Capítulo 2 Lavinia

1162 Words
Quando aceitei a proposta do Polegar, não fazia ideia do que estava me metendo. Ele disse que me levaria ao morro para conhecer o Barão, e minha amiga, com gestos claros, demonstrava sua desaprovação. Mas eu estava cansada de trabalhar honestamente e nunca conseguir dinheiro suficiente. De qualquer forma, jamais conseguiria juntar todo esse dinheiro e acabaria me sujeitando a trabalhar para Loba. Antes disso, Polegar apareceu com a proposta de me apresentar ao temido Barão. Sei que ele é exatamente o tipo de homem do qual minha mãe sempre me alertou para manter distância. Se a dona Eloísa soubesse que estou indo para uma favela para conhecer o dono dela, um traficante perigoso, com quem vou me envolver, ela ficaria completamente desapontada. Mas ela não precisa saber. Será apenas uma troca: alguns encontros pela saúde dela. Assim que ela melhorar, eu paro de me envolver com ele. Polegar estacionou o carro na praça, onde uma grande confusão se desenrolava. Duas mulheres brigavam feio por causa de um homem. — Amiga, isso é uma furada — murmurou Ingrid entre os dentes. Eu ia responder, mas fui interrompida ao avistar o homem mais lindo que já vi na vida. Alto, com o cabelo liso e bagunçado, estava sem camisa, exibindo um porte físico perfeito e bem definido, tatuagens pelos braços, e um rosto sério e sexy que me fez perder a compostura. No entanto, o encanto se quebrou rapidamente ao ver a maneira grosseira com que tratava as mulheres. Ele agrediu uma delas, disse coisas horríveis e chegou a destravar a arma para matá-la. Fiquei tão assustada que gritei e me joguei no chão, em posição fetal, chamando a atenção de todos, inclusive do homem fera, que, apesar de lindo por fora, era um monstro por dentro. Ele me intimidou de um jeito que quase me deixou sem fala, e só me senti aliviada quando ele me liberou e pude sair dali com a Ingrid. Precisei beber água e respirar fundo para conseguir me recompor. — Eu te avisei! Ele não presta — disse Ingrid. — Eu vi! Amiga, ele me intimidou, estou com medo. Onde eu estava com a cabeça quando aceitei essa merda? Não tenho condições de seguir com isso! Nunca vou conseguir ficar bem — sussurrei, triste. — Calma! Quando o Polegar voltar, você diz que não quer mais e ele te leva para casa. Não se preocupa, vamos dar um jeito. Podemos vender seus móveis, fazer um grande bazar com nossas roupas. A gente encontra outra solução. Não precisa se entregar ao Barão. Aquele homem, por mais lindo que seja, é mau. Não quero que você acabe como a Viviane. Ela é a cadelinha dele, tem uma dependência emocional e ele nunca a assumiu, é só sexo — afirmou, me surpreendendo. — Não quero isso para mim — sussurrei, quando o Polegar chegou. Ele atravessou o corredor e se aproximou de mim com um sorriso enigmático. — Lavínia, o patrão quer falar com você — anunciou, e comecei a tremer. — Polegar, eu pensei melhor. Acho que não é uma boa ideia. Não quero mais — declarei, hesitante. — Lavínia, ele quer te ver! Não posso desobedecer uma ordem do Barão. Ou você vai por bem, ou ele vem aqui e te leva à força. E eu tenho certeza de que você não vai querer isso — aconselhou. — Ingrid! — supliquei à minha amiga. — Olha pra mim, você vai lá e diz que não quer — respondeu. — Eu não consigo, ele me intimida. Vou sair de lá toda cagada, mulher! Já estou tremendo só de pensar em encostar nele — confessei. — Lavínia, será rápido. Eu vou ficar do seu lado, não vou te deixar sozinha — garantiu Polegar. Respirei fundo, nervosa, sem querer passar por isso, mas o que poderia fazer? Se ele queria me ver, eu precisava ir lá, dizer que foi um engano, pedir desculpas e nunca mais voltar. Polegar me levou até uma casinha que parecia um escritório. Seguimos até a sala onde ele estava sentado. Quando entrei, ele me olhou de cima a baixo, e eu fiquei completamente envergonhada. — Saia, Polegar! — ordenou. — Chefe, eu... — ele tentou falar, mas foi cortado. — Saia, c*****o! — gritou, e Polegar me olhou sem jeito antes de sair. Fiquei em pânico, comecei a tremer e tentei me controlar, mas era impossível me manter firme quando ele se levantou e caminhou na minha direção. Dei passos para trás, mas bati as costas na parede e não consegui escapar daquela situação. Seus olhos negros queimavam minha pele. — O que você quer comigo? — sussurrei, ofegante. — Polegar me deu a visão — disse, se afastando. — Eu aceito. Te dou 150 mil reais em troca de noites de sexo — afirmou com firmeza, e eu me assustei. — 150 mil reais? — perguntei, com a voz trêmula. — Sim. Ele me disse que você tem uma dívida de 50 mil, e suponho que vai precisar dos outros 100 para o tratamento da sua mãe — explicou, e eu abri um sorriso bobo. Sei que ele está fazendo isso por interesse, o que ficou claro pelo seu olhar predador sobre meu corpo. Senti-me como um ratinho indefeso prestes a ser devorado pelo gato. — Nossa! Eu aceito — falei, sem pensar. Aquele dinheiro era tudo o que eu precisava para mudar minha vida. Com ele, conseguiria manter minha mãe no hospital até conseguirmos o transplante. — Ótimo! Eu quero te comer amanhã à tarde — declarou diretamente, me deixando completamente corada. — Senhor, eu trabalho... — tentei dizer, mas ele me cortou. — Que se f**a o seu trabalho. Agora você é minha! Pela manhã, mandarei o Polegar ao hospital para pagar a dívida da sua mãe. Em seguida, você vem direto para o morro. Eu quero você, baixinha — disse, tocando meu rosto. — Se você andar na linha comigo, tudo vai ficar bem. Só não faça merda, mina — avisou. — Não se preocupa, vou andar na linha — sussurrei. — Eu acredito. Vá, quero que descanse e esteja preparada para amanhã — disse sério, e eu me apressei para sair daquele lugar. Encontrei Polegar do lado de fora. Ele me olhou confuso, claramente curioso para saber o que tinha acontecido. — E aí, Lavínia? — perguntou. — Eu aceitei. Ele vai me dar 150 mil — confessei, e ele me olhou espantado. — c*****o, o patrão vai dar 150 mil para trepar com você? Ele estava achando r**m dar 50 mil e, do nada, vai dar 150? p***a, garota, acho que a Ingrid está certa — declarou. — O que está feito, está feito. Não tem mais volta — sussurrei. — Venha, vou te levar para a casa da Ingrid — disse ele. — Não! Estou com sono, preciso ir para casa dormir — pedi. — Tudo bem, vou te levar para casa, mina — disse, me puxando pelo braço.
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