Adam deitou-se em sua cama e pensou em Allura, ele podia ouvir o som da voz dela em seus pensamentos. Podia a ouvir sorrir, e quando fechava os olhos visualizava Allura eu seus pensamentos.
Como ela o encantava, pensou em sua pouca roupa no dia em que se conheceram os s***s marcados em seu vestido branco. Seus cabelos negros como a noite emoldurando uma pele bronzeada demais para uma garota normal, o rosto se nem um tipo de pintura e os olhos azuis como o oceano. Adam sentiu diversas sensações ao pensar nela, ao ouvir a sua voz. Não sabia ao certo o que estava sentindo, só sabia que precisava de mais.
O outro dia raiou no palácio, a mesma rotina pestilenta de sempre, Victoria entrou no quarto de Adam apressada, abriu as cortinas obrigando então Adam a se levantar.
- Que horas são mãe?
- Já passa das oito da manhã...
- Ah Meu Deus, tenho que ir até a cozinha.
- E por que você precisaria ir até lá Adam? O que está tramando?
- Absolutamente nada.
- Então por que precisa se misturar a criadagem? Tome o seu banho, e eu pedirei para servir o café da manhã. Após isso, o seu pai precisa falar com você no anexo dele.
- Nossa coisa boa não deve ser. Para me chamar assim sem aviso prévio.
- Não fique m*l humorado, você causou isso a si mesmo Adam. Por que não me deu ouvidos ontem quando falei para você ficar no salão?
- Eu tive meus motivos.
- E quais foram? Você deixou a moça com cara de boba diante de toda a corte Adam, isso não se faz!
- Mãe, eu não a convidei. Então vocês a deixaram com cara de boba diante da corte, e não eu. Estão transferindo a mim uma culpa que de fato eu não tenho.
- Ela é uma boa moça Adam, de boa família, por que não dar uma chance?
- Mãe, eu vou me aprontar. Pode me dar licença?
Victória saiu do quarto deixando Adam sozinho com seus pensamentos.
Ele pensou em contar a mãe os seus motivos, mas nem bem sabia rotular ainda o que sentia, e além do mais como soaria dizer que não quer se comprometer com uma jovem da nobreza que visivelmente possui os atributos tão buscados por sua mãe durante os anos, e que com certeza concederia ao seu pai a vantagem financeira que ele espera, por estar talvez apaixonado por uma criada da cozinha do palácio?
Bom, ele não tinha como dizer isso. Só o fato de dizer em voz alta já o incomodava, pois não parecia fazer sentido.
Adam tratou de se aprontar e tomar o seu café o mais rápido que pode.
- Aonde vai com tanta pressa meu irmão?
- Tenho alguns assuntos a serem resolvidos...
- Assuntos com a criadagem da cozinha? – Disse Maria Catarina sorrindo enquanto comia os seus morangos.
- O que sabe sobre isso?
- Nada, apenas algumas fofocas da arrumadeira hoje pela manhã, ela disse que o viu sondando a cozinha do castelo ontem, atrás de uma criada especifica. Eu só me pergunto, o que o futuro duque de Guisé, o Lorde mais disputado da realeza francesa faz atrás de uma plebeia?
- Não sei o que você ouviu, mas certamente, como minha irmã mais nova irá negar para todos sempre que possível. – Disse Adam sorrindo para sua irmã
- É claro meu irmão, o meu interesse nem de longe é prejudica lo. Essa história é absolutamente aumentada e mentirosa.
- Isso Mesmo Maria Catarina, você sabe que é minha irmã favorita não é?
- Sou a única que você tem Adam, então, acredito que seja de fato a favorita Adam.
Adam lançou um beijo para sua irmã antes de sair pela porta.
Andou apressado pelos corredores do palácio, a dificuldade de não ser notado pelas mulheres fofocando pelos corredores.
Inclusive sua mãe em uma rodinha de mulheres, certamente destilando venenos sobre a favorita do rei. Ou sobre algum vestido m*l feito de alguém do baile da noite anterior. Conversas improdutivas de mulheres vazias e sem conteúdo.
Nada parecidas com o objeto de sua fixação, que sempre tinha a resposta na ponta da língua. Ela não falou de títulos ou de posições, não falou de cetim ou de seda, aposto que não saberia a diferença entre um rubi e uma esmeralda, mas ao mesmo tempo Adam teve a impressão que ela podia saber de todos os assuntos do mundo.
Para ele, ela era o destaque entre mil mulheres.
Adam permaneceu se escondendo por entre as pilastras do palácio, conhecia cada centímetro do lugar, que mesmo que enorme, ele tinha o mapa em sua cabeça.
Chegou à porta da cozinha, passou por várias praças e funções.
Não a encontrou.
Resolveu perguntar a chefe da cozinha.
- Senhora, ontem estive aqui, você se lembra de mim?
- Sim, é claro Vossa Graça, o que deseja?
- Saber da Jovem que eu raptei da cozinha ontem. Não a vejo em lugar algum.
- Vossa Graça se refere à Allura, correto?
- Sim, a jovem de olhos azuis.
- Ela foi transferida para uma propriedade nos arredores do palácio.
- Você sabe a qual família essa propriedade pertence?
- Vossa Graça, eu não me lembro.
- Por favor, essa informação é muito importante, eu preciso que você se lembre.
- Senhor, eu realmente não consigo me lembrar.
- Algumas moedas a ajudariam?
- Não é uma questão de moeda, eu realmente não tenho essa informação para lhe dar.
Adam saiu da cozinha decepcionado, seu olhar estava triste. Toda a sensação de novidade desaparecerá na mesma velocidade em que havia aparecido.
Agora já não se importava se poderiam reconhece lo, saber onde Allura estava parecia uma tarefa fácil considerando sua posição, mas como explicaria ao nobre que a solicitou sua predileção pela criada em questão?
Não havia argumentos.
Adam se arrastou pelos corredores, o seu sentimento era de que nunca mais teria uma conversa estimulante com mais ninguém.
Ao chegar à sala de seu pai ele já estava esperando por ele.
Raul e sua expressão fechada já corriqueira pareceram nem irritar o filho que parecia perdido em seus pensamentos.
- Adam, você está atrasado!
- Eu sei disso, discurse logo e eu poderia ir embora.
- Ontem você nos causou um enorme constrangimento Adam! Como pode simplesmente sumir durante o baile? O pai da moça ficou deverás ofendido, nem posso imaginar o que a pobre moça sentiu naquele momento.
- Após que alívio.
- Não brinque Adam! Você se casará com ela e ponto final. Hoje sua mãe marcou um chá para nossas famílias. A intenção é que você seja ao menos galante com ela. É possível que você faça isso?
- Eu prometo ter educação, sei que com certeza a moça não é culpada dessa desventura. Então, eu não a maltratarei.
- Assim já está bom para mim. Você verá que essa é a decisão correta, já está mais do que na hora de você se concentrar em algo que não sejam esses livros velhos. Precisa tomar partido dos negócios de sua família. Se eu vier a faltar nesse momento, sua mãe e irmã estarão seguras aos seus cuidados? Nesse momento eu receio que não! Precisa se comportar como um homem.
- E o que é se comportar como um homem pai... Sinto-me tão curioso quanto a isso. Pois acho que não tive um exemplo adequado.
- Adam eu não lhe darei o gostinho de um embate comigo, prometi a sua mãe que não o faria. Mas não me provoque garoto!
- Só o tom da sua resposta já denota que você sabe bem do que estou falando. Por que me impõe um casamento que sabe que não quero? Você se casou com minha mãe, e até onde eu sei se deita com toda sorte de mulheres francesas que encontra por seu caminho. Quer o mesmo para mim?
- Um homem pode se dar ao luxo de prazeres carnais de vez em quando Adam, isso não é errado.
- Para mim casamento significa ser fiel a sua esposa, não são esses os votos?
- E eu tenho mesmo que discutir isso com um fedelho como você Adam? Nem bem saiu dos cueiros.
- Só sei que não serei uma extensão sua e certamente não me casarei com uma extensão de minha mãe. A escolha é minha, a vida é minha!
- Certamente você pode se dar ao luxo de fazer tais escolhas, já que tem fortuna para garantir o seu sustento por gerações. Então pode se dar ao luxo de caprichos de moleque mimado que sua queria mãe o criou para ser. Mas entenda Adam, um dia todos nós devemos crescer, e você tem deveres com sua família. E principalmente com nosso legado.
- Posso ir agora?
- O chá está marcado para as três da tarde. Esteja no jardim do palácio nesse horário Adam, é uma ordem!
- Sim meu pai, estarei lá em todo a minha glória e todo o meu mau humor.
- Desde que esteja lá no horário marcado, não ligo para seu humor.
Adam saiu da sala de seu pai batendo a porta.
Deitou se em sua cama e seu pensamento se voltou novamente a plebeia de cabelos longos e pretos.
Não conseguia tirar Allura de sua cabeça, e por mais que tentasse se concentrar em algo além dela, cada detalhe o fazia voltar.