Capítulo 4 - P.O.V Letícia

3014 Words
LETÍCIA Eu era conhecida pela minha força, acho que é bom colocar as coisas desse jeito. Sobrevivi a um inferno, mudei minhas forma de falar, de me vestir de me portar e virei uma verdadeira Mandraka, uma fiel de traficante tinha regras para serem seguidas, não valia de nada minha educação e a forma como eu falava, eu tinha que saber as gírias, sacar de tudo, usar o cordão na p***a do pescoço e com o passar do tempo eu não precisei mais fingir, eu me tornei aquilo que eu estava atuando para ser. Eu ralei como ninguém para chegar até o fodido do Nando, ralei que nem uma c****a para ser reconhecida como fiel, eu sabia que eu tinha que jogar um jogo mortal, eu só pensava na minha vingança, o que ia resultar dos meus atos, eu só pensava no meu pai, só pensava no seu sangue lavando o chão quando ele tomou aqueles tiros, eu só pensava em vingar a morte dele e chegar ao topo daquela cadeia alimentar brutal e perigosa que foi se formando a minha volta. Para meu desespero, Nando, se apaixonou por mim de verdade. E isso só me deixava mais fodida da cabeça. Eu pedi a minha prima um convite para a casa daquele fodido do Rafael, eu queria chegar até ele, eu queria saber o que se passava em seu mundo queria vingar o meu pai e eu tinha que chamar atenção, minha prima era lerda demais para perceber os meus planos, e tudo corria de acordo com o que eu tfinha previsto. Eu tava p**a pra caralho... Nando é um filho p**a dos grandes, chegava a ser escroto de tão burro e machista, tento dá a maior força pro cara na organização mas ele diz que não é trampo pra mulher decente. E desde quando eu tenho decência? Eu me lembro até hoje das minhas palavras no enterro do meu pai, me lembro dos gemidos de dor da minha mãe, me lembro das conversas paralelas das minhas tias e das pessoas a minha volta tentando me convencer que Deus era justo em todas as suas ações, enquanto minha mãe cheia de câncer definhava em frente ao marido morto a tiros com uma filha anêmica e indefesa para criar, era f**a, e quando eu pensava nisso o meu coração batia tão rápido que chegava a doer. - Letícia, eu sei que o seu pai está em um lugar melhor, eu sei que sua mão vai dar conta de tudo. - Se você está dizendo isso eu acredito tia, mas esse não é o melhor consolo, perdi o meu pai hoje e ainda está doendo muito. - Tudo é plano de Deus – ela repetiu - Plano bosta hein? – e retruquei - Como você ousa falar isso garota? Eu vou dar um tapa na sua boca na próxima! - Experimenta tentar tia Neide, que eu te bato o dobro, f**a-se a sua religião, f**a-se o que você acredita ser melhor. O meu pai morreu e eu não acho que esse era um plano, acho que algum desgraçado atirou nele e agora nós o perdemos, então vai todo mundo se f***r! Quanto mais eu gritava mais as lágrimas escorriam e a raiva aumentava, e eu fui soltando tudo que estava entalado na goela, um parente veio querer me conter, mas minhas parças impediram, dizendo pra me deixar. - VOCÊS NUNCA LEMBRARAM DE MIM E DA MINHA MÃE, PASSAMOS O LUTO SOZINHAS, LUTAMOS SOZINHAS!! ENFIEM A LIÇÃO DE MORAL DE VOCÊS NO CU!! SEUS p*u NO CU DO c*****o!! MINHA MÃE ESTÁ DOENTE E TENDO QUE LIDAR COM ESSA MERDA CRISTÃ DE QUE O MARIDO DELA ESTÁ NUM LUGAR MELHOR, VAI TODO MUNDO TOMAR NO MEIO DO CU! Eu me afundei em depressão, eu me afundei em mim mesma e nos meus sentimentos, não conseguia nem ao menos pensar sobre um futuro, e quando minha mãe morreu, eu não via mais motivos para me manter de pé. E foi aí que a Caroline colou lá no meu barraco e disse que tinha uma kitnet lá no Savério pra alugar. Logo de cara eu só queria ficar na minha depressão, até que ela me consumisse e eu conseguisse atirar na minha própria cabeça, mas a ideia da vingança me parecia melhor, era como um d***o falando em meus ouvidos que aquela era minha missão, a vingança era o meu propósito e após isso eu poderia morrer para estar com eles, eu poderia achar um propósito melhor do que me enterrar na p***a do sofá e assistir reality show. E em pouco tempo eu fui me tornando conhecida, colando nas festas, usando a roupa certa, me maquiando e mantendo o cabelo sempre alinhado, usando o shorts curto certo, mas nunca me envolvendo com ninguém, ia as festas e ficava posturada, apenas olhava para o Nando, após isso eu sentei do jeito certo, eu chupei do jeito certo, e dei a chave de b****a certa, e voilá, fiel do cara mais temido da quebrada. - E aí Letícia, qual que foi se eu não levar você lá agora o Nando vai me capar, sem neurose, desce logo truta. - c*****o mas não avisei para o Nando que eu não ia nessa p***a? - p***a Patroa adianta meu lado, aí lá tu fala pra ele que não queria ter ido, me ajuda aí, pelo amor de Deus. - Calma Felipe, p***a, não me apressa não, teu patrão tá dando chilique lá c*****o? - chapado pra c*****o e o escândalo daqui a pouco começa, vamos descer logo. - Demorô vou já. Meu celular tocou, era minha prima, era fácil jogar a isca na Gabriela, ela sempre caía, e ela me dava acesso ao único bandido que eu tinha que chegar perto, Rafael do Helipa, filho do nojento que meteu bala no meu pai! Atendi o celular – E aí Gabi, o que tá fazendo? Qual foi? - Enfiada em casa prima, mas olha só vou dar o papo, mais tarde que tem baile mas eu nem sei se vou, maior desacerto. Mas assim, vai ter uma festinha privada na casa do chefe aqui e eu queria te convidar pra colar comigo, e aí? Tu da um pião aí sem o teu marido desconfiar, fala outro nome lá e boa. Eu comemorei sozinha sem que ninguém visse, eu esperei um convite pra chegar mais fundo naquela quebrada com toda força do meu coração, eu precisava entrar lá e me infiltrar no meio dos 171 que me deviam uma vida tá ligado? E isso não tem perdão, a raiva consumiu minha alma de um jeito que eu tô ligada que eu não seria aceita nem no céu nem na p***a do inferno. - Que horas que é esse privê aí? e onde que eu colo? pro baile eu não vou não, mas pro privê... quem sabe? – falei sem mostrar muita animação - Então fechou, mando as fita pra você pelo zap e a gente vai se falando mais tarde. Me olhei no espelho e eu não me via. Era uma sensação estranha de estar completamente descolada da p***a do meu corpo, me perdi em mim e senti toda a raiva e o fogo que queimava como uma fornalha dentro do meu corpo, eu estava obstinada, estava focada em botar pra f***r, e eu sentia muito por todas as pessoas que estavam a minha volta que sairiam machucadas... Mas eles eram necessários pra vingar o que jamais seria capaz de se vingar sozinho. Eu ia atingir onde dói parceiro e quando eu fizesse isso não ia sobrar pedra sobre pedra nessa p***a! Me vesti para matar, o vestido mais curto que eu achei no meu guarda-roupa e me banhei do perfume mais caro, ser fiel de dono de morro tinha suas vantagens e desvantagens, eu vivia trajada de Gucci, Hérmes, Dolce e andava em um carro bacana pra c*****o, usava 212 e só portava corrente de ouro grandona no pescoço, ajeitei a minha placa no pescoço e finalmente saí da minha casa para obedecer o chefão. Eu não contei a parte r**m não é não? Então, lá vem: Eu sou um objeto, algo bonito e bem gostoso que alguém guarda na prateleira para ter a disposição para admirar e mostrar para os outros. f**a-se tá ligado? Esse aqui não era o fim do meu caminho, era só um meio... e na moral, eu trilhei o bagulho sem falhas mesmo pra ninguém vir pagar de louco pra cima de mim não, e no dia que essa corrente de ouro caísse, cairia em grande estilo. - Qual foi Felipinho tava me acelerando e agora tá parado aí c*****o? - Desculpa patroa, estava de olho na filha da dona Cida, carai como essa mina cresceu... - Deixa a Ana em paz c*****o, que ela não é nem pro teu bico p***a, menina estudiosa e de boas, não vai f***r com a vida dela não hein p***a, que eu te pego na curva. E vamo logo pra p***a desse churrasco que hoje eu tô poucas. Descemos a viela e lá estava a associação, sei lá que d***o de comemoração era aquela, mas na moral, eu tava cagando se o time da quebrada tinha vencido, f**a-se a p***a da taça... mas eu coloquei um sorriso no rosto assim que entrei, e mesmo assim eu parecia cuzona pra p***a, e quando eu entrava em algum lugar eu já ouvia os cochichos das mulheres e o olho grande dos malandros. - Olha aí quem chegou! Eu vou descrever o Nando... tatuado, moreno, gostoso e alto, correntona de ouro no pescoço e cheio de baldão de cerveja e uísque em volta dele, era o maioral da quebrada, o rei da favela! Ele conseguia ser odiado pelos aliados e também pelos de fora, tinha essa personalidade psicopata que ele achava ser bonita, ele nunca deixava alguma coisa sem resolver, mas a cocaína tava acabando com ele aos poucos. Ele me olhava sempre como se eu fosse a p***a de uma divindade, como se quisesse me possuir. Sentei direto no colo dele por que eu sabia que era disso que ele gostava. Ele se sentia realizado pensando que podia domar o meu gênio, por isso nós dois nos pegávamos no p*u toda vez que a gente discutia, papo de agressão física e depois fodíamos gostoso como se a briga de antes não importasse nada. No fundo ele sabia que não podia, sabia que eu era incomparável exatamente por ser indomável, e inigualável na vida e na cama. Ele mó cota me bajulando e me dando presente antes de conseguir alguma coisa comigo, e quando conseguiu parecia tão emocionado quando subi na moto dele que sorria de orelha a orelha. Dei um chá de b****a pra ele não esquecer, mas nosso negócio não tinha a ver com amor, tinha a ver com interesse e destruição mútua. Não tinha a ver com construir uma família, tinha a ver com o olho no olho penetrante e com todas as coisas que não precisávamos dizer um ao outro por que ficava nítido. Nós éramos o caos, e cedo ou tarde um de nós seria destruído pelo outro. - Demorou por que? tava enfiada dentro de casa fazendo o que Letícia? - Ele disse e eu senti o cheiro de uísque exalar da boca dele, estava chapado pra c*****o, e pela pupila do olho eu sabia que tinha dado um tiro. Eu sempre sabia quando esse puto tava na nóia, por que ele nem disfarçava. Sussurrei no ouvido dele - p***a Nando, já chapou? Não deu nem o tempo de cumprir um pouco a promessa que tu me fez? Mano isso me dá uma neurose, por isso eu nem queria subir aqui caralho Ele tomou a minha boca com vontade, me deu um beijo que fez a minha calcinha molhar no mesmo momento, e não importava quem estava olhando, ele apertou forte a minha coxa no processo, e depois a minha b***a - Nando... pega leve... tem criança aqui... - eu disse me libertando dele – p***a, tu sempre exagera nos mesmo bagulhos! - Tem razão c*****o, não me controlo vendo você, só que não fala assim comigo que te arrasto pelo cabelo daqui, entendeu? - Não se controla por minha causa ou por que tá louco? Você tem que mostrar postura, e não ficar enchendo o cu de cocaína, p***a. – No fundo eu me importava com ele, e esse era o meu calcanhar de Aquiles. - Eu já falei pra tu não falar assim comigo filha da p**a – disse segurando o meu queixo, e naquele dia eu não podia vacilar, eu tinha que sair para o tal privê, era a minha única oportunidade, e se ele colocasse gente na minha cola ou me proibisse de ir eu tava fodida, era melhor eu baixar a bola. - Amor... - comecei doce - Eu só tô preocupada com você... mas tudo você me leva a mal... é só que vejo você assim meu coração aperta de medo, e tu não entende, parece até que quer sempre brigar comigo! – isso sempre funcionava, eu me jogava no chão e me fazia de vítima, e eu tinha um beicinho muito convincente. - Nem pensei nisso, p***a, eu vacilei! – ele me deu um beijo e me ofereceu um sorriso meio culpado - E aí, ninguém me serve mais não? Cadê minha cerveja gelada? - eu falei sorrindo - É assim que se fala c*****o - Gritou no meio de todo mundo - E aí, quem vai servir minha mulher aqui? E os capangas dele vieram correndo fazendo o que ele pediu, o de sempre... o normal e trivial. Eu até curti a festinha, e enchi o r**o dele de bebida o suficiente para ele não me negar nada do que eu queria. Me insinuei para ele me arrastando em seu corpo, deixando claro o que eu queria e como eu queria, pelo menos na vista do o****o - Nando bem que a gente podia esticar o negócio aqui e um baile diferente né não? - eu falei a chupei o lábio dele, sabia que ele gostava daquilo. - Tô pensando em esticar isso aqui te fodendo lá em casa... o que você acha? - ele falou segurando minha b***a e chupando o meu pescoço com vontade, eu adorava que ele fizesse isso, mas não naquele dia. - EU QUERO, mas preciso te pedir um bagulho antes. - Desenrola minha rainha, tudo o que você quiser, quer uma grana pra comprar uns pano bacana? Bolsa nova? Carro novo? Tudo o que tu quiser. - Sabe a minha prima? A Gabriela? - Lembro nada, p***a, qual foi? Ela tá querendo grana? - Não, presta atenção em mim. - Fala logo então, não gosto de enrolação, me deixa nervoso essas p***a, fala logo. - Eu quero ir num baile lá no Helipa, só gente da caminhada... ela conseguiu passar no vestibular e eu quero comemorar com ela. - Tu quer ir nessa p***a sozinha? - queria, mas não ia dizer isso -Vai faze o que no Heliopolis? Tá te armação p*****a? Olha aqui, eu dou uma festa pra tua prima! - Que armação c*****o? Os baile lá é dahora eu só queria me divertir. Não queria de novo fazer um negócio sobre ela girar em torno de mim Nando, p***a me ajuda. - Tá ligado que eu não posso pisar lá né não? - Que custa me deixar ir em uma festa assim, com família ainda? Tu sabe que as mina aqui do morro me odeiam, tu sabe que não tenho amiga nenhuma, e minha família m*l entra aqui! Então o que custa você me deixar ir? Uma noite, não digo quem eu sou, e não arrumo perreco. - Tá bom c*****o, tu pode ir, mas o Felipinho vai contigo. Se ele me contar que tu olhou pra qualquer um ou andou se esfregando eu mando cortar tua garganta entendeu? Não to de brincadeira diaba, se tu pisar fora da faixa, eu mato você. Não nasci pra ser cono não, se liga. - Amor você é o melhor! - Obrigada é o c*****o, eu to de olho em você dona Letícia, tá achando que sou comédia? Escravo de b****a que eu não sou, se vier uma ideia torta do seu lado, papo reto, não vou ter dó de você só por que você é minha mulher não, vai responder isso aí no microondas, tu tá entendendo qual é a da fita? - p***a, ser fiel não vale de nada mesmo né? - Que horas é esse bagulho aí? Não fica se pagando de vítima não que eu não suporto essas p***a hein, anda na linha anda certinho que não vai te faltar proteção e amor. Amor, tá bom. Como se psicopata amasse alguém No máximo ele gostava muito de me possuir. - Curte seu rolê, nem é agora, daqui a pouco mando mensagem pra Gabriela me falar horário, e eu te falo, vou com o Felipinho, tu empresta a moto? - Aí tu quer demais também né? Deixar aquele cu de burro pilotar minha moto? Tá me tirando? - p***a por favor, não vou entrar com o meu carro lá, vai que eles reconhecem, não to pedindo nada demais não amor. - Tá bom c*****o o que você não me pede rindo que eu não faço chorando, se ele estragar vou descontar do dinheiro que eu te dou Ele se distraiu com um comentário sobre o jogo que passava na televisão - Parça que jogo que foi esse? - e ele prontamente desviou o olhar de mim para o amigo, e eu respirei fundo. Felipinho não estava nos meus planos mas ele eu conseguia dobrar, eu só sei de um negócio, o restante tava indo do jeito certinho, e eu ia conseguir pegar o Rafael na curva. Eu só tinha que burlar o Nando, o meu marido destemido, psicopata, cheirador de cocaína e bandido. Lábia e coragem não me faltavam, mas ainda sim, eu sempre sentia um medo horrível percorrendo o meu corpo.
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