Eu estava sentado no meu posto, tentando colocar as ideias em ordem, quando Seu Toninho chegou, visivelmente nervoso. O homem era mais velho, meio trêmulo, e sempre desconfiado. — Não fiz nada, capitão. Só jogo meu jogo do bicho e um baralho, juro por tudo que é mais sagrado que não fiz nada. Marcelo, sentado no sofá, deu uma risada. Coragem não era o forte do homem à minha frente. — Eu disse que fez alguma coisa? — perguntei, sem paciência. — Não, capitão, não. Mas o Navalha me disse que o senhor queria me ver, que era ordem, e fiquei com medo. Suspirei, balançando a cabeça. O medo que eu causava nas pessoas às vezes era mais útil do que qualquer força. — Preciso de um favor seu, Toninho. Ele me olhou com uma expressão confusa, franzindo a testa. — Um favor meu? O que eu posso faz