Eduardo 12

2330 Words
Paulo - Entrei com a anulação da sua certidão de óbito, já que é claro que você está vivo. Assim os bancos ativam novamente as suas contas e você poderá usufruir dos seus bens. Paulo me disse que é o meu advogado particular, em suas palavras o melhor advogado. Luiz - Filho, por enquanto vai usando esse cartão. (diz colocando um cartão preto na mesa que nos separa) Paulo - Também precisará de novos documentos, mais isso vai ser fácil. Fico feliz em ter você de volta cara, assim que o William chegar poderemos começar a investigar, sobre o que pode ter lhe acontecido. - Mais ele é confiável? Paulo - Para você sim, esse homem lambia o chão que você passava. E digamos que ele te acobertou várias vezes, quando você dava suas escapadas da Manuela. Eu me espanto com suas palavras, eu traia essa mulher? Não consigo suportar a ideia de outro homem olhando para a Amanda e também não cogito a ideia de olhar para qualquer outra mulher. Paulo - Perdão, tio Luiz. Luiz - Eu não penso em espalhar o que for conversado aqui, filho. - Eu não quero que a Amanda saiba dessas histórias. Paulo - Não se preocupe. (me garante) Conversamos sobre a minha vida, sobre a minha relação com a minha mãe e também sobre a minha carreira. Até ouvirmos batidas na porta. Amanda - Desculpa incomodar. (diz sem jeito) - É que acabou de chegar uma senhora juntamente com uma moça. Luiz - Deve ser a Magnólia. Todos saíram e finalmente posso ter um tempinho com o meu bebê. - Estava ocupada? Amanda - Conhecendo sua casa. - Vai ser sua também. Amanda - Talvez. A puxo para um beijo rápido, eu sei que ela está receosa mas o tanto que eu puder provar que nada disso vai abalar o que eu sinto por ela, eu provarei. Chegamos na sala e encontramos uma senhora que me olha com os olhos cheios de lágrimas. Magnólia - Meu menino, é você mesmo? Com sua licença senhor Luiz. (diz pedindo permissão para o meu pai, como se esse tipo de atitude não fosse de seu habitual, e veio me abraçar) - Eu orei tanto a Deus para que você estivesse bem, meu filho. Luiz - Ele não lembra de nada Magnólia, temos que ir com calma. - Sinto muito por não reconhecê-la. Magnólia - Não importa, eu estou aqui e eu vou cuidar de você, meu menino. Ela me leva pelo apartamento me falando como que eu gostava das coisas e como eram os meu hábitos em casa, conforme ela vai falando a sensação de conhecê-la e não lembrar aumenta ainda mais. Isso acaba me causando uma dor de cabeça, todos ao meu redor estão animados com cada novidade que me contam, mais a única a reparar o meu m*l estar foi ela. Amanda - Está tudo bem? - Sim. Amanda - Eduardo? - Só um pouco de dor de cabeça, nada demais. Amanda - Daqui a pouco tenho que ir embora, já já da a hora de pegar a Ceci, não quero pegar trânsito. - Nós vamos. Amanda - Eduardo, você deve ficar. Precisa aprender a lidar com a sua nova vida. - Eu não vou ficar longe de vocês, meu bebê. Amanda - E não vai, você fica aqui para resolver tudo e assim que possível nos vemos de novo. - Você sabe que eu não vou aceitar isso. Amanda - No fim de semana prometo que eu e a Ceci viremos pra cá. Ela quer fugir e eu não posso permitir que isso aconteça, só com esse simples pensamento a dor na minha cabeça aumentou de forma que a claridade começou a me incomodar. Amanda - Eduardo, olha pra mim. Eduardo? Ouço a sua voz longe e tudo ao meu redor começou q rodar, de repente tudo escureceu. . . Acordo em um quarto branco e com um acesso em meu braço, ouço som do aparelho de batimentos cardíacos e percebo que não tem ninguém no quarto. Parece um hospital, olho tudo ao meu redor e nada se parece com o que eu passei quando estava na rua. Permaneço em silêncio aguardando alguém aparecer, até porque sempre aparece alguém mesmo que eu não queira. A verdade é que eu quero que apenas uma pessoa apareça nesse momento: Amanda. Onde ela está? Procuro por alguma coisa que faça com que alguém entre no quarto e não acho, ainda bem que a porta se abre revelando Luiz e Edna. Edna - Meu filho, como você está? Seu pai me ligou avisando que você tinha desmaiado. Está tudo bem, querido? - Eu estou bem, a Amanda, cadê? Luiz - Ela teve que ir pra casa, não pode ficar. Disse que tinha que pegar a Cecília, ela me pediu para que lhe desse notícias assim que você acordasse. Edna - Mais tarde Luiz, não vamos perturbar a mente do nosso filho agora. Ele teve um desmaio com certeza é a sua memória voltando, devemos deixá-lo respirar. XXX - Boa noite. (diz outro homem entrando no quarto) Luiz - Doutor Blanco, alguma resposta? Dr. Blanco - Eu sei que vocês estão ansiosos por novidades e é um prazer te ter de volta, Eduardo. Seu pai me informou sobre a sua perda de memória e que antes de desmaiar, você não estava se sentindo bem. Então tomei a liberdade e solicitei alguns exames, os de sangue já foram colhidos, agora com a sua permissão vamos fazer uma tomografia, para saber se algo afetou o seu cérebro. - Como assim? Dr. Blanco - Reparei as marcas em seu corpo e a sua falta de memória pode ter sido causada por fortes pancadas na cabeça, não consigo te dar uma resposta exata, na parte mais alta da sua cabeça há uma cicatriz e eu estou suspeitando que a pancada foi forte demais ao ponto de lhe causar essa perca de memória. Também tenho a esperança de que seja reversível com cirurgia ou até mesmo um tratamento não tão invasivo, porém só posso lhe dar uma resposta concreta com o resultado dos exames. Edna - Por gentileza doutor, ele está pronto para fazer o exame. Luiz - Edna… Edna - É o meu filho, será que eu não posso intervir para o seu próprio bem? Como você mesmo ouviu o doutor falar, ele teve perda de memória não está em condições de saber o que é bom ou não para si. Essa mulher é tão irritante ao ponto de que não suporta-la. - Pai, eu vou fazer os exames mais eu quero a Amanda aqui comigo. Não sei porque mais o chamei de pai de forma espontânea e pude ver o brilho em seu olhar. Luiz - Eu vou ligar pra ela filho, ela me deixou o seu contato. Edna - Era só o que me faltava. Dr Blanco - Então, posso pedir a sala de exames? - Assim que minha namorada chegar. Dr Blanco - Devo alertar também, que a imprensa já sabe que o doutor está aqui e estão na porta do hospital. Luiz - Como isso aconteceu Gustavo? (meu pai o questiona) - Pedimos absoluto sigilo quando demos entrada. Dr Blanco - Luiz, infelizmente aqui é um prédio imenso e mesmo que tentemos manter o sigilo, são inúmeras pessoas que andam pelos corredores. Sem contar que a comoção nacional em busca do delegado foi enorme, é óbvio que eles iriam querer uma resposta. Edna - São uns verdadeiros abutres, não entendem que este momento é da família? Falarei com o Nanini sobre os tipos de profissionais que ele emprega nesse hospital. Pagamos caríssimo pela privacidade e nem isso temos. - Por favor, eu quero ficar sozinho. (peço não suportando mais ouvi-la) A verdade é que a minha dor de cabeça está voltando e eu quero descansar, e também quero a minha bebê aqui comigo. Luiz - Liguei para a Amanda, filho. - Pede pra alguém ir buscar ela, vai ficar muito tarde pra ela sair sozinha com a Ceci. Edna - Querido, se ela tem uma criança para cuidar, não é bom que ela saia a noite. (diz já me deixando irritado) - Se ela não estiver aqui, eu não vou fazer exame nenhum. (falo exaltado porque minha dor só aumenta) Luiz - Fica calmo filho, vou entrar em contato com o Paulo para ele trazer a Amanda e a Ceci em segurança. Vamos Edna deixa ele descansar para que de tudo certo no exame. Enfim eles saem e eu nunca agradeço tanto pelo silêncio. . . Depois de um bom tempo de olhos fechados, ouço batidas na porta. Ceci - Tiooooooooo! Parece que eu estou sem ver a minha princesa há anos, estou louco de saudades. Ela tenta subir na cama sem esperar nada nem ninguém para ajudá-la, porém ela não consegue então Erick a ajuda. Erick - Se contar para sua mãe que fui eu, eu digo que é mentira sua. (diz baixinho) Amanda está parada ao lado do meu amigo na porta. Ceci - Fez dodói tio? Tomou injeção? - O tio está com dodói na cabeça e precisa se cuidar, inclusive vou entrar numa máquina do futuro para eles me colocarem um cérebro de robô, que vai saber todas as histórias de princesas do mundo. Ceci - Sério? Que legal, e o senhor vai me contar todas? - Claro que vou. Ceci - A senhora ouviu mamãe? Ebaaaaa! (ela começa a pular animada na cama) Amanda - Ouvi, mais não grita e nem pula na cama. Ceci - Desculpa. Estendo a minha mão para que a Amanda venha até mim. - Oi. (digo puxando sua nuca e dando um selinho em seus lábios, preciso tanto do nosso contato para saber que tudo vai ficar bem) - Vou ter que fazer uma tomografia. Amanda - Seu pai já nos contou. - Eu pedi para que vocês estivessem aqui. Amanda - Estamos, e sempre estaremos ao seu lado. Ceci - Mamãe, tem chocolate na máquina do corredor. (diz quebrando o nosso contato) Amanda - Nós pegamos um depois meu amor. Ceci - Agora mamãe, por favor pra eu poder dividir com o tio. Amanda - Você quer subornar ele, só pra te contar todas as histórias. Ceci - Por favoooooooor. Amanda - Nós vamos lá rapidinho tá? - Ficarei aguardando. Paulo - Vou com vocês, porque eu também quero chocolate. Cecí - Então vai ser dois chocolates. Eles saem e agora o silêncio é incômodo. Erick - Ela chorou. (o encaro) - Sai do trabalho e passei lá e ela estava chorando. Conversei com ela e ela está com medo da sua nova realidade. Também está com medo do medo dela te atrapalhar, nessa sua nova vida. - A verdade é que eu também estou com medo, nem sei o que fazer. Erick - Tem que estar pronto. Doutor, c*****o! Nenhum filho da p**a te reconheceu? E coitada da minha amiga, nem sabia onde estava se metendo. - Eu não consigo me lembrar de nada, Erick. É tudo um vazio e isso me deixa com muita raiva, mais conforme as pessoas vão me contando histórias, mais eu prefiro ficar sem memória. Erick - f**a… f**a pra c*****o! Olha, se você contar pra ela que eu te contei isso, falo que é mentira sua viu. Ele como sempre sendo uma pessoa de energia impar, me fazendo rir nesse momento crítico. - Pode deixar, seu segredo está bem guardado. A minha princesa volta para o quarto cheia de histórias, dividimos o chocolate e logo em seguida o médico aparece. Luiz entra sozinho nos informando que Edna foi resolver um problema em casa, melhor assim eu não consigo ficar confortável perto daquela mulher. Está ficando tarde e eu não quero que a Amanda saia do meu lado, peço para que ela fique como minha acompanhante já que vou ter que passar a noite em observação. Paulo se oferece para ficar com a Ceci e o Erick em sua casa, e eu o agradeço imensamente por facilitar a minha vida. Já que a Amanda não iria aceitar deixar a sua filha com qualquer um, eu preciso corrigir isso, eu preciso falar com ela que eu quero o pacote completo. Eu não quero que a Ceci seja apenas a sua filha, eu quero que ela seja nossa. Decido que depois do exame vou falar com ela sobre essa questão. . . NARRADO POR ERICK A Cecí é muito espertinho, já correu para o carro. Adora um passeio, eu amo essa menina é também amo a mãe dela. A Amanda é a família que eu não tenho desde quando eu me assumi e apesar do meu jeito hétero que tive que aprender a ser, porque não é da parte da minha mãe que sofro retaliação, tenho que me virar com primos e tios também. Tive que esconder desde sempre a minha orientação s****l, por medo do que as pessoas pudessem pensar, até porque aqueles que deveriam me apoiar sempre me humilharam e cuspiam barbaridades. Foi muito duro me descobrir gay e não ter nenhum tipo de suporte de nenhum lado da minha família. E por saberem disso os meus primos achavam que podiam fazer o que quisessem comigo, tive que me livrar de muitos deles no soco e de um tio meu também, que encheu a p***a do cu de cachaça e achou que tinha liberdade comigo. Por eu morar em um barraco com quintal compartilhado, ele foi parar dentro da nossa casa bem no canto onde eu dormia. Dei uma surra no cão que queria abusar de mim, quando eu era adolescente. O pior nem foi isso, foi que depois de eu me defender e deixar o embuste com o olho roxo, ainda levei uma surra da minha mãe por acreditar nele e não em mim. Tive que aguentar calado isso e muitas outras situações por ser menor de idade e depois por causa da minha mãe que piorou de saúde.
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