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2120 Words
**Capítulo Cinco** **Tiago** Acordei ainda com a mesma dúvida sobre Luísa. Tomei um banho rápido e desci as escadas em direção ao balcão. Quando cheguei perto da cela de Luísa, vi a porta aberta. “Mas que p***a é essa?!” - exclamei, aproximando-me da entrada e vendo dois soldados dentro da cela: um segurando Luísa e o outro no chão. Mandei executar os soldados por desobediência. Saí da cela e deixei uma nova ordem. “Vamos ver se ela se acalma,” pensei. **Quebra de Tempo** “Filho da mãe!” “Que merda ele acha que é para dizer que não mereço estar onde estou?!” - gritei, lançando um vaso contra a parede. Desde que nasci, fui destinado a isso, e aquele filho da mãe acha que não tenho direito de estar aqui! Ele não conseguiria passar nem metade do que passei! Vamos ver se ele tem a coragem que diz ter. “Acho que quebrar o braço dele não foi o bastante!” pensei. Pego qualquer bebida, só preciso me acalmar. Pouco tempo depois de ter levado Guilherme para a cela, escuto uma movimentação do lado de fora da minha sala. “A senhora não pode entrar assim!” - diz a Senhorita Orlov. “Quem você pensa que é para me dizer o que devo ou não fazer?!” - grita. Eu já sei até quem é... - digo para mim mesmo, inclinando a cabeça para trás e esperando que ela entre na sala. “Como ousa fazer isso com seu próprio irmão, Tiago?!” - grita Magda, entrando na sala. “Foi ele quem começou, querendo me tirar do lugar que é meu por direito... Só quero ver se ele tem tudo isso que diz ter...” - digo, sorrindo e girando a caneta que tenho em mãos. “Você vai tirá-lo de lá agora, Tiago, ou vou ao conselho hoje mesmo!” - grita, batendo na minha mesa. “É engraçado, né?” - falo, retirando a arma da minha cintura e a colocando sobre a mesa. “Comigo não teve essa frescura! Eu era tratado pior que aquele merdinha e sempre tinha que manter a minha postura desde muito jovem!” - continuo, olhando-a friamente. “O filho de um Petrov tinha que ser perfeito em tudo... Quase morri diversas vezes, e você não me deu nem um copo d'água!” - digo. “Você fez alguma coisa? O que fez?” - ela pergunta, dando um passo para trás. “Só peço que retire o seu irmão daquele lugar...” - diz, abaixando a cabeça. “Ok... porém ele ainda vai arcar com as consequências: 24 horas trancado e a cada 2 horas, um corretivo! E SEM VISITAS!!!” - enfatizo para deixar claro que não estou brincando. “Não acredito que você seja meu filho...” - diz, derramando-se em lágrimas. “Muito menos eu!” - digo friamente, observando-a sair e fechar a porta. Logo meu celular toca. “Alô!” - atendo, sem paciência. “Sr. Petrov, queria falar comigo?” - diz Marcos na outra linha. “Sim, quero que investigue Luísa Duarte Cooper. Quero saber onde ela estudou e o tempo!” - digo. Assim que termino, encerro a ligação. “Senhor!” - fala um dos soldados, nervoso. “Fala, p***a!!!” - grito. “Os... os armamentos, senhor... eles... eles não chegaram,” - diz ele, começando a perder a compostura. Levanto da cadeira e ajeito o paletó. Aceno para que um dos homens que fica na porta se aproxime. Olho o soldado de cima a baixo. “O que é isso?” - pergunto, apontando para o soldado. “Ele é novo, senhor,” - responde, de cabeça baixa. Chego ainda mais perto do soldado. “Vê, língua presa?” - dou pequenas batidas em seu rosto do lado direito. “É assim que se fala...” - encaro firme em seus olhos. “Por você ser novo, vou deixar passar...” - sua feição, apesar de tentar ser séria, revela alívio. “Mas não pode se repetir...” - me afasto. “Leve e corte a língua,” mando. “Senhor, por...” - o soldado começa a perder a compostura, deixando o pânico tomar conta. “Não, língua presa... Seja homem e enfrente as consequências! Você não me mostrou ser útil falando, mas, por ser novo, estou disposto a reparar esse erro,” digo. “Eu lhe imploro...” - ele suplica. “É a língua ou a vida!” - já estou perdendo a paciência. O soldado se cala, olhando para o chão. “Agora ande! Antes que eu mude de ideia e faça com que minha empregada limpe o seu sangue do meu carpete!” - ameaço. “Esteja ciente de que, sem mais erros, a próxima será um projétil, e você perderá mais do que a língua...” - me retiro, indo para a sala de reuniões. Assim que entro, Filipe me aborda. “Já soube do ocorrido?” - pergunta. “Sim, e tenho certeza de que foram aqueles italianos. Сукин сын!!! (Filho da p**a)” - digo, sem esconder a emoção, descansando as mãos na mesa. “E está tranquilo com isso?” - pergunta, notando minha serenidade. “Eu tenho um plano em mente! Talvez... colocando outra pessoa sem importância, alguém descartável... vamos jogar o mesmo jogo sujo deles...” - respondo. **Luísa** “Maldito homem dos olhos azuis!” - murmuro, esganando a almofada, que parece mais uma sola de chinelo de tão fina e dura. “Me deixou trancada aqui sem nada! Nem me alimenta... eu posso...” “Vou morrer!!!” - penso. “Tenho que fugir de qualquer jeito!” “Irmão, no que você me meteu?” - digo, jogando a almofada contra a parede de cimento. Assim, escuto a cela se abrir. “Confortável?” - vejo meu sequestrador encostado à porta com um sorriso sínico. “Espero que aquilo que você jogou não seja eu.” “Desgraçado,” - penso, virando a cabeça para o outro lado e tentando ignorá-lo. Depois de um tempo, ouço seus passos. “Você sabe que isso não vai funcionar, né?” - fala, segurando meu queixo para que eu o olhe. Mas estou firme, olhando para o chão. Lembro que minha mãe dizia que eu era bastante teimosa quando queria. “Olhe para mim!” - ele manda, mas não obedeço. “Quando eu falar com você, espero que obedeça. Não se esqueça que seu querido irmãozinho está em minhas mãos, então pense direito...” - ele fala, colando seu nariz no meu ouvido. Só de pensar no que ele está fazendo com Eric, meus olhos voltam a arder. Ao levantar o olhar, percebo que ele está focado em minha boca. “Não! Não era isso que me faltava!” - penso. Assim que vejo que ele se aproxima, viro meu rosto. No entanto, sinto um aperto em minha mandíbula inferior. “Está... me machucando...” - coloco as mãos sobre as suas, tentando afastá-las, mas ele me prende com a outra mão. Seu rosto, que não contém expressão, é ainda mais assustador. “Por favor...” - peço, enquanto as lágrimas começam a escorrer. “Me sinto fraca por dar esse gosto a ele...” - penso. “Não me machuque... por favor...” - imploro, com a voz tremendo e lágrimas escorrendo pelo rosto. Mas ele não parece ceder. A pressão em minha mandíbula é dolorosa, e eu sinto a frustração e o desespero tomando conta de mim. Finalmente, ele me solta bruscamente. “Vamos!” - diz, puxando-me pelo braço com força brutal. “Para onde?! Vai me matar?! Por favor, não me mate!” - grito, tentando me soltar, mas ele me empurra contra a parede. “Me desculpe...” - peço, sem saber o que mais fazer. Meu cérebro está em frangalhos, e eu me sinto completamente impotente. “Cale essa maldita boca!” - ele ordena, trincando os dentes, sua voz um rosnado ameaçador. Chegamos a outra cela, uma pequena e suja, com o chão coberto de detritos. Olho ao redor, desesperada, e meu coração quase para quando vejo algo rastejando no chão. “Ah, meu Deus... uma cobra!” “Não! Me tire daqui! Por favor, não me deixe aqui!” - grito, enquanto a cobra se aproxima. Sinto o pânico tomando conta de mim e começo a tremer incontrolavelmente. Depois de um tempo gritando e tentando afastar a cobra com os pés, minha voz se esgota, e eu caio em um canto da cela, soluçando e tentando recuperar o fôlego. A sensação de estar sozinha, sem comida, sem água e cercada por cobras é esmagadora. O medo e a fome me debilitam, e eu me sinto fraca, vulnerável e completamente abandonada. Sento-me, tentando me manter acordada e alerta, embora o cansaço me envolva como uma névoa densa. O medo das cobras e o desespero da situação são quase insuportáveis. Com a mente turva e o corpo enfraquecido, me esforço para pensar em um plano de fuga, mas minha capacidade de raciocínio está diminuindo a cada momento. **Guilherme** "Me arrependo? Não nem um pouco. Ele tinha que ouvir de alguém mais cedo ou mais tarde." Sinto o suor misturado com sangue descer pelos meus cabelos e cair ao chão. Estou acostumado a ser tratado dessa forma por Tiago. Sei que nosso pai não pegou leve com ele em nenhum momento, mas sempre lhe disse que poderia ser melhor que ele, e não pior! Não é a primeira vez que brigamos. **Flashback** Guilherme e Tiago, com 8 anos. “Olha, mãe! Meu irmão é muito forte!” - aponto empolgado. Havia arrastado a mamãe porque queria assistir ao treino. “Você também é querido,” respondeu ela, sorrindo. “A mamãe vai à cozinha e volta, ok?” - se levanta saindo. “Também quero lutar!” - falo quando vejo Tiago finalizar a luta. Nosso pai me analisa com o olhar de sempre. “Vá, Guilherme!” - responde, nosso pai. Chego em frente a Tiago com a sua expressão neutra cotidiana, tanto no tatame quanto fora dele. Me posiciono. “Comecem os dois!” - fala nosso pai. **Tiago** O dia estava carregado, com uma tensão no ar que parecia palpável. Ordenei ao guarda que me trouxesse um relatório atualizado sobre a situação de Luísa e Guilherme. Precisava de informações, não apenas sobre Luísa, mas sobre qualquer possível reação de nossos rivais. O plano de substituir alguém por uma peça descartável parecia cada vez mais arriscado, mas era a única forma de manter o controle. **Luísa** O tempo passa, e a sensação de desespero aumenta. A cobra ainda está por perto, rastejando lentamente sobre o chão sujo da cela. Tentei afastá-la várias vezes, mas sem sucesso. A solidão e o medo são opressivos. "Eu preciso encontrar uma saída," penso, tentando me acalmar e analisar o ambiente ao meu redor. O cansaço e a fome tornam cada movimento mais difícil, mas não posso desistir. Meu coração bate forte e meu corpo treme, mas minha mente está em alerta máximo. Uma ideia começa a formar-se em minha mente, um plano desesperado para escapar. Mas, para realizá-lo, preciso da ajuda de alguém dentro dessa cela, ou talvez de um momento de distração de meu sequestrador. Olho em volta, tentando encontrar algo que possa usar a meu favor. O ambiente é hostil e não há muitos recursos, mas qualquer pequena vantagem pode fazer a diferença. O medo das cobras e a dor da fome são quase insuportáveis, mas meu espírito se recusa a ceder. **Guilherme** Enquanto o tempo passa na cela, minha mente volta ao passado. As memórias de nossas brigas e rivalidades com Tiago vêm à tona, mas também o desejo de superar as adversidades e provar meu valor. Meu corpo está cansado, e a dor é intensa, mas o orgulho e a determinação me mantêm de pé. “Eu não vou desistir,” penso, enquanto luto contra a dor e o cansaço. “Eu vou mostrar a ele que não sou um mero jogo, que tenho meu próprio valor.” As lembranças da infância, as lutas e as palavras de nosso pai ecoam em minha mente, fortalecendo minha resolução. É uma batalha interna e externa, mas sei que devo lutar até o fim. Finalmente, um plano começa a tomar forma. Embora seja arriscado, pode ser a única chance de reverter a situação e encontrar uma maneira de escapar e de lidar com Tiago de uma vez por todas. Estou determinado a lutar, não apenas pela minha sobrevivência, mas para restaurar meu próprio orgulho e dignidade.
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