Voltamos para o apartamento, onde encontramos Otavio preparando sanduiches para nós. Depois que saboreamos o lanche, finalmente terminamos de arrumar as últimas coisas, que estavam empacotadas.
—Elas irão ficar aqui! —Julia coloca o vaso com o buquê, no meio da mesa de jantar. —Então Otavio, o que acha? —Vejo olhar que Otavio lança sobre as flores.
—Não sou muito bom com esse tipo de coisa. —Afirma, mas sei que está mentindo, ele é bom, pois já, inúmeras vezes, ele me deu pequenos buquês.
—Não seja modesto. —Retruca ela.
Ele olha no relógio e sei que é para disfarça seus ciúmes. —Acho que está na hora de irmos embora.
—Ainda está cedo. —Digo. —Porque não fica mais um pouco e pedimos uma pizza.
—Isso! Otavio, apenas mais um pouco.
—Não posso, tenho que revisar alguns documentos da empresa. E se ficarmos mais aqui irei me atrasar para finalizar meu trabalho. —Opto por não insistir mais, e resolvo convencer minha irmã a acompanhá-lo.
(...)
No dia seguinte pego o primeiro voo para Salvador, desembarco duas horas e trinta minutos depois de embarcar. Thomas, o gerente de vendas da filial que temos na Bahia, está a minha espera, ele é um homem de um metro e noventa, n***o, de olhos verdes, vejo ele vestido em uma camisa social branca, de manga longas, dobradas até os cotovelos, calça social preta, sapa tênis branco.
—Olá. —Digo me aproximando dele assim que saio da sala de desembarque.
—Tudo isso é para mim?
—Logico! —Sorriu. —Fez uma boa viagem?
—Sim, graças a Deus. —Ele me abraça e assim seguimos em direção a saída, já dentro do carro começo a fazer algumas perguntas. —Então, como andam as vendas da nova linha de cosmético?
—Bom, não estão saindo como esperado. —Responde, enquanto dirige.
—Não, foi isso o que Paulo disse da última vez que falei por ligação com ele.
—Então ele mentiu. —Afirmou sem tirar olho da estrada.
—Você confia nele?
—Quer a verdade?
—Sim.
—Nem um pouco. —O semáforo fecha, fazendo assim com que ele pare o carro. —Para falar a verdade, nunca fui muito com a cara dele. Eu sei que não devemos julgar simplesmente pela aparência, mas há algo nele que não me passa confiança, não sei o que é, mas sinto isso.
—Entendo, também sou assim. —Falo, e assim que o sinal se abre o carro se põem em movimento.
Já tem cinco horas que cheguei, estou analisando minuciosamente, os balancetes de vendas, e comparando com os que trouxe da empresa central, e notei pequenos erros que ao se juntar, dá um grande buraco, o que mostra que os relatórios foram alterados mesmo que de forma quase imperceptível, fazendo com que muitos tenham recebido bônus salariais sem realmente terem feito por merecer.
—Walkiria, marque uma reunião de urgência, para as quatro horas com todos os chefes do departamento de vendas. E não me importo que hoje seja sábado, ou que alguns tenha saído para viajar, quero todos aqui na empresa, a não ser tenham motivos consistentes para não estarem presentes, e, caso faltem, pode mandar um aviso de demissão. —Digo através da linha telefônica, para a secretaria do gerente geral da filial.
—Certo, senhorita deseja mais alguma coisa?
—Não, apenas prepare tudo e avise os endereçados, estarei saindo só retorno à tarde. —Aviso e deligo em seguida. Pego todos os documentos ponho em uma pasta e pegando minha bolsa, saio do escritório.
Depois de mandar mensagem para Thomas me esperar no hall de entrada da empresa, desço de elevador, o encontro a minha espera, saímos para almoçar, e depois fui para um apart-hotel que fica de frente para a praia. Três horas depois de estar descansada, arrumada e pronta para enfrentar um bando de homens de meia idade, voltei para empresa faltando trinta minutos para a reunião, fui recebida por meia dúzia de senhores, logo assim que adentrei o hall de entrada. Cumprimentei a todos, e seguir rumo ao elevador privativo, subir até o último andar, fui em direção ao escritório do Paulo.
—Isso senhor.
Ele estava ao telefone conversando com alguém.
—Irei informar os demais.
Fiquei quieta, observando-o.
—Sim, pedirei a ela que entre em contato assim que ela chegar. —Ele se virou e pela primeira vez ele me viu ali. —Bom senhor, ela está aqui deseja que passe a ligação para ela?
Estreito meu olhar e encaro o aparelho que ele me oferece com um sorriso debochado.
—Essa ligação é para senhorita.
—Obrigado. —Falo caminhado até sua mesa. —Será que pode me dar privacidade para falar com meu pai?
—Claro, fique à vontade senhorita Campos. Estarei em casa caso precise de mim.
—Não se preocupe, caso seja necessário eu mesma tomo conta dos assuntos com relação a minha empresa. —Retruco. —Agora saia! —Ordeno, espero que ele se retire do escritório, para pôr fim falar com meu pai.
Ele pega sua maleta e um terno, a chaves do carro e segue em direção a porta, assim que a mesma é fechada, respiro fundo, antes de levar o aparelho ao ouvido.
—Alo. —Digo
—Quero saber com qual autorização você foi até a filial da empresa de Salvador, e convocou uma reunião de última hora, e ainda por cima com ameaça de demissão de funcionários? —Indagou com tom de voz séria.
— Tive meus motivos. —Respondi no segundo seguinte.
—E posso saber qual?
—Quando o senhor voltar irei mostrar os motivos, apenas confie em mim, pois sei bem o que estou fazendo. —Afirmo.
—Ouça bem......
O interrompi. —Não papai, ouça o senhor: estou aqui apenas para corrigir alguns erros, os quais se não forem feitos agora poderá ter grande efeito a longo prazo. Então me deixe fazer meu trabalho, brigue comigo assim que o senhor voltar e analisar os documentos que tenho em mãos, irei desligar estou atrasada.
—Não ouse.... —Desliguei, o que menos queria agora é ter que perder tempo com meu pai.
Sai do escritório e assim que sai vi Walkiria. —Estão esperando a senhorita na sala de reunião.
—Quantos? —Indago.
—Apenas três senhorita. —Responde ela.
—Venha comigo Walkiria.
—Sim, senhorita.