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2862 Words
Oi, sou Luísa Duarte Cooper, tenho 25 anos e trabalho como designer de moda. Recentemente, terminei meu curso e estou prestes a realizar meu sonho de abrir meu próprio ateliê. Comprei um imóvel charmoso, com janelas amplas e piso de madeira, que está passando por uma reforma cuidadosa. m*l posso esperar para ver o resultado final e sentir o cheiro de tinta fresca misturado ao aroma dos tecidos. Tenho três irmãos mais novos: os gêmeos Eric e Luma, e a caçula Zoe, a minha "bebezinha", como gosto de chamá-la, apesar de ela revirar os olhos e resmungar que já é uma adolescente. Amo minha família Luísa Acordo com o sol da manhã invadindo meu quarto, um raio dourado dançando sobre o criado-mudo. Hoje é o dia de visitar a reforma do meu ateliê, e a simples menção disso acelera meu coração. Pulo da cama com uma energia contagiante, quase tropeçando no tapete felpudo. Vou para o banho e começo a cantarolar enquanto a água quente relaxa meus músculos. O cheiro cítrico do sabonete energizante e o som da água caindo criam uma atmosfera revigorante. Depois do banho, solto meus cachos rebeldes, visto um top preto de seda e um terninho branco impecável por cima, calço saltos simples que alongam minhas pernas e saio para tomar um café rápido antes de ir ao imóvel. O espaço não é muito longe, então decido ir andando, apreciando a brisa matinal. Coloco os fones de ouvido e caminho pela calçada, cantarolando baixinho: "Não sabia, amor, se isso era amor Mas eu sei o que sentíamos Tu e eu, tu e eu, tu e eu contra o mundo Desde que acabou, provou outro amor Pulo as faixas brancas de pedestres, sem me importar com os olhares tediosos ou de julgamentos. A confiança em meu futuro me blinda de qualquer negatividade. Mas eu sei que ninguém como yo É que eu soy, é que eu sou" "Inesquecível, é o que é Inesquecível, mesmo que não queira..." A melodia me transporta para um lugar de sonhos e possibilidades. Distraída pela música, acidentalmente esbarro em alguém, derrubando seus óculos escuros. Olho para a pessoa ao meu lado, um homem alto e de ombros largos, que me observa com uma expressão indecifrável. Seus olhos, mesmo escondidos pelas lentes escuras, parecem me analisar profundamente. Sinto uma onda de vergonha e minhas bochechas coram. A voz da minha mãe ecoa em minha mente: "Luísa, você vive no mundo da lua!". Quando chego no local da reforma, meu celular toca. É minha prima, Sara, sempre animada e com uma energia contagiante. — Luzzzz — diz ela empolgada, com a voz carregada de animação. — Oiiiiii — respondo no mesmo tom, contagiada por seu entusiasmo. — Preciso da minha estilista particular para ir ao shopping comigo! Preciso urgentemente renovar meu guarda-roupa e me sentir poderosa! — ela fala com voz manhosa, como sempre, claramente querendo alimentar seu vício por compras. — Ok, só vim no ateliê ver como está a reforma. Te encontro daqui a pouco, até! Beijos — digo, apressando-me para desligar. — Beijos — responde Sara. Observo o quanto o local está ficando lindo, exatamente como imaginei. As paredes em tons pastéis suaves, as janelas grandes que inundam o ambiente com luz natural, as araras de metal dourado já posicionadas estrategicamente pela sala. Imagino o espaço vibrante, cheio de clientes provando minhas criações sob medida, o som das máquinas de costura e o burburinho das conversas criando uma sinfonia de trabalho e criatividade. Termino a vistoria, satisfeita com o progresso, e volto para o apartamento para pegar o carro. Passo na casa de Sara, buzinando levemente para avisar que cheguei. — Olha, tem que rolar um lanche caprichado hoje! Estou faminta! — digo, entrando em seu apartamento sem esperar que ela me convide. — Tá. Claro! Relaxa, madame! — ela responde, revirando os olhos com um sorriso divertido, e rimos juntas. Sara sempre foi extrovertida e impulsiva; eu é que mudei com o tempo. Minha mãe diz que eu era muito mandona e impaciente quando criança, mas amadureci e aprendi a ser mais compreensiva. Não me imagino mais dopando meu tio com soníferos ou o amarrando em uma cadeira, como costumava fazer em nossas brincadeiras de criança. — Bom, como está você e o Miguel? — pergunto, notando uma sombra de tristeza em seu rosto. — Bom... nós não estamos mais juntos — diz ela, com a voz embargada. — O que aquele i****a fez dessa vez? — pergunto, sentindo uma onda de raiva me invadir. — Simplesmente disse que conheceu outra pessoa… como se fosse a coisa mais natural do mundo — responde Sara, com os olhos marejados. — Aquele…! Quem perdeu foi ele! Uma mulher como você não se encontra em qualquer esquina! — exclamo, indignada. — Mas eu ainda o amo… — confessa Sara, deixando uma lágrima solitária escorrer pela sua bochecha. — Eu sei que quando ele perceber a burrada que fez, vai ser tarde demais. Uma ruivinha linda, inteligente e independente como você não fica sozinha por muito tempo — pisco para ela, tentando animá-la, e ela esboça um sorriso fraco. — Vamos então para a praça de alimentação, tô faminta — digo, mudando de assunto. — E quando você não está? — pergunta Sara, com um sorriso divertido. — Você lembra da nossa festa do chá com o tio Josh? Aquela que acabou com ele dormindo a tarde inteira? — pergunto, rindo da lembrança. — Claro que sim! Foi a primeira vez que levei uma bronca daquelas! Meu pai ficou furioso! — diz Sara, rindo também. — Eu era uma péssima influência — admito, balançando a cabeça. Rimos juntas, deixando a nostalgia aquecer nossos corações. De repente, meu celular toca, interrompendo nossas lembranças. É Eric. Sinto um pressentimento r**m. — O Eric está me ligando. Que estranho… ele nunca me liga no meio do dia — digo, franzindo a testa e vendo Sara revirar os olhos. — Coisa boa que não é vindo dele! — resmunga Sara, tomando um gole barulhento do seu milk-shake. Ignoro o comentário de Sara e atendo a ligação. Afinal, ele é meu irmão, e a preocupação fala mais alto. — Luz!!! — ele grita do outro lado da linha, a voz carregada de desespero. O som de sua respiração pesada e ofegante me causa um arrepio. — O que houve, Eric? Aconteceu alguma coisa grave? — pergunto, a voz tremendo de ansiedade. — Irmã, eu preciso da sua ajuda! Preciso de um favor seu… urgente! — ele diz, com a voz embargada pelo pânico. — Vamos, Eric, desembucha! Você está me deixando nervosa! — digo, sentindo meu coração acelerar. Sara me olha com os olhos arregalados, percebendo a mudança em meu tom de voz. — Eu preciso de 3.500.000… agora! — ele diz, a voz quase inaudível. Sinto como se um balde de água fria tivesse sido jogado sobre mim. — Você só pode estar brincando comigo, né, Eric? Fala sério! Eu pensei que fosse algo sério, mas não! É para bancar seus joguinhos de novo? Se vire! Eu não vou te dar mais um centavo! — exclamo, a raiva começando a ferver em minhas veias. — Eu vou morrer, Luísa! Se eu não pagar essa quantia, eles vão me matar! Eu preciso de você, irmã… por favor, eu imploro… — ele suplica, a voz quebrada pelo choro. Vejo seu desespero e percebo que não está mentindo. "Será que ele pegou isso com algum agiota? Só pode! Eric não aprende mesmo..." "— Está bem, eu vou tentar… Mas a quantia é absurdamente alta. Não tenho tudo isso. Pra quem você deve? Quem está te ameaçando desse jeito? — pergunto, tentando manter a calma, mas minha voz sai quase como um sussurro. — Ao… ao banco… — ele diz meio relutante, desviando o olhar. Sua respiração continua pesada e consigo ouvir um leve tremor em sua voz. — Ao banco? Como o banco te daria um empréstimo desse tamanho, Eric? Principalmente depois de tudo o que aconteceu? Papai conversou com todos os gerentes da cidade, pediu expressamente para ninguém confiar em você! Faça-me o favor, né, Eric! Morrer por causa de dívida com banco? O máximo que pode acontecer é seu nome ficar mais sujo do que já está! — digo, a incredulidade e a irritação começando a tomar conta de mim. A imagem do meu pai furioso, com o rosto vermelho de raiva, me vem à mente. — Por favor, irmã, eu te imploro! É uma situação muito pior do que você imagina! Eu juro que depois te explico tudo! Só me ajuda dessa vez, por favor! — ele suplica, a voz embargada pelo choro. — Vai parar de jogar e tomar jeito na vida? Vai procurar um emprego de verdade? Se esforce um pouco, Eric! E pare de me pedir dinheiro! Você já é um homem! — falo, tentando soar firme, mas a preocupação por ele me corrói por dentro. — Sim, eu juro! Tudo o que você quiser, irmã! Eu prometo! — responde ele sem pensar, e eu não sei se confio em suas palavras desesperadas. A experiência me ensinou a desconfiar das promessas impulsivas de Eric. — Está bem, eu vou tentar. Mas me diga onde você está! Preciso saber exatamente o que está acontecendo! — pergunto, respirando fundo e tentando controlar o turbilhão de emoções que me assola. — Em casa! Com… o pessoal… do banco… — ele gagueja, como se estivesse com medo de ser ouvido. A hesitação em sua voz me causa um arrepio. “Que ‘pessoal’ é esse? Por que eles não ligaram diretamente? Isso não faz o menor sentido! Bancos não mandam ‘pessoal’ para cobrar dívidas desse jeito!”, penso, a suspeita crescendo dentro de mim. Algo está muito errado. — Tá bom — digo, e desligo a chamada, sentindo um nó se formar em meu estômago. O silêncio que se segue do outro lado da linha é ainda mais assustador do que seus gritos anteriores. "— Pelo jeito eu acertei em cheio, não é? Qual a bomba da vez? — pergunta Sara, com a testa franzida e um olhar de preocupação genuína. Seus dedos tamborilam nervosamente na mesa. — É daquelas bem grandes… Bom, tenho que ir tirar meu irmãozinho de uma dívida colossal de novo… Até a próxima — me despeço de Sara com um abraço rápido, deixando o resto do meu milk-shake intocado. A imagem de Eric apavorado e a urgência em sua voz me impulsionam a agir. Enquanto dirijo em direção à casa dos meus pais, a ansiedade aperta meu peito. A cada semáforo vermelho, minha impaciência aumenta. “Três milhões e quinhentos mil… De onde ele tirou essa quantia absurda? O que ele aprontou dessa vez?”, penso, mordendo o lábio inferior. A lembrança do olhar severo do meu pai na última vez que ele cobriu uma dívida de Eric me assombra. “Ele jurou que seria a última vez… Se ele souber disso…”. Aproximando-me da casa, um arrepio percorre minha espinha. “Nossa, pra que tantos carros?”, murmuro, diminuindo a velocidade. A rua está tomada por veículos pretos e imponentes, alguns com homens de terno parados em frente. A cena se assemelha mais a um filme policial do que a uma simples cobrança bancária. Na frente da casa, dois homens grandes como armários, com expressões impassíveis e ternos escuros que escondem músculos poderosos, bloqueiam a entrada. Eles me encaram com olhares frios e calculistas, sem esboçar qualquer reação. Sinto um calafrio percorrer meu corpo. — Licença… — peço, tentando soar firme, mas minha voz sai um pouco trêmula. Os homens permanecem imóveis, como estátuas de pedra. — Olha, eu quero entrar! Esta é a casa da minha família! Então façam o favor de sair da frente da porta! — exclamo, elevando o tom de voz e cruzando os braços. A ousadia em minhas palavras mascara o medo que sinto. — É a minha irmã! Deixem ela passar! — ouço a voz aliviada de Eric vindo de dentro da casa. A porta se abre ligeiramente, revelando parte da sala de estar. — Deixem-na entrar! — uma voz grossa e desconhecida, carregada de autoridade, ecoa de dentro da casa. O tom é frio e cortante, como o aço. Os seguranças se afastam lentamente, abrindo passagem para mim. Entro na casa, sentindo um misto de alívio e apreensão. A atmosfera dentro da casa é densa, carregada de tensão. A sala de estar, normalmente aconchegante, agora parece um campo de batalha. Para uma simples cobrança bancária, há seguranças demais, todos com expressões duras e olhares vigilantes. Algo está muito, muito errado. — Conseguiu, Luísa? — pergunta meu irmão, com os olhos arregalados e o rosto pálido, enquanto vejo que ele está suando frio e inquieto, mordendo as unhas. Seus movimentos nervosos denunciam o medo que o consome. — Vim tentar fazer um novo acordo, Eric. Mas essa quantia é absurda! Papai teria que cobrir isso. Você não vai querer isso, lembra da última vez! O escândalo, a discussão… Mamãe ficou arrasada! — digo, tentando manter a calma, mas minha voz trai a preocupação que sinto. Vejo-o passar as mãos pelos cabelos, em um gesto de puro desespero. Um homem de terno impecável, corte italiano e um relógio de ouro discreto no pulso, está sentado no sofá de couro preto, como se fosse o dono do lugar. Seus olhos azulados, frios e calculistas, me observam com atenção. Uma cicatriz fina e quase imperceptível corta sua sobrancelha direita, dando-lhe um ar ainda mais imponente e ameaçador. — Um segundo acordo, foi isso que ouvi? — diz ele, com um leve sorriso nos lábios, mas seus olhos permanecem frios. — Você deve ser o homem que o banco mandou cobrar o dinheiro, não é? — pergunto, tentando disfarçar o nervosismo. — O banco!? — o homem diz, franzindo a testa e olhando para Eric com um semblante confuso, quase divertido. Um brilho de malícia cruza seus olhos. — Interessante… — Ele volta seu olhar para mim. — Bem, Srta. Duarte Cooper, podemos dizer que estou aqui para… resolver um assunto pendente. E sim, você mencionou um novo acordo… continue, por favor. — Sua voz é suave, mas carregada de uma frieza que me arrepia a espinha. — Bom, senhor… eu não sei exatamente o que meu irmão fez com toda essa quantia, mas me responsabilizo por ela. Pretendo pagar em parcelas. Posso dar um valor inicial de duzentos mil agora e aumentar as parcelas nos meses seguintes — explico, tentando manter a voz firme, mas minhas mãos tremem levemente. O homem me interrompe com um gesto displicente da mão. — Peguem os dois! — diz ele sem qualquer emoção, como se estivesse pedindo um copo d’água. Dois homens fortes, com olhares ameaçadores e expressões brutas, se aproximam e me agarram pelos braços, imobilizando-me. Sinto o pânico me invadir e meu coração disparar. — Mas o que é isso?! Me soltem! O que pensam que estão fazendo? — grito, debatendo-me inutilmente contra a força bruta dos homens. O medo me paralisa por um instante, mas logo a adrenalina me impulsiona a lutar. O homem de olhos azuis se levanta lentamente, caminhando em minha direção com passos lentos e calculados. Seu perfume amadeirado e caro invade minhas narinas, me causando uma estranha vertigem. Ele para a poucos centímetros de mim, seus olhos fixos nos meus. Ele segura meu queixo com firmeza, seus dedos frios contrastando com o calor da minha pele. Sua mão desliza suavemente pela minha mandíbula, um toque que me causa um arrepio e uma sensação inexplicável. Por um breve instante, seus olhos se suavizam, revelando uma intensidade sombria que me deixa sem fôlego. Um turbilhão de emoções conflitantes me invade: medo, confusão e uma estranha… Sinto um frio na barriga e uma dificuldade para respirar. Estou aterrorizada, mas ao mesmo tempo, algo em seu olhar me prende, me hipnotiza. — Tire a mão dela, seu…! — grita Eric, com a voz embargada pelo medo e pela raiva, tentando se aproximar, mas sendo impedido por outros dois seguranças. O homem sorri amargamente, um sorriso frio e sem humor, e volta à sua postura rígida e impessoal. Seus olhos voltam a brilhar com a frieza de antes. — Apaguem ele — ordena com uma voz gélida, sem desviar o olhar de mim. Dois seguranças corpulentos se aproximam de Eric, agarrando-o pelos braços. Vejo o desespero estampado em seu rosto enquanto ele tenta resistir, debatendo-se e gritando meu nome. Mas a força dos homens é muito superior. Ele é derrubado no chão, um baque surdo ecoando pela sala. — Não! Eric! — grito, meu coração em frangalhos, enquanto vejo tudo acontecer em câmera lenta. Tento correr até ele, mas os outros dois seguranças me seguram com ainda mais força, apertando meus braços até doer. A última coisa que vejo antes da escuridão me engolir é o olhar frio e implacável de Tiago Petrov, gravado em minha mente como uma marca a fogo. Seus olhos azuis, como gelo, me observam com uma intensidade assustadora, como se ele estivesse vendo através de minha alma. E então, tudo fica preto.
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