Corretivo na vadïa

1064 Words
Caroline Narrando Acordei com a luz do sol entrando pela janela, e logo lembrei que hoje tem bailão. Ai, como eu amo os bailes da Rocinha! Os melhores bailes funk acontecem aqui na quebrada, é uma energia insana, e a expectativa já estava me consumindo. Levantei da cama animada, fiz a minha rotina matinal rapidinho, porque eu, a Bia e a Alice, tínhamos combinado de ir ao salão. Desci para tomar café da manhã com meus pais. O cheiro do pão fresco invadia a casa e deixava tudo mais gostoso. Mandei uma mensagem para os meninos desejando feliz aniversário. Ah, e não posso esquecer de passar na loja quando sair do salão para comprar presentes. Fui anotando tudo na cabeça enquanto tomava meu café. Depois de tudo pronto, recebi a mensagem da Bia avisando que já estava indo para o salão. Peguei a moto do meu pai cobra, e dei uma voltinha até a casa da Alice para buscar ela. Chegamos no salão e o clima estava até bom, eu e as meninas conversando de boa. Até que o pão careca chegou com uma lace ridícula para cobrir o cabeção. O povo não tem limite, né? E a püta desfalcada então? Não dá nem pra comentar. Eu já tinha feito as unhas e estava esperando a Bia terminar o cabelo; eu era a próxima. Fiquei de boa, conversando com as meninas e ignorando a presença das duas recalcadas, até que a Jennifer começou a me provocar. Enquanto ela falava besteira, a “pão careca” e a outra manicure, que é da laia dela, estavam por ali. Eu estava na minha conversinha com as minhas amigas e a Simone, fiz questão de nem olhar na cara das duas porque paciência é uma coisa que eu não tenho. — Simone, eu não posso esperar muito, grávida tem prioridade — ela falou, e a Bia já me olhou. Eu fiquei na minha. A Simone pediu para ela esperar; depois da Bia era eu e depois a Alice. Foi nessa hora que a v***a perdeu a noção. — Mas elas não vão se importar se eu for a primeira, já que eu estou esperando o filho do dono do Morro. Nessa hora, eu perdi a linha, me levantei e fui para cima dela. A Alice se levantou, a Bia também, com o cabelo molhado. Elas tentaram me segurar, mas eu vou dar um corretivo nessa cachorra e vai ser agora. — Tu tá grávida de quem, pïranha? — perguntei, ficando cara a cara com ela, enquanto as meninas pediam para eu parar. — Calma, Caroline, o boy é todo seu, só que o herdeiro tá aqui — ela falou, alisando a barriga. Na hora, eu peguei no cabelo dela. Nessa hora, toda pose, toda marra, sumiram; só faltou se cagar, com os olhos arregalados de medo. — Escuta bem o que eu vou te falar, garota: esse teu filho aí de pouquinho pode ser de geral da comunidade, menos do meu namorado, porque eu sei que ele se prevenia e gözava fora, mesmo eu estando com a borracha. Se tem alguém que não é o pai, esse alguém é o meu namorado e o namorado da Alice. Então tu pega a tua língua, enrola e enfia nesse teu cü sem prega — enquanto eu falava, apertava o cabelo dela, deixando as minhas unhas arranharem mesmo o couro cabeludo. Dei dois tapas na cara dela. A copeira do salão ia passando com uma xícara de café; peguei o café da bandeja e joguei na cara da Jennifer para queimar mesmo. Ela começou a gritar, me chamando de maluca, chorando. Tamires perguntou o que eu estava fazendo, e eu mandei ela ficar quieta, senão ia sobrar para ela. O meu namorado deixou ela careca e eu ia arrancar os dentes dela para ficar careca e banguela. A Jennifer começou a fazer escândalo. Todo mundo estava chocado pela minha reação, mas eu falei que uma hora dessas eu ia perder a paciência com essa vagabünda. A Simone mandou elas saírem do salão e me pediu desculpas. Eu estava bufando de ódio. Não era nem de raiva; as meninas me deram algo com açúcar para me acalmar. Eu vi a Bia mexendo no celular, perguntei o que ela estava fazendo e ela disse que nada, só falando com o Chris. Quando terminei o cabelo da Bia, eu já estava no lavatório, e minha mãe chegou perguntando o que tinha acontecido. Já dei uma risada. Ela ficou sabendo da fofoca; a gente contou o que aconteceu e minha mãe brigou comigo, mas também disse que foi bem feito para a Jennifer aprender a respeitar as pessoas. Mesmo que o filho seja do Oliver, eu não tenho nada a ver; o assunto dela tem que ser tratado diretamente com ele. Terminei de me arrumar no salão, fui à loja com as meninas. Eu e a Alice compramos presente para os meninos. Passei na casa do padrinho, entreguei os presentes e abracei os meus cunhados, que tenho como irmãos, Adoro todos. — Obrigado, Carolzinha, adorei — Bryan falou, já colocando o boné na cabeça. Comprei da marca preferida dele. — Que bom que você gostou — falei, sorrindo e batendo na aba do boné. Meu padrinho, quando me viu, disse que já estava sabendo que eu bati na cara da Jennifer. Perguntou quantos tapas eu dei; falei que foram só dois. Ele disse que bati pouco. Perguntei se o Oliver já estava sabendo, e meu padrinho falou que provavelmente não. Mas eu vou contar para ele, e se ela aparecer no baile, eu vou fazer o Oliver mandar dar outro corretivo nela. A Jennifer não sabe com quem se meteu. E eu não estou fazendo isso por disputa; estou fazendo para ela aprender a me respeitar e resolver as questões dela com quem tem que ser resolvido. Me despedi dos meninos, deixei a Alice em casa e fui direto para a minha. Já sei qual look vou usar essa noite; quero deixar o Oliver maluco. Comecei a me arrumar e recebi uma mensagem dele assim que terminei de me aprontar. Já ouvi a buzina da moto; eu olhei para minha roupa e sorri. Quando cheguei na sala, meus pais abriram a boca impressionados. Minha mãe já falou que o Oliver vai infartar. Abri o portão e, quando ele me viu, já começou a surtar.
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