Chá da tarde

1907 Words
A hora do chá já se aproximava, a mãe de Adam corria pelo anexo de sua família de um lado para o outro. Parecia tão nervosa com o encontro, criticou as roupas do filho uma centena de vezes.   Até Maria Catarina foi obrigada a refazer o cabelo uma bagatela de vezes, estavam todos cansados das arrumações e da afobação de Victoria. - Vocês estão prontos? - Pensei que acorda a pelo menos algumas horas atrás - Disse Maria Catarina sorrindo para o seu irmão - Não seja ranzinza Maria Catarina! Não preciso lembrar vocês da educação que eles dei, devem sorrir exatamente tudo o que aqui. - Isso será um problema mãe ... - E qual o problema Adam? - Se contarem, por exemplo, que alguém morreu devemos sorrir? Ou devemos sorrir caso a Marquesa Françoise de Coesme coma a babar pelos cantos da boca enquanto fala? - Disse Adam com deboche e um riso largo em seus lábios Maria Catarina por sua vez, gargalhou das besteiras que seu irmão falava. - Vocês podem parar com isso? Devem agir com educação. Vamos, já está na hora. Saíram para o jardim do palácio. Victoria analisou a mesa do chá uma dezena de vezes, gritou com a criadagem uma dezena de vezes também. Maria Catarina e Adam pareciam nem ao menos notar o que acontecia a volta deles. Estavam acostumados com convenções sociais, e agiriam com o jeito blasé de sempre. A família tão esperada chegou à mãe parecia se esforçar muito para caber em um vestido que visivelmente não servia para ela. Um purpura brilhante que contrastava com o dia. Marquês de Coesme chegou com sua cara amarrada, e ao seu lado Lady Jeanne. Parecia tão diferente dos pais, uma beleza angelical. Cabelos loiros perfeitamente presos, e o vestido rosa chá combinavam perfeitamente com ela. - Adam querido, venham até aqui. Essa é Marquesa Mary, o Marquês Richard e sua filha Jeanne de Coesme. - É um prazer conhece los. - Fico feliz em finalmente te conhecer Lorde Adam, pensei que o veria no baile mas não foi possível. - Peço desculpas ao senhor, de fato eu tinha outros assuntos a serem resolvidos com urgência. - Mais urgente do que conhecer e se encantar com minha doce filha? - Receio que sim senhor. Um clima estranho pairou sobre todos após a resposta afiada de Adam, sua mãe como sempre, estava disposta a contornar a situação. - Vamos nos sentar, pedi para que feito os doces preferidos de Jeanne, tendo em vista nossa recente proximidade, posso chama La assim não é querida? - É claro que sim Vossa Graça ... - Disse Jeanne - Dispense esse título também, me chame apenas de Victoria. Jeanne sorriu com educação. A conversa não foi das mais acaloradas, como já era de se esperar. Quando o chá passou a ser servido Adam avistou de longe os olhos azuis que encantavam o seu coração. Era Allura ele tinha certeza. Allura se aproximou da mesa e lançou um sorriso, apenas ele desaparecido. Ele correspondeu, m*l podia esperar para escapadelas convenções. - E então queridos, por que não dão uma volta pelo jardim? Podem se conhecer melhor, e já que estamos todos sentados bem aqui não haverá falatórios - Disse Mary. - Eu aceito uma caminhada, e tu Adam? Adam demorou um pouco para responder, seus olhos estavam em Allura. - Perdão, eu não ouvi ... - A caminhada, se interessa? - Ah sim, eu vou caminhar. - Eu me referia a uma caminhada comigo - Disse Jeanne constrangida - Me perdoe, estou com a cabeça no mundo da lua. Vamos então. Antes que pudessem sair a Victoria chamou Allura para perto. - Ei mocinha, venha até aqui ... - Vossa Graça, o que deseja? - Que você os acompanhe para evitar falatórios, já que Jeanne não está na companhia de sua ama de companhia característica acho que m*l não fará, certo? - Disse Victoria ligar o seu olhar a Richard e Mary. - Ah querida, é claro que m*l não fará. Obrigada por ceder uma das suas altas para isso, acho melhor resguardar os dois jovens das línguas afiadas do palácio. Ainda mais se tratando de um casamento tão especial. As pessoas tendem a maldar e ver coisas onde não tem. - Vá, alcance os dois. Allura foi até o recém-casal, andou calmamente atrás deles, de modo que ouvir pouco da conversa, e ficou feliz, pois parecia extremamente entediante. - Então Adam, o que gosta de fazer? - Disse Jeanne - Bem, eu gosto de ler. E a senhorita? - Dedico minha vida a me preparar para o matrimônio, então costuro e bordo muito bem, sei ler também, embora não tenha gosto. Allura riu, não conseguiu evitar. E foi assim que Adam encantou o objeto de sua obsessão logo atrás dele. - Posso saber do que está rindo criada? - Disse Jeanne - Oh, vossa Graça, deves ter me interpretado tremendamente errado, apenas estava me lembrando de uma piada que ouvi uma vez. - Disse Allura - Faça apenas seu trabalho que é nos acompanhando, e não interrompa mais com seus rompantes de riso. - Disse Jeanne Adam sorriu para Allura que não dar o mínimo para Jeanne nem ao que ela falava. - Senhorita não acha que não seja de bom tom falar assim com a moça? Ela não lhe explicou o porquê caiu em riso? - Sim explicou, mas atrapalhou minha linha de raciocínio. - Mil perdões alteza, é que realmente me lembrei dessa piada. Nem ao menos estou escurando os que vocês conversam, e mesmo que escutasse não me interessaria. - Vê como essa criada falou comigo Adam? Adam se mostrou indignado falsamente com a situação. - Tenho certeza que ela já aprendeu seu lugar, não é mesmo senhorita? De qualquer forma relaxe, o seu destempero deixa o passeio tão desagradável. Não há nada pior que o mau gênio e a soberba. - Disse Adam piscando para Allura - Eu peço perdão, não foi minha intenção causar tamanho desconforto ... - Tudo bem criada, só permaneça andando e sem falar ou se intrômetro. Allura acenou com a cabeça e o passeio continuo morno. Um jogo de perguntas e respostas sem o mínimo que se espera de química entre o futuro casal. Como as palavras eram engessadas, e Jeanne parecia ter ensaiado e vida inteira para aquele momento. - Senhorita me diga, por que quer se casar comigo? Você não me conhece, e pelo pouco que nos conhecemos não absolutamente nada em comum. - Sei que serei uma boa esposa, tenho me preparado para isso a vida inteira. Serei sempre fiel e casta, sempre ouvirei e seguirei o que me disser. Jamais o questionarei! Darei-te filhos, e cuidarei deles e de nossa posição no corte, de modo que jamais terá que se preocupar com nada além de negócios. - E isso para você parece ser um casamento feliz? Não questionar a mim nem ao menos uma vez, e me obedecer como uma c****a treinada? - Não coloque esses termos. - Mas é a realidade senhorita, como quer se casar com um homem sem querer que ele ao menos considerar sua opinião para nada? Imagino como seria infeliz a minha vida sem nunca ser questionado por nada, ou por nenhuma burrice que eu cometer. Minha ruína está aí. Quem é você de verdade Jeanne? Quero conhecer-te de fato, saber do que você gosta não como baboseiras que sua mãe lhe instruiu a falar. - Vossa Graça me ofende ao dizer que nossa conversa é encenada ... - Você não sente em seu coração que está sendo? Até de minha parte ... Diga-me Jeanne, qual o seu sonho? - Meu sonho? Mas eu já lhe disse. - Então seu sonho é servir? - Sim vossa graça. Quero ter a honra de satisfazer os seus desejos sem nunca reclamar. - Certo Jeanne, receio que está ficando tarde. Vamos retornar. Retornaram então ao jardim principal do palácio, Allura saiu de perto deles como uma sombra e nem se fez ser notada. A não ser por Adam. - Vocês podem me perdoar? Tenho realmente que ir, mas obrigado pelo chá, E pela companhia Jeanne, espero poder vê lá novamente em breve - Disse Adam correndo para dentro. Seus pais reconhecidos sem reação a falta de cortesia do filho. Mas se despediram mesmo assim, tanto o Marquês quanto a Marquesa não pareciam se sentir ofendidos com a falta de jeito de Adam. Entendiam aquele momento como uma transação financeira, e pouco importavam se ele tinha ou não interesse por Jeanne. - Maria Catarina, você sabe aonde seu irmão foi com tanta pressa? - Realmente não sei mãe, por que não pergunta a ele? - Por que ele iria mentir como sempre! - Deixe o garoto, ele cumpriu o que pedimos a ele não foi? Agora vamos ter um pouco de paciência.   Adam correu para dentro do palácio, passou pelos corredores como um foguete. Procurando Allura em cada pedaço do palácio até finalmente encontrar tirando o seu avental e sua touca na cozinha. - Pensei que não a veria novamente, fui se que você havia ido embora. - E eu vou de fato, porém hoje à noite. - E pode me dizer para onde? - Não, mas vamos nos ver novamente Adam. Fique tranquilo quanto a isso ... Deveria estar mais preocupado com o mau gênio de sua futura esposa, ou a falta de assunto e química entre os dois. - Eu não me casarei com ela Allura. Mas me admira que tenha se importado com isso. - E não me importei, bem, só fiquei triste por você ter que passar a vida falando com sua esposa sobre bordado. Deve ser de fato um futuro tenebroso ... - Me diga mais uma coisa sobre você Allura, foi nosso trato. A menos que não seja uma mulher de palavra como eu penso. - Você sabe que sou Adam! O que quer saber? - Para onde você será mandada? - Essa pergunta eu não responderei, mas qualquer outra eu respondo com prazer. - Você tem algum interesse em mim? - Disse Adam sem rodeios. - Sim. - Allura respondeu sem nem pensar, não era mulher de esconder nada do que sentir. - E você Adam? Por que anda atrás de mim por todo o castelo? Ou acha que não percebi a velocidade com que abandonou a moça casta de cabelos loiros no gramado? - Por que só penso em você. E não consigo tirar lhe da minha cabeça. E por mais que eu tente você não sai. - Um efeito apropriado para quem viveu a vida em uma redoma, quando encontra alguém minimamente diferente já se sente atraído. - Acho que estou apaixonado por você. - Não acho que seja o caso, mas vamos guardar isso para nosso próximo encontro. - Você me dá um beijo? - Posso pensar no seu caso. Agora vá! Não quero arranjar problemas vossa graça, não possuo títulos nos quais me apegar. Além do mais, o Senhor tem muito trabalho para convencer sua noiva de que ela deve ao menos ter opinião própria. - Disse Allura com um sorriso debochado.   Adam saiu da cozinha e retornou aos seus aposentos. O Sorriso que ele estampou em seu rosto chamou atenção de todos. Mas ninguém ousou questiona, ainda mais sua mãe, que tinha medo da resposta.  Temia que seu filho estivesse tramando alguma coisa.  E de fato ele estava. 
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