Uma semana depois
Ayla
—Acho que essa é a última caixa.
—Muito obrigado Otavio, acho que sem sua ajuda iríamos ter passado o dia inteiro fazendo essa mudança. —Agradeço-o, e o beijo antes que minha irmã voltasse do mercado.
—Sabe que sempre pode contar comigo. Não sabe? —Indagou acariciando meu rosto.
—Sim....você é um homem incrível. —Afirmo e os lábios dele volta a toca os meus.
Por um momento minha mente imagina que seja os lábios de Vincenzo, bem como a mão dele que passeiam em torno do meu corpo. Me afasto bruscamente, tinha que parar com tais pensamentos. Vincenzo não seria meu e na verdade nunca fora, ele era de todas, mas nunca será meu, nem antes, nem agora. E não fora nem uma troca de meia dúzia de palavras em um casamento. Ao contrário de Otavio, que sempre fora meu, e não merecia que estivesse em seus braços enquanto minha mente estava em outra pessoa.
—O que aconteceu? —Indagou.
—Nada, apenas que Julia pode estar subindo e acabar nos flagrando. — Minto.
—Está certa, é difícil parar quando começamos. —Ele se aproxima e mais uma vez me beija, desta vez um beijo rápido.
Ouvimos passos no corredor, nos afastamos de imediato. Era algo nosso, minha irmã não sabia e nem minhas amigas, na realidade era meu único segredo que escondia de todos, que me envolvi com Otavio, o filho do pião da fazenda do meus pais.
Não era vergonha, nunca fora, na verdade amava o fato dele não ser como os demais rapazes que conheci durante a minha adolescência, os quais meus pais faziam questão que os conhecessem, tudo porque eram de família ricas, e quando fiquei de maior isso foi se tornando muito mais frequente.
No entanto eu sabia que Otavio estaria ali sempre me esperando, depois de mais um encontro as cegas com algum menino que não pensava em mais ninguém se não nele, ou no quanto zero tinha depois de dois ou três dígitos.
Não foi algo por acaso, antes de se tornar um relacionamento, surgiu uma amizade, e depois de anos me ouvindo falar sobre meus encontros fracassados ele tomou à iniciativa, e me beijou.
Foi meu primeiro beijo, assim como em uma noite chuvosa, quando meus pais tinham viajado, saímos de beijos e fomos para outro nível, ali entre adrenalina de sermos pegos pela única pessoa da família além de mim que estava na casa, e o barulho das gotas de água da chuva que batiam em minha janela, me entreguei a ele, o fazendo o primeiro homem a me tocar intimamente, tudo isso a quase seis anos atrás desde então ficamos sempre que queremos.
Mas o motivo pelo qual não assumo nenhum compromisso com Otavio era meu pai. Se ele descobrisse iria colocar Otavio para fora da empresa, assim o impedindo de cuidar dos pais idosos.
—Cheguei! —Anunciou minha irmã e adentrando o apartamento. —E trouxe alguém comigo. —Minha amiga Daniele apareceu logo atrás.
—Seja bem-vinda ao meu apartamento. — Abraço-a.
—Estava passando do tempo de ter seu próprio lugar de morar amiga. — Adentrou um pouco mais. —Oi, Otavio! Quanto tempo. — Eles se cumprimentaram.
—Verdade muito tempo Daniele, acho que vou colocar essas caixas lá dentro, com licença. —Saiu levando uma das caixas.
—Eu te ajudo! —Disse minha irmã, saindo com a outra caixa para o terceiro quarto dos que tem no apartamento.
—Amiga, era impressão minha, ou tinha marca do seu batom na boca do Otávio? —A encarei, pois sabia que não era verdade, pois meu batom tem uma boa fixação, pois eu mesma tinha o desenvolvido. —Estou apenas brincando......não seria nada demais se vocês se envolvessem, ele é um homem lindo, além de gentil e forte.
—Deixa só o Carlos te ouvir falando assim de outro homem. —Implico com ela pois sei o quanto o namorado dela é apaixonado por ela. —Já pensou ser a primeira mulher a dormir no sofá?
—Ele não seria capaz de fazer isso, além do mais, não há nada de m*l falarmos da aparência de um homem e suas qualidades, não é como ir para cama com outro. —Afirma ela.
—Amiga, já ouviu falar de direitos iguais? —Indago.
—Sim, estou usando o meu agora. Não pense que não sei que ele não olha para as outras mulheres quando está com os amigos? Posso amar meu namorado mais não deixo o amor me cegar.
—Bom você que sabe. —Digo colocando um ponto final naquele assunto. Não sou a favor do machismo, mas também não sou a favor do feminismo em seu absoluto, sou a favor de que exista um equilíbrio, de ambas as partes. Mostro cada canto do meu apartamento que já está parcialmente decorado já que a arquiteta deixou como eu pedi, pois queria deixar alguns lugares para eu mesma decorar como bem entendesse.
—É lindo amiga, e você tem muito espaço aqui.
—Aqui será onde irá ser meu atelier, ou minilaboratório se assim preferir chamá-lo, o que importa é que aqui é meu espaço onde poderei criar meus cosméticos. —Afirmo.
—É um ótimo lugar.
—Também acho. —A voz de Carlos nós surpreendeu, Carlos além de namorado da minha amiga é umas das poucas pessoas que presenteei, com uma das minhas criações. —Agora poderei pedir mais um frasco do meu perfume e creme de pele.
—O que faz aqui? —Questionou Daniele.
—Bom, tinha alguns assuntos para resolver aqui perto, e como já tinha acabado, lembrei que você disse que iria vir ajudar Ayla com a mudança, e como estava por perto resolvi dar um pulo aqui. —Ela se aproximou dele e o beija.
—Lembre-se que tem criança presente. —Digo brincando.
—Uma criança que está solteira porque quer. —Rebate assim que ele se vira para mim, sinto-me abraçada pela cintura.
—Anda, porque não o convida para um encontro, use seu direito de igualdade.
—De quem ela está falando? —Indagou Carlos.
—Ninguém. Será que dá para levar sua namorada embora? Antes que eu repense os motivos pelos quais somos amigas? —Digo em tom de voz sério, o que era bem contrário da minha expressão facial.
—Você não faria isso! —Afirma ela.
—Como pode ter tanta certeza? —Rebato.
—Pelo simples fato que sou a única das quatro com quem pode contar.
—Irei subornar Donald, para que ele venha morar aqui no Brasil.
—E de que forma seria esse suborno?
—Criarei uma linha exclusiva de cosmético para ele, assim ele não verá outra maneira a não ser fazer tudo que eu pedir.
Depois de umas boas gargalhadas, os acompanhei até a saída do edifício e assim que nos despedimos, eles adentraram no carro e foram embora. Era tarde de sexta e quase iria ser noite, então resolvi voltar para o apartamento e continuar o que estava fazendo, logo Otavio e minha irmã voltariam para a fazenda, me deixando sozinha em meu apartamento. No momento que estava para entra no hall de entrada o porteiro me chamou.
—Srta. Campos! Entrega para a senhorita.
—Entrega para mim?
—Sim.
Fui até a entrada novamente, e um entregador de flores estava parado com um grande buquê de Rosa azuis, as minha preferidas.
—Srta. Ayla Siqueira Campos, do edifício Lindo Luar, bloco décimo, apartamento 354ª? —Indagou o entregador, e por um momento fiquei surpresa ao saber como ele sabia tudo isso sobre mim. —Sim, sou eu.......mas como você sabe tudo isso sobre mim?
—A não se preocupe, foi tudo especificado aqui no papel de entrega das flores, é exigido ter certeza de que seria a senhorita mesma que receberia as rosas.
—Mas quem mandou?
—Bom, é que não foi escrito aqui, mas tem um cartão. A senhorita poderá ler e ver quem mandou. —Esclareceu. —Por favor assine aqui, não precisa ser completo pode rubricar se desejar, é apenas para confirmar que a senhorita recebeu o buquê. — Ainda estava pensando se receberia aquele buquê, quando ouço a voz de minha irmã.
—Por que está demorando tanto em? —Parou ao meu lado. — Esse buque é para você? —Falou e foi logo pegando as flores.
—Sim. —Respondo. —Por favor me deixe assinar.
Assim que terminei o entreguei o tablet, e o entregador foi embora.
—Quem será que mandou esse buquê para você?
—Não faço a mínima ideia, Julia.
—Olha aqui o cartão. Abre que logo iremos descobrir.
—Não! Irei fazer isso mais tarde, agora vamos temos muito que arrumar antes da senhorita voltar para casa.
—Poxa, poderia me deixar passar a noite aqui. —Se queixou.
—Não! Sabe que logo nossos pais irão ligar e você precisa atender a ligação deles. Esse foi o que combinamos, além do mais tenho uma pequena viagem de negócios esse fim de semana. E só estarei de volta na segunda à tarde.
—Está bem!