Alguns anos depois
Algumas estações haviam passado desde os eventos que marcaram a vida da família Michaelis na Toscana. A propriedade deles se tornara um verdadeiro paraíso para os amantes de vinho, onde pequenas joias eram produzidas com esmero, não em larga escala, mas para o deleite da família e parentes.
Lucca finalmente encontrou uma vida mais tranquila ao lado de Charlotte e seus filhos. No entanto, como ex-m****o de uma família mafiosa, ele sabia que deixar completamente para trás os negócios da vinícola não era uma opção. Assim, com dedicação e anos de pesquisa, decidiu levar adiante o legado da família, garantindo que a tradição do vinho continuasse a prosperar.
Gabriel, o filho mais velho de Christian, agora com 16 anos, havia se apaixonado profundamente pelo processo de preparo do vinho. Acompanhava Lucca incansavelmente, absorvendo cada ensinamento com entusiasmo.
Setembro chegou, o mês da colheita de uvas. Austin, Marina, Miguel e Laura levaram seus filhos para passarem as férias na residência dos Michaelis. Entre eles estava Sophia, uma pré-adolescente de 12 anos, dona de uma personalidade curiosa, mandona como a mãe e destemida como a madrinha, sempre acompanhada por sua fiel amiga, Brienne.
Juntas, as duas meninas desceram os vinhedos, carregando uma cesta gigante para colher as suculentas uvas. Sophia estava vestida como uma mocinha, com suas tranças negras descendo pelas costas e fitas coloridas enfeitando seus cabelos.
Enquanto colhiam, Sophia não conseguia tirar os olhos de Gabriel. O jovem rapaz, agora bonito e desenvolvido para sua idade, tinha cabelos loiros escuros e os olhos azuis cristalinos de sua mãe.
Suspirando, ela confidenciou a Brienne, um misto de empolgação e timidez em sua voz:
—Ele é lindo, não é?
Brienne revirou os olhos e respondeu, fazendo careta:
—Quem? Gabriel? Que nojo, ele é nosso primo.
Ignorando o comentário, Sophia deixou escapar:
— Ele é meu futuro marido.
Enquanto observava Gabriel conversar com algumas moças mais velhas, ela notou que ele estava segurando a mão de uma delas, aparentemente sua namorada. O coraçãozinho de Sophia se apertou, sentindo pela primeira vez uma pontada de ciúme e desencadeando uma série de pensamentos confusos sobre o que era o amor.
Com coragem, ela se aproximou do grupo, seguida por Brienne, e se apresentou em um italiano quase perfeito:
—Queste sono le mie cugine Brienne e Sophia dal Brasile (Estas são minhas priminhas do Brasil).
A moça sorriu amigavelmente e respondeu:
—Ciao, piacere di conoscerti. Gabriel ha parlato molto di voi due, io sono la sua ragazza. (Olá, prazer em conhecê-las. Gabriel falou muito sobre vocês duas, eu sou a namorada dele.)
Sophia sentiu uma mistura de emoções nesse momento, o coração apertado e os pensamentos confusos. Nos últimos dias, ela e Gabriel haviam passado muito tempo juntos, e ela começou a acreditar que o que sentia era algo mais do que apenas amizade, mas agora, tudo parecia incerto.
Assim, nessa atmosfera repleta de descobertas e emoções juvenis, a história da família Michaelis seguia seu curso, cercada pelos vinhedos que testemunhavam as transformações e laços que só o tempo e o amor verdadeiro poderiam revelar.
Sophia sentiu a raiva borbulhar dentro dela, e sem pensar duas vezes, desabafou com a moça em bom e velho português:
— Você pode namorar com ele agora, mas quando eu crescer, ele vai casar comigo.
Aquelas palavras saíram impetuosas, mas logo em seguida, a vergonha tomou conta dela. Seu peito doía, parecia que ia explodir com todas as emoções conflitantes que a invadiam. Sophia decidiu fugir do olhar de todos e correu pelos vinhedos, tentando esconder o arrependimento do que acabara de fazer.
Ela encontrou refúgio em um lugar solitário, onde ficou até a noite cair. Quando finalmente retornou para casa, sua mãe, Laura, estava desesperada. Austin, Lucca e Miguel haviam organizado um mutirão de busca por ela. Quando estavam prestes a sair, Laura avistou a filha chegando com o vestidinho sujo de terra.
Com voz trêmula, Laura perguntou:
Onde você estava, Sophia? Onde você foi? Deixou todo mundo preocupado.
Sophia não conseguiu conter as lágrimas e correu para abraçar a mãe. A menina era muito nova para lidar com tantos sentimentos, e o ciúme que a invadiu nunca foi um bom conselheiro.
Pouco tempo depois, Gabriel apareceu no campo montado em seu cavalo. Ele havia ido atrás dela pelos vinhedos desde que ela desapareceu. O menino estava visivelmente alterado e segurava uma fita de seu cabelo que encontrou pelo caminho.
Desmontando do cavalo, Gabriel começou a gritar, expressando sua preocupação e raiva:
— Nunca, nunca mais saia correndo daquela forma! Você poderia ter se machucado, se perdido, ser picada por uma cobra, comida por um animal selvagem, ou pior, ser pega por um homem m*l intencionado. Você tem noção do que ele faria com você, sua pirralha mimada! Meu coração quase saiu pela boca quando eu achei a fita do seu cabelo. Se você fosse minha irmã eu...
Todos os adultos presentes observavam abismados o comportamento do menino.
Laura foi a primeira a quebrar o silêncio, perguntando a Gabriel:
— Se ela fosse sua irmã, você faria?
Foi então que Gabriel percebeu o que tinha feito e caiu em si. Seu show de raiva foi acompanhado por todos os membros da família. Seu pai, Christian, se aproximou e tentou acalmar a situação:
— Todos calmos, Gabriel só está nervoso com a possibilidade de Sophia correr algum risco, já que eles sempre foram amigos desde criança. Agora não importa, Sophia está bem, e temos litros de vinho para beber, não é, filho? Peça desculpas a Sophia, você não pode tratá-la assim.
A contragosto, Gabriel pediu desculpas e se recolheu em seu quarto pelo resto da noite.
Na cabeça de Sophia, a tristeza não era pelo sermão de Gabriel, mas sim por ser chamada de "pirralha mimada". Essas palavras ecoaram em sua mente, e ela se questionou se, de alguma forma, havia agido errado e sido infantil em suas emoções. No entanto, ela era apenas uma menina, tentando entender o que significava crescer e lidar com sentimentos tão intensos pela primeira vez.
Desde aquele dia, Sophia guardou aquele sentimento infantil por Gabriel para si. Cada vez que o nome dele era mencionado, ela fazia cara feia e se afastava. Nos anos seguintes, Sophia evitava qualquer contato, até mesmo nas férias de família. Ela encontrava desculpas para ficar com a avó quando seus pais viajavam, e assim, fugia de enfrentar as emoções que o rapaz despertava nela.
O sentimento que nutria por Gabriel foi cuidadosamente guardado em um lugar secreto de seu coração, como se estivesse blindado e enterrado a 50 metros de profundidade.
Na manhã de seu 16º aniversário, Sophia desceu as escadas para a cozinha, onde Miguel preparava seu bolo favorito de nozes. Samuel, seu irmão mais novo, pegava as bolinhas de achocolatado do leite de Luísa, sua irmã caçula, que prestava atenção atentamente em cada movimento do irmão. Laura, sua mãe, falava ao telefone enquanto caminhava de um lado para o outro, resolvendo as questões do dia.
— Bom dia meu povo.
— Feliz aniversário filha, fiz seu bolo favorito
—Obrigada Pai
Sophia dá um grande beijo na bochecha da irmã que limpa - Não limpa meu beijo
Luísa continua olhando o irmão a tirar as bolinhas do seu leite.
— Bom dia inútil - Ela bate na nuca de Samuel
— Bom dia seu dejeto excretado pela defecação.
—Pai Samuel está me chamando de merda!
— Samuel não fala assim da sua irmã
—Ela me chamou de inútil
—Sophia não fala assim com seu irmão
— Mas ele é um inútil.
Um da língua para o outro de forma bem infantil.
Laura volta pra cozinha - Feliz aniversário filhota.
— Obrigada Mãe.
Miguel coloca o bolo cheio de velas acesas em cima da mesa do café.
— Agora e hora de bater parabéns e de fazer um pedido.
Todos cantam parabéns, e na hora de assoprar a velinha Sophia pensa em Gabriel mas sacode a cabeça e a sua imagem some de sua mente.
Marina, Austin e Brienne entram com outro bolo cantando parabéns.
Marina fica brava ao ver que já assopraram a vela
—Eu falei que ia trazer o bolo - Marina reclama com Miguel
— Eu disse que ia fazer o bolo da minha filha
—Chatoooo - Marina responde
— Bom ganhei outro bolo vamos partir, quero abrir os presentes.
Todos comeram dos dois bolos
— Agora abre o meu presente - Brienne dá um pulo e lhe entrega uma caixinha.
Eram 4 colares de coração em quebra cabeças cada pedacinho com o nome
Sophia, Luísa, Brienne e Emma - Eu vi que você gostou desse colar representa nós quatro, as quatro primas
—É eu? - Samuel resmunga
— Primas, não primos! - Brienne fala devagar
— Eu sou discriminado dentro da minha própria casa.
Todos irem
— Agora abre o meu e do seu padrinho - Um iPhone da nova geração.
—A nossa dinda obrigada
Miguel olha feio para Laura - Onde tá a regra de sem presentes caros.
— Levanta a mão pro céu que é só um iPhone de 15 mil, eles queriam dar uma Lamborghini
— Ela tem 16 anos, devia ganhar uma caixinha de som com Bluetooth.
— Relaxa! - Laura vai até a filha - Minha vez!
O pacote da Laura era muito maior, ela abriu correndo
— Não acredito, não acredito, não acredito
Mãe, você me deu uma bolsa Fendi ?
Eu te amo mãe!
Sophia pula e abraça a mãe, Miguel cruza os braços.
—Ei eo papo de sem presentes caros?
— Uma Fandi não é um presente, e um investimento - Laura fala abraçando a filha
— Eu vou poder ter uma moto Ducati quando fizer 16? Também é um investimento! - Samuel pergunta esperançoso.
— Não! - Laura e Miguel falam de uma vez só
— Eu também não queria
Miguel pega sua caixinha e da a filha
Ela abre e tinha um par de brincos.
— Esses brincos pertenceram a minha avó, foi uma das poucas coisas que ela conseguiu que ela conseguiu salvar da guerra.
Não tem um valor alto, mas tinha um valor sentimental para o seu avô como tem pra mim.
Sophia pulou nos braços do pai.
— São lindos Pai, obrigada!
Austin começa a falar
— Bom estava conversando com Christian, ele e Stella vão finalmente se casar e querem todos lá
O estômago de Sophia doeu
Laura olha para Miguel - Podemos ir amor?
— Lógico!
Luísa levantou e bateu palmas, ela andava muito feliz a andar de avião
— Ate, Luísa ficou animada, vamos sim, só tenho que ligar para a neuro e ver a dose de melatonina dela.
Ultimamente Luísa que odiava andar de avião estava gostando, agora que desculpa ela teria para não voltar lá
Se bem, que aquilo que sentia pelo Gabriel era coisa de criança.