Hassan Al-Makki
Sabia muito bem o que estava acontecendo entre minha Sayidati e seu marido naquele quarto. Quando aceitei levá-la para seu quarto de madrugada, sabia onde estava me enfiando, tinha convicção de que ela ainda é apaixonada por Bruno e que o risco de ser descartado era alto de mais.
Porém, isso não me importava, o que realmente quero é que Carolina se sinta bem, que ela supere a dor que continua sentindo com o que passou. Volto em direção para a cozinha e observo Frank com um olhar preocupado com o fato de eles estarem conversando sozinhos.
— Não sente ciúmes? — Sua pergunta me tira uma gargalhada.
— Não, entrei nisso sabendo muito bem o que poderia acontecer…
A nossa conversa durou o tempo suficiente para Sayidati e Bruno pudessem fazer bem mais que apenas uma conversa. Quando estava saindo da cozinha para a garagem sou surpreendido com Bruno que me acerta um soco, deixo que ele faça o que precisa, já que entendo toda a confusão que está acontecendo.
Frank me ajuda a ergue do chão enquanto observo Sayidati descer pela escada e olhar confusa de mim para o Bruno. Ela se aproxima e toca em meu rosto com gentileza e suspira com culpa em seus olhos.
— Você o ama e entendo isso, Sayidati. — Digo e a vejo olhar em direção à porta da garagem que se fechava.
— Todos devem estar me achando uma vagabunda… — A silencio.
A puxo em direção ao meu peito e aperto seu corpo com carinho, sentindo quando ela relaxa entre meus braços. Beijo o topo de sua cabeça sentindo o seu corpo ainda tenso.
— Se alguém pensar algo sobre isso pode ter certeza que eu mesmo o matarei, você não é uma vagabunda, é uma mulher que está apaixonada. — Ela me olha incrédula e revira os olhos.
— Sei que estou pedindo muito a você, mas tenho que voltar ao Brasil. — Confirmo com a cabeça e a faço sentar para beber um chá.
— Fique aí, vou pegar algo para te relaxar. — Ajudo Sayidati a sentar na banqueta.
A deixo ali na cozinha e vou em direção ao meu quarto, ainda tenho um pouco de alfazema, tenho certeza que ela relaxará um pouco após beber. Passo no banheiro e limpo um pouco o meu rosto, tenho que dar crédito para o Bruno, ele tem um soco pesado.
Limpo o meu supercílio e por pouco a a******a não é maior do que parecia, ainda bem não será necessário levar pontos. Aproveito que já estou aqui e troco a minha camisa que tem alguns respingos de sangue, coloco alguns curativos na sobrancelha e no lábio.
Volto para a cozinha com a intenção de acalmar a Sayidati que está um pouco mais agitada que o de costume. A observo calado, ela estava torcendo a barra de seu vestido com o mesmo olhar culpado de antes. Pego a chaleira e coloco a água para ferver, volto até onde ela estava e me aproximo beijando a ponta de seu nariz e vejo uma ruga surgir no meio de sua testa.
A deixo ali novamente e mexo nos armários para pegar tudo o que precisava para organizar um momento para acalmar a mulher por quem estou apaixonado. Pego um par de xícara, pires e um sousplat para manter o momento um pouco mais delicado. Arrumo tudo a sua frente em silêncio, corto algumas fatias de bolo, sirvo em um pequeno prato a frente da mulher gravida e delicada que está muito confusa.
Ouço o chiado da chaleira, coloco os pacotinhos de alfazema nas xícaras e despejo a água quente, abafo um pouco para iniciar a infusão do chá. Mantenho o silêncio enquanto sento ao seu lado e viro a sua banqueta de frente para mim, a mantendo entre as minhas pernas.
— Você é linda, é normal que seu marido fique nervoso com a situação e não se preocupe com o que pode acontecer entre mim e ele. — Digo ao observar o seu olhar no machucado.
— Ainda não faço ideia do que fazer e como fazer, mas tenho certeza que pensarei em algo. — Ela diz e puxo uma de suas mãos.
— Sei que sim, Sayidati, espero que seja algo que esteja incluído em sua vida. — Digo beijando os nós de seus dedos.
— Você tem algo em mente? — Ela me pergunta estreitando os olhos.
— Talvez, mesmo achando que seja um grande pecado. — Me aproximo e exijo o meu beijo.
Necessitava sentir o sabor de seus lábios, na verdade, precisava fazer amor com ela naquele momento, mas com essa carinha de dor que ela está fazendo me preocupo de forçar qualquer coisa com a mulher sentimental que estava a minha frente.
Sorrio de canto, enquanto a vejo tão indecisa com o que estava acontecendo naquele momento, não quero forçar que Sayidati tome alguma decisão que pode ser demais para ela.
— Você é linda… — Deslizo o dedo por curvatura de seu pescoço.
Noto que lhe causo um arrepio e de certa forma gosto de como seu corpo reage ao meu toque. Ver enquanto ela fecha os olhos e morde o lábio inferior me dá uma ideia s****l que tenho a sensação de que ela jamais aceitaria.
— Se disser a você que fiquei curioso para lhe ver, enquanto estava lá em cima… — Sussurro a minha ideia.
Sentindo uma ereção começando a surgir e o olhar de Carolina surpresa com o que digo, a pega de surpresa, na verdade, estou tão surpreso quanto ela. Nunca me imaginei que ficaria e******o imaginando uma mulher minha transando com outro homem.
Pego em sua mão e como um devasso que nunca fui, levo a sua mão até a minha ereção e deixo que sinta o t***o que estou sentindo com os pensamentos de dividi-la enquanto a vejo nos braços do marido.
Há um olhar confuso em meu rosto enquanto sua mão aperta sutilmente meu pênis parece esclarecer a minha intenção.
— Não seria pecado? — Sua pergunta me faz rir.
— Acho que os últimos dias tenho cometidos tantos pecados Sayidati que nem sei se Allah me perdoará. — Digo.
Fico em pé na sua frente e me coloco entre as suas pernas, sorrio com carinho, desejo que ela descubra que não me importo de dividi-la, apenas não quero perdê-la, mesmo sabendo que pode acontecer o inevitável.
— Hassan não é justo o que está pensando. — Diz com os olhos fixos nos meus.
— E o que estou pensando? — Retruco com um divertido.
— Ter nos três na mesma cama… — Subo com a minha mão por seu corpo e aperto o seu seio.
— Eu aceito e sinto que o seu corpo também tem o mesmo desejo, falta saber se o Bruno aceitaria. — Beijo o canto de sua boca.
Não quero aprofundar o que está acontecendo, afinal sei que ela acabou de amar o homem que esteve com ela desde o início. Deixo um novo beijo em sua testa e sorrio.
— Que tal um chá para se acalmar um pouco? — Pergunto e aponto para a xícara ao nosso lado.
— Se não fosse essas cólicas, ia te dar uma surra! — Sayidati exclama e suas bochechas ganham um lindo tom avermelhado.
— Falando nisso, temos que te levar em uma obstetra. — Me preocupo com a sua condição.
Sei que mesmo insistindo em levá-la ao hospital, ela não aceitaria. Nos últimos dias sei que está se martirizando com a ausência do Bruno na primeira ultra.
— Assim que chegar ao Rio irei a minha ginecologista, tenho certeza que essa cólica não é nada de mais. — Meneio a cabeça e volto a me sentar ao seu lado.
Já que não adianta insistir com ela sobre esse assunto, que acredito que ela entenda melhor do que eu. Sirvo o chá e a deixo se alimentar em paz, porque tenho certeza que está exausta.
Com tudo organizado a levo de volta para o seu quarto, ela precisa descansar e eu preciso organizar a nossa ida para o Rio de Janeiro, essa será a primeira vez que estarei indo a trabalho e farei o meu melhor para proteger a mulher mais perigosa dos cinco continentes.
Mas que nesse momento está me apresentando a mulher frágil, machucada e cheia de hormônios que tenho certeza que ninguém conhece além de sua família e os mais próximos a ela.
Perto de amanhecer começo a fazer o meu sallat, Sayidati estava ainda com seu sono pesado e orei em silêncio para não acordá-la.
“Allah, sei que o senhor jamais destruiria uma família para construir outra, mas Carolina é uma mulher maravilhosa e gostaria muito que as portas necessárias se abrissem para continuar ao seu lado, se for de seu desejo que tudo flua no Rio para manter a nossa relação.”.
Termino de falar com Allah com o coração um pouco mais leve e decido a tirar um cochilo até dar a hora de levantar e ir para o aeroporto. Retiro a minha roupa e deito ao lado da minha Sayidati que se aconchega em meus braços.
— Tajdid… — Geme baixinho e suspira.
Sei que o voo seria bem longo e tinha certeza que Sayidati já estava cansada, nosso voo foi bem longo e um pouco turbulento, não deixando que Carolina pudesse descansar muito. Assim que chegamos, já havia seus seguranças e alguns carros a nossa espera. Vejo naqueles homens uma lealdade admirável ao olhar para Sayidati.
Vamos em direção à mansão onde eles moram, gostei da segurança que havia lá, reforçada e bem criteriosa, condizente com quem a minha Sayidati é. A deixo na casa conversando com a sua cunhada e irmão e volto para o aeroporto para buscar sua mãe e sua sogra que também já estavam chegando.
Me surpreendo quando vejo as duas mulheres descerem do jatinho, noto que elas se interessam por mim, quero ver o que dirão quando souberem quem sou.
Mas para a minha surpresa sou bem recebido entre todos eles, até mesmo por senhora Fritz, a mãe de Bruno, que deu a oportunidade de poder conversar com ele.
Nos afastamos de todos e o vi andar pisando duro a minha frente, entrando no escritório e virar de frente para mim.
— Serei direto com você, Sayidati te ama e mesmo que você ainda não perceba, ela já te perdoou, mas está com medo. — Digo e vejo o seu rosto surpreso.
— Então está aqui para avisar que está deixando o caminho livre? — Contenho a vontade de rir.
— Não, estou aqui para propor algo que a Carolina não tem coragem de falar…
O vejo confuso, mesmo que ele fisicamente seja mais forte, não me intimido, me aproximo e continuo passando as contas de meu masbaha entre os dedos.
— Que formemos um trisal!