Bryan Narrando
Fala, rapaziada! Me chamo Bryan Fernandes, tenho 18 anos e tô prestes a fazer 19, é isso. Sou traficante e trabalho direto pro Comando. Trabalho com o meu pai, que é o chefe. Também dou uma força na Rocinha, que é a minha quebrada, e os meus dois irmãos mais velhos, o Oliver e o Breno, são quem tomam conta de tudo. Quando eles precisam, sabem que podem contar comigo.
Mas a minha parada mesmo é direto com o Comando Vermelho. Gosto de sair em missão, de estar no meio da ação. Curto a adrenalina de dirigir e pilotar. Essa é a minha verdadeira paixão. Sou gêmeo do Bruninho, somos idênticos, mas talvez alguns traços nos diferenciam, como o jeito de arrumar o cabelo, a risada, e eu fumo, ele não.
Eu sou de boa, tranquilo. Tenho vários amigos, mas também tenho alguns inimigos. Pra ser honesto, pra alguém se tornar meu inimigo, não precisa de muito. Só vir com perreco pra cima da minha família. Minha família é tudo pra mim, principalmente meu pai e minha irmã. Minha melhor amiga é a Beatriz, e, sem dúvida, é com ela que eu conto pra tudo. Claro, meus outros irmãos também são meus amigos, a gente se dá bem, mas é com a Beatriz que eu tenho aquela ligação diferente, sabe? Ela me entende de um jeito que mais ninguém consegue. A gente pode trocar ideia sobre qualquer coisa, sem filtro, sem medo de julgamento. É com ela que eu falo quando tô com a cabeça cheia, quando preciso desabafar.
Meu pai também é outro que eu considero pra caramba. Ele é tipo meu conselheiro. A gente troca uma ideia da hora, e eu me sinto muito à vontade de conversar com ele. Por mais que ele seja linha dura às vezes, eu sei que é pro meu bem, e eu respeito isso. E a minha madrasta, então? Maravilhosa. Ela tá esperando um filho, vou ter um irmãozinho em breve, e essa parada é sinistra. Eu e o Bruno éramos os mais novos, mas agora o bebê tá vindo aí, e isso mexe com a gente. Já avisei pra Camila que ela pode contar comigo pra tudo, até pra trocar fralda. Sério, não tô nem aí. Lá em casa, todo mundo já sacou essa, e até o Oliver tá amarradão com a ideia de ter um irmãozinho.
A única coisa que eu não curto muito é essa parada de relacionamento. Sei lá, eu vejo meus irmãos tudo arranjado com alguém, mas pra mim isso não faz diferença nenhuma. Eu tô bem do jeito que tô. Fico com quem tá afim, quem abrir as pernas, mas sem compromisso. Tipo, menos a Jeni e a Tamires. Essas duas são complicadas demais. As duas são bem disputadas aqui na comunidade, mas eu não entro em disputa por quem não vale a pena. Elas podem até correr atrás dos meus irmãos mais velhos, mas eles tão nem aí pra elas. E eu também não tô, Büceta disputada demais, deixo pra quem tá na seca.
Agora, tem umas minas na comunidade que são firmesa, de respeito, tá ligado? São lindas, e eu respeito isso. Fico com algumas, claro, mas nunca ofereci nada além de uma boa trepada. Sem ilusão, sem promessas. A minha avó sempre vem com aquele papo de que, um dia, o amor vai me pegar de jeito, que eu vou ser nocauteado por ele. Eu só dou risada desse papo torto. Esse lance de amor não é pra mim, não. Eu vivo o presente, sem essa de me amarrar em alguém.
Hoje vai ser um dia diferente. Meu pai me deu uma missão numa boate, e essa vai ser a primeira vez que eu vou lá. Ele já veio com aquele papo de que eu não posso pegar ninguém, que eu vou lá a trabalho. É um esquema do comando, algo sério. Eu entendo, respeito o trabalho, mas no fim da madruga, quem sabe, né? Se rolar, eu arrasto uma gostosa pra base. Mas, por enquanto, o foco é outro. Já me arrumei, tô no traje, todo cheiroso, pronto pra missão.
O esquema é garantir que tudo corra como planejado, e eu não tô a fim de arranjar problema com o velho. Além disso, ele confia em mim pra isso, e eu não quero decepcionar.
Cheguei na frente da boate, fila gigante, mas eu já tinha o esquema. Passei reto pelos seguranças com um nome falso na lista VIP, era só chegar no cara. O alvo? Um empresário metido a b***a, mas cheio de podre. Aquele tipo que acha que é intocável. Não dessa vez.
Entrei na boate e o som tava ensurdecedor, batida eletrônica no talo. As luzes piscavam num ritmo frenético, e a galera tava louca na pista. Fiquei uns segundos ali, me adaptando ao ambiente, visualizando o território. Sempre assim, mano. Se tu não domina o espaço, o espaço te engole.
O cara tava no camarote, é claro. Roubando a atenção de várias garotas e jogando champanhe pra todo lado. Fiquei de olho de longe, analisando. Não ia ser fácil, ele tava cercado de segurança e baba-ovo, mas eu tinha que achar o momento certo.
Fui pro bar, pedi uma bebida só pra fazer cena, mas sem encostar muito, só segurando o copo. Me aproximei devagar, misturando na multidão. Ninguém podia me notar, eu era só mais um na boate, normalzão, sacou? Enquanto isso, minha mente tava a mil, pensando em todas as possibilidades, todas as saídas. O segredo é sempre ter um plano B, C, e D.
Fiquei estudando a movimentação dele. Notei que ele saía do camarote a cada meia hora, pra dar uma volta, esvaziar o copo, fazer pose. Era ali que eu ia agir. Esperei, pacientemente, disfarçado, até que ele levantou de novo. Tava sozinho, com um cigarro na mão, andando pro corredor lateral. Momento perfeito.
Segui o cara. Ele entrou numa área mais isolada, longe da música alta, só o barulho abafado da boate no fundo. Um beco quase sem luz, onde ele podia fumar tranquilo. E era ali que eu precisava fazer o serviço. Botei as luvas e Fui chegando de fininho, sem chamar atenção, encostei na parede, respirando fundo. Cada passo tinha que ser calculado.
Quando ele acendeu o cigarro e deu a primeira tragada, eu já tava nas costas dele. Cheguei rápido, eficiente, um braço no pescoço dele, apertando na medida certa. O cara mäl teve tempo de reagir, tentou puxar o ar, mas eu não ia soltar. Puxei ele pra um canto mais escuro, apaguei o cigarro dele com o pé, e só continuei a pressão.
Em questão de segundos, o corpo amoleceu. Olhei em volta, ninguém por perto. Tirei a carteira do bolso dele, pra dar um toque de roubo casual, sabe? Pro caso de alguém descobrir o corpo, ia parecer um assalto malfeito, sem pistas ligando a mim. Encaixei tudo de volta nos bolsos dele, ajeitei a cena, e saí dali como se nada tivesse acontecido.
Voltei pra boate, andando tranquilo, fingindo que nada tinha mudado. A galera ainda dançava, rindo, sem fazer ideia do que rolou do lado de fora. E eu? Eu saí pela porta da frente, de cabeça erguida. Mais uma missão feita, sem rastro, sem pista.
Agora, é só esperar a grana cair.