Capítulo 5

1609 Words
Vinícios Ferraz A patricinha é irmã do cara que eu mais detesto na vida, agora entendo minha antipatia por ela desde o primeiro segundo que a vi. Ela é irmã do cara que roubou a Rafaela de mim, do cara que deveria ter sido meu melhor amigo, porque eu fui dele. Ele me enganou e roubou a mulher que eu amava e estava prestes a casar, a traição mais conhecida pela cidade e acho que será assim por anos e anos. Desde que o i*****l foi preso, meu pai tem me obrigado a tentar ajudar a m***a da fazenda a ficar de pé. Eu confesso que quero que isso aqui se exploda, mas preciso do dinheiro da vaquejada para ir embora da cidade, e para isso ocorrer, essa fazenda precisa continuar bem para organizar a p***a da competição. Estou subindo a rampa da entrada da fazenda, com muita raiva. Primeiro, porque preciso obedecer meu pai, ele também faz parte do meu acordo com minha mãe de melhorar de vida. E segundo, porque quero ver a patricinha morrendo de medo desse lugar que está com aspecto bem abandonado. Já faz tempo que ela chegou à frente da casa, mas parece que continua dentro do carro que está desligado. Me pergunto se ela ainda está aí dentro mesmo ou se já saiu, mas para onde iria? Não dá para ver quase nada ao nosso redor e a casa da Zelinha que mora por aqui, fica um pouco longe... Ela não arriscaria ir sozinha até lá, ou será que iria? Ela é tão metida a supermulher que não duvidaria em nada de sair por aí andando sozinha. Com sua mini roupa de vaqueira, com a p***a das pernas compridas e bonitas, barriga e p****s de fora. Arggrrr!! Que raiva que estou sentindo disso tudo que envolve ela, minha promessa, essa m***a de família e de fazenda! Olho para o carro com mais atenção e vejo que ela está parada, olhando para a casa, seus olhos perdidos em talvez... alguma recordação? Eu fui tão amigo do irmão dela e sequer lembro-me de tê-la visto algum dia, talvez ela só tenha morado aqui quando eu morava na pequena cidade que fica próxima a essa fazenda. Não sei, mas certamente não teria me esquecido de seus olhos se já tivesse visto alguma vez. Bato no vidro do carro, e ela salta com um susto. Seus olhos arregalados olham para mim e em segundos ela passa de assustada para arrogante. Abre a porta do carro com raiva. — Qual é a sua, cara? Já te disse… — ela começa a falar, mas eu a interrompo com impaciência: — Eu só vim te ajudar a abrir a casa, como meu pai pediu. — Eu não preciso de ajuda. — Ela puxa uma bolsa de costas jeans do banco traseiro e sai do carro. Ela sobe os três degraus da casa lentamente, olhando tudo ao redor. Não consigo identificar o que está pensando, talvez esteja com medo ou receio de ficar ali sozinha. — Você tem a chave da casa? — pergunto. Ela volta os olhos para mim. — Vai dizer que também tem a chave da minha casa? — pergunta com sarcasmo. — Não, essas aí, eu não tenho — assumo. — Então… — Então... — Ela levanta as sobrancelhas. — Vai embora. Me sento no segundo degrau na subida da casa, de costas para ela. — Assim que você abrir e porta e a gente ver que está tudo bem aí dentro, eu vou embora e pronto, nunca mais vamos nos ver. — Queria que minhas palavras fossem verdadeiras, mas talvez ainda encontre com ela por aí... mais especificamente, na fazenda. — Ok, vou me concentrar na parte de que nunca mais iremos nos ver. — Beleza, vai lá! Ela solta o ar rispidamente e ouço quando ela começa a mexer nas chaves, olho de relance e a vejo observando um molho de chaves. — m***a. — O que foi? — pergunto. Ela olha para cima com raiva. — Ok, preciso que você me ajude. Me pego sorrindo e acho que deve ter relação com o bico que ela faz ao mesmo tempo em que levanta as sobrancelhas. Eu me aproximo dela e ligo a lanterna do meu celular. — Quer que eu tente? — Não, quero só que você coloque a luz na porta. Eu vou abrir sozinha. — Sempre sozinha, Patricinha. — Sempre sozinha, Zangado. Ela começa a tentar achar a chave que abre a porta, e depois de algumas tentativas, percebe que nem uma das chaves que tem, serve na fechadura. Vai ser interessante vê-la admitir que se esqueceu a chave em outro lugar... ou talvez não faça ideia do motivo de a sua chave não servir. Parece que a Patricinha não é tão autossuficiente assim. — Não consigo entender. Eu sempre consegui abrir essa porta com minha chave — ela resmunga. — Provavelmente a tranca foi mudada — falo o óbvio, porque sei que a Rafaela fez isso recentemente, quando eu entrei em uma madrugada, bêbado e armado aqui, querendo m***r a todos e a mim mesmo. Eu era tão amigo daquele puto do Eduardo, que até a chave da casa eu tinha! — Por quê? Por que o Duda faria isso? Tudo bem que não venho aqui há anos, mas ele sequer me avisou... Eu poderia sentir pena... Não. Ela precisa aprender como as coisas são. Mas então meus pensamentos ficam confusos e sinto um pouco de empatia pela mulher que m*l sabe o que aconteceu com o irmão. — Ele não te avisou que foi preso, não foi? Ela me olha de relance e seu olhar baixo faz com que eu me arrependa do que falei. Pelo o que meu pai falou, ela não sabe de nada. Não sabe que a Rafaela me traiu com o Duda e com um traficante perigoso, não sabe que ela estava grávida de um traficante e que o Duda estava disposto a criar como filho. Ela não sabe que a Rafaela morreu aqui na fazenda e que o Duda foi dado como culpado. Ela não sabe que o culpado foi o traficante e que fui eu que dei o endereço pra que ele achasse, porque já que eu não conseguia me vingar dos dois, precisava que alguém fizesse isso. E fizeram, e eu me arrependi e por isso, estou nessa m***a de vida, ajudando a fazenda a continuar viva, em busca de um dinheiro da vaquejada para ir embora. Ela não sabe que as pessoas que moram aqui na fazenda, ficam escondidas a noite com medo que o traficante volte. Ela, com certeza, não sabe de nada disso, a única pessoa que sabe disso é a minha mãe, aquela a quem eu jurei que mudaria. — Vamos fazer o seguinte: não tem como achar o pessoal que mora aqui na fazenda agora de noite. Hoje, você dorme na minha casa e amanhã cedinho volta para aqui e encontra seus funcionários para colocar as coisas no eixo. Não é a melhor ideia que já tive na vida, mas não posso deixá-la aqui sozinha, até porque está frio e já estou vendo ela tremendo um pouco. — O que te faz achar que eu vou aceitar isso? — ela pergunta com os olhos fixos nos meus, brilhando em meio à escuridão e a serenidade do lugar. — E o que você pretende fazer? Você tem uma ideia melhor? Porque acredito que voltar para o lugar que você veio, na estrada r**m à noite e sem um pneu reserva, seja uma péssima alternativa. Ela sai de perto de mim, andando em meio à escuridão e vai para o lado das baias dos cavalos segurando sua bolsa apoiada no ombro. Essa mulher só pode estar de brincadeira comigo. — Ah, então o plano da Patricinha é dormir com os cavalos? Bem que eu achei que as patadas são parecidas. Ela continua andando, ignorando minhas palavras. Decidia, determinada, destemida, quantos mais adjetivos conseguir tecer a essa mulher, que a cada segundo que conheço, mais me surpreendo. — Já que tenho um guarda-costas ao meu lado, vou aproveitar e andar de cavalo por minha propriedade. Sei onde todos aqui moram e vou pedir ajuda. — Ela para de andar e volta a olhar para mim, que estou feito um i****a, mais uma vez perdido nas decisões dela. — Você não é único por aqui que pode me ajudar, Zangado. Agora, se prepare para me ver em cima de um cavalo, quero ver se você vai continuar achando que sou só um patricinha. Ela pisca com um dos olhos e sinto meu coração batendo, algo que há um tempo não sinto. Talvez seja a adrenalina de ser desafiado, ou talvez porque, de repente, depois da cena que a vi trocando um pneu com essa roupa, já esteja imaginando como será vê-la em cima de um cavalo. Engulo em seco e continuo atrás dela com o coração batendo forte, acelerado, enquanto minha imaginação fértil entra em ação. Preciso de foco, tudo isso é só para eu reparar a m***a que fiz no passado. Ajudar essa Patricinha é por um motivo de redenção e principalmente, para que essa vaquejada realmente aconteça e o prêmio seja meu. Tudo bem, não imaginava que seria uma tremenda gostosa a pessoa que eu teria que ajudar, muito menos que eu veria sua calcinha, sua b***a e seu peito assim, tão facilmente. Acho que não será tão r**m ou difícil fazer o que preciso e prometi a minha mãe, o difícil mesmo só será ter que aturar toda petulância dessa Patricinha que parece ter prazer em me provocar.
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