Lúcifer Narrando
Caralhø, a Caroline tá me tirando a sanidade que eu nunca tive, mano. A mina não é fácil, caralhø! Liguei pro DN, e ele deu o papo que eu tô fazendo as paradas erradas, que atacar as amigas dela não vai dar bom. Eu parei pra pensar, e é isso mesmo, porr@, ela vai ficar ainda mais püt@ e não vai querer voltar pra mim.
— Nevado, deixa a porr@ da cota como tá mesmo — passei o rádio pro meu gerente.
Acendi um beck, tava de boa no meu barraco. Eu moro com meu coroa, mas também tenho um barraco pra quando quero ficar sozinho e pensar na vida, tá ligado? Tava só de marola, pensando na minha morena, quando ouvi uma buzina na frente. Peguei a pistola e abri a porta. Era o Nevado.
— Fala, meu parça, tudo Mec? — perguntei, encarando ele.
— Tudo Mec, chefia. Só vim te avisar que a Jeni tá espalhando uma parada aí e vai pesar pro teu lado, meu parceiro. Se chegar no ouvido da patroa, já era — Nevado falou preocupado. Já perguntei logo qual era a parada e, püta que pariu, essa püta passou dos limites agora.
— Ela falou isso pra quem? — perguntei bolado, e o Nevado disse que já ficou sabendo pelos vapor que tão na contenção.
Caralhø, vagabundo, não tem um minuto de paz nessa merda. Se a Jeni pensa que eu vou assumir moleque de outro, tá bem enganada. Eu sempre me previni. Além de que, mesmo gözando na borracha, eu tiro de dentro, gozö sozinho.
Fui no barraco da Jennifer, já com aquela sensação de que ia dar merda. Essa porr@ parece que não tem um paü pra chupar, fica espalhando esses boatos pela quebrada e eu preciso desenrolar essa fita antes que ela cresça demais. Cheguei no portão, bati umas três vezes e nada. A mina não tava lá. Suspirei, meio püto, porque sabia que ia ter que rodar a quebrada atrás dela.
Montei na moto e saí, daquele jeito. Passei pelo ponto do Zé, olhei rápido, mas nada dela. Continuei rodando, parando em alguns lugares, perguntando se tinham visto a Jeni. Até que, já quase no desespero, passei perto do podrão, aquele boteco que só os manos da antiga frequentam, e vi de longe. Lá tava ela, com as amigas. A primeira que me viu foi a Tamires, a cocota do meu irmão. Assim que bati o olho nela, percebi que ficou pálida. Aí eu saquei: as pessoas sempre confundem eu e o Breno. Só que quem me conhece de verdade sabe que eu sou o Dïabo em pessoa nessa porr@. E quando eu chego, o ar muda.
Estacionei a moto do outro lado da rua, desci e já fui andando em direção ao grupo. Tamires já começou a dar um passo pra trás, como quem quer sair fora da reta, mas eu mantive a postura, firme. Não ia chegar na maldäde, mas também não ia passar batido. Cheguei já mandando na moral:
— Desliga essa porr@ desse som aí.
Os caras desligaram em questão de segundos. O silêncio foi instantâneo. Já tirei a pistola da cintura, Não tava ali pra matar ninguém, mas pra mostrar que o papo era sério. Virei pra Jennifer, olhei bem nos olhos dela e, sem enrolação, já joguei:
— Qual é dessa fita aí, Jeni? Tão dizendo que tu tá esperando um filho meu.
Ela ficou branca igual um papel. Travada. Todo mundo ao redor parecia que tinha visto fantasma. Era a hora de botar tudo na mesa.
— Como é que é, Jeni? Vai me dizer que tu achou que eu não ia ficar sabendo dessa merda? — falei, já com o dedo apontado na direção dela.
Ela tentou se recompor, meio gaguejando.
— Não é bem assim, Lucifer. Eu... eu tô suspeitando, mas não tem nada certo ainda. Eu ia te contar, juro. Mas... pode ser teu sim.
Ri de leve, mas já fui botando pressão.
— Meu? Filho, nem vem com essa, que eu sei bem o que faço. Não como tu no pêlo, Jeni, e nem deixei cair nada dentro. Para de querer se fazer em cima de mim.
Ela não sabia o que falar, só tentava segurar a pose, mas eu continuei:
— Tu achou mesmo que ia espalhar essa história e eu não ia atrás? — dei um passo pra frente, quase colando nela. — Acha que eu sou Otarïo?
A mina abaixou a cabeça, tentou engolir seco. Mas não ia deixar barato.
— Para de inventar merda de filho meu! — berrei, já com o dedo na cara dela. — Aprende a deixar de ser mentirosa, caralhø!
Geral ao redor tava em choque, e a Tamires, que já tava assustada desde o começo, parecia que ia sair correndo a qualquer segundo. Eu dei mais um esculacho na Jennifer, deixei claro que não ia aceitar mentira e que, se tivesse algo a ser resolvido, seria do jeito certo, não com boato. As amigas delas só assistiam, sem coragem de dizer nada. Depois de botar ordem, me virei pra sair fora, com o sangue fervendo, mas respirando fundo. Só que na hora que eu dou as costas, pá! Trombo com o tio Léo, parado na porta do podrão, me encarando.
Porr@, justo agora, pensei comigo mesmo.
Ele nunca foi com a minha cara, nunca aprovou meu lance com a Carol, e agora tava lá, de frente pra mim, com aquela expressão de nojo. Sabia que a merda tava feita.
— Vai me encarar agora, Léo? — perguntei, com aquele tom de desafio, já sabendo que ele ia soltar alguma coisa.
Ele cruzou os braços, se aproximou, e já soltou no meu peito:
— Tu é um moleque, Lúcifer. Não tem moral nenhuma, e a minha filha vai ficar sabendo disso.
Eu sabia que ele ia querer colocar moral, mas não tava afim de prolongar a treta. Respirei fundo de novo, mantive a calma, e só respondi no mesmo tom:
— Tu fala muito, Léo. Mas quem tá espalhando mentira sou eu, né? A mina aqui falou que tá esperando filho meu, e eu não sou homem de deixar nada mäl resolvido. Conta a Caroline, mas conta direito.
Ele me olhou, querendo explodir, mas segurou a onda. Sabia que se desse uma treta ali, não ia acabar bem pra ninguém. Virei as costas e fui embora, mas sentia o olhar dele me queimando por trás. Não importava, tinha resolvido o que precisava.
Montei na moto, liguei o motor e saí acelerado, se a Jennifer insistir nessa merda, vai ser expulsa do meu morro.