Capítulo 9

2262 Words
Meu primeiro dia no trabalho, a loja no bairro São João, mesmo lugar de antes, no meu primeiro dia vendi mais que todas as vezes que eu vendia antes! Eu sabia que todo mundo ia lá só pra ver como estava o meu físico, se eu estava machucada, ou com hematomas, eles não se seguravam e sempre perguntavam o que tinha acontecido, e eu só dizia “ o que você viu na tv ” As pessoas não entendiam que eu queria esquecer aquilo, onde eu passava, era motivo de olhar e cochichar com a pessoa ao lado, aquilo me fazia muito m*l. Deu 12:00 e fui almoçar no restaurante da minha irmã, sento perto da tv virada pra rua, todo mundo me olhando, então sentei de costas. E não deu 1 minuto. Começa o jornal e de cara falando sobre o meu caso minha cara bem grande na tv e eu na mesa comendo, fica todo mundo olhando pra minha cara, algumas pessoas levantaram e iria até a mim. Minha irmã deu um grito - Gente, minha irmã precisa de espaço, deixa ela em paz! Eu nem consegui comer, levantei e fui pro meu tio. - Tio, desculpa, eu não consigo! Ao lado tinha a barbearia do Cinho, ele viu eu voltando correndo e vem na loja e me abraça. - Vai pra casa vai menina, você não precisa passar por isso, sabemos que você é forte, não precisa passar por isso pra provar. Abracei ele, chorei e fui pra minha casa. Eu tinha jogado nos grupos de uns amigos meu a foto do Matheus, que inclusive tinha uns amigos policiais que também divulgou as fotos. Fui pra casa e recebo uma ligação de um amigo meu que era policial. - Andreza, estou de folga e vim pra academia, passei na rua e do de cara com o Matheus com a esposa, segurei ele aqui e chamei um amigo, vamos levar ele pra delegacia, vou te enviar a foto dele. Quando vi a foto, parecia estar mais baixo, mas o rosto era o mesmo, mas aí pegou a identidade dele e viu que era outro nome, porém o mesmo sobrenome. Mesmo assim falei pra levar pra delegacia, poderia estar com identidade falsa, e ele era o cara das fotos que eu tinha conseguido. O policial levou ele pra delegacia e eu cheguei logo em seguida. Não consegui ver ele pessoalmente, já tinham levado ele pra sala. A mulher dele estava lá já dando o depoimento dela, que eu estava mandando mensagem pra ela e mostrou a conversa. Pediram pra eu não ficar perto da família dele, mas eu sou muito teimosa, fui com tudo em direção a ela na parte de fora. - Eu ouvi você falando do meu celular que estava na sua casa, foi ou não foi ele? - Não foi, meu marido é o irmão dele, realmente eles se parecem muito, mas quem fez isso com você foi o irmão dele que fugiu, meu marido tem nada a ver com isso, ele é dono da boca e eu estava com ele no dia. Realmente ele era o irmão, mas se tem o irmão, tem como saber onde ele estava, era só perguntar onde estava, mas não foi bem assim. Deixaram ele preso por uma semana, por tráfico de drogas, e soltaram, sem nem perguntar sobre o irmão dele. Eu fiquei muito p**a, muito mesmo, eu sozinha entreguei tudo de mão beijada, era só pesquisar mais, era só pesquisar, o que custava? A família dele ficou com raiva de mim, claro! Mas eles tinham que entender, eu estava morta por dentro. Deixei tudo isso pra trás, parei de pesquisar, era perca de tempo saber de cada detalhe e entregar pra polícia e eles fazerem nada. Virei outra pessoa de fato, me tornei uma pessoa fria e calculista, eu não queria mais desperdiçar o meu tempo, não queria mais chorar e nem ficar em casa. Botei uma máscara em meu rosto e decidi voltar como era antes, mesmo por dentro sabendo que não era. Depois de uma semana em casa, voltei pro meu trabalho novamente. Pra tentar voltar minha vida, Passando uns 15 dias mais ou menos, minha amiga Manuela me chama pra um aniversário, em frente ao shopping pra eu me distrair um pouco, disse que seria um churrasco só, e era uma casa bonita, na frente do shopping mesmo ali em Cabo Frio! Eu pensei “ bom, ali fica vários policiais, e um churrasco só dentro da casa só com pessoas próximas, acho que vou” Perguntei de quem era o aniversário e ela disse que era de um amigo dela, era de confiança e tal. Beleza, vamos! Avisei minha mãe, fomos de uber, eu Manuela e Irvini. Chegamos lá, tivemos que esperar ao lado de fora até certo horário, o portão tinha hora pra abrir e fechar, achei estranho mas tudo bem, na frente tinha uma viatura, fiquei mais confiante ainda, pela polícia estar ali, e o portão abre e sai um rapaz. - Bora, entra, entra, não pode demorar. Ué gente, doideira é essa? Entramos, assim que entramos percebi várias pessoas estranhas, tinha churrasco realmente e cerveja, eu ainda não podia beber pelos remédios que eu estava tomando, então fiquei em pé em um canto junto com as meninas, tava tudo um pouco escuro luzes apagadas, só tinha luz na churrasqueira, tinha muitos meninos, estranhos também. Não me senti bem. - Amiga, quero ir pra casa, não tô bem! Foi uma péssima idéia eu ter vindo. - Tá bom! Vou só falar com o aniversariante e vamos pode ser? - Pode! Quando eu olho pra baixo, tinha uns 4 meninos com tornozeleira no pé. Misericórdia que isso? -Amiga, olha pro pé dos meninos, vamos embora AGORA. -Meu Deus, amiga eu juro que não sabia, ele é de boa, jamais imaginaria que teria gente assim aqui depois falo com ele, mas vamos embora. Fomos pro portão, e tinha um cara no portão e falou assim. - Só pode sair 21:00 horas, tem tempo pra abrir e fechar. - Tá doido? Abre isso. - Não pode! Pqp, ficamos no cantinho e percebo alguém me olhando me encarando, estava meio escuro mas eu olho bem e quando olho fixo. Vou caindo pela parede. - Amiga, é ele ou o irmão dele, é ele ou o irmão dele amiga! - Andreza, para de doideira, para com isso, você tá vendo coisas, por favor, já vamos embora, mas para com isso. - Irvini vem cá, olha, é ele, acredita em mim, não tô mentindo, é ele! - Andreza, para com isso, eu sei que machuca muito, trouxemos você pra você relaxar a mente, mas realmente é melhor você ficar em casa! - Vocês não acredita né? Peguei meu celular e mostrei a foto. As duas começaram a passar m*l. - Aí Jesus, é ele mesmo, ele ou o irmão, parece muito. Manuela ficou na minha frente me tapando e dizendo. - Não vou deixar nada acontecer com você! A polícia está ali na frente, confia em mim, falta 10 minutos pra 21 horas, o portão vai abrir e a polícia está no portão, a gente manda a polícia entrar. - Manuela, para de ser ingênua, uma festa dessa, cheio de bandido, a polícia está aí na frente de cobertura, eles pagaram pra polícia. O menino percebeu nosso desespero e levantou, entrou dentro da casa e volta com outra blusa, e um chapéu. E para na nossa frente, tira a arma e aponta pra mim . Só vi Irvini caindo de um lado. Manuela entra na minha frente e eu fico paralisada olhando pra ele. Ele começa a dançar e balançando a arma na minha direção e o portão abre. Manuela e Irvini puxa o meu braço e me puxa correndo. E eu corri sem olhar pra trás, o pessoal da festa ninguém olhou, ninguém se importou, ninguém fez nada, e eu nem queria saber o motivo deles falarem nada, só corri. Demos de cara com a polícia e a gente nem falou nada, era perda de tempo, a polícia estava comprada por eles. Corremos sem parar até uma lanchonete e chamamos o uber. Irvini passou m*l, Manuela em estado de choque me pedindo perdão e eu sem saber o que falar. Era o irmão dele realmente, fui pra minha mãe, e não falei nada, com medo dela brigar comigo que eu sai, e ainda acontece isso. E eu falei pro meu tio que iria trabalhar no dia seguinte. No primeiro dia trabalhado, pedi um uber pra ir pegar roupas minha em Petrussia, na nossa casa. Por sorte o uber era um conhecido da família, era da minha antiga igreja, Fabiano. Entrei no carro ele falou comigo e comentou sobre o caso. Depois de uns 5 quarteirões ele pega e fala - Andreza, não quero que fique assustada, mas desde a hora que peguei você, o carro começou a vir na nossa direção, ele estava parado na frente do restaurante da sua irmã. - Fabiano, não faz isso comigo não, pelo amor de Deus, não fala isso pra mim. - Vamos fazer um teste, vou entrar nessa próxima rua e depois fazer um círculo. Ele entrou na rua, assim que ele entrou, o carro entrou também. Fiquei em desespero. - PQP É ELE, corre Fabiano, corre, não vai pra minha casa, pega a pista principal, não pega a pista de dentro. Ele correu com o carro e o carro atrás começou a correr também, seguindo a gente, o Fabiano foi a mais de 150km pela pista, e o carro atrás, ele teve a ideia de virar o carro com tudo, no posto que tinha novo ali no bairro São João, e virou com tudo, aí o carro obrigado passa direto, e para mais na frente, aí o Fabiano entra na rua correndo e entra em outra rua pra despistar enquanto ele tenta voltar. Conseguimos fugir, e fiquei na minha mãe, cheguei em casa contando o que tinha acontecido, não só do carro, como também no dia anterior. Fomos na delegacia, e eles disseram que poderia ser coincidência, não poderia ser eles. Já era noite e estava chovendo, recebi uma mensagem estranha no celular e fomos pra casa, cheguei em casa e falei. - Mãe, não posso mais viver aqui, preciso ir embora, liga pra tia, vou morar com ela em Niterói! Todo mundo concordou que eu não poderia ficar mais em São Pedro, no mesmo dia me levaram, chovendo, quase de madrugada, eu que fui a vítima, tive que mudar minha vida e meu destino, por causa de pessoas que me fizeram mau. Cheguei na minha tia já de madrugada e tinha um quero reserva, ela deu pra mim e disse que eu poderia ficar quanto tempo eu quisesse, um ou dois anos. Agora aquela seria minha vida, morar longe da minha mãe, dos meus amigos, de todo mundo. Ganhei uma segunda mãe, minha tia e minhas primas, me acolheram de braços abertos, cuidaram de mim como se fossem todos minha mãe mesmo, graças a Deus eu tenho uma família muito abençoada, qualquer situação a gente da um jeitinho. E ali sem ninguém me conhecer direito, tentei recomeçar minha vida do 0. Estava sem trabalho, sem estudos, sem minha casa, sem minhas conquistas. Perdi tudo, eu estava sem esperança na vida. Mas no outro dia, minha prima me deu um emprego, trabalhei na loja dela, como era outra cidade, decidi de fato deixar tudo que me machucava pra trás. Fiquei muito tempo sem voltar pra São Pedro, recomecei minha vida do 0. Com o tempo meus sentimentos foi voltando sabe, comecei a sorrir mais, os clientes me adoravam, iam lá comprar as roupas comigo, voltei a brincar com as pessoas, e comecei a conversar com um amigo meu que morava em Niterói, éramos muitos amigos, eu não sentia nada por ele, paixão nem nada, mas ele queria muito começar algo comigo, cuidar de mim, e eu não tinha ninguém lá, conversei com ele que seria difícil eu me abrir por completo, depois de tudo que tinha acontecido, falei que se ele quisesse me conhecer tudo bem, mas tudo dentro da casa da minha tia, eu não estava pronta pra sair muito. Nem ficar a gente tinha ainda depois do nosso reencontro, e apresentei pra minha família dizendo que tentaria algo novo, todo mundo ficou feliz e disse que no momento talvez fosse o que eu precisava. O André foi uma ótima pessoa na minha vida, me ajudou muito, foi super gentil e carinhoso, mas infelizmente não era o que faltava na minha vida, conversei com ele que eu não poderia tapar os buracos da minha vida fácil assim, eu ainda precisava de um tempo, agradeci pela compreensão, agradeci pela pessoa maravilhosa que ele foi comigo. Percebi que eu precisava me curar primeiro pra ter um relacionamento, eu não estava completamente curada, talvez eu nunca estivesse. Passou quase um ano, lembro de ter postado alguma coisa nos stories e vejo uma notificação. “ Gustavo respondeu ao seu story ” . Aí meu coração não aguenta. Depois de quase um ano, olha quem aparece, meu coração sempre gelou quando via algo dele, não sei dizer o motivo pós nunca namoramos, nem ficamos tanto tempo assim. Não era um gelo do tipo “ ah nossa, amo ele” . Não era, era um gelo de sentimento realmente. Só não sei explicar o sentimento, gratidão talvez, carinho por tudo que passamos, afeto. Mas era sim algo muito bom! E abro a mensagem. “ …. Continuação capítulo 10.
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