Vestir as roupas de Matteo tem um lado positivo e um mais que negativo.
O positivo? As roupas são super confortáveis. Tá, tudo bem, roupas femininas também são confortáveis, mas no momento, não tenho essa opção de escolha.
E o lado negativo? Já lavei essas roupas umas trocentas vezes e o cheiro do maldito não sai dela, que raiva!
Essa semana passou voando e amanhã já é o dia do casamento, uma senhora que veio aqui fazer as medidas do vestido. O primeiro vestido que escolhi foi uma cheio de babados, coisa mais ridícula, mas era o que o momento pedia, claro que a mulher lá me respondeu que iria falar com Matteo primeiro e ele não aprovou, então escolhi um simples, mas bonito e ele aceitou.
Ah, sem contar também que ele não aceitou a escolha do meu buquê de flores, o homem se mete em tudo, Deus me livre.
Não falei com Matteo depois daquela noite, na verdade, não o vi mais depois daquela noite e vamos nos casar amanhã, quanta ironia.
— Martina — meu corpo fica rígido ao ouvir sua voz do outro lado da porta.
Me levanto, vou até a porta e a abro calmamente.
— Oi — respondo com indiferença.
— Preparada para o grande dia? — Matteo sorri de lado.
— Não. Era só isso? Já estou indo deitar e você está me atrapalhando — bufo, sem paciência para Matteo, suas ironias e seus deboches.
— Calma lá gatinha — reviro os olhos tão forte ao ouvi-lo falar esse apelido ridículo, que tenho até medo de não conseguir voltar ao normal — Isso é para você — me entrega uma caixinha preta de veludo.
Pego a caixinha das suas mãos bem rápido para evitar o máximo de contato possível. Quando a abro solto uma gargalhada.
— Que coisa horrorosa é essa?
— Seu anel de noivado.
— Não vou usar isso. Olha o tamanho dessa pedra, para que tudo isso?
— A princípio escolheu um vestido ridículo e um buquê com as piores flores, pensei que gostasse de coisas cafona.
Semicerro os olhos, espumando de tanta raiva desse canalha!
1x0 para Matteo. Só que isso vai mudar!
Deslizei o anel em meu dedo e ele sorriu satisfeito.
— Satisfeito?
— Muito!
— Agora vai me dizer que comprou uma aliança extravagante também? — debocho.
— Você é esperta, acertou em cheio.
Abro a boca incrédula ao perceber que ele está falando sério.
— Matteo, espera — corro para fora do quarto atrás dele, que começou a andar em direção ao seu quarto.
— O que foi? Pensei que estivesse cansada e queria dormir.
Ahhh… Que raiva desse crápula!
— Sim, eu estou, mas vamos conversar sobre essas extravagâncias? Olha, não precisa disso tudo, o anel de noivado já é… — olho para o anel em meu dedo procurando uma palavra que não seja tão r**m* — Bom, ele é excêntrico, então a aliança pode ser mais simples, não acha? — meus olhos praticamente imploram.
— Excêntrico? Boa escolha de palavras. As nossas alianças serão exóticas — sorriu — Acho que também escolhi bem as palavras, o que você acha Martina?
Debochado, nojento, crápula… Urgh, é isso que acho de você e muito mais!
— Sabe o que eu acho Matteo? — me aproximo e o encaro.
— Adoraria saber — seu hálito refrescante preenche minhas narinas.
— Que eu te odeio! — exaspero.
Matteo solta uma gargalhada e eu fico sem entender, acabei de falar que o odeio e ele está rindo? Ele é louco?
— Pelo visto, seremos muito felizes, querida noiva — vira as costas para mim, me deixando ainda mais irritada — Te espero no altar amanhã, não se atrase — entra no quarto.
Caminho até ele para esbofetear sua cara de cachorro, mas o crápula bate a porta na minha cara.
Ele bateu a porta na minha cara… Urgh!!
2x0 para Matteo. Que vergonha Martina, que vergonha!
Volto para o meu quarto pisando duro, coração acelerado e uma raiva fora do comum. Nunca senti tanto desprezo por uma pessoa igual sinto por Matteo.
É incrível como ele consegue despertar o pior de mim e me sinto uma tonta por não conseguir me conter diante dele e demonstrar o quanto ele consegue me tirar do sério.
— Calma Martina, respira, ele é só um e******o tentando tirar sua paciência — converso comigo mesma.
Ando de um lado para o outro do quarto, usando todos os palavrões que conheço para xingar Matteo e também os que não conheço e acabei de inventar aqui na minha mente, só os que conheço eram poucos para expressar minha ira por esse homem.
Quando já estava mais calma, deitei na cama e peguei no sono, desejando do fundo do meu coração que o dia de amanhã não chegasse.
Mas não foi possível… Ele chegou!
Levantei com tanto desânimo que nenhuma palavra existente neste mundo seria capaz de expressar o meu descontentamento.
Fui instruída a ir para o local de onde aconteceria a festa e confesso que fiquei embasbacada com a beleza do lugar, fico me perguntando se Matteo conhece o dono dessa casa, se é ele ou se ele não fazia ideia que seria aqui, já que tudo ficou nas mãos da equipe que fez os preparativos da festa.
Depois de vestir o vestido até me senti um pouquinho melhor, pouca coisa. Apesar de simples, é muito bonito e deixa meu corpo bem moldado.
Me recusei a usar maquiagem e isso não estava em negociação. Matteo já havia interferido no vestido e no buquê, sobre a maquiagem eu não deixaria. E não pensem que não gosto de me maquiar, eu gosto, mas não quero, não é um dia feliz, não para mim.
A moça me informou que Matteo pediu para me avisar que ao menos era para pentear o cabelo, caso me recusasse e o fizesse passar vergonha, sofreria as consequências. Tentei demonstrar que aquelas palavras não me afetavam e que não tinha sentido medo, mas achei melhor pelo menos arrumar os cabelos.
— Olá — uma mulher muito bonita entra no quarto.
— Olá — respondo, sem muito ânimo.
— Você é belíssima, querida — sorri simpática — Sou Donatella — estende a mão para mim e faço o mesmo, apesar de não fazer ideia de quem era ela — Mãe do Matteo — parecendo ouvir meus pensamentos, explica.
Como não percebi antes? Matteo se parece muito com ela.
— Ah, muito prazer, me chamo Martina — sorrio — Sou a noiva — forço-me ao máximo para não revirar os olhos.
— Matteo é um homem de sorte.
Não posso falar o mesmo.
— Senhora — a cerimonialista entra — O senhor Matteo pediu que se retirasse.
— Claro que pediu — Donatella respondeu desanimada — Vejo que meu filho não me quer perto de você, querida, mas saiba que foi um enorme prazer em conhecê-la e peço que tenha paciência com Matteo, ele não é um homem r**m.
Donatella me lança um sorriso triste e fico pensando no porquê Matteo não a quer perto de mim. Ele não tem uma boa relação com a mãe?
— O prazer foi meu e peço que me visite mais vezes — digo com sinceridade.
— Não será possível, Matteo não permitirá.
E deixando essa frase no ar, Donatella sai do quarto.
Por que Matteo não deixaria sua mãe chegar perto de mim? Problemas familiares? Nunca ouvi nada sobre sua mãe e não havia conhecido ela antes.
Quando ver minha mãe irei falar sobre isso, ela deve saber de alguma coisa.