Quando aceitei a proposta do Polegar, não fazia ideia do que estava me metendo. Ele disse que me levaria ao morro para conhecer o Barão, e minha amiga, com gestos claros, demonstrava sua desaprovação. Mas eu estava cansada de trabalhar honestamente e nunca conseguir dinheiro suficiente.
De qualquer forma, jamais conseguiria juntar todo esse dinheiro e acabaria me sujeitando a trabalhar para Loba. Antes disso, Polegar apareceu com a proposta de me apresentar ao temido Barão. Sei que ele é exatamente o tipo de homem do qual minha mãe sempre me alertou para manter distância.
Se a dona Eloísa soubesse que estou indo para uma favela para conhecer o dono dela, um traficante perigoso, com quem vou me envolver, ela ficaria completamente desapontada. Mas ela não precisa saber. Será apenas uma troca: alguns encontros pela saúde dela. Assim que ela melhorar, eu paro de me envolver com ele.
Polegar estacionou o carro na praça, onde uma grande confusão se desenrolava. Duas mulheres brigavam feio por causa de um homem.
— Amiga, isso é uma furada — murmurou Ingrid entre os dentes.
Eu ia responder, mas fui interrompida ao avistar o homem mais lindo que já vi na vida. Alto, com o cabelo liso e bagunçado, estava sem camisa, exibindo um porte físico perfeito e bem definido, tatuagens pelos braços, e um rosto sério e sexy que me fez perder a compostura.
No entanto, o encanto se quebrou rapidamente ao ver a maneira grosseira com que tratava as mulheres. Ele agrediu uma delas, disse coisas horríveis e chegou a destravar a arma para matá-la. Fiquei tão assustada que gritei e me joguei no chão, em posição fetal, chamando a atenção de todos, inclusive do homem fera, que, apesar de lindo por fora, era um monstro por dentro.
Ele me intimidou de um jeito que quase me deixou sem fala, e só me senti aliviada quando ele me liberou e pude sair dali com a Ingrid. Precisei beber água e respirar fundo para conseguir me recompor.
— Eu te avisei! Ele não presta — disse Ingrid.
— Eu vi! Amiga, ele me intimidou, estou com medo. Onde eu estava com a cabeça quando aceitei essa merda? Não tenho condições de seguir com isso! Nunca vou conseguir ficar bem — sussurrei, triste.
— Calma! Quando o Polegar voltar, você diz que não quer mais e ele te leva para casa. Não se preocupa, vamos dar um jeito. Podemos vender seus móveis, fazer um grande bazar com nossas roupas. A gente encontra outra solução. Não precisa se entregar ao Barão. Aquele homem, por mais lindo que seja, é mau. Não quero que você acabe como a Viviane. Ela é a cadelinha dele, tem uma dependência emocional e ele nunca a assumiu, é só sexo — afirmou, me surpreendendo.
— Não quero isso para mim — sussurrei, quando o Polegar chegou.
Ele atravessou o corredor e se aproximou de mim com um sorriso enigmático.
— Lavínia, o patrão quer falar com você — anunciou, e comecei a tremer.
— Polegar, eu pensei melhor. Acho que não é uma boa ideia. Não quero mais — declarei, hesitante.
— Lavínia, ele quer te ver! Não posso desobedecer uma ordem do Barão. Ou você vai por bem, ou ele vem aqui e te leva à força. E eu tenho certeza de que você não vai querer isso — aconselhou.
— Ingrid! — supliquei à minha amiga.
— Olha pra mim, você vai lá e diz que não quer — respondeu.
— Eu não consigo, ele me intimida. Vou sair de lá toda cagada, mulher! Já estou tremendo só de pensar em encostar nele — confessei.
— Lavínia, será rápido. Eu vou ficar do seu lado, não vou te deixar sozinha — garantiu Polegar.
Respirei fundo, nervosa, sem querer passar por isso, mas o que poderia fazer? Se ele queria me ver, eu precisava ir lá, dizer que foi um engano, pedir desculpas e nunca mais voltar.
Polegar me levou até uma casinha que parecia um escritório. Seguimos até a sala onde ele estava sentado. Quando entrei, ele me olhou de cima a baixo, e eu fiquei completamente envergonhada.
— Saia, Polegar! — ordenou.
— Chefe, eu... — ele tentou falar, mas foi cortado.
— Saia, c*****o! — gritou, e Polegar me olhou sem jeito antes de sair.
Fiquei em pânico, comecei a tremer e tentei me controlar, mas era impossível me manter firme quando ele se levantou e caminhou na minha direção. Dei passos para trás, mas bati as costas na parede e não consegui escapar daquela situação. Seus olhos negros queimavam minha pele.
— O que você quer comigo? — sussurrei, ofegante.
— Polegar me deu a visão — disse, se afastando. — Eu aceito. Te dou 150 mil reais em troca de noites de sexo — afirmou com firmeza, e eu me assustei.
— 150 mil reais? — perguntei, com a voz trêmula.
— Sim. Ele me disse que você tem uma dívida de 50 mil, e suponho que vai precisar dos outros 100 para o tratamento da sua mãe — explicou, e eu abri um sorriso bobo.
Sei que ele está fazendo isso por interesse, o que ficou claro pelo seu olhar predador sobre meu corpo. Senti-me como um ratinho indefeso prestes a ser devorado pelo gato.
— Nossa! Eu aceito — falei, sem pensar.
Aquele dinheiro era tudo o que eu precisava para mudar minha vida. Com ele, conseguiria manter minha mãe no hospital até conseguirmos o transplante.
— Ótimo! Eu quero te comer amanhã à tarde — declarou diretamente, me deixando completamente corada.
— Senhor, eu trabalho... — tentei dizer, mas ele me cortou.
— Que se f**a o seu trabalho. Agora você é minha! Pela manhã, mandarei o Polegar ao hospital para pagar a dívida da sua mãe. Em seguida, você vem direto para o morro. Eu quero você, baixinha — disse, tocando meu rosto. — Se você andar na linha comigo, tudo vai ficar bem. Só não faça merda, mina — avisou.
— Não se preocupa, vou andar na linha — sussurrei.
— Eu acredito. Vá, quero que descanse e esteja preparada para amanhã — disse sério, e eu me apressei para sair daquele lugar.
Encontrei Polegar do lado de fora. Ele me olhou confuso, claramente curioso para saber o que tinha acontecido.
— E aí, Lavínia? — perguntou.
— Eu aceitei. Ele vai me dar 150 mil — confessei, e ele me olhou espantado.
— c*****o, o patrão vai dar 150 mil para trepar com você? Ele estava achando r**m dar 50 mil e, do nada, vai dar 150? p***a, garota, acho que a Ingrid está certa — declarou.
— O que está feito, está feito. Não tem mais volta — sussurrei.
— Venha, vou te levar para a casa da Ingrid — disse ele.
— Não! Estou com sono, preciso ir para casa dormir — pedi.
— Tudo bem, vou te levar para casa, mina — disse, me puxando pelo braço.