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1895 Words
--- **Capítulo Três** Tiago Não queria perder tempo com aquele verme, mas tive que passar em casa. Como sempre, o filho da mãe do meu irmão contou tudo sobre o bastardo. Não me importo, ele já está morto, não há mais nada a fazer. E, como sempre, ela estava à espera dele. No passado, isso até poderia me afetar, qualquer criança ficaria triste. Sempre me perguntei por que fui tratado de forma diferente, como se fosse o único filho. Mas não me importo! Vou para o jato e chego em Nova York. Pego um carro e sigo para a casa do desgraçado. Antes, faço uma parada em um café. Morei aqui quando tinha 4 ou 5 anos, mas meu pai nunca me deixou sair de casa, então não conheço muitos lugares. No entanto, lembro deste café, foi aqui onde Rosa comprou meu bolo de aniversário, o único que comemorei. No caminho, esbarro em uma garota cega e surda. "Que ódio!" Nada vai estragar a vontade que tenho de matá-lo! Bato na porta dele, e logo ele aparece. Assim que percebe a situação, fica branco como um papel. — Senhor Petrov, eu não esperava que... o prazo era amanhã... eu... — diz Eric, gaguejando. — Não me faça de t**o, Eric. O prazo é hoje! Amanhã é o dia da sua morte! — digo, entrando na casa e me sentando no sofá da sala. — Vamos, estou esperando o dinheiro. — Eu não... não tenho ainda... — ele responde, suando frio. — Oh, Eric, não brinque comigo, porque eu não sei brincar! — falo, dando uma joelhada em sua barriga e vendo-o cuspir sangue. — Quando fizemos o acordo, fui claro sobre as consequências! Mas você é um viciado em merda que só pensou em receber! — dou outra joelhada em seu queixo. — Agora eu vim buscar o combinado! — digo, irritado, segurando seu pescoço e vendo-o se debater tentando respirar. Largo-o e me sento novamente. — Eu... eu vou ver com... com... alguém! — ele pega o celular. — Ótimo, Eric... é assim que eu gosto. Libere uma das serventes e mande trazer algo forte para mim... — massageio minhas têmporas. “Esse i****a está me dando dor de cabeça.” — Luísa! — ele fala ao telefone, encolhido. “Esse nome não me é estranho... mas de onde?” Ele liga para ela, implorando por ajuda. Depois de quase chorar para sua irmã, ela concorda. — Tik tak, Eric... eu não tenho o dia todo, sou um homem de negócios... Detesto enrolação...! — falo, olhando para o relógio. — Ela virá... O senhor terá o seu dinheiro! — garante ele, limpando o rosto. Parece confiante de que ela virá. É melhor não ficar tão seguro. Me divirto um pouco com seu desespero, mas já vi muitos casos e nenhum deles terminou bem. Normalmente, eu já teria dado um tiro e acabado com isso. No entanto, o nome que ele mencionou ainda me intriga. Trinta minutos depois, ela chega, sem notar minha presença. "É a mesma ordinária que derrubou meu café!" — cerro os olhos. Chamo a atenção dos dois. Ela se responsabiliza por ele. “Oh, que lindo! Esse amor entre irmãos.” Isso não muda nada do que vim fazer aqui. Penso se mato os dois aqui ou na Rússia. No entanto, Eric precisa pagar, então decido levá-los. “Uma tortura não mata ninguém, não é? Eu não morri!” Ordeno que os dois sejam levados e, logo, partimos para a Rússia novamente. Coloco os dois em celas separadas e afastadas, para que não possam se comunicar. Tiro o paletó, a gravata e afrouxo as mangas. Sento-me de frente para o merdinha. — Acordem ele! Mergulhem-no no barril! — ordeno. Vejo seus braços se debaterem enquanto tentam sair do barril para respirar. Aceno para que parem; não quero acabar com a diversão antes do tempo. Prendem seus pulsos na cadeira. Ele sai da água, puxando o ar com força, e sua tosse persistente é visível. — Vamos ler a sua ficha, Eric Duarte Cooper! Solteiro, filho de Linda e Igor Cooper, irmãos Luísa, Luma e Zoe... hum, vamos ver o que faço... Talvez eu mate sua família... talvez apenas sua irmã ou você... quem sabe os dois, para ser mais justo, né? — dou as opções. — Só eu tenho culpa... minha família não entra em nada disso... deixa a Luz fora disso, por favor... — implora ele. “Luz” não me é estranho. “Titi” ecoa em minha mente. O que está acontecendo comigo? Não estou me sentindo bem. Balanço a cabeça para afastar esses pensamentos. — Não, meu caro. Pelo que ouvi, ela mesma disse que se responsabiliza por você — abro um sorriso amarelo. — Seu desgraçado, sem... ahhhh! Antes que eu perceba, enfio uma faca em uma de suas coxas. — Desculpe, eu não entendi a última parte. Repita para mim! — olho fixamente em seus olhos. Ele fica calado. — Quando eu mandar falar... é para falar, p***a! — deixo outra faca em sua coxa, desta vez lentamente. Ele fica vermelho de tanto gritar. Tiro as facas e as jogo na mesa. — Podem dar um corretivo nele! — ordeno. — O quê? Não! — grita ele na cadeira. — Agora você fala? Vamos ver se amanhã você se decide, ok?! Levem-no! — meus homens o levam enquanto eu me sento e assisto, atrás do vidro, o mesmo sendo espancado. — Senhor, ela ainda não acordou! — informa um dos meus homens. — “Luz.” Levanto da cadeira e dou a ordem para que o mandem de volta à cela, sem água ou comida. Saio do galpão e vou para casa. — Filho, precisamos conversar! — me aborda Dona Magda. Ouvir aquilo me faz revirar os olhos. Não estou com paciência, então resolvo ignorá-la e subo para o meu quarto. Dentro do banheiro, tiro as roupas e entro no box, deixando a água levar toda a tensão e o estresse. Coloco a toalha sobre o tronco e vou até o closet. Olho entre as roupas e encontro uma caixa que não via há muito tempo. Sempre a ignorei, tentei jogá-la fora, mas algo me prende. Não consigo. Volto para o quarto e me sento na cama. Abro a caixa e pego um desenho remendado com fitas. **Flashback** — Você está bem? — pergunto, mas ela se mantém calada. Não desisto e vou até ela. — Seu olho está pequeno. Tá quente! — toco em sua testa. — Já vi minha babá fazer isso comigo e minha mãe faz com o Gui. Vai melhorar — digo, colocando a toalha em sua testa. — Obrigada, titi... — fala, ainda fraca. — Desculpe, sei que fui rude — peço. — Tá tudo bem... — vejo um sorriso e sinto um beijo em minha bochecha. Meu rosto esquenta. — Titi, você também está dodói? — viro para o outro lado. — Que?! Não! — digo. — Não conte isso a ninguém, ok? — ela concorda. — Você vai ficar bem... — falo. — Promete?! — pergunta. Minutos depois, sua mãe chega. — Tchau, Lux... Fique bem logo... — me despeço, acenando. **Quebra de tempo** Estou na escola, no horário do lanche, sentado sozinho como sempre. — Titi — olho e vejo Luz com as mãos nas costas. — O que você quer!? — e me concentro novamente no meu lanche. — Obrigada por ontem — pede. — Tanto faz... — digo, sentindo meu rosto esquentar. — Oh, está dodói, titi? — fala, se aproximando. — Não! — grito, me afastando. — Ahhh... toma — estende um papel. Pego da sua mão sem olhar. — Tá, agora vai lanchar! — digo, colocando-o na mochila. A vejo correr até Gui. Quando o sinal bate, nosso motorista já está nos esperando. Chegando em casa, subo rapidamente para o meu quarto, abro a mochila e tiro o papel que Luz me deu. Abro e vejo uma flor pintada de forma colorida, com algo escrito em cima. Fico olhando por um tempo, tão entretido que não percebo meu pai entrar no quarto. — Mas o que é isso? — ele toma o papel da minha mão. — É meu pai! — digo, tentando pegar. — Eu não escutei isso! Escutei? — arregala os olhos e se encolhe. — Não, senhor... — corrijo, com a cabeça baixa. — Você é o próximo herdeiro da máfia. Não admito que tenha essas coisas infantis, Tiago! — diz ele, rasgando o papel em quatro e jogando no chão. — Rosa, limpe isso! Tenho uma reunião. Não quero que ele saia do quarto até eu mandar! Ele sai, e eu vou para a cama, deitando de bruços. — Querido, está tudo bem? — pergunta Dona Magda, mas eu balanço a cabeça em sinal de que sim, sem vontade de falar. — Bom, vai tomar um banho gostoso, vai! — diz ela, me dando um beijo na testa. Vou para o banho. Quando volto, termino meu almoço e faço meus deveres. — Irmão... Bora brincar! — grita Guilherme atrás da porta. — Sai daqui! — grito de volta. Adormeço e acordo com Rosa me chamando. — Aqui, querido — ela me entrega o papel de Luz. Meu rosto se ilumina ao ver o desenho remendado. — Obrigado, Rosa — digo, abraçando-a. — De nada, meu pequeno. Agora esconda isso bem, viu? Não deixe seu pai ver! — avisa Rosa. — Rosa... o que tem aqui? — aponto para as letrinhas. — Acho que foi sua professora que escreveu. Diz: “Obrigada, titi, pela sua ajuda. Beijos, Luz.” Quem é Luz? Namoradinha? — brinca. — Não, é uma colega — respondo, enquanto olho o desenho. **Fim do Flashback** Não pode ser... — sussurro, levando as mãos aos cabelos. O papel rasgado e o desenho remendado me remetem a memórias que eu havia tentado esquecer. A lembrança da pequena Luz, a preocupação e o carinho dela, contrastam com a realidade c***l que vivo agora. O sentimento de impotência e frustração cresce dentro de mim. A conexão que tinha com ela agora é uma lembrança dolorosa em meio à violência e ao caos que me rodeiam. A minha mente começa a girar com a confusão. Não posso permitir que isso me afete. Levanto-me, tentando afastar os pensamentos. Há trabalho a fazer e pessoas a punir. Eric ainda precisa pagar e Luz, por mais que eu esteja intrigado com seu papel nisso tudo, não deve se envolver nos meus problemas. Por ora, tenho que manter o foco e terminar o que comecei. Deixo o quarto e vou para o escritório. Sento-me na minha mesa e me concentro nos documentos. O trabalho é um alívio temporário, uma forma de manter a mente ocupada enquanto a dor e a confusão se acalmam. Mas, no fundo, sei que algo mudou. As memórias de Luz e o peso das escolhas que faço diariamente estão começando a pesar mais do que o habitual. A noite avança e, mesmo com todas as distrações e ocupações, a imagem de Luz e o desenho que ela fez para mim continuam a ecoar em minha mente, lembrando-me de uma infância perdida e de uma inocência que não posso recuperar. O peso da responsabilidade e as escolhas que faço para proteger o legado da máfia agora parecem mais pesadas do que nunca.
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