Caroline Narrando
Oliver pensa que, depois de tudo que ele fez, vai me ter novamente. Posso até estar me iludindo, porque eu não resisto a ele, isso é fato. Sou completamente apaixonada por aquele capeta gostoso. Mas cansei de ser feita de trouxa, tá na hora de dar o troco. Ele pode me trancar aqui na quebrada, mas vai ser na quebrada dele mesmo que eu vou fazer da vida dele um inferno. Oliver vai se arrepender de ter ficado com outra mulher.
Hoje, eu tava em casa, tomei banho e me olhei no espelho. Acho que estou muito sem graça, então tive uma ideia, mas foi totalmente despretensiosa no começo. Depois, virou uma ideia de gênio.
Liguei para Alice, sei que ela está tristinha, por causa do BN. Mas, sinceramente, não queria que ela passasse mais um dia afundada nessa bad. Então decidi que a gente precisava de um bom bronze pra animar. E o melhor lugar? A laje da Jane, óbvio. É de longe o melhor bronze da região, e hoje o sol prometia.
- Alô, Alice? - falei assim que ela atendeu, a voz meio arrastada de quem ainda estava acordando. - Se arruma e me encontra na laje da Jane. A gente vai fazer aquele bronze caprichado, marquinha de fita pra deixar os gêmeos babando.
- Não sei se tô com disposição, Carol. Tô meio na bad, sabe?
- Ah, para com isso! - eu retruquei, decidida. - Você não vai ficar aí sofrendo por causa do BN, não. Ele é igualzinho ao irmão, galinha demais. Hoje é dia de se cuidar e ficar ainda mais gostosa. Quero ver se depois da marquinha nova você ainda vai lembrar desse vacilão.
Deu pra ouvir a risada dela mais solta dessa vez. Funcionou.
Chegamos na laje e a Jane já estava lá, ajeitando tudo. O sol estava forte, o céu sem nenhuma nuvem, daquele jeito perfeito pra garantir uma marquinha impecável. Eu e Alice passamos o protetor, colamos as fitinhas e deitamos nas espreguiçadeiras.
— Nossa, essa laje aqui é um luxo, né? — Alice comentou, deitando na espreguiçadeira ao meu lado. — A Jane sabe mesmo como montar um espaço top.
— E não é? Aqui é o melhor bronze que você vai encontrar, amiga — concordei, ajustando a fita no biquíni pra garantir aquela marca perfeita.
A conversa fluiu fácil, como sempre. A gente ria, falava da vida, dos boys, e do quanto os gêmeos deviam estar se mordendo de raiva por terem perdido a chance com a gente. Eles sempre achavam que podiam ter qualquer uma na hora que quisessem, mas agora vão ver o que é perder duas mulheres incríveis. E a melhor parte? A gente estava se divertindo demais pra se importar.
— Mas me conta, amiga — ela começou, aproveitando que eu estava mais relaxada. — Como tá sua situação com o Lúcifer Você ainda tá na dele?
Ela suspirou, o olhar perdido no horizonte por um segundo, antes de voltar a me encarar.
— Ah, Alice. Eu não sei, sabe? Ele é um galinha. Sei que não presta, mas tem hora que parece que ele muda, que tá tentando ser alguém melhor... só que aí ele vai lá e faz tudo de novo.
Ela falou do BN. E da Tamires que tá no pé dela, eu vou dar uma surra naquela Vagabunda, ela e a Jeni são da mesma laia, a diferença é que a Jeni fica na dela, ela tem medo do Oliver.
Passamos a manhã inteira naquela vibe boa. A Jane trouxe uns drinks, o sol foi queimando na medida certa, e a marquinha ficou impecável. Toda vez que eu e Alice olhávamos uma pra outra, a gente caía na gargalhada.
Quando a Alice me contou que passou na seletiva para o concurso de São Paulo, eu fiquei surpresa, mas não tanto. Ela sempre foi focada e dedicada no que faz. O que me pegou desprevenida foi o que veio depois.
— Carol, eu vou me mudar pra São Paulo — ela disse com aquele brilho nos olhos que faz a gente sentir um misto de alegria e saudade.
— Como assim, se mudar? Mesmo que não passe no concurso? — perguntei, tentando entender.
— Isso mesmo, amiga. Com concurso ou sem concurso, vou dar um tempo daqui do Rio. Acho que já deu pra mim, sabe? Quero algo novo, quero fazer alguma coisa da minha vida.
— Você tá fazendo isso por causa do BN, né? — A pergunta saiu antes de eu pensar, mas eu sabia que tinha a ver com ele também.
— Também — Alice admitiu com um suspiro. — Mas não é só isso, Carol. Eu preciso mudar de ares, me encontrar. Tá na hora.
Ela me abraçou forte, e eu senti a despedida começando a se formar ali mesmo, naquele abraço. Eu desejei tudo de bom pra ela, do fundo do meu coração.
— Amiga, você merece toda a felicidade do mundo. Que você encontre tudo o que tá buscando. — Falei com a voz embargada. Alice é daquelas amigas que você não quer que vá embora, mas ao mesmo tempo sabe que é exatamente o que ela precisa.
Depois disso, saímos da casa da Jane juntas. Só que eu não esperava encontrar o Oliver lá fora, me esperando com aquela cara fechada que ele sempre faz quando quer brigar.
— Caroline — ele começou, direto e sem rodeios. — A gente precisa conversar.
Eu revirei os olhos. Já sabia que dali não ia sair nada de bom.
— Conversar o quê, Lúcifer? Você já disse tudo o que tinha pra dizer da última vez.
Começamos a discutir, Oliver me levou a força para o carro, ele odeia quando eu chamo ele de Lúcifer. Na família do meu padrinho, os homens tem tipo uma "tradição" que suas mulheres devem chamar pelo nome, não pode se dirigir ao Homem pelo vulgo, como todo mundo. Então só para pirraçar, fiquei falando o vulgo dele o tempo todo, a cada frase.
Quando ele falou que ia aumentar a cota da Jane, só para me atingir. Fiquei possessa com ele. E quando ele disse que deixava como está, se a gente voltasse.
Respirei fundo, sentindo a raiva crescer. Oliver sempre achou que podia controlar as coisas desse jeito. Chantagem barata, jogo sujo. Só que comigo, ele não vai ter vez.
— Nunca, Oliver. Nunca mais! — respondi firme, olhando bem nos olhos dele.
Ele me encarou por um momento, como se estivesse tentando decidir o que dizer ou fazer. E quando me deixou na porta da minha casa, ao invés de pedir desculpas ou se mostrar arrependido, ele foi ainda mais longe.
— Você vai morrer sozinha, Caroline. Porque eu mato, quem tentar tocar em tu. E vai morrer dentro da quebrada, sendo vigiada por mim.
Eu fiquei um segundo em silêncio, tentando processar o que ele acabava de dizer. Mas aí o sangue subiu e eu gritei pra todo mundo ouvir.
— Eu morro sozinha, mas na minha boca e no meu corpo você nunca mais encosta! — A rua inteira parou pra olhar, mas eu não tava nem aí.
Entrei em casa batendo a porta com força, o coração acelerado.
Sentei no sofá, respirando fundo pra acalmar os nervos. Minha mãe tava lá para dentro, mas saiu assim que ouviu o estrondo da porta, quando ela me olhou disse que já sabia o que estava pegando.
— Brigou com Oliver, de novo, O que foi dessa vez? — Ela perguntou, meio sorrindo.
— Eu odeio aquele garoto, e vou mostrar a ele, quem vai morrer sozinho — Falei, dei um beijo no rosto da minha mãe e fui para o meu quarto.
Oliver acha que ganhou, mas essa guerra só está começando. Eu não ia para o baile dos gêmeos, agora eu vou.