Nada que uma Glock não resolva

1024 Words
Breno Narrando Caralhø, eu nem acredito, pô! Tô de fiel. Minha mina é a mais linda da quebrada, tá ligado? A Alice se formou em pedagogia, vai ser professora. Ela tava indo pra Sampa pra prestar concurso lá e tals, mas já dei o papo: o lugar dela é aqui na Rocinha, sacou? Comigo no fechamento. Eu vou descolar um trampo pra ela aqui na comunidade, então fui trocar uma ideia com meu coroa. Fui até o escritório dele, e quando abri a porta, vi que ele tava lá, sossegado, puxando um baseado e relaxando. O cheiro da erva misturado com a fumaça que saía do bico dele era bem familiar. Fiquei ali, um pouco sem jeito, mas pedi pra ele parar um pouco e trocar uma ideia. — Pai, posso entrar? Ele me olhou, deu uma tragada e mandou: — Claro, entra aí, filhão. Me sentei de frente pra ele, tentando achar as palavras certas. O clima tava tranquilo, mas eu sabia que o que eu tinha pra dizer não era qualquer coisa. Respirei fundo e comecei a falar. — Pai, como que a gente faz pra tirar uma pessoa do trampo e colocar outra no lugar? Ele me olhou com uma expressão curiosa, como se estivesse tentando entender do que eu tava falando. — O que você tá querendo saber exatamente? — perguntou, se inclinando um pouco pra frente e me encarando. Aí eu não tinha como enrolar. A parada era séria. — É que eu tô de fiel com a Alice, sabe? Ela se formou pra professora, e eu não quero que ela vá trampar em outra quebrada. Quero ver se tem como arrumar uma vaga pra ela aqui, na nossa favela. Meu pai soltou uma risada. Olhando pra ele, vi que ele já sabia do que eu tava falando e que a ideia dele era só me provocar. — Meu moleque tá apaixonado. Aquela risadinha dele me deixou um pouco sem jeito, mas eu continuei firme na missão. — Então, como que rola isso de colocar uma pessoa no lugar de outra? O que eu preciso fazer? Ele parou um pouco, pensou e então começou a explicar. — Olha, meu filho, não dá pra deixar nenhuma professora desempregada, tá ligado? O que você tem que fazer é pedir a transferência dela. Você vai ter que dar uma boa justificativa e fazer o pedido na secretaria da escola. Eles vão analisar a situação e ver se dá pra encaixar a Alice aqui. Fiquei ouvindo, prestando atenção em cada palavra. A mente rodava, imaginando se a diretora vim de perreco, vai dar merd@, eu não vou fazer pedido formal, vou lá meter o louco. — Pô, pai, valeu mesmo! — Sai do escritório já com a Fita na cabeça, liguei para Alice e pedi um currículo, ela me mandou por E-mail. Imprimi o currículo dela, peguei minha moto e fui direto pra escola. Chegando na escola, pedi pra falar com a diretora. O porteiro queria vim atrás de mim,as mandei ele ficar no lugar dele. Não preciso de vigia. Caminhei pelos corredores da Escola, altas memórias desse lugar, por onde eu passava a criançada ficava me olhando. Entrei na sala da diretora, mandei a outra mulher que tava lá, sair. — Boa tarde! Eu trouxe o Currículo da nova professora — Dei a letra e coloquei o Currículo em cima da Mesa. Ela pegou o envelope que eu tinha colocado lá e começou a olhar. — Não tem vaga. E Isso é com a secretaria de educação. — Vou falar uma vez só, prepara a transferência de algum professor e contrata a nova com urgência. Ela olhou pra mim, parecendo surpresa. Sabia que eu não tava brincando. — Senhor, eu não posso fazer isso. Todos os professores são bem qualificados. Foi aí que eu tirei a arma da cintura e coloquei em cima da mesa dela. O ambiente ficou pesado, e a expressão dela mudou na hora. — Eu vou te dar sete dias corridos, ou tu escolhe um professor pra meter o pé, ou é tu que vai meter o pé daqui. Ela engoliu seco, e a tensão era palpável. Pegou o currículo da Alice de novo e disse, com a voz tremendo: — Eu... eu vou providenciar o mais rápido possível. Levantei, coloquei a pistola de volta na cintura e saí da escola. Eu sabia que tinha feito o certo. Fui direto na casa da minha mina, ela abriu o portão curiosa, perguntou para que eu queria o currículo dela. — Você vai trampar na escola aqui da quebrada. Ela me abraçou, me agradecendo toda feliz, me deu um beijo daqueles que arrepia até o cabelo cü. Porr@ essa mulher é a minha perdição. — Você é incrível, Obrigada pela força! Sorri, mas por dentro, pensei: “Não foi só força, foi a Glock.” Voltei pra casa pensando em como o mundo girava. Era sempre assim, né? A gente faz o que precisa, mesmo que as coisas não sejam como gostaríamos que fossem. O telefone tocou, era a Alice. - BN, você não vai acreditar! A diretora me ligou! Meu coração disparou. - E aí? E aí? O que ela disse? - Ela disse que a vaga tá garantida! Eu começo na semana que vem! Na hora sorri, ela aprendeu direitinho quem é que manda nessa porr@. - Parabéns, Morena! Eu sabia que você ia conseguir. Ela estava radiante, e eu sentia um orgulho enorme da minha mulher. - Tudo isso por causa de você, meu príncipe. Não sei o que faria sem você. - Foi nada, só fiz o que precisava ser feito. Tirei a pistola da cintura e coloquei em cima da minha cama, fiz o que tinha que ser feito. Nada que uma Glock G17 4.5mm carregada não resolva. Alice mandou uma mensagem me chamando para dormir na casa dela, claro que eu aceitei, sei que ela quer me agradecer com cavalgadas e eu já tô pronto. Tomei banho, me arrumei, passei na sala, falei com a Bandida, e meti o pé, a noite é uma criança e eu sou um bebê precisando de cuidados. Partiu...
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