SIRENA
— Levante - ouvi a voz que eu tanto detestava ao longe e suspirei abrindo os olhos lentamente.
— O que quer? - murmurei sonolenta, fazia bastante tempo que eu não dormia em uma cama. Só de lembrar que passei dois dias sentada em uma cadeira meu corpo doia.
— Temos que ir, não tenho a noite toda. - respondeu rude. Me sentei na cama ainda segurando o edredom contra meu corpo.
— Para onde? - perguntei após bocejar.
— Para casa, Sirena. Para casa. A cerimonia acabou, precisamos ir para casa ou você quer ficar nessa capela para sempre? - ele jogou o que pareceu ser roupas na cama. - Vista-se, não tenho todo o tempo do mundo.
Puxei a peça de roupa, um vestido cinza que era maior que meu tamanho e vesti, fazendo de tudo para que Felipo não visse meu corpo, levando em consideração que ele não teve nem mesmo o cavalheirismo de se virar para que eu pudesse me vestir. Não mudaria muita coisa, já que ele havia visto muito bem meu corpo horas antes, mas não deixava de ser desconfortavel ser vista nua por um desconhecido. Era isso que ele era pra mim.
A p***a de um desconhecido.
Calcei as sapatilhas que me deram com o outro vestido que estava jogado em um algum canto do quarto e outra vez eu estava sem roupas intimas. O que aumentava ainda mais indignação, era um insulto a mim e a minha familia.
Felipo me lançou o olhar e saiu do quarto comigo logo atrás, não sabia onde eu estava, nem pra onde estava indo ou muito menos o que me esperava em sua casa, mas eu não estava me importando demais com isso, naquele momento eu só queria tomar um bom banho e dormi o máximo que eu pudesse.
Descemos enormes escadas que pareciam ser de pedras e chegamos a um enorme salão, o atravessamos e saimos encontrando uma mercedes a nossa espera. O mesmo carro que havia me trago. Felipo abriu a porta e me indicou a entrada, entrei, mas quando sentei não consegui controlar o pequeno gemido que dor, meu corpo doía, principalmente internamente.
- Está doendo?
- O que acha? - revirei os olhos tentando ignorar a vergonha que estava sentindo. Poucas horas atrás nós estavamos... bem, intimos, e ele age como se fosse uma coisa rotineira.
Claro, pra ele deve ser. Felipo assim como os outros é um i****a mulherengo que só liga para o proprio prazer. Espero que ele fique com uma mulher diferente a cada noite, assim não vou precisar me submeter ao trabalho de satisfaze-lo. Embora... não tenha sido de todo m*l, mesmo com a dor, era algo diferente de tudo que eu imaginava, mas não era completamente r**m, pelo contrario.
Cruzei minhas pernas sentindo minha i********e fervilhar e ignorei os pensamentos estúpidos. Eu devia estar ficando louca. Essa era a única explicação.
— Com o tempo você se acostuma... - a voz de Felipo outra vez cortou o silencio me fazendo olha-lo confusa.
— D-do que está falando?
Ele olhou para minhas pernas e abriu um sorriso provocador quando eu arregalei os olhos.
— i****a. - murmurei desviando o olhar para a janela. O céu estava escuro com nuvens carregadas que escondiam a fraca luz da lua, provavelmente choveria bastante mais tarde.
O resto do caminho foi em silencio, para minha pura sorte.
Saímos do carro quando o motorista o parou em frente a um lugar que mais parecia ser um galpão do que qualquer outra coisa. Olhei para os lados e notei que era a unica "casa" ali. Respirei fundo contendo o que parecia ser medo. Entrei na casa logo atras dele e não pude evitar minha surpresa ao me deparar com o interior do loft luxuoso e com uma pegada mais industrial moderna. Embora aquele lugar pudesse facilmente valer alguns milhões, aquela não podia ser jamais a residencia oficial de um Dom.
O medo tomou conta de mim completamente. Eu viveria o restos dos meus dias presa ali? Eu seria tratada como uma esposa ilegítima?
— Vamos ficar aqui enquanto a mansão não fica pronta. - ele disse me fazendo olha-lo e quase suspirar aliviada. — Provavelmente uns quatro ou cinco meses. Achei que ficar aqui seria mais confortável pra você do que ficar na casa dos meus pais.
Eu quase fiquei tocada com suas palavras, mas não disse nada. Nada do que ele fizesse ou dissesse iria compensar esse maldito casamento.
— Amanhã algumas roupas vão chegar, mas hoje vai ter que dormir com isso. - ele continuou — Pode comprar roupas depois se quiser - deu de ombros e apontou para a escada —O quarto e o banheiro ficam lá em cima.
Assenti e subi as escadas me deparando com um quarto, com um pequeno closet que dava passagem para o banheiro, tudo na mesma pegada industrial moderna e cheia do luxo do andar de baixo. Não fazia meu estilo de casa, mas com certeza não seria nenhum sacrificio viver ali.
Após lavar meu rosto no banheiro com o intuito de tirar a pouca maquiagem que as pessoas que cuidaram de mim antes do 'casamento' aplicaram voltei para o quarto e ao tirar as sapatilhas me sentei na cama suspirando.
Espera... só existe um quarto?! Olhei ao redor. Um quarto, uma casa, duas pessoas. A conta não batia.
Respirei fundo várias vezes. O dia havia sido longo, assim como as ultimas semanas da minha vida e eu não ia perder meu tempo precioso se não fosse dormindo, então deixei os pensamentos idiotas de lado e me acomodei na cama pronta para meu sono da beleza.
Ele não iria me atacar no meio da noite, ia?