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1749 Words
*Capítulo Quatro** **Tiago** "O que estou fazendo?" balancei a cabeça, tentando afastar o peso do passado. "Desenterrar algo de 20 anos atrás é uma loucura!" Guardei novamente o desenho, vesti uma roupa e desci as escadas, retornando ao porão. Entrei na cela de Luisa e a vi deitada sobre o colchão, com os cachos cobrindo o rosto, os lábios entreabertos e o peito subindo e descendo suavemente com a respiração. A visão era quase surreal. "Não é possível..." sussurrei, a incredulidade na minha voz. Aproximando-me, toquei suavemente seus cabelos, afastando os fios do seu rosto. Meus dedos, quase involuntariamente, vagaram até seus lábios carnudos e perfeitos. Ahammmm... A ouvi gemer e se mexer no colchão enquanto dormia. "Não pode ser você..." sussurrei, completamente desacreditado. Os passos da troca de turno dos meus homens me despertaram. "E se for? Por que agora, depois de todos esses anos? Não pode ser... luz..." Pensei, a confusão misturada com a dor. "O que estou fazendo aqui? Que idiotice!" Afastei meus dedos de seu rosto, sentindo uma onda de fraqueza e desespero. Percebi que havia baixado a guarda por um segundo. Quem era essa mulher e o que ela estava fazendo comigo? Eu não sou desse jeito. Por muito pouco, teria terminado o serviço naquele mesmo país. E agora, aqui estou, alimentando uma esperança que estava morta, simplesmente assim... De repente, insistindo que ela não é ninguém... mas... "Que p***a!" praguejei, passando as mãos no rosto. "Onde estava com a cabeça?" Virei rapidamente, voltando para casa. Estressado, tomei um dos meus remédios para dormir, torcendo para que fizesse efeito e me ajudasse a relaxar. Me deitei na cama, sussurrando várias vezes para mim mesmo: "Amanhã é outro dia..." **Luisa** Hummm... hummmm... Revirei sobre a cama, sentindo um desconforto. "Minha cama está tão dura... Devo ter dormido no sofá novamente. Minha coluna vai gritar o dia inteiro. Não lembro de estar tão cansada a ponto de dormir no sofá. Está frio. Meu cobertor, onde está?" Remexi, tentando encontrar o cobertor. "Devo ter derrubado... Espera, meu sofá não é assim..." Com muito esforço, abri os olhos e olhei ao redor, tentando entender onde estava. O lugar era estranho. "Onde estou?" pensei, analisando o ambiente. "Que cheiro é esse? Parece mofo..." sussurrei, o pânico começando a tomar conta de mim. A realidade caiu sobre mim com força: eu não estava mais na casa dos meus pais. "Oh meu Deus..." A voz quase falhou, sufocada pelo desespero. "Aquele cara me sequestrou!" Lembrei, com a mente em frangalhos. "Definitivamente, eles não são do banco!" A ideia de ser traficada me aterrorizou. "Não vou ser prostituta!" Entrei em pânico. Tateei meu corpo, procurando cicatrizes. "Vai que roubaram meu rim ou sei lá, vão me usar para transportar drogas." Tentei levantar, mas minha cabeça doía e eu estava um pouco zonza. Minhas pernas tremiam, tombando para frente e para trás. "Onde eu estou?" O lugar não tinha janelas, só paredes de cimento e uma porta de ferro. "O que eu faço? Tenho que sair daqui... O que vão fazer comigo..." Estava sem pertences, sem nada em mãos. "Fala sério, Luisa, óbvio que não tem nada em mãos." "Socorro!" Gritei até o ar dos meus pulmões faltar. "Cale a boca, garota!" Gritou alguém do lado de fora. "Eric!!!" O nome passou pela minha cabeça. "O que fizeram com o meu irmão?" Bati na porta desesperada. "Eu quero ver o meu irmão!" Empurrei e bati com toda a força que tinha. "Já lhe disse para ficar quieta!" A voz foi acompanhada de uma falta de paciência. Não escutei e continuei a bater. A porta se abriu, revelando dois homens robustos. Um deles me pegou pelo queixo e puxou meu pulso. "O senhor Petrov detesta escândalos, sabia? Nós também!" Disse, enquanto o outro mapeava meu corpo e tocava meu cabelo com um olhar malicioso. "É uma pena esse desperdício..." O outro falou com um tom de desprezo. "Toma o que der para nos divertir." Sua voz era carregada de malícia. "Não precisamos esperar ele voltar. Tenho certeza de que a boneca não dirá nada, e se disser, não fará diferença." Ele apertou meu pulso com força. Perdi a cabeça de raiva e lhe dei um tapa com a mão que estava livre. "Sua v***a, acha que vai se sair dessa agora?! Não vai!" Ele me agarrou com força, tentando me conter. "Você não vai para lugar nenhum..." Segurou meus punhos com uma força quase inumana. Como uma mulher poderia se livrar de dois homens enormes em um local fechado? Mas eu não ia desistir tão fácil. Dei uma joelhada bem ao meio das pernas de um deles, fazendo com que ele se soltasse. "Não toque em mim!" Gritei, enquanto o outro ainda me segurava. "Por que a cela está aberta?" A voz fria dos olhos azulados soou atrás de mim. "Senhor, ela estava gritando..." O grandão que ainda me segurava tentou dar uma desculpa. "Não quero saber. Eu dei uma ordem de que, quando ela levantasse, eu seria chamado. Esperava que se cumprisse dessa forma." O homem vermelho tentava se levantar. "E você, o que faz no chão?" Perguntou, apesar de já imaginar a situação. "Levem eles e matem os dois. Hoje não estou para diálogo ou erros." Mandou com uma frieza implacável. O mesmo se virou para mim. "Agora é a minha vez, tenho certeza." "E você gostou da estadia?" Perguntou ironicamente. "Não é o melhor quarto, mas ter um colchão é um bom sinal." "Cadê o meu irmão?" Perguntei com firmeza, a voz tremendo de tensão. "Quem? Ah, o viciado. Ele está bem ainda..." Respondeu com desdém. "Acha que ela se preocupa com você?" "Por favor, nos deixe ir. Eu pago a dívida." Ignorei, suplicando na esperança de que ele nos deixasse ir. "Eu não quero e nem preciso desse dinheiro!" Disse com uma frieza c***l. "Que canalha! Então, o que nós estamos fazendo aqui?!!" "Então, por que nos sequestrou, hein?" Perguntei, já visivelmente alterada. Ele se aproximou, pressionando-me contra a parede e segurando meu queixo. A luz que entrava pela porta fazia seus olhos parecerem ainda mais frios e implacáveis. "Acha mesmo que vou deixar passar? Seu irmão sabia das consequências e mesmo assim pegou o dinheiro! Fui bem explícito quanto às consequências dessa dívida. Eu nunca perdoo! E não será hoje que começarei!" Falou com uma seriedade quase fria. Ele abaixou o olhar, traçando um caminho com seus olhos até meus ombros, fazendo minha respiração acelerar. "Saia daqui!" Gritei com os dentes cerrados, irritada e apavorada ao mesmo tempo. "Está bem... Três dias sem comida e bebida vão melhorar o seu humor." Disse, se afastando e indo em direção à porta. "SEU CANALHA!" Gritei. "Obrigada, querida... Será cinco dias agora." Disse, dando-me as costas. "MALDITO!" Gritei, sentindo as lágrimas de frustração e medo queimarem meu rosto. Encolhi-me no colchão, o desespero tomando conta de mim. "Por que logo comigo...?" Pensei. "O que vai acontecer com o Eric... Meu irmãozinho, Luma e Zoe, será que estão bem? Eu tenho que sair daqui!" Deitei-me na cama, tentando encontrar um pouco de sono. "Imã!" Eric corria até mim com seus 4 aninhos. "Irmãozinho, vem sobe!" Todos os dias ele me acordava assim pela manhã. "Irmã, está bem?" Perguntou, colocando uma de suas mãozinhas em meu rosto. "Irmã está ótima," respondi, dando um beijo de esquimó que fazia ele cair na gargalhada. Meu irmão... **Guilherme** Após a saída de Tiago, comecei a traçar um plano para tirá-lo do cargo. Ele não podia continuar matando pessoas sem motivo. Quanto ao menino, ele ficaria na mansão Petrov. Ele tinha que arcar com as consequências por ter deixado alguém órfão. Cheguei em casa com o bebê ainda dormindo, entreguei-o à minha mãe e fui para o escritório de Tiago. "O Noah chegou," disse, vendo Tiago levantar os olhos para mim. "Que diabos é Noah?!" Tiago perguntou, seu tom de voz estava mais irritado do que o habitual. "A criança que você deixou sem família!" Respondi, sabendo que ele se irritaria ainda mais. "Você vai soltar os cachorros em cima de mim agora, não é?" "Como é que é? Você trouxe o moleque para a minha casa? Nossa, irmãozinho, eu não sei nem como lhe agradecer!" Ele disse com um tom sarcástico, o desprezo evidente em sua voz. "Eu acho que vou pedir um chá!" Pensei rapidamente, tentando evitar a fúria crescente. Foi quando vi um jarro voar ao meu lado. "Você é i****a ou finge ser?" Ele gritou, seu rosto contorcido em raiva. "Eu lhe disse que não queria aquela coisa aqui dentro!" "Você me mandou resolver, então mamãe e eu resolvemos," falei, tentando manter a calma apesar do sorriso amargo que brotava no meu rosto. "Claro, tinha que ser. A Magda sempre se mete onde não deve!" Tiago se levantou da cadeira, sua raiva palpável. "A mamãe tem o direito! Ela ainda é a matriarca!" "Por pouco tempo, acredite! Você mais do que ninguém sabe o que eu fiz com o 'papai', e agora, por que não fazer o mesmo com a 'mamãe'?" Ele me encarou, sua voz fria e ameaçadora. Perdi a paciência e acertei um soco em seu olho. Ele cambaleou para trás, mas se recompôs rapidamente. "Você acha que pode me desafiar? Não tente!" Tiago se aproximou e me deu um soco no queixo, fazendo-me desequilibrar e cair no chão. "Quem é você, Guilherme? Você não pode competir comigo! Então não tente!" "Aprenda uma coisa de uma vez por todas! Nem você, nem ninguém pode me desafiar!" Ele gritou, apontando um dedo acusador para mim. "Eu ainda vou te tirar desse pódio! Você não merece!" Enquanto me colocava de joelhos, Tiago me deu um chute no queixo, fazendo-me cair novamente. Eu coloquei a mão no queixo, sentindo a ardência e o gosto metálico de sangue na boca. Cuspi imediatamente. "Eu não mereço? Eu não mereço?" O desespero em minha voz era palpável. "Eu me preparei desde que nasci, e ainda não estou pronto? E quem seria o próximo, já que não mereço?" "Eu," vi Tiago rir com escárnio. "Acha que não dou conta?!" Tiago parou de rir e me olhou com um olhar frio e calculista. "Peguem ele!" Ordenou aos soldados presentes. "Mais o que?!" Gritei, a incredulidade e o medo evidentes em minha voz. "Vamos ver, irmãozinho, se você dá conta. Prendam-no na cela!" Tiago ordenou. "VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO!" Gritei, a impotência misturada com a raiva. "Já fiz." Tiago disse, enquanto eu era arrastado para fora de sua sala. ---
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