Capítulo 2

1494 Words
Penso sozinha em que momento seria melhor para dar a notícia ao Christian e decido que quanto mais eu adiar, pior vai ser. Se eu o avisar hoje ainda, no início de agosto, teremos 4 meses para organizarmos todas as coisas até a minha viagem e prepará-lo para a minha ausência. Alcanço o telefone em cima da minha mesa, o tiro do gancho e teclo os números do ramal da Amy, minha secretária. - Em que posso ajudá-la, Emma? – sua voz prontamente sai do telefone após dois toques. - Amy, verifica para mim se o Christian está na sala dele, por favor? - Claro, já te retorno. – eu desligo a ligação e fico aguardando seu retorno. Eu mesma poderia fazer isso, mas não queria que soubesse que temos i********e, não gostaria que soubessem do relacionamento que eu tenho com o Christian fora da revista. Ainda não estava na hora. É tudo muito recente. Nem eu mesmo sei o que temos e assim que descobrir, eu serei a primeira a contar para todos na empresa. O telefone toca e atendo de imediato, provavelmente é a Amy com a resposta. - Oi Amy. - Emma, ele está na sala dele. – ela me avisa. – Devo anunciá-la? - Eu irei lá. Obrigada, Amy. Desligo mais uma vez, pego o meu celular e caminho até a porta da minha sala. - Amy, como está a minha agenda? – pergunto a ela quando me aproximo da sua mesa. Ela abre seu caderninho com uma estampa floral na capa e folheia as páginas nervosamente. Amy é ótima, uma excelente pessoa e melhor ainda como profissional. Entrou na Indie como estagiária, hoje é minha secretária e meu braço esquerdo. Eu não posso dizer que ela é o direito, Reese me mataria com requintes de crueldade. - Temos uma reunião com o marketing às 14:30 e às 16h reunião para fechar as pautas da edição de agosto. – ela diz rápido demais e inspira como se tivesse gastado todo o ar que estava em seus pulmões. - Amy, respira. – dou um sorriso amistoso a ela. – Você é ótima e está indo muito bem. Continue assim. Ela assente com veemência e eu deixo sua mesa em direção ao grande salão da revista. Já disse como isso aqui é o meu orgulho? O segundo piso da Indie não tem paredes, são apenas as vidraças como janelas e um salão enorme com mesas de escritório pelos cantos. Fiz questão de ser assim. Todos conseguem se ver. Sem muros, sem paredes e sem divisões. Somos amigos além de colegas de trabalho e isso é o que eu mais prezo como ambiente de trabalho para os meus colaboradores. A minha esquerda tem uma cafeteria, tipo lanchonete. Com vitrine quente para os lanches e uma máquina de café expresso. Não tem ninguém para servir, quem quiser comer, entra e se serve. No centro tem dois pilares com um balcão entre eles e dois computadores para uma consulta rápida. Para caso alguém estiver passando e precisar de uma pesquisa, assim não tem que voltar a sua mesa só para isso. Perto da vidraça, nos cantos do salão, estão as mesas dos editores, redatores e jornalistas que faziam a Indie acontecer todos os dias. - Bom dia, Lucca. – cumprimento um dos meus editores quando passo em sua mesa. - Bom dia, Emma. – me devolve cortês. - Cintia, como está o seu bebê? – pergunto a outra editora, na mesa ao lado do Lucca. - Está ótimo, Emma. Começou a engatinhar essa semana. – ela diz encantada. - Que maravilha! – digo fascinada. – Aperte aquelas bochechas por mim. Ela assente e eu continuo caminhando até chegar à mesa do mais novo contratado. - Bom dia, John. – ele sobressalta ao ouvir minha voz e me encara com os olhos esbugalhados. – Como está indo? Tudo bem por aqui? - Si... sim, Srta. Davis. – ele gagueja. - John, me chame de Emma. – digo num tom sutil. – Ninguém aqui me chama de Srta. Davis, só você... e me faz parecer velha. Então só Emma, tudo bem? - Desculpa, Emma. – ele sorri. – Não vou mais esquecer. - Ótimo. Se precisar de alguma coisa procure o Christian ou a Reese. Continuo meu caminho até a sala do Christian e ao atravessar o salão já vejo seu assistente – e um dos redatores da revista – sentado próximo a entrada da sua sala. - Bom dia, Thomas. – o cumprimento e ele se levanta quando me vê. – Vou falar com o Christian por um minuto. - Bom dia, Emma. Ele está te esperando. Dou duas batidas suaves na porta da sua sala e entro antes que ele me diga se posso ou não entrar. - Por que pediu para Amy me ligar? – ele pergunta assim que entro. Parece zangado e sua voz soa irritada. – Sabe que podia me mandar pelo menos uma mensagem, não é? – ele ergue o celular que está na mesa a sua frente e o sacode para que eu o veja. - Bom dia para você também, Christian. – dou a volta em sua mesa e me inclino para tocar meus lábios nos seus. Ele abraça meu quadril enquanto ainda está sentado, me prendendo com seus braços, entre suas pernas. - Sabe que não precisa disso, não sabe? – pergunta manhoso. - E você sabe que precisamos disso. – aponto. – Não quero que ninguém saiba que estamos saindo. Ainda não. - Por quê? – me questiona e começo a ficar irritada, porque já tivemos essa conversa centenas de vezes nas semanas que estamos juntos. - Porque é a minha vida e eu decido quando quero que todos saibam dela. – falo com rispidez. Ele me solta como se tivesse levado um choque e eu me sento na beirada da sua mesa, perto dele. - Christian, por favor... – peço. – Por que temos que definir o que somos e anunciar para todo mundo? Não podemos só deixar rolar? Ele suspira e arrasta sua cadeira para perto de mim. - Você está certa, me desculpa. – faço um carinho em seus cabelos espetados para cima por algum tipo de gel e ele encosta a cabeça no meu estômago. – Vai almoçar comigo hoje? - Sabe que não. – respondo. Todo dia dou a mesma resposta a ele. – Prometi fazer uma coisa com a Reese. – minto. Ele desencosta sua cabeça da minha barriga e me encara. - O que veio fazer aqui, exatamente? – sua testa enrugada me diz que eu o chateei. Mas caramba! Por que ele tem que me perguntar a mesma coisa todos os dias? - Então... – levanto da mesa e começo a andar pela sala dele. – Vou visitar minha mãe no final desse ano e passar o aniversário dela com ela. Ele franze o cenho e me encara. - Quando? - Embarco dia 20 de dezembro. O aniversário dela é dia 31. – ele vai pirar em 3, 2, 1... - p***a, Emma! – ele levanta da cadeira e ela quase cai no chão. – No réveillon, é isso? Nossa primeira virada do ano juntos. - Christian, eu não estou te pedindo. – esclareço. – Estou comunicando. A passagem já está comprada. Reese e eu embarcaremos dia 20 pela manhã. - É claro que a Reese vai. – ele diz com a voz carregada de ironia. - Ela é minha melhor amiga e a pedi para ir comigo. Minha mãe a tem como filha, você sabe disso. - Por que não me chamou então? – me questiona e ergue suas sobrancelhas para mim. Por que não quis? Por que gosto de ser livre? Porque não pretendo me prender a ninguém? Por que não está na hora de te apresentar a minha mãe? Por que quero curtir a virada do ano sozinha? A lista de motivos é interminável, mas me limito a dizer... - Porque preciso de alguém aqui. – falo com sinceridade. – Você será meus olhos e meus ouvidos por 15 dias. Ele bufa com sarcasmo e revira os olhos. - Que desculpa ridícula, Emma. Você disse que daria férias coletivas em dezembro. Opa, disse mesmo. Caramba! - Verdade. – concordo. – De qualquer forma eu gostaria de fazer essa viagem sozinha. – esclareço de uma vez por todas. Eu ando até ele e seguro seu rosto entre minhas mãos. - Christian, não me pressione, por favor. – eu peço. – Gosto muito de você. Temos tido dias incríveis juntos, mas sou acostumada a ter liberdade. Não tente tirar isso de mim. Ele assente e força um sorriso. Sei que ele fez isso para encerrar o assunto, então eu o encerro também. - Nos vemos a noite lá em casa. – encosto minha boca na dele e deixo minha língua percorrer seus lábios. Ele logo relaxa e me abraça pela cintura, aprofundando o nosso beijo. - x -
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