Capitulo 22 - Em chamas

3846 Words
— O Mike. — Adam sussurrou quando viu a porta se abrindo. Sai correndo na direção de Mike, mas os ninjas começaram a entrar e ficaram entre mim e ele. Mike estava no chão, sua respiração estava fraca, e dava para ver que ele estava tentando lutar. Ele estava abalado. Estava decepcionado consigo mesmo. Eu conseguia sentir. Eu também sentia isso. Os ninjas continuaram entrando. Eram tantos que eu m*l podia contar. Todos com o mesmo uniforme de couro, havia algumas mulheres, poucos cabelos coloridos. A maioria era neutra, preto, castanho ou loiro. Eles não me atacaram e nem atacaram Mike como achei que fariam, apenas se posicionaram, como um verdadeiro exército. E um exército precisa de um comandante. Não demorou para eles abrirem espaço e uma mulher entrar. A pele n***a, os cabelos Black Power, pretos com as pontas num vermelho intenso. Ela era alta, usava uma calça preta colada e por cima, uma espécie de armadura vermelha que protegia seus ombros, seu b***o e tinha uma espécie de saia apenas na parte de trás. Ela emanava poder. Aquela, sem dúvidas, era Diana, a ninja do inferno. — Ora, mas se os ratinhos não caíram na armadilha... — Ela disse presunçosa, mas sua expressão mudou quando ela olhou ao redor. — Onde estão os outros? Patrick, eu dei ordens claras que se os ninjas da profecia entrassem aqui, não os mataria! Diana gritou com um dos ninjas. O que estava no chão acordando da pancada na cabeça. Ele se tremeu todo e desmaiou novamente. Estar frente a frente com Diana é inexplicável. Eu a odeio mais do que qualquer coisa, eu quero matá-la mais do que qualquer coisa. Quero exterminar essa ideia radical dela de fazer do mundo um lugar com apenas uma raça pura. A dos ninjas. Pandora escolheu que pessoas nascessem sem o dom, e se ela acredita que os ninjas iriam acabar com tudo, eu também acredito. Matar pessoas inocentes não é o jeito certo de prevenir nossa extinção. E eu a odeio por isso. — Não somos burros, Diana. Não iríamos nos entregar pra você assim de mão beijada. — Falei apertando minha Yari. Se minha a**a tivesse sentimentos, ela iria me ferir pela força que eu estava fazendo. Ela me examina. Percebo uma cicatriz no rosto dela. Uma cicatriz diagonal que divide seu rosto em dois. — Tara, né? Estava com saudade da sua mãezinha? — Ela pergunta e eu juro que consigo sentir meu sangue ferver. — Eu ia matá-la. Ela não me serviu em nada, afoguei ela 24 vezes e ela não me deu uma única informação. Era esse meu maior medo. Eles interrogarem minha mãe. Eu sabia que ela não falaria nada e Diana a torturaria. E foi exatamente o que aconteceu. — Tem uma profecia contra você, Diana. Você não vai escapar dessa. — Adam diz atrás de mim. Diana solta uma risada baixa. — Na lua azul, o exército do inferno se reunirá para a raça humana exterminar. Os elementos vão se juntar, apenas quatro vão sobrar e a ligação se quebrará. O vento vai liderar, o relâmpago vai atacar, a água vai curar, a terra vai ajudar e o fogo vai m***r. Numa dúvida mortal, a filha do inferno decidirá se o mundo em chamas acabará ou a vida humana perecerá. — Ela recitou a profecia perfeitamente. — É, eu fiquei sabendo dessa profecia, mas ela não me assusta. Não sei se prestaram atenção na parte “afilhado inferno decidirá”. Acontece que 18 anos atrás eu tive uma filha. Eu morava num orfanato e a coitadinha nasceu lá. Bom, você sabe, Tara, aquele orfanato era comandado por freiras e fui expulsa ao ter o bebê. Aquelas humanas imprestáveis me expulsaram e ficaram com meu lindo bebê ninja. Processei toda a informação por um longo tempo. — Sua filha nasceu no mesmo orfanato que eu? — Perguntei. — Sim, querida. E ela puxou a mim até em ter um elemento poderoso, não é mesmo, ninja do fogo? — Ela disse sorrindo. Eu não estava querendo entender, essa é a verdade. Pois uma pergunta se passava na minha cabeça e eu estava enjoada só de pensar na possibilidade. Eu sabia que ela tinha sido criada num orfanato como eu, mas não sabia que era no mesmo, e não sabia que ela tinha tido um bebê. Um bebê ninja lá. — Você está dizendo... — Você tá dizendo que a Tara é sua filha? — Adam me atropelou. Diana ainda sorria. — Temos uma conexão, querida. Você não sente? — Diana diz diretamente para mim. Uma conexão? O que eu sinto por ela é apenas ódio. Um ódio tão intenso, que parece que tenho grandes sentimentos por ela desde que nasci. Será que um dia eu já amei essa mulher? Afasto os pensamentos da minha mente. — Ela está apenas nos manipulando, Adam. Não tem como saber se o que ela fala é verdade. — Aviso Adam. Eu já estou com minhas dúvidas, não preciso que ele encha minha cabeça também. Diana vira a cabeça, como um cachorrinho confuso. Um cachorrinho infernal. — É mesmo, querida? Então como eu sei sobre aquele seu ursinho, o Luffy? Como eu sei sobre as encrencas que você entrava, mesmo tão novinha? As freiras me deixaram ver você. De longe. Luffy. Faz tanto tempo! Eu o deixei no orfanato quando meus pais me adotaram, eu resolvi que não poderia demonstrar medo para eles e deixei meu ursinho para trás. Não tinha como ela saber disso. Luffy ficava apenas na minha cama, Faz tanto tempo! Eu o deixei no orfanato quando meus pais me adotaram, eu resolvi que não poderia demonstrar medo para eles e deixei meu ursinho para trás. Não tinha como ela saber disso. Luffy ficava apenas na minha cama, eu nunca o levava. —Como sabe de tudo isso sobre mim?—Pergunto. Diana me encarou e suspirou. Junto, um sorriso se iluminou. —Você é minha, Tara Baker. —Estremeci com o tom da sua voz. —Ninjas, matem os outros ninjas e arranjem um quarto para Tara.—Ela ordena. Os ninjas entram em posição. Mike. Eu não ligo se vou ser ferida no caminho, apenas corro em direção a Mike derrubando todos os ninjas que estão em meu caminho. Quando chego até ele, abro uma guarda ao seu lado e fico em posição de luta. Eu prometo a mim mesma que não vou deixar ninguém encostar um dedo em Mike enquanto eu estiver viva. —Não toque nos meus amigos!—Grito. —Vejam só, Tara tem um namorado. —Ela diz sorridente observando Mike. Então um ninja vem pra cima de mim tão rápido que eu m*l consigo desviar. Por muito pouco, ele não enfia uma faca no meu pescoço e antes que eu possa revidar, o ninja trava. —Não! Candance! Não!—Ele grita em agonia. Seus olhos mudaram, as pupilas dilataram e sua íris ficou prateada. O ninja continuou gritando, travado, olhando pro além, até que seus olhos voltaram ao normal e ele estremeceu. —Não a machuque! Nenhum de vocês!—Ela diz histérica. Então me dou conta do que aconteceu. A ninja do inferno, tem o poder de fazer alguém viver seu inferno pessoal. Um looping infinito de dor e sofrimento. Tudo isso em segundos. —Me desculpe, senhora! Me desculpe! Prometo nunca mais tocar em sua filha!—O ninja falou ajoelhando aos pés de Diana. Aquela mulher era minha mãe? Aquela mulher poderosa, temperamental e completamente louca? Isso não era possível. —O que estão esperando? Matem o namorado da minha filha!—Ela disse vibrante. Os ninjas me cercaram. Senti uma mão na batata da minha perna. Era Mike. —Não faça isso por mim.—Ele disse. —Cala a boca.—Mandei. Alguns ninjas tentaram atacar Mike, mas recuaram quando eu entrei no meio. Eles iriam seguir à risca as ordens de Diana sobre não me machucar. —Por que isso agora?—Perguntei.—Seus ninjas já tentaram me m***r antes. —Descobri que você era uma ninja elementar no último ataque. Aquela aranha maldita e os dois bobos da corte estão a 7 palmos do chão por ferir você. Eu já conhecia sua mãe, eu te observava. Foi fácil armar tudo isso. —Ela disse contente. —Você jura por Pandora que somos o mesmo sangue?— Perguntei por fim. Jurar no nome de Pandora era o juramento mais sagrado da nossa cultura. —Eu juro. Você é minha. —Ela disse. Diana tem olhos de louca. Com o dom do inferno, é claro que ela acabaria assim. É muito difícil acreditar que eu sou filha dessa mulher maluca, mas quando não se sabe nada do passado como eu, e ela me conta uma história cheia de detalhes que batem com o que aconteceu, o difícil se torna aceitável. Mas mesmo que aquela mulher fosse minha mãe, ela estava ameaçando meus amigos e minha verdadeira mãe. A mãe que me criou. Pouco me importa se tínhamos o mesmo sangue, ela não deixava de ser quem ela era por isso. Olhei para Adam, bem no final da sala, ao lado de minha mãe. Ele fazia um sinal e tentava falar algo para mim mexendo os lábios sem som algum. Eu entendi na segunda tentativa. “Ganhe tempo” Se tem uma coisa que aprendemos nesses últimos meses, foi a confiar um nos outros. —E meu pai? Como ele era?—Perguntei a Diana. Quanto mais ela falava, mais seus ninjas se afastavam. Agora que eles descobriram que eu sou filha dela, estavam com medo do mesmo destino que teve o ninja que me atacou. —Seu pai? Era um ninja bonito e habilidoso, você é muito parecida com ele, sua pele, seu cabelo castanho e seu nariz pequeno. Ele morreu antes de você nascer, você sabe como é ser um ninja da OMN. Meu pai foi da OMN? Melhor do que receber missões da OMN, é trabalhar lá. Os ninjas são altamente treinados e escolhem sua própria missão antes mesmo de distribuir aos outros ninjas. Por mais que eu queira acreditar nisso, acreditar que não sou uma órfã e meu pai foi uma boa pessoa, o fato dessa informação vir de Diana me faz duvidar. O seu tom, o modo como ela falou, como se isso não fosse uma lembrança dolorosa, como se o pai da sua filha ter morrido foi algo banal. Mas Diana está claramente fora de sua sanidade mental. —Ele era bom?—Perguntei. Diana suspirou. —Peter Reed foi o cara mais bondoso que conheci. Foi um destino trágico. Estávamos apaixonados, uma grande amiga me ajudava a fugir do orfanato para encontrar com ele e numa dessas escapadas...puf!...você surgiu!—Ela disse fazendo gestos com a mão. Outro ninja tenta atacar Mike, mas eu o ataco com minha Yari. Diana suspira.— Olhe, querida, eu não queria ter que m***r seus amigos, mas você sabe, tem essa coisa de profecia e tal, não posso deixa-los ir. Mas você vai ter tudo que quiser e vamos ser muito felizes em um mundo inteiro apenas com ninjas! —Mesmo que só existam ninjas, vai continuar nascendo crianças sem dom. O que você vai fazer? Mata-las até nossa raça entrar em extinção de vez?—Perguntei aborrecida. Eu só queria sair daqui e levar meus amigos e minha mãe. Diana abre um sorriso e me olha de lado. — Tara, minha filha, eu tenho a solução para tudo. Você precisa apenas confiar em mim. Nesse momento eu descobri uma coisa. Diana tem uma carta na manga. E pelo visto, é uma carta enorme, pois ela deposita toda a sua confiança nela. Ela falou que tem a solução para tudo e eu acredito nela. E tenho medo disso também. Olho para Adam. Ele tem minha mãe, completamente livre e desacordada, em seus braços. Ele conseguiu libertá-la, mas isso não adiantaria nada. Há quanto tempo estamos aqui dentro? Duas? Três horas? Abby e Will devem estar prestes a enlouquecer com nossa demora. Talvez não voltemos para casa hoje. Eu amo meus pais. Amo muito! Mas nesse momento, eu só queria estar na casa de campo com Adam, Abby, Will e Mike, ao redor de uma fogueira se alfinetando, apostando quantos pedaços de pizza Will consegue comer e com minha mãe sã e salva em casa. Quero que Mike fique bem. Quero que todos fiquem bem, mais do que tudo. E eu vou garantir isso com minha vida. Eu estou determinada a tirar meus amigos e minha mãe daqui vivos e inteiros. Nem que eu tenha que acabar com cada ninja desse, um a um. De repente Mike segura minha mão. Com força. A força que ele não tinha há meio segundo atrás. Com um pouco de dificuldade e se apoiando em mim, Mike se levanta. Passo o braço pela sua costela e coloco um de seus braços nos meus ombros. Eu consigo ouvir sua respiração com o tanto que estamos próximos, mas eu não o olho. Em nenhum momento. Meus olhos estão focados nos ninjas, para que nenhum ataque Mike. Mike gira sua cabeça e sinto sua respiração quente no meu ouvido. — Eu e você. Eu consigo sentir. — Ele disse baixinho, fazendo meus pelos se arrepiarem. O que ele consegue sentir? Essa parte eu não entendi. Mas a primeira parte, estava bem claro para mim. Suspirei. Nós conseguiremos. Me solto de Mike e ataco o primeiro ninja. Costa a costa, Mike luta com outro ninjas. Mais ninjas começam a vir e sinto meus pelos que tinham acabado de baixar, se arrepiarem de novo com Mike se transformando ali, tão próximo e colado em mim. Eu e você, ele disse. Mas ele estava errado. "Eu e você" são duas pessoas e ali, lutando costa a costa contra mais ninjas do que poderíamos contar, éramos um novamente. De novo, sentia o que Mike sentia. E dele, vinha força e determinação. A minha força e determinação. Foi assim que Mike levantou. — Mas que merd... Lutem o quanto quiserem! Eu tenho um exército! Esses são a classe mais baixa de ninjas que tenho em meu poder. São apenas um atraso para eu conseguir fugir no caso de uma invasão. — Diana parecia indignada pela sua voz. Ela está vendo como Mike e eu lutamos juntos. Ela consegue ver como nosso poder aumenta assim. Então, de repente, começamos a ouvir estrondos que vão aumentando e ficando mais próximos, até uma das paredes voar em cima de alguns ninjas. E vemos Will, coberto de poeira e socando vários ninjas com seus punhos enormes. Então vários ninjas começam a ser derrubados por flechas. As flechas de Abby. Eu não sabia se isso era uma coisa boa ou r**m. Ter os cinco elementos reunidos nesse lugar era o plano inicial de Diana. Se ela conseguir usar suas algemas em todos nós, estaremos perdidos. Mas tenho que admitir. Nunca me senti tão aliviada na vida, do que quando vi Will quebrando a parede da sala. — Rá! Os cinco elementos! Aqui! Que honra! — Diana exclamou. — Tragam algemas extras! Vamos precisar! Abby ficou alguns segundos parada olhando Diana. Ela teve a mesma reação que eu. Estar frente a frente com seu maior inimigo causa perturbação. E eu penso em gritar quando ela não vê um ninja indo para cima dela, mas Tobi entra no meio e acaba com ele com apenas um golpe. A quantidade de ninjas que eu e Mike estávamos lutando diminuiu. Nós não éramos mais interessantes que os novos elementos que chegaram. Então meu mundo partiu ao meio quando vi meu pai entrando na sala de olhos vermelhos e com sua espada grossa empunhada e apunhalando qualquer ninja que aparecesse em seu caminho. — Tara, concentre-se. — Mike avisou. Ele já estava com suas duas espadas na mão e eu percebi que eu estava oscilando. E eu era a fonte de poder dele, eu não podia oscilar. Continuamos lutando com ninjas, até eu perceber que Diana não estava mais no mesmo lugar. Comecei a procurá-la com os olhos e a vi tentando sair entre todos os ninjas. Ela percebeu que a coisa não ia acabar bem pro lado dela. — Diana está fugindo! Eu vou atrás dela! — Gritei e sai correndo atrás de Diana. Eu sabia para onde ela iria. Então fui determinada a encontra-la no telhado, e eu teria passado direto se quando cheguei ao corredor, não tivesse prestado atenção numa porta batendo. A essa altura todos os ninjas do prédio estavam na sala onde se concentrava a luta, e o corredor estava vazio. Andei devagar para a porta que Diana entrou e fiquei de tocaia. Não demorou muito para ela se abrir. Diana abriu a porta, mas antes de colocar seu corpo inteiro para fora, ela paralisou. Ouvi uma voz e então Diana olhou diretamente para mim, escondida fora de sua visão quando abrisse a porta. Seus olhos estavam maiores, ela suspirou, como se um grande peso caísse sobre ela. — Me desculpe por isso. — Ela falou. Eu estava prestes a perguntar sobre o que ela me pedia desculpas quando fui atingida por uma força estranha. Eu tinha cinco anos. Eu era uma decepção para meus pais. Eles olhavam para mim como se tivessem cometido o maior erro de suas vidas ao me adotar. Meu pai pegou minha mão e eu achei que estávamos bem. Ele me conduziu até o carro e disse que tomaríamos sorvete. Mas o caminho era diferente estava demorando demais. Eu conseguia ver seus olhos pelo retrovisor, e tinha tanto remorso e determinação que me encolhi. Chegamos num lugar que não parecia ter nenhuma sorveteria perto, então ele me ajudou a descer do carro e me conduziu até uma árvore. Tinha muitas árvores, estava anoitecendo, eu estava com medo. Meu pai se abaixou na minha frente e de repente Luffy, meu ursinho estava na sua mão. Meu pai se levantou e jogou o ursinho nos meus pés e foi embora sem falar uma palavra. Ele me abandonou. Então eu estava de volta no orfanato, e Tobi chegou. Ele pegou na minha mão e me levou com ele. Me levou até Abby, Mike, Adam e Will. Eu estava com uma faca na mão e enfiei a faca no coração de cada um deles. Eu matei todos. Então eles levantaram. E eu os matei de novo. E de novo. E de novo. — Tara, eu estou com você. — Eu ouvi a voz de Mike bem baixinha. Então comecei a ter percepção de onde eu estava. Nos braços de Mike. Ele me abraçava com força, como se eu estivesse despedaçando e ele estivesse segurando cada pedaço meu para não se soltar. Seu cheiro me invadiu, e eu pude ouvir com mais precisão sua voz. — Eu estou com você. Me mexi nos seus braços e ele afrouxou o abraço. Tentei olhá-lo, mas com a proximidade, eu apenas conseguia ver parte do seu rosto. Uma parte muito importante. Seus lindos olhos. — O que... — Comecei a falar e Mike levou sua mão até meu cabelo, me deixando desconcertada. Ele me olhava com preocupação. Examinava meus olhos aliviado e eu podia sentir algo o perturbando. — Você foi atrás de Diana e ela deve ter te feito visitar o seu inferno. — Ele falou calmamente. — Eu... eu senti tudo. Abby também. Nós dois sentimos algo errado com você durante a batalha lá dentro e nos olhamos. Eu lembrei de quando você tocou Will e sentiu Abby precisamente, então corri até Abby e demos as mãos. Nós sentimos tudo. Nada daquilo foi real. — O meu inferno... — Eu não consegui continuar. Eu tinha acabado de vivenciar uma cena que pareceu durar anos. — Quanto tempo se passou? — Alguns minutos, eu acho. Apenas o tempo de eu e Abby sentirmos tudo e eu correr para cá. Escuta, me desculpa pelo que te disse, eu não sabia que afetava tanto você. — Mike estava bem mais desconcertado que eu. Dava pra ver no tom de sua voz oscilante. Nesse momento, eu não sentia um pingo de raiva de Mike. Eu só queria que ele me apertasse mais forte e me consolasse. Mas éramos ninjas no meio de uma batalha. Estava decidida a me levantar e lutar quando senti algo vindo de Mike. Eu não era a única que queria consolo. Instintivamente, do mesmo jeito que eu desviava um golpe numa luta, eu segurei a mão de Mike. Ele pareceu surpreso com o gesto e não precisei da ligação para me dizer isso. — Não podemos deixar que Diana faça aquilo com nenhum de nós outra vez. — Falei. Mike assentiu. — Eu não quero sentir isso de novo. E seus olhos, eles estavam diferentes. Eu não fui atingido pelo inferno, mas quando eu te vi daquele jeito, eu senti que estava em um... — Meu coração acelerou e meus pelos se arrepiaram. Eu só queria que Mike não tivesse percebido isso, mas eu quase conseguia ouvir seu coração. Estava tão forte quanto o meu. Mike voltou a ser indecifrável para mim e eu estava gostando disso. Estava gostando de ser surpreendida por ele o tempo todo. Aquele cara, com as pupilas dilatadas, o rosto tenso, o coração batendo como se fosse sair pela boca e tão próximo a mim que conseguia sentir sua respiração falha, não era o Mike que eu conheci. Era melhor. E eu estava prestes a dizer uma coisa completamente desconcertante que acabaria com todo o clima, quando Mike me beijou. Seus lábios tocaram os meus de uma forma rígida e desesperada, e minha boca pedia mais. Aquilo parecia tão certo, eu só queria que o mundo inteiro acabasse e restasse apenas eu e Mike nos beijando. Eu sentia que eu estava... em chamas. — Ai, m***a! — Mike falou e se afastou bruscamente. Um sentimento r**m passou por mim ao ver sua cara. Ele havia odiado o beijo. E então eu percebo. Eu estava, literalmente, em chamas. Minha pele estava ficando vermelha e quente, a palma da minha mão formigava, eu não sabia o que estava acontecendo, mas eu sentia o poder. Mike sorriu e se levantou. — Queima tudo. — Ele disse ainda com o sorriso esperto. Eu me levantei e percebi que estava sorrindo. Fiz o selo da transformação e senti que tudo em mim emanava fogo. E eu queria liberar isso. Levantei os braços até a altura dos meus ombros, abri a palma das mãos e deixei fluir. Deixei o que meu corpo pedia. E então chamas negras saíram da minha mão e grudaram na parede. Começaram a queimar o concreto e abrir buracos. Aquela não eram chamas comuns. — Precisamos sair daqui. — Falei. — Tara Baker, acho que te devo desculpas. — Mike disse antes de corrermos para tirar todos os nossos amigos e meus pais dali antes que tudo virasse cinzas, pois uma coisa era certa, aquela chama n***a só ia se apagar quando queimasse esse prédio inteiro.

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