raptada
"O DOM"
— Eu estou avisando, você vai se fuder muito quando meu pai te achar... - murmurou a garota sem desviar o olhar castanho e arredio de mim. Em momento algum ela havia demonstrado medo, apenas fúria. Era engraçado ver ela se debatendo, tentando se soltar das cordas que prendiam os seus braços para trás na cadeira de ferro, assim como seu tronco. - ME SOLTA! - gritou batendo os pés no chão. - Qual é!? - bufou afastando com o ar o cabelo escuro que caia nos olhos. - Você sempre sequestra pessoas que estão andando na rua? Isso é crime sabia!?
- Você não estava andando, estava fugindo. - a corrigi, voltando o olhar para a arma em cima da mesa de centro, a peguei e a engatilhei apontando para seu rosto bonito. - E eu quero saber o porquê, princesa.
- Não é da sua conta. - respondeu simplesmente, parecendo não se intimidar com arma. Isso aumentava mais ainda minhas suspeitas, ela não é uma garotinha qualquer como tentava passar. - Me deixe continuar meu caminho e nós nunca mais nos veremos.
- E se você fosse uma espiã? - relaxei minha postura, deixando a arma de lado no sofá.
- Por favor, se eu fosse uma espiã você nem mesmo teria visto meu rosto. - debochou desdenhosa. - Eu sou a filha de um homem poderoso, e ele vai te matar quando souber que você me acorrentou e tentou me ameaçar com uma arminha, então pro seu bem, seu projeto de gangster, me solte!
- Você é muito mandona pra quem está tão longe de casa assim, princesa.
Ela desviou o olhar e sorri satisfeito ao ver sua expressão de descontentamento.
- Responda minhas perguntas e eu te solto, o que acha? - propus o acordo e ela assentiu depois de pensar um pouco. - Quem é você?
- Meu nome é Sirena. - respondeu apenas, umedecendo os lábios bem desenhados.
- E porque estava fugindo?
- Eu não estava! - exclamou indignada e bufou desviando o olhar - Tudo bem, tudo bem. Eu estava mesmo. Estavam tentando me levar pra um convento.
- Quem?
- Meus pais.
- Porque?
- Pergunte a eles, até hoje não entendo. - deu de ombros com o nariz em pé.
- E quem são seus pais?
- Theodore e Odessa Angelis. - sussurrou.
- Então você é a garotinha rebelde da máfia grega.... - não pude deixar de sorrir ao vê-la engolir seco. Estava ficando nervosa.
- Pode me soltar agora? - perguntou esperançosa e eu me levantei, caminhando até ela, me agachei para poder olhar em seus olhos claros antes de sorrir e negar com a cabeça. Sua expressão se enfureceu e se não tivesse bem amarrada, havia voado em meu pescoço.
- Você me prometeu! - exclamou furiosa.
- Os gregos não são ensinados a nunca confiarem em italianos, princesa?
Sua expressão de raiva se tornou em confusão e eu quase pude ver um pouco de medo em seus belos e afiados olhos.
- Quem é você? - perguntou fria ainda olhando em meus olhos.
- Felipo Castelli, ou se você preferir, seu novo dono.
- Nos seus sonhos, seu troglodita e******o! - disse entre dentes aproximando seu rosto do meu, parecia que o medo de antes, havia sumido. - Minha família não vai deixar um rato italiano por as mãos em mim, não importa o que você ofereça!
- Confia muito neles, princesa... - me levantei. - Cuidado para não acabar se decepcionando.
- M-me solta... - agora ela parecia implorar. - Só me solta, eu vou embora, e você vai evitar uma baita dor de cabeça...
- Não fiquei com pena o suficiente, tente da próxima vez, Siren.
- É Sirena! - me corrigiu irritada e a ouvi xingar alto ao sair da salinha onde ela estava.
- Vamos realmente ficar com ela? - Layla perguntou animada.
- Eu vou ficar com ela. - a corrigi - Não ouviu?
- Grosso. - murmurou. - O que pretende fazer com ela? Podemos torturar? Posso ir primeiro?
- Ela ainda é filha de pessoas importantes, acho que torturar não seja uma boa. - interviu Archie.
Layla revirou os olhos. Mas eu não ligava para seus surtos, ele nem mesmo devia estar ali.
- O que vai fazer então? Levar ela pra sua casa e tratá-la como uma convidada de honra? Ela pode ser bonita, mas ainda é uma escória grega, espero que não se esqueça disso, Felipo. - ela me olhou cheia de superioridade e naquele momento eu queria muito que ela não fosse minha meia-irmã, assim eu poderia encher sua testa de buracos.
Layla era a única pessoa que falava comigo daquele jeito, todas as vezes era punida, mas agora com a gravidez, ela se aproveitava por acreditar que eu não era capaz de machuca-la.
- Archie, controle sua mulher, p***a. - olhei para meu cunhado e amigo, que além de ser o cachorrinho adestrado da minha irmã linguaruda, era o mais novo Consigliere da Camorra.
- Se você não conseguiu... - ele riu quando minha irmã mais nova lhe deu uma cotovelada nas costelas, fazendo uma cara de dor logo depois.
- Podem ir. - disse a eles. - Preciso pensar um pouco.
Layla me lançou um olhar desconfiado, mas não disse mais nada.
- Vai jantar na casa dos seus pais? - Archie perguntou e eu neguei com uma careta. - Eu já imaginava, então, vamos indo, sabe como sua mãe é, se chegarmos em casa sujos de sangue, ela não nos deixa entrar.
Os dois subiram as escadas que os levava para fora do "porão" e eu entrei na salinha novamente.
- Decidiu me soltar? - perguntou cheia de esperança, mas eu apenas neguei. - Então dê o fora, não estou a fim de ver sua cara nojenta, seu italiano de merda.
- Parece que a princesa não levou a sério o que eu falei... - me aproximei de seu rosto, a fazendo recuar e desviar o olhar acuada.
- Não pode por um dedo em mim... - disse segura. - A Evgenís¹ e a Camorra² vão entrar em guerra se você abusar de uma virgem que estava sendo mandada para um convento! Nem Deus perdoaria isso, Felipo.
- Então você é virgem... - me afastei sorrindo divertido. - Oh, isso está começando a ficar ainda mais interessante.
- Eu juro que vou matar você se por suas mãos imundas em mim... - rosnou.
- O que uma coisinha tão pequena e indefesa poderia fazer contra mim? - debochei segurando seu queixo, a fazendo me olhar nos olhos.
- O que eu não poderia..? - devolveu. - Eu não sou uma coisinha pequena e indefesa, acha mesmo que se eu fosse estaria sendo mandada para um convento? - ela abriu um sorriso assustadoramente doce. - Eu estou te avisando, tire suas mãos imundas de mim e me solte, agora mesmo!
- Se continuar sendo assim tão m*l-educada, eu vou ter que punir voc- me calei ao senti uma saliva quente acertar em cheio no meu olho. Não me controlei e dei um tapa em seu rosto. Ela gemeu e soltou uma exclamação desacreditada. - Eu queria ser bonzinho com você, Siren, mas pelo visto você não quer colaborar...
- Sirena. É Sirena...! - exclamou após cuspir sangue no chão. - E você vai pagar por isso.
- Oh! Eu m*l posso esperar. - me levantei limpando o rosto. - Eu sei exatamente o que eu vou fazer com você agora, Siren, você não perde por esperar.
- Vá se fuder! - a ouvi gritar ao fechar a porta.
Tirei o celular do bolso e liguei para Mario, meu sub-dom, a segunda pessoa no poder da Camorra e, meu melhor amigo, que atendeu mais rápido do que eu esperava.
- Estou ocupado. - disse ofegante. - mais tarde nos falamos.
- Se estiver traindo minha prima, não vou te acobertar outra vez. - ameacei. - Quando terminar sua festinha, faça contato com os gregos, tenho algo deles e quero pra mim.
- Do que está falando? - perguntou preocupado. - Felipo...
- Faça o que eu mandei. E faça rápido. - ordenei e desliguei o celular.