Lúcifer Narrando
Cheguei em casa já püto da vida. Nem quis saber de nada, só subi direto pro meu quarto, me joguei na cama e fiquei ali, encarando o teto, bolado. Que merda, mano! Essa Jeni é føda. Vai inventar logo essa porr@ agora? Tá querendo atenção, só pode. Marmita querendo ser banquete, vê se pode. Pior que o tio Léo tava lá na hora, viu a treta toda. Ele é fofoqueiro pra caralhø, vai correr direto pra Caroline, não tem jeito. Inferno de vida!
Peguei o rádio que tava na mesinha e passei pro Chicó.
– Cola aqui na goma, parceiro, urgente.
Esperei um tempo, inquieto. Minha cabeça rodava. Eu não podia deixar essa história crescer. Jeni, essa pïranha, tá é zoando comigo. Se essa história atrasar o meu lado com a Carol, alguém vai pagar, e esse alguém é a Jennifer.
Os moleques da segurança passaram o rádio, levantei da cama, fui até o espelho e me olhei. O cansaço na minha cara era visível, mas a raiva que me consumia era maior. Desci a escada, e lá tava o Chicó, me esperando na sala. Dei um toque pra ele me seguir até o escritório, porque esse tipo de conversa não se troca em qualquer lugar. Sentamos, e eu já fui mandando a real:
— Seguinte, Chicó. Levanta tudo pra mim sobre a Jennifer. Quero saber com quem essa püta tá trepando e se essa história de gravidez é verdadeira. Preciso que você descubra quem é o pai, se é que ela sabe.
Ele olhou pra mim com uma cara meio desconfiada, coçou o queixo e soltou:
— E se for teu?
Aquela frase me deu um baque. Como assim, mano? Já fiquei bolado na hora. Respirei fundo e olhei bem nos olhos dele, que não tirava a cara da minha.
— Não é meu, porr@! Cê tá louco? Eu sei muito bem o que eu faço e com quem eu faço. Se um dia eu for ter filho, vai ser com a minha mulher, tá ligado? Não com qualquer vadïa que aparece pela frente. Para com essa ideia errada aí cüzão.
Chicó fez que sim com a cabeça, mas eu percebi que ele ainda tinha dúvida. Ele conhece minha vida, sabe das merdas que já fiz, mas eu sempre fui firme com isso. Eu não vou cair nessa de engravidar qualquer uma que me aparece.
— Tá, então. Mas e se ela estiver grávida mesmo? Como vai ser com a patroa.
Eu passei a mão no rosto, pensando. A verdade é que eu não sabia bem como ia lidar se esse inferno se confirmasse. Só sei que não ia ser eu o pai, isso eu tinha certeza. Jennifer é problema, sempre foi, mas não será um problema meu.
— Chicó, escuta bem. Se ela tiver grávida, eu preciso saber o quanto antes. Eu não vou deixar essa merda crescer. Descobre pra mim, faz o que tiver que fazer. Eu preciso saber quem é o pai, e fazer ele assumir a cagad@.
Chicó balançou a cabeça de novo, concordando. Ele é daqueles que não faz muita pergunta, só obedece. Isso que é bom nele. O cara sabe o que tem que fazer e não fica em cima. Levantou do sofá e deu um último aviso:
— Vou correr atrás disso, vou descobrir a verdade. E qualquer coisa, te dou um toque.
Assenti com a cabeça, e ele saiu.
Fiquei mais um tempo ali, sentado no escritório, pensando em tudo. Minha cabeça rodava. Jennifer é um problema que eu nunca deveria ter deixado entrar na minha vida. Mas agora, o estrago tava feito. E eu tenho que correr atrás do prejuízo.
Levantei, voltei pro quarto e me joguei na cama de novo. Dessa vez, o sono não veio. Fiquei ali, olhando pro teto, enquanto a mente tava a milhão.
O celular vibrou do meu lado e, era uma mensagem da Caroline: "Parabéns, papai". Meus olhos mäl acreditaram no que estavam lendo. Püta que pariu, eu sabia que essa merda ia acabar assim! Do nada, a foto dela no perfil sumiu. A safäda me bloqueou! Caralhø, só pode tá de s*******m. Meu sangue subiu na hora, senti o calor tomando conta de mim, e juro, se a Jeni não estiver prenha, eu vou dar uma surra nessa vagabünda. Eu não bato em mulher, mas essa maldita tá pedindo.
Levantei com tudo, já nervoso, peguei a chave da moto e saí sem pensar. Eu sabia que isso ia dar bosta, mas a raiva já tinha tomado conta. Acelerei pela rua, o vento batendo na minha cara, mas nada me acalmava. Caroline ia ter que falar na minha cara, não tinha essa de me bloquear e achar que eu ia ficar de boa. Eu não vou ser feito de otárïo.
Cheguei na esquina da casa do tio Cobra, e lá estava ela, conversando com uma vizinha. Quando me viu, a filha da mãe correu pra dentro de casa e bateu o portão na minha cara. Não pensei duas vezes, parei a moto em frente à casa, e comecei a buzinar feito um doido.
— Caroline! — gritei. — Sai aqui pra gente trocar ideia! — A vizinha, que tava ali, correu também, entrou na casa dela, provavelmente pra se safar do barraco que tava pra acontecer.
Mas quem saiu foi o tio Cobra. O velho apareceu, todo sem jeito, e me olhou como quem já tava sabendo da situação.
— Oliver, vai embora. A Carol não está bem. E olha, o morro inteiro já tá sabendo dessa história que você vai ser pai.
Caralhø, aí eu perdi a cabeça de vez.
— Eu não vou ser pai, não, tio Cobra. Só se a Caroline estiver grávida. Aí, sim, pode falar isso. Caso contrário, essa história é papo furado!
Tio Cobra suspirou, balançando a cabeça, como se já tivesse escutado aquela novela antes.
— Oliver, a Jeniffer já espalhou isso pelo morro inteiro. Inclusive, a Tamires esteve aqui pra falar com a Carol. Não adianta, a fofoca já rodou.
Quando ouvi o nome da Tamires, a coisa ficou pior ainda. A Tamires? Aquela fofoqueira, linguaruda, que adora meter o nariz onde não é chamada? Ah, não. Não vou deixar isso barato. Eu sentia o sangue ferver nas veias. Minha mão tremia de tanto ódio. Essa história toda já tinha virado um caos, e agora eu vou resolver de uma vez.
Sem pensar duas vezes, virei a moto e acelerei na direção do barraco da Tamires. O barulho da moto rasgava o ar, e eu só queria dar de cara com aquela fofoqueira, perguntar que merda ela tinha ido falar pra Caroline. Ela se meteu onde não devia, e agora todo mundo no morro acha que eu vou ser pai, caralhø! Que porr@ é essa daquela cocota se meter com a Carol, a chapa vai esquentar e vai começar pela Tamires.