o Baile 2

1664 Words
Laura estava absorta em seu celular, andando de um lado para o outro na sala. O relógio marcava 01:45 da madrugada. Miguel a observava com uma sobrancelha levantada, intrigado com a concentração dela. O que você está fazendo, Laura? - perguntou ele, curioso. —Eu? Nada! - respondeu ela, sem desviar os olhos da tela. — Ele franziu o cenho, percebendo que havia algo estranho. —Debuxa, Laura! — Não, não é nada - respondeu ela evasivamente. Miguel soltou um suspiro audível. Ele conhecia bem esses sinais. Sabia que quando Laura estava agindo assim, algo estava prestes a acontecer. Vinte minutos se passaram, e de repente, Laura soltou um grito de triunfo. — Eu sabia! - exclamou ela. Miguel olhou para o teto, fazendo um apelo silencioso a Deus, esperando que Laura não tivesse feito o que ele temia que ela tivesse feito. — Mô... - Laura se aproximou com uma voz manhosa. — Oi, Laura - Miguel respondeu, sua ansiedade claramente visível. — Onde você disse que a Sophia e a Brienne iam mesmo? Miguel sentiu um nó no estômago. Deus não poderia ser tão c***l a ponto de permitir que Laura descobrisse aquilo. Ele havia tido uma briga intensa com ela alguns dias atrás sobre a festa para a qual Sophia queria ir. A mulher não queria deixar a filha sair, mas Sophia, com seus olhos marejados, havia expressado seu desejo de liberdade, acusando Laura de querer mantê-la presa. Assim, ele havia cedido, mas com uma condição: endereço, números de telefone dos responsáveis, tudo para garantir que seria uma festa inocente na casa de uma amiga da escola. Na noite marcada, às 20h30, ele havia deixado as meninas na entrada do condomínio de luxo em São Paulo. — Você sabe o endereço, amor? - A tela do celular brilhou na mão de Laura. Miguel não conseguia acreditar no que via. O endereço era completamente diferente daquele que ele havia dado.- -—A nossa filha está em um baile funk em uma favela. — Você colocou um rastreador no celular da nossa filha? Laura, você enlouqueceu? — Não, eu coloquei - Marina, a irmã mais nova de Sophia, entrou na cozinha naquele momento. — Nós vamos até lá em 30 minutos. E eu juro, se um de vocês abrir a boca durante o trajeto, eu vou estrangular alguém. —Laura se dirigiu para a SUV e Marina a seguiu. — Miguel, você não deixou um segurança de olho nelas? —Claro que não. Eu confio na minha filha... confiava. — Isso vai render anos de discussão - disse Marina com um sorriso malicioso. — E você também, Laura - acrescentou Miguel com um suspiro resignado. Em poucos minutos, Laura e Marina estavam dentro do carro, e a tensão no ambiente era palpável. Miguel permanecia na cozinha, com os braços cruzados, pensando em como diabos ele chegara a essa situação. E enquanto eles se preparavam para essa inusitada empreitada noturna, uma coisa era certa: a noite estava longe de terminar. Quando chegaram ao local, Austin liderou o caminho, rodeado por seus seguranças, imediatamente chamando a atenção dos chefes do tráfico que atuavam na área. Assim que reconheceram Austin, eles prontamente se aproximaram dele. — E aí, patrão, o que nos traz a honra da sua presença? - perguntou um dos chefes, misturando respeito e curiosidade em sua voz. — Só vim buscar minha filha menor - Austin mostrou a foto - minha filha Brienne e a prima dela, Sophia. — Vixi, patrão, a novinha tá doidona com outro lá no paradão - o homem comentou, apontando para a agitação à distância. Austin adentrou a multidão, e as pessoas se afastaram naturalmente para abrir um caminho à sua passagem. Ele avançou até o "paredão", o epicentro da diversão, onde uma música animada estava tocando: Essas malandra Assanhadinha Que só quer vrau, só quer vrau Só quer vrau, vrau, vrau Vem pra favela Ficar doidinha Então vem sentando aqui (Senta aqui, senta aqui, vai) Essas malandra (Vai, vai) Assanhadinha (Vai, vai) Que só quer vrau, só quer vrau Só quer vrau, vrau, vrau Vem pra favela (Vai, vai) Ficar doidinha (Vai, vai) Então vem sentando aqui Vai novinha da favela O ritmo é esse aqui Senta aqui, senta aqui, senta aqui Senta aqui, senta aqui, senta aqui, senta aqui Vai, vai, vai Enquanto a música ecoava, as meninas, Sophia e Brienne, se entregavam à dança, mexendo seus corpos no ritmo contagiante. Seus movimentos exuberantes atraíam olhares curiosos e animados. Sophia, em particular, se virou para conferir se o rapaz que estava tentando impressionar estava observando-a. No entanto, ao invés disso, seu olhar se encontrou com o olhar do pai, e Austin. Ela não pôde conter um sorriso travesso, tentando chamar Brienne para se juntar a ela, batendo de leve na b***a da amiga em um gesto brincalhão. -O que é! Brienne, por sua vez, empolgada, colocava as mãos no chão, empinando o quadril ao som do batidão. A atmosfera estava carregada de energia e ousadia. No entanto, Sophia percebeu algo fora do comum na expressão do pai e, ao seguir seu olhar, deparou-se com um grupo de seguranças armados posicionados por trás de Austin. Seu sorriso instantaneamente desvaneceu, dando lugar a uma mistura de surpresa e confusão. -Fudeu! Sophia tentou sinalizar discretamente para Brienne, chamando a atenção da amiga. A confusão estampada no rosto de Brienne se transformou em irritação quando Sophia tentou bater de leve em sua b***a. A tensão estava no ar, permeando a agitação festiva do "paredão". Austin mantinha seu olhar fixo nas meninas, preocupado e decidido a abordar a situação com seriedade. - Ja para o carro Elas perceberam que as expressões de Austin e Miguel não eram nada boas, mas não haviam notado a presença de Laura e Marina entre a multidão. Para o carro agora! - a voz de Laura ecoou de forma surpreendentemente alta, ultrapassando os limites dos ouvidos e até mesmo sobrepondo os efeitos da vodka que haviam bebido. As pernas de Brienne começaram a tremer, uma mistura de constrangimento por ser arrastada para fora do baile e receio pelo olhar reprovador da mãe e da madrinha. Assim que chegaram ao carro, Sophia não perdeu tempo em abrir a boca, recorrendo à única pessoa que ela sabia que poderia minimizar o problema. —Pai, eu... Laura a interrompeu abruptamente, sua voz carregada de irritação. —Sophia, eu juro pela nossa senhora do bom parto e pela cabocla Jurema que, se você disser mais uma palavra, eu vou cometer um parentecídio. Marina olhou para Laura e sussurrou suavemente: - Parentecídio não seria filicídio? —Ina, estou tão furiosa com a Sophia que nem considero como filha, no máximo como parente. O trajeto de volta para casa transcorreu em um desconfortável silêncio. Ao chegarem, Laura entrou como um furacão, seus olhos fixos em Sophia, que tentou se esconder atrás do pai. — Vá para o seu quarto, tire essa maquiagem horrível e volte aqui - ordenou Laura com firmeza. — Você não pode apenas me dar um castigo? - tentou argumentar Sophia. — Haaaaa, mocinha, não pense que será apenas um castigo. — O que você quer dizer com isso? —Você mentiu, Sophia. Você foi para um lugar perigoso, colocou Brienne em uma situação perigosa, bebeu! Castigo é pouco. A adolescente cruzou os braços, em uma tentativa de desafio. — E como você tem certeza de que não foi Brienne que organizou tudo? — Laura soltou uma risada alta. - Vamos lá, Sophia. Você tentou esse truque aos 6 anos, quando decidiu fazer comida de verdade no quarto e incendiou metade da casa. Lembra quando tentou apagar o fogo com a água do filtro, usando uma panelinha? Coitada da ----—Brienne, você colocou os palitos de fósforo na mão dela e a mandou assumir a culpa. —Droga! - Sophia percebeu que estava repetindo uma desculpa antiga. - Mas mãe, eu tenho 16 anos, sou jovem, preciso de aventuras. —Com 16 anos, você precisa é trocar de fralda, amadurecer e usar um babador - respondeu Laura com sarcasmo. —Isso é tão injusto. —Injusto? Samuel, que havia acordado no meio da confusão, estava de pé na escada, esfregando os olhos enquanto observava tudo. Sophia olhou para Samuel, buscando desesperadamente algo para culpar e compartilhar a raiva de sua mãe. Ela suspirou novamente. — É injusto vocês terem mais dois filhos e eles não fazerem nada de errado para dividir a culpa comigo. O silêncio pairou, interrompido apenas pela frustração perceptível na voz da filha. — Ok qual é minha punição dona Laura Laura odiava quando Sophia a chamava de dona Laura, mas a menina fazia de forma zombeteira quase inocente só para tirar a mãe do sério — 3 meses de castigo, casa da escola, escola para casa, 3 meses sem internet só para fazer trabalhos da escola, 3 meses de mesada, 3 meses sem celular ou computadores que não for supervisionado por mim ou por seu pai. —Paiiiiiiiii Miguel continua calado, quando ela vê que não ganhou apoio do pai, faz carinha de anjo e vai até Laura a abraçando —Coe coroa, libera o celular até, e uma saída por semana —Não Sophia — Mãe, eu preciso perder meu BV, que garota de 16 Anos nunca beijou na vida? Samuel que estava quieto se pronuncia - Quem vai perder o BV? — Vai nessa não mãe, Sophia já beija na boca a um tempão, Gabriel que o diga. —SAMUEL CALA A BOCA Foi a vez do Miguel se espantar - Como você sabe disso Samuel? — Vocês vivem em qual década? Nas redes sociais, qualquer adolescente , não precisam de rastreador no celular, Sophia conta tudo no seu perfil escondido no i********:. Tem quase 2 M de seguidores aliás vocês sabiam que a filha de vocês ganha rio de dinheiro fazendo dancinha i****a no t****k? Os olhos de Miguel e Laura cortam Sophia ao meio. —5 meses de castigo.
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