Lúcifer Narrando
Cheguei no barraco da Tamires sem fazer barulho, mas o motor da minha moto rugiu alto na noite silenciosa. Estava com a adrenalina a mil, e só pensava em como eu ia resolver a situação. Desci da moto, e sem pensar duas vezes, meti o pé na grade. A porta, coitada, não aguentou e arrebentou com um estrondo que ecoou pelo lugar. Não sou de me fazer de rogado, então já fui entrando, e a cena que vi na sala era de deixar qualquer um em choque.
A família da Tamires estava lá, sentados, todos parados como se tivessem visto um fantasma. O pai dela, um cara até de boa, trabalhador, estava em pé na frente da televisão, enquanto a mãe e os irmãos só me encaravam, assustados.
— Fica todo mundo pianinho! — gritei, já mostrando a pistola que eu tinha na mão. — O papo é com a Tamires, e se alguém levantar a voz, vai levar bala no meio dos cornio!
O velho, que parecia estar controlando a situação, me olhou com medo.
— Ela tá no banheiro — respondeu.
— Então grita pra ela sair, caralhø! — eu berrei. Meu coração batia acelerado, e a raiva que eu sentia só aumentava.
A porta do banheiro se abriu, e a Tamires apareceu enrolada numa toalha, com a cara assustada. Püta é assim, faz merda depois se posa de inocente, pïor raça.
— Você, Tamires! — chamei, já puxando ela pelo cabelo, sem me importar se isso ia fazer estrago ou não. — O que você fez, vadïa? Porque tu foi falar aquelas merdas pra minha mulher, sua püta mentirosa.
Ela começou a gritar, me pedindo pra soltar.
— Me solta, Lúcifer! O que você tá fazendo?
A voz dela tremia, e eu só conseguia pensar em como tudo tinha chegado a esse ponto.
— Você se meteu no B.O. errado, e eu não sou BN que deixa passar essas coisas, tá me ouvindo? — eu disse, puxando ela mais perto. O medo nos olhos dela só fazia aumentar minha raiva. — Agora você vai desmentir tudo que falou pra Caroline. O que foi que você disse?
— Foi a Jeni que pediu pra eu falar! — Tamires chorava, e a toalha que a cobria parecia mais um lençol de desespero. — Eu não queria, Lúcifer! Me solta, pelo amor de Deus!
A Jeni... A filha da püta tá aprontando mesmo na quebrada, tá por conta, a Pïranha.
— A Jeni mandou você falar que ela tá grávida de mim, e ainda especificou para você falar para Caroline, e tu obedeceu, foi isso?
— Sim! Ela pediu para que eu avisasse a Carol, e ela também contou ao léo, do jeito que ela tá falando para todo mundo. Que o filho é teu.
— Então você só tava fazendo o jogo dela, é isso? — Eu não sabia se ficava mais püto com a Tamires ou com a Jeni. — Tu não passa de uma arregona, püta sem moral, além de mentirosa, tá aqui entregando a própria amiga.
— Eu não sou isso! — ela falou de volta, e isso só fez a situação piorar. — Eu só não sabia que você ia ficar assim! Lúcifer, eu... eu não queria que isso acontecesse.
Eu a soltei, mas não era pra deixar ela seguir a caminhada na paz.
— Olha só, Tamires, se você não me der uma resposta que preste, eu vou atrás da Jeni. E aí, ela vai sentir minha fúria também.
Os olhos dela estavam cheios de lágrimas, e isso me deixou um pouco balançado. Eu não queria machucar, mas a situação estava fora de controle.
— Não! Por favor Lúcifer, não faz nada com a Jeni, ela está grávida.
Ela secou as lágrimas com a toalha, ainda tremendo.
— O que você quer que eu faça? Eu não posso desmentir o que disse! Eu já falei pra Caroline.
— Você vai ter que arrumar uma forma de reverter isso, porque eu não vou deixar essa história passar. Acho bom tu dar um jeito, se não tu vai rodar junto com a Tua amiga
Eu olhei pra família dela, que ainda estava paralisada na sala.
— E vocês, se não quiserem se meter, fiquem na sua, beleza? Isso é entre nós.
O velho pai dela tentou se aproximar.
— Lúcifer, por favor, não faça nada com minha filha. Ela é só uma menina!
— Ela se meteu em treta que não era dela, mentiu usando meu nome, e agora vai ter que resolver, se não resolver vai pra vala.
Tamires estava me olhando, ainda com medo, mas acho que ela entendeu o recado.
— Eu vou falar com a Caroline, mas você tem que me prometer que não vai atrás da Jeni. Por favor Lúcifer.
— Promessa não vale nada no mundo em que a gente vive — respondi. — Mas eu vou te dar uma chance. Se você não fizer o que eu tô mandando, eu não vou pensar duas vezes em voltar aqui, e da próxima vez, vai ser bem pïor.
Ela assentiu, ainda tremendo.
— Ok, Lúcifer. Eu vou falar com ela e explicar tudo. Eu prometo.
— Boa. E agora some da minha frente, enquanto eu ainda tô calmo — eu disse, enquanto a soltava. — Eu não quero ver mais lágrimas, e muito menos mais enrolação.
Tamires se afastou, e eu dei uma última olhada na sala. O medo estampado no rosto da família dela era algo que eu não ia esquecer tão cedo.
— E vocês, não se esqueçam de manter a língua dentro da boca para o bem de todos, se eu souber que falaram demais pela quebrada, eu vou mandar arrastar geral para salinha e vou dar um corretivo daqueles
Saí do barraco, sentindo que a noite ainda estava longe de acabar. Na verdade, aquilo era só o começo. Fiquei na frente do barraco esperando para ver se a Tamires ia sair, ela saiu toda arrumada, esperei ela subir depois fui atrás. Passei na esquina Ela tava na frente da casa do tio cobra, Agora é só esperar para ver, mas o que é da Jeni e das amigas dela tá guardado.
Fui direto para o QG. Eu mandei os moleques vigiar a Tamires, assim que ela der bobeira arrastar pra cá, vou passar a zero, pra ela aprender.