A SANTINHA E O TRAFICANTE (MORRO)

Episódio 01

HOPE NARRANDO

A minha vida inteira, eu convivi no convento, isso porque os meus pais trabalhavam muito na minha infância e não tinha condições de pagar uma babá ou até mesmo me deixar com algum parente, e aqui na minha cidade, não tinha creches disponíveis, porém minha mãe por sua vez conhecia uma irmã aqui do convento, e foi então que ela se ofereceu para cuidar de mim, e minha mãe amou a ideia, isso porque ela saberia que eu só poderia ser criada na fé, foi assim a minha vida inteira, fui criada na fé, sempre fui alguém que me mantive na devoção. Desde de pequena, frequento a igreja aos domingos, e quando não tem a missa na igreja, tem aqui no convento, claro que isso pra mim, se tornou rotina, algo maravilhoso em minha vida, quando elas me falaram que eu não precisava de mais nada além da fé em Deus, eu só pensava que poderia ser salva, e se eu poderia, eu queria também ajudar outras pessoas a se salvar do mundo do pecado, pecado esses que sempre ocorrem diariamente todos os dias. A irmã Sarah, sempre diz que as pessoas não podem ser salvas, elas são maldosas, e eu discordo com ela, porque algumas coisas eu creio e acredito que tudo pode ser resolvido, basta crê em Deus. Até falei para ela, que se as pessoas não tivessem salvação, não apareciam tantas pessoas que nós ajudam no convento, tanto financiando quanto ajudando com várias coisas que o convento necessita. Inclusive ganhei no final do ano passado uma bolsa e vou ingressar agora na faculdade, terei que morar na universidade, porque com a bolsa foi incluso minha morada no campus, algo maravilhoso.

— Filha, já terminou de organizar suas coisas? — pergunta o meu pai, na porta do meu quarto.

— Sim, papai, acabei agora. — digo olhando para o mesmo, e ele está com um sorriso em seu lábio.

— Estou orgulhoso de você filha. — diz ele, me olhando, logo chega a irmã Sarah, com minha mãe.

— Ela será uma excelente aluna, isso eu tenho certeza. — afirmou a irmã Sarah.

— Graças a Deus, a minha filha se tornou quem é hoje, tão devota a nosso senhor, e também sou muito grata a todas vocês irmã, que educaram e ensinaram a minha menina. — diz minha mãe, com um grande sorriso em seus lábios.

— Verdade, ela sempre foi muito dedicada, e acontece que ela agora irá morar na cidade grande, onde a perversão e o pecado sonda a todo custo. — diz a irmã Sarah.

— Eu vou ficar bem irmã, não precisa se preocupar. — afirmo, e ela sorrir.

— Tem que ter muito cuidado mesmo minha menina, a cidade grande é muito maior do que você pode imaginar. — disse ela. — E não se esqueça de nós ligar sempre, e claro sempre que der venha para casa, para irmos a igreja juntos. — disse minha mãe sorrindo.

— Claro mamãe, eu prometo que sempre irei a igreja, e também vir quando eu puder. — digo sorrindo, eu estou um pouco nervosa com tudo que tá acontecendo, assim, que fui fechando a minha mala, a irmã Maria apareceu ali.

— Filha, o carro já chegou, agora você precisa se despedir para seguir viagem. — disse ela, com um pequeno sorriso em seu lábio.

— Irmã Maria, irei sentir falta da senhora. — digo olhando a mesma.

— Também irei sentir falta de você, com as crianças, nas nossas missas diárias. — disse ela, se aproximando, então ela me abraça, retribuo o seu abraço.

— É temos que nós despedir, mas precisamos acompanhar ela até o carro. — disse minha mãe, com os olhos marejados, então meu pai pega minha pequena mala.

— Vamos? — pergunta ele, e então concordo com a cabeça, a irmã Maria se afasta um pouco, então minha mãe se agarra a meu braço, e juntas vamos saindo do meu quarto, como passo boa parte da minha vida aqui no convento, até tenho um quarto, que eu costumava dividir com mais duas colegas, porém ambas foram convocadas para serem noviças, então elas passam boa parte estudando em outra parte do convento.

— Chegamos. — diz minha mãe, assim que chegamos na saída. — Oh minha filha, quero pedi perdão por nunca ter sido tão presente em sua vida. — disse minha mãe, em meio as lágrimas.

— Não precisa pedi perdão mãe, eu entendo a senhora. — digo tocando seu rosto. — Eu entendo vocês dois. — digo, e ambos me abraçam apertados. — Eu tenho orgulho de vocês. — digo, dando um beijo na bochecha de cada um.

— Nós que teremos sempre orgulho de você, nossa menina dos cabelos de ouro, a loirinha que o papai sempre vai amar. — diz meu pai, todo emotivo.

— Bom, é melhor eu ir, ou hoje não irei conseguir ir. — digo e eles me soltam, mas a irmã Sarah me abraça apertado.

— Cuide-se, e não se esqueça, tenha cuidado, a cidade grande há muitos perigos. — diz ela, segurando no meu rosto.

— Pode deixar, irei me cuidar, estou levando comigo o meu rosário, sempre irei me manter crente na fé, e não irei me desviar para um mundo sombrio. — informo e ela sorrir, então me afasto dela, fui descendo as escadas, rumo ao carro, quando a irmã Josefa e a madre Tereza vieram ao meu encontro.

— Estava indo sem se despedir de nós? — pergunta a madre.

— Perdão madre, eu só não consigo me despedir da senhora. — digo sentindo os meus olhos marejarem.

— Eu sabia disso. — disse a irmã Josefa. — Você é tão doce menina. — diz a mesma, e as lágrimas molham meu rosto.

— Queremos desejar uma boa viagem para você e que nessa nova fase de sua vida, Deus a proteja dos males que nesse mundo tem. — diz a madre. — Quando chegar lá, nós ligue. — diz a mesma, ela me dá um papel com um número de telefone, mas como eu nunca tive um celular, eu só vou poder ligar para elas de alguma telefone que tenha na faculdade, mas eu quero procurar um emprego, para poder comprar um celular pra mim, para poder ter mais privacidade quando necessário em conversar com eles.

— Podemos ir? — pergunta o motorista, e a madre olha para mim, ela sorrir, então ela beija minha testa.

— Cuide-se. — diz ela, então vou me afastando um pouco, acabo entrando no carro, olhei para todos, inclusive meus pais que estavam abraçados, a minha mãe estava chorando agarrada a meu pai, isso me fez chorar em silêncio, logo o motorista entrou no carro, ele deu partida e seguimos rumo a cidade grande.

Após o motorista iniciar a trajetória de seguimos para a cidade grande, eu estava com um frio na barriga, algo que eu nunca havia sentido antes, afinal eu nunca sair do convento para tão longe, nunca sair de perto da minha família. Os meus pensamentos voavam de uma maneira inusitada, tudo o que eu estava pensando era de como iria conhecer algo que é tão grande, eu só espero que posso encontrar uma alma caridosa que possa me ajudar, sei que não será fácil o percurso, mas tenho certeza que tudo irá se concretizar no momento certo, sei que minha trajetória já foi escrita por Deus, e estudar para me tornar uma médica renomada, ter ganhado essa bolsa foi a melhor coisa que me aconteceu em toda a minha vida. Sou muito grata pelos colaboradores dessa bolsa. O tempo estava passando, e tudo ficava mais claro, ver aqueles enormes prédios, tão perto, coisa que nunca havia visto tão grandes como vejo claramente neste momento, fiquei fascinada com a beleza desse lugar, estava tão encantada que perdi até a noção do tempo, estava agradecendo a Deus por tudo que ele tem feito por mim, e por ter me dado essa enorme oportunidade. Quando acabei olhando ao redor, percebi que o carro estava parando, assim que parou, percebi que havia tantas pessoas naquele local que fiquei um pouco perdida, mas eu sabia que a diretora estaria me esperando, e foi então que uma senhora de meia idade estava se aproximando do carro, então acabei descendo assim que o carro parou, ela se aproximou, se apresentou, claro que fiz o mesmo, e ela foi até bem gentil, peguei minha mala, e seguir com ela, a mesma começou a me explicar como tudo funcionava e fiquei atenta a todos os detalhes, então após algum tempo chegamos nos dormitório, ela me levou até o quarto, quando entramos no mesmo, ela me apresentou uma moça que já estava no quarto, ela me apresentou a mesma, e ela foi até gentil, me ajudou com tudo, assim que ela me deixou instalada, ela se foi, mas antes me deu umas folhas com todo um cronograma, e claro eu vou ler e analisar tudo, assim que guardei todas as minhas coisas, peguei meu rosário, me ajoelhei diante da cama, e comecei a orar. No início a moça achou estranho, mas não falou muito, apenas me deixou no meu momento.

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