Barbara
Abro os olhos com dificuldade, os flash da luz do sol vindo das persianas atingiram meu rosto e pestanejei incomodada com a claridade. Estou completamente cansada, exausta e mais sonolenta que tudo. Me permiti abrir os olhos novamente e vasculhei envolta o lugar, aquele quarto, aquela cama, lembrei da noite quente e agitada de ontem, que loucura!
Sorrio e me sento sentindo-me até um pouco dolorida, as laterais das minhas coxas ainda doem um pouquinho. Não lembro que horas fomos dormir ontem, nem à que horas fui amarrada, esqueci tudo e me entreguei por completo ao estranho de olhos castanhos sedutores.
— Eduardo? — chamei mas não obtive respostas.
Me enrolei pelos lençóis e procurei minhas coisas, achei minha calcinha e meu vestido em cima da cuba da pia no banheiro, tomei um banho bem rápido e voltei para o quarto chegando à conclusão de que realmente estava sozinha.
Não esperava que ficássemos juntos depois dessa noite, eu sei que foi só uma transa, para ele e para mim também, só que não custava nada ele ficar aqui e me esperar acordar, ao menos pra fingir que se importar, ou que gostou da noite de ontem.
Engoli a pequena humilhação que sentia ao perceber que só havia sido usada, quantas mulheres ele já não havia levado pra essa cama?
Eu era apenas mais uma.
Mas não vou me martirizar, foi bom, eu gostei, tive experiência incríveis, Eduardo, estranho, agora nem tanto me fez sentir o que nunca o i****a do meu ex me fez sentir, em uma escala de zero a dez, eu o daria cem.
Céus, ele sabe como excitar uma mulher, como deixar molhada, como fazer uma mulher g****a divinamente.
Pego minhas coisas, minha bolsa e saiu do quarto fechando a porta atrás de mim. Desço pelo elevador me sentindo extremamente desconfortável quando chego ao térreo e cerca de dez seguranças me olham, coro já imaginando o que eles devem estar pensando.
A marmita do Eduardo Aquino.
Passo por eles e dou um tímido "Bom Dia", sigo em direção ao ponto de táxi próximo a boate, sei que não posso esta desperdiçando dinheiro, só que eu não estou com saco para pegar ônibus, estou tão cansada, com ressaca, principalmente dolorida...
Suspiro nostálgica, novamente lembro de ontem a noite, de seu jeito voraz e selvagem, ele era tão rude em todos os seus gestos, não expressava nenhum sentimento, percebi que seu lance era somente Sexo, e bem selvagem.
Minhas nádegas ainda estão doloridas com os tapas que ele me deu enquanto fazíamos sexo, foi bom, me deixou excitada, nunca tinham feito isso comigo antes, eu sempre fazia sexo casual com Ramon, talvez por isso ele deve ter me deixado, por ser sem graça...
Sei que vou levar uma bronca do meu chefe, já são quase meio dia e eu estou pelo menos duas horas atrasada.
No dia em que me atrasei, quando cheguei ao trabalho ouvi poucas e boas por parte do meu chefe. O filha da mãe até ameaçou me despedir por conta do meu atraso, fiquei com vergonha e com medo, se eu perdesse o emprego eu estaria literalmente ferrada, ajoelhei aos seus pés e implorei que me dessem uma chance, não posso perder meu emprego, é meu ganha pão.
Três semanas se passaram desde o meu término com Ramon e minha noite agitada com Eduardo, meu ex não havia me procurado nem ao menos para pedir desculpas pelo que me fez passar. Ignorei por completo esse fato, ele não estava mais na minha vida, não deveria e nem queria me sentir triste por sua causa.
— Bárbara rápido! Atenda os clientes daquela mesa ali na frente, o senhor Aquino acabou de chegar. — Júlio, meu chefe mandou. Balancei a cabeça e assenti indo em direção a mesa que ele havia apontado.
Eu gosto daqui pois meu trabalho não é tão exaustivo assim, sou apenas encarregada para acomodar os clientes, passar o cardápio, anotar os pedidos e entregar, apesar de que as vezes me sinto perdida, o restaurante costuma lotar, principalmente ao meio dia, horário do almoço.
— Boa tarde, sejam bem vindos! — Cumprimentei gentilmente chamando atenção das duas pessoas na mesa à minha frente.
Automaticamente meu sorriso morreu, fiquei desconfortável quando aqueles olhos castanhos —inesquecíveis— pousaram em mim. Ao seu lado uma mulher loira e muito bonita sorria para mim de um jeito meigo e educado.
— Boa Tarde. — Respondeu ela.
Percebi a impaciência na intensidade do olhar de Eduardo, ele não esperava me encontrar ali.
— Você pode me informar onde fica o toalete? — A mulher virou-se para mim esperando a resposta, apontei para o lado direito.
— É só seguir naquela direção e dobrar a primeira direita — respondi educada a vendo-a concordar e se afastar.
— Edu, pode fazer os pedindo, peça o que quiser... — ela pediu pouco antes de dobrar o canto.
Fiquei com cara de taxo e sem ter o que falar, milhares de coisas me veio à mente. Será que eles são namorados? Noivos ou algo assim?
A ideia de ter feito com ela —por mais que sem intenção— o que Raquel fez comigo me fez engolir a seco, eu nunca apunhalaria uma mulher pelas costas. Jamais machucaria propositalmente alguém desta forma pois sei o quanto dói.
Não havia alianças de compromisso em seus dedos, lembro-me que ele disse não gostar de relacionamentos, mas não posso acreditar nas palavras de um homem, principalmente do qual conheci apenas apenas por uma noite. Homens fazem e falam tudo quando querem t*****r com uma mulher.
Isso me fez sentir ódio.
— Muito bem. O que você irá pedir?
— Hum... — ele analisou o cardápio — Quero vitela ao Porto e compota de frutas secas, como sobremesa, traga torta de damasco, por favor. — Pediu esnobe se endireitando na cadeira, assumindo novamente uma postura viril e fria — Traga também o melhor vinho que vocês tem.
— Sim, senhor. — Me retirei um tanto incomodada com a situação.
Não sei porque fiquei assim, mas me senti m*l com o pouco caso que ele fez de mim. Contudo, fiquei com uma pulga atrás da orelha quanto a mulher que estava em sua presença, lembro que antes de levantar para ir ao banheiro ela tocou seu ombro de forma íntima demais.
Me virei e o encarei, percebi a surpresa em seu olhar.
— Por que não me contou que era comprometido? — Questionei, aliás se soubesse antes, nunca teria ficado com ele, nem teria lhe dado ouvidos.
Acho que as mulheres devem ser unidas, portanto não devemos ficar com um homem casado, pelo contrário devemos desprezá-los, e colocá-los em seu lugar.
É questão de ser empática e com todas as outras mulheres, e saber que devemos ser unidas ao invés de inimigas.
Eduardo me encarou e deu de ombro.
— Por que minha vida pessoal não te interessa! — Afirmou com um tom rude — Não é porque transamos uma vez que lhe devo satisfações da minha vida.
Quis cuspir em sua cara e socá-la até arrancar todos os dentes de sua boca, porém ali era meu local de trabalho, nem sei onde estava com a cabeça para lhe perguntar isso.
— Era o mínimo que deveria me contar, não se trata apenas da sua vida, deveria ser sincero e ter caráter. Não ficaria com um homem tão imundo a ponto de trair sua companheira. — Rebati arduamente.
Tenho que criar vergonha na cara e parar de fazer papel de tola. Me retirei rápido dali o constrangimento me tomando dos pés a cabeça. Eu só quero cavar um buraco e me enfiar lá dentro até o fim do mundo.
— Dennis, você pode servir aquela mesa para mim pelo amor de Deus?
Não queria ver mais a cara daquele homem, mesmo sabendo que era tarde demais, ele já tomava conta dos meus pensamentos. Desde alguns dias atrás quando resolvi mergulhar nos desejos da carne e ser fraca entregando-me a ele.
— Qual foi a treta Bárbara?
— Eu o conheço, ele é um i*****l, não quero ter que falar com ele.
— Tudo bem, Barbara, dar atenção para aquela mesa do fundo, eu iria atendê-los.
Andei pelas outras mesas atendendo outras pessoas, mas percebi que em alguns momentos Eduardo me olhava e quando percebia que eu o fitava, ele simplesmente desviava seu olhar do meu e prestava atenção na conversa que estava tendo com a mulher ao seu lado.
— Barbara? — Meu chefe chamou — Vou precisar que na próxima semana você faça hora extra. Sabe que às sextas feiras são os dias de maior movimento, além de tudo alguns empresários irão fazer um jantar aqui no restaurante, já está tudo reservado, às mesas, quais cardápios servir. Será um jantar social, apenas com pessoas importantes, então vou precisar de todos os meus funcionários.
— Pode deixar, Regis, obrigada.
Bem, não posso reclamar, dinheiro a mais sempre é lucro.