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1716 Words
Capítulo Seis **Guilherme** Continuação do flashback Me coloco em uma posição de luta, mas Tiago ainda continua parado, apenas me observando. O tatame estava desgastado e coberto por marcas de treinos passados, e a tensão no ar era palpável. O olhar severo de nosso pai parecia incidir sobre nós como um peso invisível. — Vamos, não tenho o dia todo! — grita nosso pai, sua voz ressoando na sala. Decido tomar a iniciativa e avanço contra Tiago. No entanto, ele recua, desviando-me com precisão, fazendo-me perder o equilíbrio e cair de barriga no tatame. O chão é duro e frio, e sinto um impacto doloroso no estômago. — Tiago! O que foi isso? Terá pena dos seus inimigos? Um Petrov não recua! Quero seriedade! Não pode se ter piedade nem mesmo com a família, sabe muito bem disso! — diz nosso pai com uma expressão severa. — Sim, senhor... — concorda Tiago, sua voz grave e tensa. Rodamos um pouco pelo tapete, mas ele continua desviando meus ataques com facilidade. Decido avançar novamente, mas Tiago me agarra e puxa meu braço para trás. A dor é aguda, e eu grito. — Ahhhh... Ahhhh... Certo, você venceu... venceu... irmão... ahhhhh! — grito, tentando aliviar a dor. Seu rosto permanece impassível. Logo, Tiago afrouxa um pouco o braço, mas o olhar de nosso pai é implacável. — Vamos, Tiago! Teve alguma luta sequer que ficou inacabada? Termine ou eu termino! — ameaça nosso pai. Sinto o peso do olhar de Tiago sobre mim, e ele coloca pressão em minhas costas, fazendo-me gritar de dor. A pressão do seu pé nas minhas costas e a dor aguda no ombro são intensas. Eu grito, chamando por nosso pai, desesperado. — Ahhhhhhh!!!!! Pai!!! — chamo, vendo-o se aproximar com uma expressão severa. — Levante-se! Você é um Petrov! Por mais que sua mãe tenha te deixado mole! — diz ele com uma postura firme e autoritária. — Me mostre, Guilherme, que você não é um fraco. Ponha-se de pé, p***a! — Não consigo, pai!!! — exclamo, a dor me fazendo chorar. Sinto meu pai puxar meus cabelos e me forçar a me levantar. — EU MANDEI SE COLOCAR DE PÉ!!!! — ele ordena, e logo me solta, fazendo-me bater o queixo no tatame. A dor é intensa, e mordo minha língua. Olho para Tiago, que está de pé, com uma expressão preocupada. — Irmão... me ajude...!!! — peço, quase engasgando com meu próprio sangue. Vejo Tiago dar um passo em minha direção, mas nosso pai o impede. — Se ajudá-lo, sabe muito bem o que irá acontecer com você! Não terei misericórdia — diz nosso pai. Tiago, apesar de seu olhar preocupado, se afasta e não pode ajudar. Depois disso, sou deixado em meu quarto, com meu braço aparentemente fora do lugar. — Nunca mais faça isso novamente!!! — diz Tiago, examinando meu braço. — Acho que só saiu do lugar. Se eu tivesse dado mais pressão como de costume, estaria quebrado. — Você podia muito bem não ter feito isso! — grito, a dor ainda intensa. — Tive que te dar uma lição para que nunca mais ousasse fazer isso novamente. Sabia muito bem que só sairíamos de lá se um de nós perdesse — diz Tiago, com um olhar sério. — Morde isso! — ele diz, tentando realinhar meu braço. — Para que isso, ai! — exclamo, sentindo a dor. — Querido! Você está bem? — minha mãe entra desesperada. — Como você pode fazer isso com seu irmão? — diz ela, dando um tapa no rosto de Tiago. Tiago apenas nos olha e sai novamente, com sua expressão neutra. — Vamos, vou te levar ao médico, querido — diz minha mãe, tentando acalmar a situação. **Fim do flashback** Ele poderia não ter feito mais, escolheu fazer! Eu sei que podia! Aquele desgraçado... ele podia! Tive medo de lutar novamente, mas não durou muito. As brigas se tornaram mais comuns ao longo dos anos. **Tiago** — Maldição! — grito, batendo em minha mesa. A secretária se assusta com o meu surto. — Algo problema, senhor Petrov? — pergunta, visivelmente nervosa. A fito com os olhos semicerrados. — Não, imagina. Só bati por instinto, sabe? i****a! Incipiente! Sabe a quantidade de armas que sumiram? Aqueles desgraçados! — falo, colocando as mãos nas têmporas. — Chega por hoje para mim! — digo, saindo do escritório. Tudo isso só me fez ter dor de cabeça. Entro em casa e me deixo cair no sofá, exausto. — Ahhhhhhh — ouço um choro irritante. Quem é essa maldita peste que me perturba? — resmungo, tentando respirar fundo e localizar a origem do choro. Sigo o som e encontro um quarto de hóspedes, onde o bebê chora sem parar. Meu estômago revira ao ver a cena. — Quem trouxe isso para dentro da minha casa?!! — penso. — O Noah chegou — diz Guilherme, invadindo minha sala. — Que diabos é Noah? — pergunto, confuso. — A criança que você deixou sem família! — responde Guilherme. — Como é que é? Você trouxe o moleque para nossa casa? Nossa, irmãozinho, eu não sei nem como lhe agradecer! — falo com sarcasmo, e em seguida jogo um jarro em sua direção. — Você é i****a ou finge? Eu lhe disse que não queria aquela coisa aqui dentro! — exclamo, irritado. — Cala a boca, peste! — grito, enquanto o choro continua sem cessar. Coloco as mãos na cabeça, agoniado. — Que p***a! — grito, saindo do quarto em busca de alguma empregada. Logo me lembro que é o dia de folga dela. — Que merda! O que eu faço? — penso, frustrado. Corro até o escritório, mas não a encontro. Lembro que a liberei mais cedo. — Luísa! — a palavra surge em minha mente, e corro até a cela dela. Abro a cela e arrasto Luísa até o quarto onde o bebê está. — Por favor... Não! Me solta! — ela implora, parando quando percebe o choro. — De um jeito nisso, ou mato o seu irmão! — a ameaço. — Faça esse choro calar a boca! Para ontem! — mando, a irritação evidente na minha voz. A deixo com o bebê e volto para a sala. — Nada desse choro passar! — penso, massageando as têmporas. — Se... senhor — gagueja Luísa. — O que quer? — falo, sem paciência. — É que... preciso saber... onde fica a cozinha... — diz, receosa, com a cabeça baixa e o bebê aos berros em seu colo, já quase roxo. Levanto e a levo até a cozinha, me sentando na ilha e observando seus passos. Luísa pega uma panela, coloca no fogão e começa a preparar o leite para o bebê. — Joga em seu pulso? Pra que fazer isso? — me pergunto mentalmente, frustrado com a situação. A cena do bebê chorando continua. — Preciso resolver sobre o roubo! — penso, deixando Luísa com um dos meus soldados e indo para o porão. Abro a cela onde Eric está. — Boa noite... confortável? — digo, mas ele apenas me olha, em silêncio. — Sua mãe não te ensinou que é falta de educação não falar com as pessoas? — alfineto. — Lave a sua boca para falar da minha mãe — responde Eric, com raiva. — Você ainda está falando! Ufa, ainda bem que pensei que já tinha mandado arrancar sua língua — digo, mudando a expressão para uma mais fria. — Agora vamos ao que me interessa. Preciso que faça algo para mim! — digo, sério. — Nem morto! — responde Eric, desafiador. — Estou cogitando, mas não me teria serventia alguma. Olha, estou pegando leve. Acredite... mas podemos pensar de outra forma... como... com a sua querida irmãzinha. Muito linda, não? Tenho cinco homens que adorariam conhecê-la. Até mesmo eu não me importaria de me divertir um pouco com ela — digo, provocador. — Diga o que tenho que fazer! — grita Eric, interrompendo-me. — Se infiltrar em 'La Casa Nostra'. Simples — vejo seus olhos arregalarem. — Que!!!??? Eu vou morrer se for!!! — grita, desesperado. — Isso mesmo. E você irá morrer se não for também... melhor que esteja vivo! Até porque sua irmãzinha se responsabilizou por você, não foi? — falo, colocando a mão no queixo. — Está bem... — suspira Eric, derrotado. — Meus homens irão te ensinar o básico. Não me decepcione, caso contrário, eu mesmo te mato e quebro aquela coisinha lá em cima! — digo, com uma ameaça latente, antes de me retirar da cela. Volto para cima e encontro Luísa ainda em pé no meio da sala. — Se... senhor... seu filho, ele... — Luísa começa, mas não a deixo terminar. — Aquele bastardo não é meu filho! — exclamo, visivelmente irritado. — Odeio crianças! — Perdão... o bebê dormiu — diz Luísa, com um alívio visível. — Supõe-se que você faça o mesmo! Fique no mesmo quarto! Adiante! — grito, e ela pula de medo. Vou para o meu quarto e tomo um banho longo e demorado, tentando esfriar a cabeça e aliviar a tensão. Enrolo uma toalha na cintura e desço as escadas. Abro a geladeira e pego meu jantar. Quando fecho a porta, vejo Luísa parada, me observando. — O que quer? — pergunto, despertando-a de seus pensamentos. — Eu... eu... vou esquentar e deixar a mamadeira do bebê pronta... — diz, ainda nervosa. Vou até o micro-ondas e vejo Luísa preparar o leite. Ela está visivelmente cansada e tensa, mas cumpre suas tarefas. — Coma alguma coisa — digo, lembrando que ela não comeu desde que chegou. — Mas o senhor... — começa Luísa, hesitante. — Estou mandando! — interrompo, com uma firmeza que não deixa espaço para discussão. — Sim... — responde Luísa, pegando um prato e começando a comer, ainda com um olhar de preocupação. Enquanto isso, eu me sento, a cabeça pesada com o peso das responsabilidades e problemas que parecem se acumular. O bebê, agora alimentado, começa a adormecer, e o silêncio volta a reinar na casa. Tento me concentrar no que fazer a seguir, ponderando sobre a situação do roubo e o que mais precisa ser resolvido. Mas mesmo assim, a tensão não diminui. Cada desafio que enfrento parece apenas adicionar mais um peso ao meu fardo.
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