Capítulo 3 - Martina

1264 Words
Vestir as roupas de Matteo tem um lado positivo e um mais que negativo. O positivo? As roupas são super confortáveis. Tá, tudo bem, roupas femininas também são confortáveis, mas no momento, não tenho essa opção de escolha. E o lado negativo? Já lavei essas roupas umas trocentas vezes e o cheiro do maldito não sai dela, que raiva! Essa semana passou voando e amanhã já é o dia do casamento, uma senhora que veio aqui fazer as medidas do vestido. O primeiro vestido que escolhi foi uma cheio de babados, coisa mais ridícula, mas era o que o momento pedia, claro que a mulher lá me respondeu que iria falar com Matteo primeiro e ele não aprovou, então escolhi um simples, mas bonito e ele aceitou. Ah, sem contar também que ele não aceitou a escolha do meu buquê de flores, o homem se mete em tudo, Deus me livre. Não falei com Matteo depois daquela noite, na verdade, não o vi mais depois daquela noite e vamos nos casar amanhã, quanta ironia. — Martina — meu corpo fica rígido ao ouvir sua voz do outro lado da porta. Me levanto, vou até a porta e a abro calmamente. — Oi — respondo com indiferença. — Preparada para o grande dia? — Matteo sorri de lado. — Não. Era só isso? Já estou indo deitar e você está me atrapalhando — bufo, sem paciência para Matteo, suas ironias e seus deboches. — Calma lá gatinha — reviro os olhos tão forte ao ouvi-lo falar esse apelido ridículo, que tenho até medo de não conseguir voltar ao normal — Isso é para você — me entrega uma caixinha preta de veludo. Pego a caixinha das suas mãos bem rápido para evitar o máximo de contato possível. Quando a abro solto uma gargalhada. — Que coisa horrorosa é essa? — Seu anel de noivado. — Não vou usar isso. Olha o tamanho dessa pedra, para que tudo isso? — A princípio escolheu um vestido ridículo e um buquê com as piores flores, pensei que gostasse de coisas cafona. Semicerro os olhos, espumando de tanta raiva desse canalha! 1x0 para Matteo. Só que isso vai mudar! Deslizei o anel em meu dedo e ele sorriu satisfeito. — Satisfeito? — Muito! — Agora vai me dizer que comprou uma aliança extravagante também? — debocho. — Você é esperta, acertou em cheio. Abro a boca incrédula ao perceber que ele está falando sério. — Matteo, espera — corro para fora do quarto atrás dele, que começou a andar em direção ao seu quarto. — O que foi? Pensei que estivesse cansada e queria dormir. Ahhh… Que raiva desse crápula! — Sim, eu estou, mas vamos conversar sobre essas extravagâncias? Olha, não precisa disso tudo, o anel de noivado já é… — olho para o anel em meu dedo procurando uma palavra que não seja tão r**m* — Bom, ele é excêntrico, então a aliança pode ser mais simples, não acha? — meus olhos praticamente imploram. — Excêntrico? Boa escolha de palavras. As nossas alianças serão exóticas — sorriu — Acho que também escolhi bem as palavras, o que você acha Martina? Debochado, nojento, crápula… Urgh, é isso que acho de você e muito mais! — Sabe o que eu acho Matteo? — me aproximo e o encaro. — Adoraria saber — seu hálito refrescante preenche minhas narinas. — Que eu te odeio! — exaspero. Matteo solta uma gargalhada e eu fico sem entender, acabei de falar que o odeio e ele está rindo? Ele é louco? — Pelo visto, seremos muito felizes, querida noiva — vira as costas para mim, me deixando ainda mais irritada — Te espero no altar amanhã, não se atrase — entra no quarto. Caminho até ele para esbofetear sua cara de cachorro, mas o crápula bate a porta na minha cara. Ele bateu a porta na minha cara… Urgh!! 2x0 para Matteo. Que vergonha Martina, que vergonha! Volto para o meu quarto pisando duro, coração acelerado e uma raiva fora do comum. Nunca senti tanto desprezo por uma pessoa igual sinto por Matteo. É incrível como ele consegue despertar o pior de mim e me sinto uma tonta por não conseguir me conter diante dele e demonstrar o quanto ele consegue me tirar do sério. — Calma Martina, respira, ele é só um e******o tentando tirar sua paciência — converso comigo mesma. Ando de um lado para o outro do quarto, usando todos os palavrões que conheço para xingar Matteo e também os que não conheço e acabei de inventar aqui na minha mente, só os que conheço eram poucos para expressar minha ira por esse homem. Quando já estava mais calma, deitei na cama e peguei no sono, desejando do fundo do meu coração que o dia de amanhã não chegasse. Mas não foi possível… Ele chegou! Levantei com tanto desânimo que nenhuma palavra existente neste mundo seria capaz de expressar o meu descontentamento. Fui instruída a ir para o local de onde aconteceria a festa e confesso que fiquei embasbacada com a beleza do lugar, fico me perguntando se Matteo conhece o dono dessa casa, se é ele ou se ele não fazia ideia que seria aqui, já que tudo ficou nas mãos da equipe que fez os preparativos da festa. Depois de vestir o vestido até me senti um pouquinho melhor, pouca coisa. Apesar de simples, é muito bonito e deixa meu corpo bem moldado. Me recusei a usar maquiagem e isso não estava em negociação. Matteo já havia interferido no vestido e no buquê, sobre a maquiagem eu não deixaria. E não pensem que não gosto de me maquiar, eu gosto, mas não quero, não é um dia feliz, não para mim. A moça me informou que Matteo pediu para me avisar que ao menos era para pentear o cabelo, caso me recusasse e o fizesse passar vergonha, sofreria as consequências. Tentei demonstrar que aquelas palavras não me afetavam e que não tinha sentido medo, mas achei melhor pelo menos arrumar os cabelos. — Olá — uma mulher muito bonita entra no quarto. — Olá — respondo, sem muito ânimo. — Você é belíssima, querida — sorri simpática — Sou Donatella — estende a mão para mim e faço o mesmo, apesar de não fazer ideia de quem era ela — Mãe do Matteo — parecendo ouvir meus pensamentos, explica. Como não percebi antes? Matteo se parece muito com ela. — Ah, muito prazer, me chamo Martina — sorrio — Sou a noiva — forço-me ao máximo para não revirar os olhos. — Matteo é um homem de sorte. Não posso falar o mesmo. — Senhora — a cerimonialista entra — O senhor Matteo pediu que se retirasse. — Claro que pediu — Donatella respondeu desanimada — Vejo que meu filho não me quer perto de você, querida, mas saiba que foi um enorme prazer em conhecê-la e peço que tenha paciência com Matteo, ele não é um homem r**m. Donatella me lança um sorriso triste e fico pensando no porquê Matteo não a quer perto de mim. Ele não tem uma boa relação com a mãe? — O prazer foi meu e peço que me visite mais vezes — digo com sinceridade. — Não será possível, Matteo não permitirá. E deixando essa frase no ar, Donatella sai do quarto. Por que Matteo não deixaria sua mãe chegar perto de mim? Problemas familiares? Nunca ouvi nada sobre sua mãe e não havia conhecido ela antes. Quando ver minha mãe irei falar sobre isso, ela deve saber de alguma coisa.
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