Amanda 11

2267 Words
E como num súbito eu me levanto, saindo de suas garras, ontem era pra ter sido a nossa noite e não foi. - Eduardo? Ele logo percebe, até porque o pouco que estamos juntos ele já me conhece bem, eu não preciso dizer muitas palavras porque ele consegue me decifrar só em um olhar. Eduardo - Relaxa meu bebê, teremos outras noites para aproveitar. (diz sorrindo) Levanto p**a da vida e ele fica rindo na cama. E sim, estou brava, frustrada e decepcionada. Emburrada vou para o banheiro e entro no chuveiro, quando olho no relógio está marcando uma hora mais cedo do que eu estou acostumada a levantar. Mais essa ainda! Eduardo abre a porta do box e se junta a mim, me abraçando. Tomamos banho juntos debaixo demitas carícias, beijos e abraços eu amo esses momentos simples com ele. Porque em casa gesto dele eu me sinto importante, ele me faz me sentir amada. Eduardo - Vem, preciso falar algo sério contigo. Ele me estende a toalha e percebo seu rosto um pouco tenso. Voltamos para o quarto e enquanto eu me visto ele se senta na cama de cabeça baixa. Eduardo - Ontem eu e o Paulo conversamos bastante. - Eu percebi, você veio para o quarto bem tarde. Eduardo - Eu decidi que vou voltar para o meu apartamento e também vou procurar ajuda médica. Nesse momento eu estou colocando minha blusa, mas paro o encarando. - Certo, se é algo que você quer. Eu apoio você. Eduardo - Eu quero que você venha comigo, meu bebê. Eu não conheço essas pessoas e …. - Você também não me conhece. Eduardo - Amanda, eu confio em você e eu te conheço muito mais do que eles, eu queria que você viesse comigo. Pelo o que o Paulo falou, eu tenho uma condição boa posso cuidar de você e da Ceci. - Não sei Eduardo, eu tenho a minha vida aqui, foi muito difícil pra mim ter que recomeçar do zero e passar por certas situações. Eu realmente não sei se sou capaz de conseguir largar tudo assim de uma hora pra outra. Eduardo - Por mim, não vale a pena? - Eduardo por favor, isso não é sobre você. Você agora vai saber de onde veio, como realmente era a sua vida e eu não quero te atrapalhar nesse processo. E se os médicos que você for buscar tratamento forem bons a ponto de te fazer recuperar sua memória cem por cento e você acabar percebendo que eu não sou o suficiente pra sua nova realidade. De verdade, eu prefiro esperar aqui. Eduardo - Meu bebê, não me diz isso. O fato de eu te dizer sempre que estou completamente apaixonado por você, não é o suficiente? - Até agora, pra mim foi mais que o suficiente, mais não sei se daqui pra frente pra você vai ser. Sem falar que morro de medo de me decepcionar novamente. Eduardo - Eu nunca vou te decepcionar, Amanda. Você prometeu que iria ficar do meu lado, são só por uns dias. - E eu vou estar do seu lado, só não posso abandonar o meu trabalho. Eduardo - Por mim Amanda, por mim. Eu preciso de você comigo, do meu lado. . . Eu prometi estar com ele e foi por essas palavras que liguei para o Erick e pedi para ele me justificar no serviço, coloquei a Ceci na peria escolar e agora estamos aqui chegando na rua onde o Paulo mora. Chegamos na portaria e o Eduardo aperta o interfone. Eduardo - Por gentileza, viemos ver o Paulo Medeiros. XXX - Doutor Eduardo, o senhor pode subir, o senhor nunca pediu para ser anunciado antes, já é de casa. Eduardo me olha confuso e segura a minha mão com força, entramos no elevador qual o Paulo nos trouxe da última vez e subimos até o vigésimo sexto andar. O frio na barriga é incontrolável minhas mãos estão suando mais que o normal. Paulo - Que bom ter vocês aqui, fico feliz que aceitou a minha proposta, irmão. (Eduardo o cumprimenta com um aperto de mão e assente com a cabeça) - Entrem, vamos tomar café enquanto esperamos a chave. Antes eu quero te dizer que o tio Luiz quer muito falar com você. Eduardo - Eu não tenho nada para falar com eles. Paulo - Eduardo o tio Luiz gosta muito de você, ele sempre foi o elo de paz entre você e a sua mãe. Ele não tem culpa do temperamento forte da mulher que tem. Eduardo - E eu quero que saiba que independente de qualquer coisa a Amanda estará comigo. Paulo - Eu se quer poderia me indispor a isso cara, foi ela quem te ajudou quando a sua situação não era a das melhores. Esperamos por mais algum tempo até que o Luiz chega, hoje está vestido de terno e com um enorme sorriso no rosto. Realmente aquela mulher rouba a paz e o brilho de qualquer um que se aproxime. Luiz - Bom dia Eduardo, bom dia Amanda. Posso te fazer um pedido? (pergunta quando volta a olhar para o filho) Eduardo - Sim. Luiz - Posso te dar um abraço? (pergunta com a voz embargada de choro) É uma situação tão delicada, imagino a dor que esse homem sente por seu próprio filho não se lembrar quem ele é. Os dois se abraçam e o som do choro diz tudo, é angustiante ouvir ele expressar em lágrimas a falta que o Eduardo lhe fez. O meu amor o abraçou forte e com isso eu não consegui conter minhas lágrimas. Quero muito que tudo dê certo para os dois, independentemente do que possa vir acontecer. Luiz - Eu senti tanto a sua falta, meu filho. Nem pude acreditar, assim que soube que estava vivo liguei para a Bárbara. Eduardo - Quem é Bárbara? Luiz - Sua meia irmã, alguns anos depois de você nascer, eu e sua mãe passamos por um período não muito bom no nosso casamento. Eu quis me separar porém ela foi persistente, cheguei passar alguns meses longe de casa. Só que sua mãe não aceitou ser uma mulher separada, tudo por causa do nosso círculo de amizades. Então acabou insistindo pra que eu voltasse, só que nesse tempo em que fiquei longe dela eu conheci uma pessoa e dessa relação tivemos uma filha. Você já sabe dessa história é apesar da sua mãe não suportar a sua irmã, vocês se davam muito bem. Agora ela mora na Inglaterra mais disse que pegará o voo mais rápido que tiver só pra vim te ver. Uau, cada encontro uma surpresa nova. Eduardo - A minha mãe sempre foi assim? Difícil de lidar? Luiz - A Edna é um tanto exigente, mais é uma boa pessoa. Infelizmente ela é muito preocupada com o que os outros irão pensam ao seu respeito, caso aconteça algum escândalo e isso acaba atingindo o seu relacionamento com as pessoas da família. Eduardo - Entendo, mas não vou aceitar falta de respeito com a única pessoa que me estendeu a mão. Luiz - A Amanda já é da família, meu filho. (diz se virando pra mim é assim como em Paulo enxergo verdades em suas palavras) - O que ela fez por você, faz de mim um homem eternamente grato a ela. Sorrio amplamente, eu realmente não preciso de mais nada. Apenas a gratidão em suas palavras aquece em abundância o meu coração. . . Chegamos no apartamento onde o Eduardo morou e a fachada oponente mostra que não é qualquer pessoa que pode adquirir um imóvel aqui. Subimos até a cobertura que ocupa todo o andar, permaneço em silêncio e com o desespero tomando conta de cada célula do meu corpo. O Eduardo é rico, muito rico, muito mais do que eu pensei. Luiz - Até pouco tempo, Magnólia a sua governanta tomava conta de tudo juntamente com mais duas meninas, entrei em contato com ela e por sorte ela não está trabalhando, então pedi a ela que voltasse. Seus carros ainda estão na garagem, mantivemos eles como você os deixou, falta apenas um que … Ele não terminou de falar, mais entendemos que o carro que falta é o carro que o Eduardo sofreu o atentado. Paulo abaixa a cabeça e caminha até a grande janela que toma do chão ao teto e abre as cistinas cinzas, claramente incomodado com esse assunto, Luiz - Sobre as suas finanças, eu cuidei e está tudo guardado não mexemos em nada, até porque eu sempre mantive a esperança de que um dia você voltaria para nós, meu filho. Apesar das circunstâncias sempre me mostrarem o contrário. Eduardo - Eu não tenho como cuidar disso agora. Luiz - Não tem problema, eu sou apenas o tutor legal, não posso te impedir de mexer em nada. Só me torno completamente responsável com a sua ausência. Paulo - Você pretende voltar para esse apartamento? Eduardo - Eu e a Amanda iremos resolver isso. Luiz - Certo, assim que sua volta for anunciada, com certeza a imprensa vai querer uma nota sobre você e o que aconteceu, Amanda a sua presença será indispensável já que foi você quem o achou. - Claro, mais será que tudo isso vai ser bom para o Eduardo? Ele passou por coisas terríveis. Luiz - Como assim? Eduardo - Eu não lembro de muita coisa, só de estar ferido, sangrando e com muita dor. Caminhei por muito tempo em ruas e rodovias, até que desmaiei e acordei em um hospital público, fiquei por um tempo no mesmo e assim que melhorei me mandaram para a rua de novo. Como não lembrava de nada procurei uma viatura da polícia que estava de passagem porém eles me escorraçaram como um cachorro. Luiz - E ninguém te reconheceu, meu filho? Todos os dias o seu rosto foi estampado em todos os meios de comunicação, como isso pode acontecer? - Ele estava muito diferente das fotos que o Paulo nos mostrou, senhor Luiz. Luiz - Somente Luiz, minha querida. - Certo, quando eu o encontrei ele estava magro e muito sujo, algumas de suas cicatrizes ainda estavam vermelhas e ele sempre reclamava de dores de cabeça. Paulo - Cicatrizes? Eduardo levanta a sua camiseta e eles olham horrorizados para a sua pele totalmente machucada, com cicatrizes que dificilmente saíram do seu corpo e principalmente da sua alma. Luiz - Meu Deus, meu filho quem fez isso com você? Vou chamar o William aqui, ele precisa saber que você está vivo. Vendo a cara de confusão do Eduardo, Paulo começa a explicar quem é o William. Paulo - Ele é investigador e seu assistente. Você não deixou claro, mais parece que vocês estavam em alguma investigação, logo depois você desapareceu e William foi mudado de cargo, desde então não estamos mais sabendo de nada. . . EDUARDO Os dois homens a minha frente falam coisas das quais eu não tenho conhecimento, a verdade é que agora eu só queria a Amanda comigo, em nosso mundo existe uma paz inexplicável e só com ela eu consigo sentir isso. . . Estamos no escritório que um dia foi meu, reparo tudo porém não consigo me lembrar de nada, estou vagando em um vazio que me angustia. É como se eu soubesse de tudo, mas não me lembro de nada, a única pessoa que eu senti uma conexão mesmo sem saber explicar foi com o Paulo. Em nossa conversa na noite passada eu pude que éramos mais que amigos, as coisas que ele me confidenciou é de alguém que me conhece bem, mais até que qualquer outra pessoa. Luiz me explica sobre minhas finanças, algo que ele disse ser assunto pessoal. E pensar que todo esse dinheiro não me livrou de passar meses nas ruas, implorando por um prato de comida e muitas vezes o que me restava eram sobras da lata de lixo. Até a Amanda aparecer na minha vida, eu não tinha comido uma refeição digna. Nunca falei pra ela, mais na maioria das noites eu sonho com uma voz repetindo no meu ouvido “vai morrer por ser curioso demais doutorzinho”. Já sabendo dos meus pesadelos ela já fica completamente assustada, se ela imaginar que eu tenho flashes de quando eu sofri esse atentado com certeza ela não ficaria em paz um segundo sequer. Eu sempre me pego pensando que mesmo ela tendo pouco, lê-la dividiu comigo sem se quer esperar nada em troca. Nesse tempo em que passamos juntos ela se demonstrou ser uma pessoa tão pura e de um coração tão limpo. Eu não consigo entender como um homem que se diz homem, faz o que o genitor da Ceci fez. Abandoná-las assim sem mais nem menos, ainda bem que ela é uma pessoa forte sua história de vida mostra isso e eu serei eternamente grato pelo o que ela me fez. Meu sentimento por ela nasceu quando ela me ofereceu um teto, olhei bem em seus olhos e ela me parecia um anjo lindo, uma gota de mel no meio de toda dor e sofrimento que estava a minha vida. Achei que fosse loucura da minha cabeça e que era somente gratidão por sua bondade, até que eu não consegui me controlar, na verdade ainda não consigo e sei que ela também não. Apesar da minha realidade ser completamente diferente da dela, eu não estou disposto a perdê-la se eu tiver que reorganizar a minha vida será com ela e a Ceci junto comigo, de modo algum eu aceito perdê-las.
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