CONHECENDO

1176 Words
CAROLINE MATHIAS — O que gosta de fazer, Carol? — ele pergunta me olhando atento. — Gosto de animais, gosto muito, de ficar com meus cachorros, não sei porque fui fazer faculdade de artes, se amo animais, devia ter feito veterinária, mas não ia conseguir pagar mesmo, mas sei lá, pelo menos tentado uma bolsa, quem sabe, quando conseguir um emprego, eu tente essa faculdade. Eu disparei a falar, porque eu sou assim, quando começo a falar não paro mais, ele me ouvia com uma atenção constrangedora. — Eu p**o pra você, Carol, não se preocupe com isso. — Eu agradeço, mas já sou de maior e tenho que me virar. — Bom, terei tempo pra mudar essa ideia, entendo que não nos conhecemos ainda, mas vou fazer você entender, que se soubesse de você antes. Mesmo com sua mãe me expulsando da vida dela, nunca teria te abandonado. Olho para ele, fico um tanto tímida, coisa que não sou, não muito, ele não me parecia ser uma má pessoa, eu quem não quero obter laços afetivos mesmo. — Organizei um jantar com amigos próximos, amanhã, quero te apresentar a eles. Não respondo, me apresentar aos seus amigos, era um tanto demais, mas tudo bem, se vou ficar aqui por algumas semanas, é bom conhecer pessoas, pra procurar algo pra se divertir, se bem que eu adoraria me divertir com o quase quarentão do avião, e me divertir ia muito com aquele gostoso, fora minha curiosidade em poder ver aquele piercing, dever ser uma loucura. Eliz se juntou a nós novamente, eu e ela conversamos muito, ela era muito legal, bem doidinha, nos demos muito bem, meu pai também era mais sério, mas muito legal, não posso negar isso, em aparência e gênio dou a minha mãe, toda, ela era ainda pior que eu em falar, e em falar tudo que pensa, amo minha mãe, ela era demais, chata pra caramba as vezes, mas era demais mesmo. Depois da janta, fui até o Keke, dei comida a ele, e o levei pra ficar comigo no quarto. Todos tinham medo, daquele mini cachorro, até as funcionárias, se sobressaltavam ao vê-lo, o bravinho latia pra todo mundo. Fiquei olhando para o quarto luxuoso, meu pai não me parece ser o traidor que minha mãe falou, era estranho, só ouvi o lado da história da minha mãe, apenas que ele havia traído ela, com sua melhor amiga, aí ela foi embora, descobriu a gravidez e perdeu o contato com meu pai. Sempre fiquei com raiva por ele ter traido minha mãe, sempre achei horrível isso, até fiquei surpresa da minha mãe o ter procurado pra falar de mim, a ele, depois de tantos anos, acho que foi a doença que a deixou mais emotiva, foram dois anos de luta contra um câncer no ovário, minha mãe sofreu muito, agora estava bem, acho que ela ficou com medo de morrer, me deixando sozinha. Mas depois de tanto tempo, reencontrar um pai que é totalmente desconhecido, não é nada fácil. Meu celular toca, vou atender, era ela, por um momento fiquei na esperança de ser, Adam, ele não vai me ligar, tenho certeza, deve ter caído a ficha do quão fui louca com ele, e agora só deve querer distancia de mim. — Como foi? Conheceu o traidor do seu pai? — ela logo diz. — Oi, mãe, claro que conheci, não foi pra isso que vim. — E como foi? Ele deve estar um velho capanga, rola murcha, não é? — dou risada. — Que horror mãe, pare de me dizer isso, não, ele é bem bonitão pra idade, está ótimo. — ouço o suspiro de minha mãe. — Também com o dinheiro que tem, deve ter feito cirurgia até no c... — Mãe, me poupe disso! — interrompe ela, antes de ouvir mais besteiras. — Enquanto estou acabada, esse traidor, está bem. — ela resmunga. — Você não está acabada mãe, é a velha mais linda que conheço. — Não sou velha, menina, sou madura. — ela diz dou rindo — Qualquer coisa me liga, te amo. — Também te amo. Desligo o celular e vou dormir, não sei se vou conseguir, tenho muita dificuldade em dormir em lugares diferentes. ADAM SMITH — Acha que devo ligar pra ela? Olho para minha filha Lua, que estava sentada me olhando atenta. — Ajuda o papai, filha? Ela é linda, mas é muito jovem, sabe seu pai, não costuma sair com meninas tão mais novas, mas ela é tão... — Não sei o que falar, aquela garota mexeu comigo, estou assim o dia todo pensando se ligo pra ela ou não. Lua pega o celular, e me entrega, minha filha de quatro anos, que se recusa a falar comigo, está me dando conselhos, mesmo sem falar nada. Maria Lua, estava assim comigo e com todos a quase três meses, desde que sua mãe parou de mandar cartas, a ela. Janete, a mãe de Lua a abandonou desde que a menina nasceu, sumiu no mundo, sem se importar com ela. Quando Lua começou a perguntar pela mãe, coloquei um investigador pra achá-la, quando consegui contato. Ela ainda não quis saber da Lua, mas paguei a ela para enviar cartas a ela, todo mês, mas a três meses. Ela disse que se casaria e não mandaria mais nada a ela. Tentei inventar algo pra Lua, mas a minha filha ficou muito sentida, e não fala mais comigo e com ninguém. Já levei ela a uma psicóloga, que apenas disse para dar tempo a ela. Mas já se passaram três meses e nada dela falar. — Acha que devo ligar? — ela praticamente joga o celular em cima de mim — Vai quebrar assim, sua pestinha. Falo pegando ela nos braços, giro ela no ar que ri. Sempre conto tudo da minha vida pra Lua, mesmo que ela não entenda, contei sobre Caroline, claro omitindo, as sacanagens que fizemos no avião. Olho a hora e vejo que já é bem tarde, não posso ligar esse horário. — Nem vi a hora passar, vai dormir, Lua. — ela me abraça, levo ela até seu quarto, coloco ela na cama, entrego seu ursinho de pelúcia favorito, ela abraça ele. — Boa noite, minha filha, eu te amo. Lua me dá um abraço, se deita e eu a cubro com carinho. — Não demora a falar com o papai, tá Lua, tô morrendo de saudade de ouvir sua voz. — ela leva sua mãozinha macia até meu rosto, fazendo um carinho, depois fecha os olhos, pego um livro e começo a ler pra ela, até ter certeza que dormiu, vou até a adega da casa, pego uma farrafa de whiskey, coloco no copo, pego vou até a sala de estar. Ligo a tv, colocando em um jornal, não me envolvo com ninguém desde que Lua nasceu, não assim, de ligar ter encontro, tive apenas relações sexuais esporádicas, e nada mais, ter que ligar e marcar encontro, era um tanto estranho. Não sei se ainda sei fazer isso.
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