FELIPO
— Onde estamos indo? - Sirena perguntou quando a joguei no banco de trás do carro e me juntei a ela. — Seu bastardo i****a, onde está me levando?!
— Tome cuidado com sua boca - avisei apertando o botão que subia o vidro que dividia o carro e me dava mais privacidade. O motorista sabia para onde estávamos indo por isso nem mesmo me dei o trabalho de falar com ele.
— Eu quero ir pra casa. - murmurou cruzando os braços.
— Vai ter uma nova casa a partir de hoje. - dei de ombros. — Esqueça da Grécia e tudo que viveu lá.
— Não pode simplesmente me obrigar a casar com você! - exclamou outra vez.
— Tecnicamente eu posso fazer o que eu quiser com você, Siren.
— Eu já disse que meu nome é Sirena!
— E eu não ligo, eu te chamo do que eu quiser por que a partir do momento em que seus pais e seu Capo concordaram em abrir mão de você pela paz, você passou a pertencer a mim!
Por um instante seus olhos grandes ficaram distantes, mas logo ela pareceu voltar a realidade.
— Nos seus sonhos que eu pertenço a você!
— Está acabando com minha paciência! - exclamei a puxando pelo queixo, fazendo seus olhos focarem no meus. — Devia estar grata por ter o privilegio de se casar
— Me casar com alguém como você não é um privilegio. - ela abriu um sorriso desafiador. — Nem de longe. - ela puxou o rosto e se afastou de mim cruzando os braços outra vez. — Onde está me levando? - voltou a perguntar.
Suspirei. Que mulher insistente.
— Para nossa cerimonia de casamento.
SIRENA
Só poderia ser um pesadelo. Um pesadelo longo e assustadoramente real.
Tudo tinha acontecido tão rápido. Em um momento eu estava correndo das freiras do convento onde meus pais estavam tentando me prender e no outro um cara forte e alto me puxa para dentro de um carro. Quando acordo estou presa em uma espécie de depósito com um italiano i****a falando asneiras e mesmo com meus pais vindo ao meu encontro, na minha cabeça para me resgatar, nada mudou.
No fim de tudo, eu estava sendo arrastada para outro casamento. Um que eu não queria dessa vez.
No que parecia ser um quarto nupcial, eu me olhava no espelho vestida de noiva, tentando entender por que minha sorte era tão r**m a ponto de eu estar sendo jogada aos lobos sozinha.
Abandonada. Outra vez.
A porta de repente foi aberta e o italiano entrou, vestido com um smoking que parecia ter sido feito sob medida, diferente da roupa que eu o vi usando antes, na salinha onde fui mantida contra minha vontade.
— Pronta? - perguntou.
— O que acha?
— Eu acho que deveria tomar cuidado com a forma que você fala e o que você fala. - uma voz feminina preencheu o quarto e vi uma mulher alta surgir atrás dele. Ela estava gravida, provavelmente perto de dar a luz pelo tamanho da barriga. Por um momento pensei que podia ser mulher ou amante dele, mas ao notar o quanto eram parecidos, tive que descartar essa ideia. Deviam ser parentes.
— Ou o que? - perguntei abrindo um sorriso falsamente doce.
— Ou eu arranco seus olhos, sua vagabunda. - devolveu enfurecida.
Certo. As pessoas geralmente ficavam irritadas comigo por algo que eu tinha feito, mas a garota barriguda estava destilando veneno sem nenhum motivo e eu não ia ficar quieta e aguentar uma ratazana italiana me perturbando. Não mesmo.
— Layla... - ele tentou a impedir de se aproximar, as ela o empurrou e ficou a minha frente.
Antes que eu pudesse falar alguma coisa, senti sua mão contra minha pele. Eu havia levado um tapa. Outro. O segundo desde o dia em que havia chegado seja lá onde eu estivesse no fim das contas. Primeiro ele, agora ela.
— Pelo visto vocês tem fetiche em bater nas pessoas. - falei não me deixando a abalar. Ela levantou a mão para me dar outro tapa, mas eu fui mais rápida e a segurei no ar apertando forte o suficiente para ver quase uma expressão de dor e surpresa.
— Me solta sua v***a grega... - rosnou como a c****a que era.
— Vai ter volta. - afirmei a empurrando para longe, se não fosse pela mesinha de centro que impediu sua queda, ela teria terminado o dia com um roxo no bumbum — Eu só não faço você engolir suas palavras por respeito a criança desafortunada que você carrega, mas grave minhas palavras, vai ter volta.
— Eu não tenho medo de você.
— Devia.
— Chega, Layla. - Felipo puxou a mulher.
— Chega?! Aquela mulher acaba de ameaçar sua irmã e é isso que você fala, Felipo!? Chega?! - exclamou possessa. — Eu estou grávida! Grávida!
— Como se fôssemos cegos - revirei os olhos.
— Foi você quem começou, Layla. - deu de ombros parecendo não se importar nenhum pouco com o pequeno chilique da irmã. — Você nem devia estar aqui, pra começo de conversa. Isso não é assunto seu, eu já mandei você se por no seu lugar.
— É assunto meu sim! - rebateu — Você está se casando com o inimigo! É assunto meu e de todos nós!
— Layla, eu não vou repetir. Saia.
Layla, me lançou um olhar furioso e depois ao irmão antes de finalmente sair do quarto, nos deixando a sós.
— Não ligue para Layla...
— É sua irmã e é tão insuportável e insignificante pra mim quanto você, eu jamais me importaria com uma palavra do que ela fala por ai. - respondi dando de ombros.
— Você pede pra apanhar, Siren... - suspirou dramático — É incrível sua capacidade de me irritar com tão poucas palavras.
— Eu posso lidar com esse dom - brinquei.
— Espero que consiga lidar com as consequências dele também. - seu tom de voz era ameaçador e quase... — Vamos, eu não tenho o dia todo. Tire a roupa.
— O que? E o casamento? Você não pode por as mãos em mim antes da droga do casamento! Não é assim que funciona?!
— Acabou de acontecer. O casamento. - deu de ombros. — Sua mãe estava lá, ela se emocionou inclusive, foi lindo.
— D-do que esta falando? Q-que droga de casamento é esse?!
— Os papeis estão assinados, Siren, agora tudo o que precisamos é consumar o casamento e fim da cerimônia, preciso levar o lençol manchado de sangue até a noite, então... melhor começar.
— Você não pode estar falando serio. Você não tá falando sério.
— Por que eu mentiria? - debochou.
— Você não vai por as mãos em mim... - murmurei.
— E o que vai me impedir de fazer isso, Siren? - um sorriso assustador surgiu em seus lábios. — Caso não tenha entendido ainda, você é oficialmente minha, meu objeto e eu posso fazer com você o que bem quiser...
— N-não mesmo... - dei um passo para trás engolindo seco.
— Sim, eu posso. Eu posso até te matar se me der vontade, então eu sugiro que colabore comigo antes que eu perca de verdade toda minha paciência com você.