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2182 Words
Luísa Cá estou eu, presa. Não sei há quanto tempo estou aqui, sem nenhuma noção de dia ou noite. O tempo parece ter parado dentro destas paredes frias e úmidas. Ele me deixou nesta cela imunda, cercada por cobras que se movem sorrateiramente pelo chão, e por mais que esteja exausta e morrendo de sono, não consigo fechar os olhos. O medo constante de sentir uma delas deslizando sobre mim me mantém em alerta. Minha garganta dói e arde por causa do tempo que passei implorando por misericórdia, mas agora estou em silêncio, resignada. Não tenho mais forças para lutar. “Socorro”, penso, um apelo silencioso ecoando em minha mente enquanto balanço a cabeça negativamente, notando algo diferente na parede. Mas logo escuto passos pesados se aproximando. Meu coração dispara no peito. A porta de ferro se abre com um rangido alto e estridente, revelando meu sequestrador, parado no batente. Me encolho assustada em um canto da cela, tentando me fazer o menor possível, mas ele me agarra pelo braço com uma força brutal e praticamente me arrasta para fora da cela. Imploro para que ele me solte durante o caminho, a dor em meu braço sendo quase insuportável, mas ele me ignora completamente, como se eu não estivesse ali. Saindo do cativeiro subterrâneo, a claridade da noite me cega por um instante. Percebo que já é noite. A brisa fria da noite toca minha pele, causando-me arrepios. "O que esse homem quer comigo agora? Para onde ele está me levando?", penso, o coração disparado no peito. Ele continua me puxando com violência, sem se importar com o meu estado. Ele me arrasta para dentro de uma enorme mansão luxuosa, com lustres de cristal e móveis imponentes. "Ele vai se aproveitar de mim...", penso apavorada, o medo me paralisando. Ao entrar na sala principal, ouço o choro alto e estridente de um bebê. A surpresa me atinge como um choque. "Esse maldito tem uma família! Como ele pode fazer isso comigo e ter uma família?", penso, a confusão e a raiva se misturando ao medo. "Faça isso calar a boca, ou eu mato seu irmão!", ele me ameaça com uma frieza assustadora, seus olhos azuis faiscando de raiva. O pânico corre pelas minhas veias ao ouvir que Eric ainda está vivo, mas em suas mãos. Ele ordena com a voz carregada de impaciência e irritação antes de sair do quarto, me deixando sozinha com a criança. Com o bebê em meus braços, tento acalmá-lo com palavras suaves e carinhosas. "Olá, pequeno... O que você tem, meu amor? Por que está chorando tanto?", falo suavemente, verificando se ele está sujo ou com fome. Mas ele continua chorando incessantemente, o rostinho já vermelho de tanto esforço. "Onde está sua mãe? Como podem deixar um bebê sozinho desse jeito?", penso, o medo pelo bebê misturado à compaixão. "Você deve estar com fome...", concluo, sentindo um instinto maternal despertar em mim. Decido ir até a sala principal em busca de ajuda. Com cautela, pergunto a ele onde fica a cozinha, e ele me indica o caminho . Preparo o leite do bebê com movimentos rápidos, quase automáticos, enquanto memórias da minha infância, quando ajudava a cuidar da minha irmã mais nova, vêm à tona. "Saudades da minha irmã, de casa, da minha vida…", penso com melancolia. O bebê finalmente começa a sugar a mamadeira com força, agarrando o bico com avidez, e um sentimento de alívio misturado à ternura toma conta de mim. "Ele chorou tanto que até babou na roupa", penso, enquanto observo seu cabelinho loiro e macio que me lembra vagamente o de meu tio. Depois que ele finalmente adormece em meus braços, exausto, o coloco cuidadosamente na cama, cercando-o com almofadas macias para protegê-lo de qualquer queda. Exploro a casa com cuidado, tentando encontrar alguma rota de fuga. Observo que há poucas saídas – apenas a porta da cozinha e a porta principal da frente. As janelas são grandes e imponentes, mas estão todas trancadas. Volto para a sala principal, desanimada e sem esperanças de encontrar uma saída fácil. "Eric, onde você foi me meter? Por que você fez isso?", penso, sentindo a desesperança crescer em meu peito. Mais tarde, estou no quarto do bebê, observando-o dormir tranquilamente. "Então, onde estão os pais dessa criança? Que tipo de pessoa abandona um bebê desse jeito?", me pergunto, a indignação crescendo dentro de mim. Vou até a cozinha para preparar outra mamadeira, caso ele acorde durante a noite. Assim que entro, dou de cara com ele, com o corpo seminu, apenas com uma toalha enrolada na cintura, quase dentro da geladeira, procurando algo para comer. Meu olhar, involuntariamente, percorre suas costas definidas e musculosas, e sinto uma onda de calor subir pelo meu corpo, me causando um arrepio. "Que homem é esse?... Mas espera... o que é aquilo...?", penso, notando uma grande cicatriz em forma de um símbolo complexo em suas costas. Ele se vira repentinamente e me flagra olhando-o. Seus olhos azuis me encaram com intensidade, fazendo meu coração disparar. "O que quer?", pergunta com a voz grave e rouca, tirando-me bruscamente do meu transe. "Eu... eu só vou esquentar a mamadeira do bebê...", respondo, tentando controlar a voz trêmula e desviando o olhar, sentindo minhas bochechas corarem. A vergonha me consome. "Tinha que ser um bandido? Por que não podia ser um CEO charmoso, como nos livros que eu lia? Por que logo eu?", penso com amargura. Faço o que tenho que fazer, preparando a mamadeira o mais rápido possível, e ele me manda comer alguma coisa. Hesito por um momento, lembrando da última vez que comi algo que ele me ofereceu. "E se tiver veneno? E se for uma armadilha?", penso, a desconfiança me corroendo. Mas a fome é mais forte, e logo decido: "Ao menos vou morrer de barriga cheia, se for o caso!" Pego um pedaço de bolo que encontro sobre a bancada e um copo de suco de laranja, me sento à mesa e começo a comer lentamente, tentando ignorar sua presença opressora. Ele se levanta e atende uma ligação no celular, afastando-se um pouco. Aproveito a oportunidade para observá-lo disfarçadamente. Quando ele volta, seu olhar está diferente, mais intenso e penetrante, como se estivesse me despindo com os olhos. O desejo nele é evidente, palpável, e isso me assusta profundamente. "Eu não gosto disso. Não gosto nem um pouco", penso, sentindo meu coração acelerar e um frio percorrer meu estômago. "Luísa Duarte Cooper, me fale mais sobre você", ele exige, sua voz grave e autoritária. Não é uma pergunta, é uma ordem. Seu tom me faz sentir um misto confuso de raiva e uma estranha… atração? Olho para ele nos olhos e o desafio com o olhar, tentando demonstrar firmeza. "O que mais eu poderia dizer, se você já sabe tudo sobre mim? Seus homens me vasculharam da cabeça aos pés", provoco, vendo sua expressão endurecer e seus olhos se estreitarem. "Estou tentando ser gentil com alguém pela primeira vez em muito tempo, acredite!", ele rebate, cerrando os olhos, como se quisesse me intimidar, me dominar com seu olhar. "Bom, sua definição de gentileza é um pouco… peculiar. Sequestrar e prender pessoas certamente não te ajuda a fazer muitos amigos…", respondo com um leve sorriso irônico, tentando disfarçar o nervosismo que sinto sob seu olhar intenso. "Parece que alguém recuperou a língua… Vejo que você não aprende a ficar quieta. Faremos um trato então, já que você insiste em ser tão… comunicativa", propõe ele, com um sorriso que não chega aos olhos. É mais uma ordem disfarçada de sugestão. "E se eu não quiser?", pergunto, cruzando os braços na altura do peito, em um gesto de desafio. Por dentro, porém, estou apavorada. "Bom, se não quiser…", ele se aproxima um passo, diminuindo a distância entre nós, sua voz baixa e ameaçadora, "...vai matar a saudade das suas amiguinhas rastejantes. Lembra delas?", ele completa, com um brilho frio nos olhos. O pânico me invade ao lembrar das cobras na cela escura. "Está bem…", concordo, derrotada, baixando os braços. Não tenho escolha. "Será assim: eu pergunto, você responde. Depois, você pergunta, e eu respondo. Simples!", ele explica, como se estivesse me fazendo um grande favor. Concordo com a cabeça, em silêncio. Ele começa, me analisando com seus olhos azuis penetrantes. "Sempre morou em Nova York?", pergunta, com uma curiosidade genuína que me surpreende. "Sim… Morei no interior por um breve período, quando era criança, mas a maior parte da minha vida foi em Nova York", respondo, tentando manter a voz firme. "Minha vez", digo, respirando fundo para controlar o tremor na voz. "O que você faz? E não me venha com essa de ‘banqueiro’, porque eu não acredito nem um pouco nessa história", provoco, arqueando uma sobrancelha. Ele solta uma risada curta, sem humor. "Alguém com quem você teve o azar de cruzar o caminho. Digamos que… lido com negócios. Negócios muito sérios", responde, com um tom misterioso e evasivo. "Minha vez: o que você mais gostava de fazer na escola, quando era pequena?", pergunta, mudando rapidamente de assunto. "Não me lembro muito bem… mas meus cadernos sempre estavam cheios de desenhos de flores, desde que me entendo por gente…", respondo, as lembranças da infância trazendo um breve sorriso aos meus lábios. "Você não me respondeu corretamente à minha pergunta anterior, portanto, tenho direito a duas perguntas seguidas", digo, tentando manter o controle da situação, usando as regras que ele mesmo impôs. "Justo", ele concede, com um leve aceno de cabeça. "O que significa esse símbolo nas suas costas? E… qual o seu nome?", pergunto, finalmente reunindo coragem para fazer as perguntas que me intrigavam desde que o vi sem camisa. Ele hesita por um instante, como se estivesse considerando se deveria ou não responder. Seus olhos se fixam nos meus, e ele parece tomar uma decisão. "Tiago.... Tiago petrov e isso…", ele se vira ligeiramente, permitindo que eu veja melhor a cicatriz complexa em suas costas. "É uma marca de família. Passada de geração para geração. Um símbolo de… lealdade e sacrifício." Sua voz assume um tom grave e solene ao falar sobre a marca. A revelação da cicatriz me causa um arrepio. A forma como ele fala sobre ela, com um misto de orgulho e dor, me intriga profundamente. A marca parecia mais uma cicatriz de queimadura, e a complexidade do desenho sugeria um significado muito mais profundo. Ele se vira novamente, seus olhos encontrando os meus. "Minha vez. Como anda sua vida amorosa, senhorita Cooper?", ele pergunta, inclinando-se sobre a mesa, diminuindo ainda mais o espaço entre nós. Seu olhar é intenso, quase predatório. "Não quero falar sobre isso. Além disso, não vejo necessidade de tais perguntas, considerando que você já tem todas as respostas que precisa! Seus homens já reviraram minha vida do avesso", respondo com firmeza, tentando manter a compostura sob seu olhar penetrante. Ele ignora meu protesto e, em um movimento rápido e inesperado, me puxa pela mão, trazendo meu rosto para perto do seu. Suas mãos grandes e fortes envolvem meu pescoço e meu rosto, prendendo-me ali. "Sinceramente, eu quero você inteira…", ele murmura, sua voz rouca e baixa, provocando arrepios por todo o meu corpo. "Mas essa sua língua… essa sua língua afiada complica tudo… Estou começando a pensar seriamente em arrancá-la", completa, mordendo de leve a ponta do meu lábio inferior, em um gesto que mistura ameaça e… desejo. Sinto uma onda de medo e, ao mesmo tempo, uma excitação involuntária percorrer meu corpo. "Ele me quer inteira? Esse homem é completamente louco!", penso, enquanto um pequeno gemido de dor e prazer escapa dos meus lábios. "Me solta…", peço, quase em um sussurro, mas ele não se move, continua me segurando firme. Ele me empurra contra a mesa de vidro fria, prendendo meus braços atrás do meu corpo com uma mão, enquanto a outra pressiona meu corpo contra o dele. Sua boca fria roça meu pescoço, causando um arrepio que percorre toda a minha espinha. "Luísa… você não tem a menor ideia do que eu sou capaz…", sussurra ele, sua respiração quente contra minha pele. O frio do vidro contrasta com o calor que emana de nossos corpos. A proximidade é sufocante, e a tensão entre nós é quase palpável. Eu não deveria estar sentindo isso, não deveria me sentir atraída por ele, mas é impossível negar a estranha conexão que se forma entre nós, mesmo em meio a essa situação terrível. "Estou gostando disso? O que está acontecendo comigo?", me pergunto, horrorizada com minha própria reação. Sinto a excitação dele contra o meu corpo, e minha mente grita: "Ele é doente!", mas meu corpo parece trair meus pensamentos, respondendo ao seu toque com uma intensidade que me assusta. De repente, ele se afasta bruscamente, como se tivesse se lembrado de algo importante, deixando-me ali, ainda tremendo e confusa. Fico parada no meio da cozinha, meu lábio latejando onde ele mordeu, minha mente um caos de emoções conflitantes. "O que está acontecendo comigo? Estou ficando louca?", murmuro para mim mesma, perdida em meio a essa turbulência de sentimentos.
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