E se eu recusasse?

Capítulo 10

“ Tá linda! , como você está? ”

Queria dizer que melhor agora kkk mas eu não ia da essa moral né.

“ Oi, obrigada!! Tô bem e você? Quanto tempo!! ”

“ Estou bem também, está morando em Niterói né? ”

“ Então, estou sim, mas estou aqui na minha mãe hoje, vim passar um tempinho com ela, mas e você, tá bem mesmo? Tudo certo?”

“ Entendi, tudo sim! Meu aniversário hoje! ”

" Caramba, seu aniversário? Não sabia, parabéns!! Se eu soubesse mandaria um bolinho pra você!! Rs ”

“ Sim, olha que aceito mesmo hein, pode trazer! ”

Será que ele tá me chamado pra sair? Ou falou isso zoando? Aí meu Deus, não brinca assim com meu coração que tá frágil, cara kkk

O que eu falo gente?! Tá deixa eu pensar.

“ Vou mandar fazer então hahah ”

“ Quer da uma volta hoje? Tem jogo do Flamengo, se quiser podemos ir ali no barzinho casa do chopp em São Pedro ”

Meu Deus do céu, o que eu falo? Pensei que esse garoto estava com traumas de mim, pensei que ele nunca mais iria querer nem me ver. Vai fazer um ano já, um ano, seria muito azar ele me buscar e acontecer alguma coisa de novo, Deus me livre. Fiquei 5 minutos pensando, se eu queria ir? ÓBVIO QUE SIM!

Mas não era qualquer pessoa né, como eu falei, não existia sentimento de paixão nem nada do tipo. Mas tinha alguma coisa que eu não sabia explicar.

“ Vamos! ”

“ Quer que eu te busque de moto? Sei lá, não sei se no carro você vai se sentir bem! ”

Superação Andreza, você superou, já deu um jeito na sua vida, o carro não vai te afetar, é só mais um carro. Não deixe isso atrapalhar de novo o encontro de vocês!

De moto meu cabelo iria ficar horrível, de carro, eu não saberia como seria minha sensação na hora, será que é melhor eu ir?

Falei com minha mãe.

- Mãe, Gustavo bem me chamou pra sair, o que acha?

- Vai ue, só cuidado agora, manda pra sua irmã onde você vai estar, vai sim e conversa com ele, vê se ele tá bem mesmo, pelo menos pra saber se ficou tudo bem!

“ pode ser de carro sim, tem problema não! ”

Eu fiquei muito nervosa, falei pra ele me pegar ali perto da casa da minha mãe, ninguém sabia que eu estava em São Pedro, eu não postava quando estava lá, só uns 3 dias depois mais ou menos, pra não ter perigo de alguém ir atrás de mim, sei lá.

Me arrumei e fui, quando sai do portão, dessa vez eu corri entrei no carro e já seguimos o caminho, sem parar muito tempo pra se comprimentar agora kkk

Foi muito estranho entrar no carro, fingi que estava tudo na paz, que não estava nem ligando, mas eu não consegui olhar muito pros detalhes do carro, fiquei olhando pra rua mesmo normal e conversando sobre a vida com ele.

Paramos no barzinho e fomos assistir o jogo, conversamos bastante, mas nada sobre o ocorrido, eu não conseguia falar e nem ele, acho que ficamos sem graça de tocar no assunto. Dessa vez foi uma noite maravilhosa, não teve nada anormal pra atrapalhar, eu conversava com ele, e ele ficava parado assim olhando pra minha cara, eu fiquei sem graça e ri gente, juro. Aí ele me dá um beijinho.

Ah não, cara fico fraca com isso kkkkk

Poderia ter sido assim minha noite no dia 02 de maio de 2019. Seria mais uma noite normal e feliz talvez, mas infelizmente aconteceu tudo que tinha que acontecer, e a vida passa sabe, devemos dá valor realmente pra cada detalhe, ali naquele momento eu percebi que se não tivesse acontecido aquilo, eu não teria dado tento valor a cada momento da minha vida hoje!

Foi onde eu percebi de vez que eu poderia sim superar tudo isso, esquecer? Jamais! Superar sim.

Dei mais valor a minha família, todo ano novo eu passo com minha família agora, natal e ano novo, antes eu passava só com meus amigos, mas a gente percebe que o melhor da vida é passar cada momento com quem realmente nos quer bem!

Depois deste dia, que encontrei ele, e vi que ele estava bem, acalmou meu coração, fechei de fato essa história! Eu precisava mesmo disso, de uma conversa com ele, não sobre o assunto, mas olhar pra ele e ver que ficou tudo bem também!

Por fim o tempo passou, voltei pra Niterói, fiquei mais um bom tempo com minha tia.

O Gustavo continuou em São Pedro.

Depois de mais um tempo eu voltei pra São Pedro, decidi morar com minha mãe, foi onde entrou a pandemia, e fiquei mais tempo ainda com minha família.

O meu caso infelizmente está em aberto ainda, depois disso ninguém resolveu mais, fui chamada mais vezes na delegacia, só pra ver algumas coisas, mas nada demais. Até hoje ninguém sabe onde está o Matheus, pensei em algumas vezes tentar achar dele de novo, mas não vale a pena!

Minha paz vale muito mais que isso, e sei que nessa vida, nada passa batido, ele vai sim pagar o preço, ou se não já pagou o preço e eu não sei. Decidi continuar minha vida, decidi dá mais uma chance pra mim, pro mundo, mas só que tudo diferente dessa vez. Eu me permito a fazer o que eu quiser, menos coisas que possa me colocar em riscos, e usar drogas, isso nunca me permiti.

Mas de resto, se me der vontade eu pego e faço, quando a gente sente na pele a sensação da morte, a gente sabe que merece ser feliz, sabe que merece se permitir a qualquer coisa.

Me apaixonei na pandemia, fomos morar juntos depois de um tempo, conheci pessoas incríveis, como a Clara, Wesley, fiquei mais próxima da Tainá. Tantas pessoas que fizeram parte da minha superação, principalmente o Yan, que foi a pessoa que namorei e ficamos junto por um bom tempo.

Por eu ter me privado de sofrer na época, depois de um tempo, achando que tudo ficaria bem e que eu nunca mais iria sofrer, veio à tona, passei uns 3 meses direto sofrendo por aquilo,me deu crise de ansiedade, crise de choro. Não sei explicar, comecei a sentir medo de morar ali em São Pedro novamente, mas Yan me ajudou muito com isso, foi um relacionamento muito tóxico.

Como namorado não dava certo, mas como amigo ele foi uma excelente pessoa. Me separei, levei uma gaia na cabeça, mas fiquei bem, ainda sinto que fiquei bem fria depois do ocorrido, nada consegue me afetar muito.

Muito difícil eu ficar muito chateada com alguma coisa, pra mim tudo está muito bom, se dá pra fazer ótimo, se não dá, beleza!

Recomecei tudo, reformei minha casa, minha própria, nunca deixei de trabalhar muito pra conseguir minhas coisas, Gustavo foi transferido pro Rio, mantemos contato, mas na amizade mesmo.

Minha vida estava voltando a ser normal, até o dia que recebi uma ameaça no Twitter, não sei de quem era, mas dizia “ Tá achando que tá esquecida né, você não passa batida não viu ” .

Aí falei com minha mãe, que eu queria muito morar em outro lugar, eu não me sentia segura lá mais.

Voltei a trabalhar com Jhury, como produtora, depois de um tempo eu tive a oportunidade de ir conhecer São Paulo, Franca, passei 15 dias em Franca, eu amei a cidade, era muito calma, tranquila, do jeito que eu queria viver, e conheci também o Vinícius, outra pessoa maravilhosa que passou pela minha vida, me ajudou muito, um pouco ranzinza, reclama de tudo kkk mas um ótimo parceiro. Conheci os amigos e a família dele que me recebeu super bem, a Ana, dona Claudete o pai dele, o Lemos, a Mavi, a Yasmin, a Sofia, me senti em casa, eu amei conhecer Franca, amei as novas pessoas que eu tinha conhecido. E decidi ficar.

Na cara e coragem com uma mala, liguei pra minha mãe e disse.

- Mãe, achei o meu lugar, eu vou ficar aqui!

E foi o que eu fiz, vi a casa, comprei os móveis, ajeitei minha vida e fiquei.

Fiquei um tempo com o Vinícius mas também não deu certo, deu certo só na amizade mesmo, e ficou tudo bem. Hoje minha vida está completamente diferente de antes, me sinto feliz! Sou feliz onde estou, sou feliz com meu trabalho, sou feliz sozinha também do jeito que está, eu amo minha própria companhia, ter mais alguém ao meu lado é bom, mas não preciso de ninguém ao meu lado pra eu ser feliz, achei minha felicidade sozinha, e se vier alguém novamente, será pra compartilhar felicidades. Não pra preencher o vazio em meu peito, como era antes.

Eu não aceito tudo que aconteceu comigo, até hoje não sei do porque isso tudo teve que acontecer comigo, não só comigo, mas como isso também pode acontecer com várias mulheres neste mundo. Eu fui muito criticada por voltar a viver minha vida, por mulheres mesmo, a maioria. Pessoas do meu próprio bairro que me viram crescer, falaram tantas coisas ao meu respeito. E percebo que o mundo realmente tem pessoas assim, sem amor no coração, onde precisam jogar pedras em uma pessoa que já está ferida. Não aceitam que você pode sim ser feliz depois de uma tragédia, ou que ao menos você quer tentar recomeçar.

Não seja esse tipo de pessoa, guarda pra você sua opinião, caso não for agregar em nada, guarde contigo, talvez o mundo comece a melhorar se você começar a fazer sua parte!

Por fim, chega janeiro!

Em janeiro o Gustavo estava conversando comigo e ele disse assim.

- Olha, fui transferido de novo, e você não sabe pra onde. Adivinha?

- São Paulo?

- Sim, São Paulo hahaha

O destino doido, realmente minha vida merecia um livro, a cada dia é um desafio novo, cada dia uma história nova, e a pergunta é. Qual será o próximo capítulo?