Breno Narrando
Fala aí, rapaziada! Meu nome é Breno Fernandes, mas a galera me chama de BN. Só a minha família me chama pelo nome, mas eu não ligo. Tanto faz Breno ou BN, é tudo a mesma pessoa. Sou o sub da Rocinha, com muito orgulho. Adoro a minha quebrada e tenho um amor enorme por esse lugar.
Tenho 20 anos e sou trigêmeo. Sou idêntico ao meu irmão, a rapaziada até confunde a gente. Já chegam me chamando de Lúcifer e jogam os B.O. tudo em cima de mim. Eu deixo eles falarem, me atualizo do assunto e, depois, já mando a real que eu não sou o Lúcifer. Geral fica bolado.
Meu melhor amigo é o meu irmão Oliver, o dono da quebrada e meu gêmeo. Meu segundo melhor amigo é o Danilo, filho do tio Davi e da Princesa. Mas também tem meus outros irmãos e o meu coroa. Meu pai é o melhor, tá ligado? Só que ele também sabe pegar pesado. Se tá errado, ele corrige. E eu tô errado na maioria das vezes.
Ser sub não é fácil. Às vezes, meu irmão tá de ovo virado ou correndo atrás da Caroline, aí as pïca sobram tudo pra mim, sacou? Eu que tenho que resolver os B.O. que são dele. Mas também tem suas vantagens, sou querido pelos moradores. Quando digo que sou o BN, o pessoal me respeita. Já meu irmão, o povo tem medo. Ele é o Dïabo na terra.
Fomos criados sem mãe, mas eu conheci o amor de mãe com a minha avó Olívia, a famosa Dama, e com a tia Lara. A Princesa também sempre esteve presente na nossa vida, junto com a tia Tayná e a tia Cristiane, que são as mulheres dos meus tios trigêmeos. Todas sempre cuidaram da gente e nos deram o amor que uma criança precisa.
Agora, falando de coração... porr@, mano, tô sofrendo, sofrendo igual cachorro. Eu queimei a largada, me apaixonei por uma mina aí, mas essa mina tá judïando do meu coração. Só quem sabe disso é meu irmão, o Oliver, e o Danilo.
Eu tava de boa, comendo quem abrisse as pernas: Paty, püta, marmita... Já até chegou mina virgem me pedindo pra tirar o cabaço. Eu e o Bryan somos os que mais recebem esses pedidos aqui no morro, mas a gente manda vazar. Meu pai me ensinou desde cedo que a primeira vez de uma mina tem que ser especial, com carinho, e eu não tenho nada de especial pra oferecer, então já mando procurar outro.
Fui na festa da Caroline, minha cunhada, ou ex-cunhada, sei lá. Ela e meu irmão vivem esse ioiô, vai e vem do caralhø. Mas, enfim, fiquei com a Alice lá na festa. A gente curtiu a noite, mas ela não quis dormir comigo. Respeitei, porque sou sujeito homem. No outro dia fui atrás dela, ficamos de novo, tava tudo certo. A gente foi ficando, mas sem falar em assumir nada. Pra mim, tava ótimo. Alice é linda, cria da quebrada, meiga. um sonho de mulher. A gente foi se envolvendo, e Alice aceitou dormir comigo, levei ela para um Motel, não ia botar uma princesa em dos matadouro da rapaziada. Ela merece o melhor. Vou dá o papo, Alice foi a melhor føda da minha vida.
Mas aí a Tamires veio me tentar. Ela é uma garota com quem eu sempre fico, nada sério. Já rolou até eu e o Nevado ao mesmo tempo com ela, só por zoeira. Mas a Tamires soube que eu tava ficando só com a Alice e veio me provocar. Quase esfregou na minha cara e, porr@, sou homem, né? Caí no canto da sereia e me lasquei.
Tamires me deu a noite toda e espalhou no outro dia. Chegou no ouvido da Alice. Quando mandei mensagem falando que tava com saudade, a mina não me respondeu. Insisti, e quando veio a resposta... porr@, ela me botou no cü do cachorro pra baixo. Falou pra eu seguir minha vida, que a gente não tem compromisso e que eu posso ficar com quem eu quiser, e ela também. Aí, mano, eu surtei, caralhø!
Mano, eu tô mäl. Tipo, mäl de verdade. Sabe quando tu faz uma cagad@ e acha que tá suave, mas aí vem o tapa na cara? Foi isso que rolou. Eu vacilei feio com a Alice, e a mina nem quis trocar ideia comigo pessoalmente, tá ligado? fui na casa dela, e mano, quando eu bati o olho nela, püta que pariu! Ela tava linda demais. Ali, o arrependimento veio com tudo. Fiquei na bad pesada de ter ficado com a Tamires. Foi impulso, burrice, sei lá, mas fiz merda.
Cheguei e pedi perdão pra Alice, na humildade mesmo, porque eu sabia que eu tava errado, né? Só que a resposta dela me quebrou. Ela soltou aquela de que “eu não tenho o que perdoar porque tu nunca prometeu nada pra mim e eu sabia que uma hora ia rolar isso.” Pô, na moral, fiquei bolado com essa fala. Tipo, sério, eu entendo que eu nunca dei garantia de nada, mas ouvir isso da boca dela me destruiu por dentro. Eu esperava uma treta, um xingamento, qualquer coisa, mas aquela frieza dela foi o que me deixou pior ainda.
Depois disso, minha cabeça ficou um nó. Eu queria esquecer, tá ligado? Tava sentindo aquele peso, um vazio esquisito no peito, e eu sabia que ia fazer merda de novo. Então, comecei a beber, fui cheirar, fiquei doidão. Achei que assim eu ia fugir da realidade, esquecer a merda que fiz. Por umas horas, até que funcionou, mas aí, mano, o desespero veio de um jeito que eu não esperava. Caiu a ficha de que a Alice não tava mais nem aí pra mim, que eu tinha perdido ela.
E aí, veio a bomba: chegou nos meus ouvidos que a Alice passou num curso fora do Rio e tá de malas prontas pra meter o pé. Eu travei. Como assim, mano? Ela vai embora, vai sumir, e eu vou ficar aqui? Sem ela? Não dá, não dá mesmo. Não vou deixar isso acontecer, nem füdendo.
Eu sei que eu fiz merda, mas mano, se tem uma coisa que eu sei, é que eu amo essa mulher. Eu amo a Alice. E eu não posso perder ela assim, sem lutar, tá ligado? Já tô bolando um plano. Vou dar uma de Oliver, mano, aquele cara que não desiste nunca. Não interessa se ela tá de saco cheio de mim, se eu fiz besteira. Eu vou até o fim por essa mina. Ela não vai sair da minha vida assim, na moral. Vou colar lá, encarar de frente e falar tudo que eu sinto, sem rodeio.
Tô pronto pra isso. Já perdi tempo demais, já fiz merda demais, e agora eu sei que eu não posso deixar a Alice ir embora sem saber o quanto eu me arrependo e o quanto ela é importante pra mim. Eu tô disposto a mudar, a correr atrás, a fazer o que for preciso. Se for pra correr atrás dela até em outra cidade, eu vou. Só não posso ficar parado, vendo ela se afastar e sumir da minha vida pra sempre.
A real é que eu tô füdido, e eu sei disso. Mas se eu não fizer nada agora, aí sim eu vou estar ferrado de vez. Alice pode até não querer me perdoar, pode até continuar püta comigo, mas pelo menos eu vou ter tentado. E eu vou com tudo, mano.