapar dos meus lábios.
— Eu acho que estou grávida e não sei se o Ivan quer ter outro filho. Ele nunca quis ter filhos e engravidar da Louise foi um acidente. Mas, agora, eu não sei o que fazer.
Andreza me olha de boca aberta, assim como Andrew que está incrédulo.
— A sua sorte, Stela, é que eu estou a milhares de quilômetros de distância, mas Andreza está aí do seu lado. Então, Andreza, faça o seu serviço. — Ele parece estar chateado.
— Pode deixar, chefe — ela responde.
— O que vocês vão fazer? — pergunto nervosa.
— Nós vamos à médica da família — ela responde.
Eu chego a engolir em seco e digo:
— Mas se formos na médica da família, o Ivan vai ficar sabendo.
— Mas é claro que ele vai, Stela. Você não está raciocinando direito? Ivan adora você e aquele homem perdeu os primeiros anos de vida da filha. É claro que ele quer ter outro filho com você, pelo amor de Deus! Vocês transam que nem dois coelhos, a intenção dele é claramente te engravidar e você aí cheia de medos.
Eu fico pensando no que Andrew diz.
— Andrew tem razão, está sendo infantil, minha amiga — Andreza diz, me olhando muito sério.
— Eu só fiquei com medo do Ivan...
— Eu fico muito triste de saber que você ainda sente medo de mim.
Escuto a voz do Ivan que está parado na porta do quarto e levo um susto, até mesmo Andreza muda de cor.