7 capítulo

2744 Words
-Andreza? - Oi? - Está em condições de falar tudo que aconteceu? - Sim!! Estou. Vamos começar! Sentei na cadeira, o delegado, o escritor e mais dois rapazes sentaram também, ficamos em uma sala com muitas pessoas, minha irmã ficou ao meu lado o tempo inteiro. O escritor se ajeita, organiza tudo pra começar e manda eu começar. - Pode falar, Andreza! Conta tudo desde o início. Bom! Essa parte vocês já conhecem, contei tudo detalhadamente, sem pingar uma gota de lágrima dos meus olhos! Eu fiquei igual um robô, contando tudo. Meus olhos caídos, eu sentia meus olhos caindo de tão cansada que eu estava, foram mais de 10 horas na delegacia, contando tudo com muitos detalhes, depois me botaram em outra sala e fizeram eu contar tudo de novo, pra outra pessoa. E assim fizeram mais de 3x, tive que contar a história pra pessoas diferentes, a única coisa que eu comi, foi um salgado, pela metade ainda. Eu não consegui chorar no primeiro dia na delegacia, tentei dar detalhes sobre como eles eram e eu não lembrava, e eu não conseguia decifrar o rosto deles. Senti muita raiva de mim, por não saber descrever de como era cada rosto, o único rosto que por cima eu lembrava algumas coisas, era o menino mais novo. Tive que ver uma porrada de fotos de suspeitos, pra ver se batia, uma atrás da outra. Nisso já tinha se passado 13 horas, e eu ainda não tinha dormido, nem comido nada. Quando foi umas 21:30 da noite, me liberaram e disse que eu tinha que voltar no outro dia. Quando eu sai da delegacia, achando que todo mundo já tinha ido embora, vejo vários repórteres ainda me esperando. Eu nem andando direito estava ainda, pelas vacinas, pelo estupro também, fiquei mancando por 15 dias. Quando sai, meu irmão me buscou e me botou dentro do carro. Eu realmente não consegui ter nenhum sentimento no primeiro dia, nem de tristeza, nem de ódio, senti nada naquele momento. Eu estava literalmente um robô, só sentia meu corpo caindo, eu bloqueei meus sentimentos, não sei se foi por medo de não aguentar, ou pela fatalidade e de imediato fiquei fria por dentro. Fui pra casa da minha mãe, quando cheguei lá, tomei um banho novamente, e sentei na cama da minha mãe, tinha uma boneca jogada na cama, e eu só peguei a boneca e comecei a ninar, sentada na cama, ninando a boneca e olhando pro teto. Fiquei fora de mim, eu não conseguia fazer outra coisa além de balançar a boneca nos meus braços, como se fosse minha filha. Eu fiquei um bom tempo assim, até que… -Andreza? Minha irmã Dhayane me chamando, escuto lá no fundo, a voz dela e ao mesmo tempo escuto ela chorar e chamando minha mãe. - Isso acabou com ela mãe, olha o estado de Andreza! Ela falava baixinho, mas eu lembro de cada palavra dita de todo mundo na minha casa, eles tentavam falar baixo, mas eu escutava tudo, meus pensamentos estavam em silêncio total, então qualquer passo eu escutava. Meu irmão Wellington estava lá em casa também, lembro que ele chegou, deitou nos meus pés e chorou me abraçando, e eu sentada quieta. - Andreza? - Oi, Dhay! - Irmã, você precisa chorar, botar pra fora tudo que está sentindo, se você não chorar, vai acabar com você por dentro. - Ok! Escuto passos de pessoas subindo as escadas. Minha irmã Taty chega com um celular de presente. - Irmã? Toma de presente pra você! - Obrigada Tatinha, e obrigada, tio Marcos! Amo vocês! Peguei o celular e o novo chip que ganhei, liguei o celular e botei minhas redes sociais. Pum, só tinha o meu rosto estampado em todo lugar, várias notícias que tinha saído nos jornais, vários amigos, colegas e pessoas que eu não conhecia, compartilhando. Mais de 40 mil mensagens pra mim, e meu cabelo molhado, pingando na tela do celular. Foi quando liguei a câmera e vi meu estado, vi minha alma, e foi quando minha ficha caiu. Ainda sentada na cama, eu olho pra frente onde tinha um espelho, meu coração começa a voltar as emoções e acelera muito, voltei pra realidade e percebi o que de fato estava acontecendo. Tive um ataque de pânico e fui pra sala pedir ajuda pra minha irmã, ela é muito mais desesperada que eu. Chorei sem parar e ela me deu um calmante, minha mãe fez um miojo pra mim, que era o que iria descer naquele momento, comida pesada, não descia, e mesmo depois do calmante, eu fiquei sentada no sofá, chorando. O travesseiro nas minhas pernas com o prato por cima, comendo o miojo e chorando sem parar. Não consegui parar de chorar, cada sopro na comida, era um sopro de choro de soluçar, olhando pra frente, pra porta da minha casa. Minha mãe me botou na cama, pediu pra eu dormir, disse que aquilo estava me fazendo m*l por eu estar sem dormir, quase dois dias. No quarto da minha mãe a cama fica ao lado da janela, que da direto na varanda, perto da escada. Tomei mais um remédio pra tentar dormir, fecho meus olhos e tento pensar em outras coisas, pra conseguir dormir. Dei um cochilo e não deu nem 5 minutos, e eu via todos eles no meu sonho, vindo atrás de mim, e conseguindo me pegar, eu tentava correr e eles me alcançavam, tirava minha roupa e me estuprava de novo. Acordei na mesma hora, quando eu abro meus olhos, vi os dois meninos na janela e dei um grito. - Aaaaaaaaah, vai embora, me deixa em paz. Minha mãe acorda na mesma hora e corre pra fora pra ver o que era, não tinha ninguém, eu realmente estava ficando doida, eu estava delirando, vendo coisas, e eu via eles por todo canto. - Mãe, não vou aguentar, mãe. Meu peito dói muito, não consigo respirar, não consigo parar de pensar nisso. - Calma minha filha, não fica assim deita aqui, sai da janela, vou fazer um chá pra você, tenta dormir, o portão está trancado, seu irmão está acordado, ninguém vai entrar aqui. Minha mãe e minha irmã ficaram ao meu lado, sem saber o que fazer, minha mãe em nenhum momento chorou na minha frente, mas enquanto eu fingia estar dormindo pra ela se acalmar, eu ouvia ela chorando na sala, orando bastante, com os joelhinhos dobrado. Aquilo cortava o meu coração, eu só queria que tudo aquilo acabasse, queria que as pessoas parassem de falar comigo sobre isso, queria muito sumir naquele momento. Fiquei sem dormir novamente, quando deu 5 horas da manhã, vem minha irmã, com um copo d’água e os remédios que eu precisava tomar, pra não pegar nenhum tipo de doença. [7:00hrs] da manhã. Sábado. Meu celular toca, sim meu celular que eu tinha acabado de ganhar, chip novo. - Oi! - Oi Andreza, aqui é a Delegada, poderia comparecer na delegacia? Você precisa reconhecer dois corpos. Oi? Reconhecer os corpos? Eles morreram? Não, não. Calma aí, deixa eu processar isso, como acharam eles se nem eu sei quem é? COMO MATARAM PESSOAS, SEM SABER QUEM É? Meu Deus, Mataram as pessoas erradas, não acredito nisso, tudo culpa minha, tudo culpa minha. - Delegada, impossível ser eles. - Andreza, tem um bilhete ao lado dos corpos, liga a tv. Saio correndo e ligo a tv, 7:00 horas da manhã e já tinha no jornal falando que possivelmente seriam os e**********s, que eu iria reconhecer os corpos. Desligo a ligação e já tem outra ligação. - Alô é Andreza? - Sim, quem é? - Andreza, você está ao vivo, na rádio com a gente, conta pra gente, como você está se sentindo com a morte dos meninos! Desliguei meu celular, tirei o chip, e fui pra delegacia. Dessa vez tinha muito mais repórteres que no dia anterior. Agora eu entendia o motivo das pessoas quando passa na tv, sai andando sem falar uma palavra pra televisão. É uma invasão com sua vida, fazem perguntas sem sentido pra ver o que você vai responder. Desta vez, não fui mais pra delegacia de baixo, me transferiram pra DEAM, delegacia da mulher. Subo as escadas e no meio da escada está Gustavo na janela sozinho, olhando pra fora. Meu coração gelou e eu corri e abracei ele. - Graças a Deus você está bem, que loucura, como você está, Gustavo? Seu rosto está machucado, seu nariz arranhado, cadê sua família? Ele me olha assustado com aquela situação, minha mãe e minha irmã dá um abraço nele e continua subindo, deixando nós dois sozinhos pra conversar. - Eu tô bem, está tudo bem! Minha família não sabe, não contei pra ninguém, só o pessoal da marinha que sabe, e meus amigos que mora comigo, queria te pedir pra não dizer quem sou eu lá fora, pros repórter ou no f*******:, obrigada também por não ter falado antes o nome do “ amigo “ que estava com você, minha família mora longe de mim e eu não quero preocupar meus pais. Tudo bem? - CLARO! Eu não falei por este motivo mesmo, a vida é sua, cabe a você dizer quem é ou não, e isso pesa mais pra mulher, antes mesmo de eu postar, os repórter já sabia, tinham me ligado. Mas pode ficar tranquilo, só vamos tomar cuidado em alguém filmar nós dois juntos e especularem que é você. Terminamos de subir a escada e escuto uma senhora gritando. - Não foi o meu filho que fez isso, meu filho não! Eu nem cheguei a ver quem era, na mesma hora um policial Civil pegou no meu braço e me botou trancada em um quartinho, disse pra eu não sair dali, pela minha segurança. Esperei quase uma hora e me levaram pra outra sala, foi onde conheci a delegada, Juliana que passou o meu caso, todos da delegacia DEAM de Cabo Frio, me trataram super bem, não tenho palavras pra descrever o suporte que me deram, principalmente a delegada, Juliana que me deixou a vontade pra eu fazer o que eu quisesse. Chegando nesta sala, a delegada me disse o seguinte. - Dois corpos foram encontrados, com um bilhete ao lado, dizendo que era os e**********s, os corpos estão em Araruama, você precisa ir reconhecer. - Delegada, eu não quero ver ninguém morto, nunca reconheci corpo de ninguém, eu não lembro do rosto deles, tenho medo de reconhecer e não ser eles, e eles mesmo estar vivos e depois vir atrás de mim. Preciso de algo concreto que prove que foram eles. - Temos que esperar da o horário, 9 horas pra gente ir no posto estrela Dalva pega as filmagens. - Temos que ir na lanchonete, pegar as imagens lá também, a menina mandou mensagem afirmando que foi lá o assalto. - Manda menagem pra ela, pega o endereço e vamos lá agora. Fiz o que ela pediu, entrei em contato com a menina e fomos lá pegar as filmagens. Eu não reconheci o caminho, comecei a achar que não era a mesma lanchonete, até chegar lá e ver os quadradinhos vermelho, branco e amarelo. Igual eu vi quando estava deitada, foi onde reconheci. Os donos da lanchonete me viram e me abraçou, a moça que tinha desmaiado, me abraçou bem forte, chorou e pediu pra eu entrar. Botaram na tv as filmagens, e quando me deparei com todas as filmagens, passou um filme na minha cabeça, tudo que eu lembrava, batia de fato com os vídeos, eles indo assaltar, a outra câmera que dava direto pra rua, pegando o carro. Pegava eles voltando e abrindo o carro. Pegou certinho o menino mais novo abrindo o carro e balançando minha cabeça, depois dando um mini sono na minha cabeça. Eu só imaginado, era difícil, a lembrança, mas ver com meus próprios olhos, foi bem pior. Pegamos as gravações, passamos no posto e pegamos também as gravações do horário que fomos lá. E era tudo como eu tinha contado, sem tirar e nem por. Fomos pra delegacia, e eu não queria ir em Araruama, a delegada então, conseguiu a foto dos corpos pra eu identificar. Quando vi a foto deles no necrotério, não consegui parar de olhar, estava muito inchado, e o corpo e rosto costurado, era muito difícil de afirmar, realmente o mais novo que eu vi bem o rosto, parecia muito, mas eu não pude da a certeza que eles queriam. Então subimos pra delegacia da mulher novamente e pedi pra delegada. - Delegada, eu posso usar seu computador? Posso ver os vídeos do assalto no computador e por a foto deles encontrados mortos ao lado? - Andreza, pode sim, mas você está bem pra fazer isso? - Estou muito mais que bem, delegada. Eu preciso disso! - Então fique a vontade. Sentei na cadeira, peguei o vídeo do assalto e botei em câmera lenta, segundos por segundos. Botei a foto deles encontrados mortos ao lado e a foto deles no necrotério. Comecei a ver detalhes por detalhes, era difícil de ver, pós o que estava morto era o motorista que estava no carro comigo enquanto eles assaltaram, e quem tava no vídeo era o tal chefe, e o mais novo. Quando vi o vídeo eu já sabia que o tal chefe não estava morto, então foquei no mais novo. Comecei a passar todos os detalhes, blusa, short, sapatos, cor da pele, tatuagens. Era muito difícil ter uma resposta, a delegada tentou me ajudar mas ela não encontrava. Até que do zoom na foto deles deitado no chão e vejo o boné azul. Era o boné que o tal chefe pegou do menino mais novo. Do zoom no vídeo e pimba. O mesmo bone, mesmo detalhe. Mesmo assim achei pouco, precisava de mais detalhes e quando eu do mais zoom, vejo o a sandália jogada, era a mesma do vídeo. Que pegava eles voltando pro carro, por fim foram 3 pistas encontradas. Ainda sim mesmo sabendo que eram de fato eles, eu não queria acreditar. Queria eles mortos, mas era difícil de acreditar que eram eles mortos. Quando vejo o último vídeo, quando pega a moça desmaiando na lanchonete, achamos a cereja do bolo, a última pista pra comprovar. Eram de fato eles, passei pra delegada e ela confirmou, que de fato as pistas eram as mesmas. Dois mortos, Confirmados Leonay era o nome do mais novo. Elison era o motorista. Saber agora de fato o nome deles, e ver o rosto deles ali na minha frente, foi cada vez mais me dando frieza em meu coração. Eu ainda não estava satisfeita, era como se eles não estivessem mortos. E o terceiro cadê? Não me sinto realizada, não fiquei feliz com a morte de ninguém, no fundo bem no fundo do meu coração, tentei liberar um perdão, não consegui sentir ódio por eles naquele minuto que vi que eram eles. Não sei explicar pra vocês, talvez meu coração ainda fosse bondoso ao ponto de não expressar o mesmo ódio que eles sentiram por mim. Mas eu sentia o ódio pelo o que estava vivo, o que comandava, esse sim eu queria fazer a justiça com minhas próprias mãos, chego em casa e a primeira coisa que fiz foi encontrar o f*******: de cada um deles, não era o mesmo nome, fiquei 5 horas sem parar caçando tudo até achar e quando encontrei o primeiro, do Elison, fui em todas as curtidas, vi foto por foto, até encontrar o desgraçado. Pimba, achei você, filho da p**a. Continuação, capito 8.
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