Duas em uma

1575 Words
Maha sugeriu de passarmos a noite no castelo, ela percebeu que eu não estava bem, para ser sincera acho que nunca estive. No cume da montanha havia uma entrada para o castelo, uma passagem secreta, Maha também não estava muito bem. Essa "magia" que havia na montanha estava embaralhando seus pensamentos. Fomos muito cuidadosas, entramos por uma porta muito antiga e camuflada, havia uma escada apertada e que não se via ao final. A escuridão tomava conta exceto pelas teias e suas donas que eram bioluminescentes, uma picada e você fica paralisado por duas horas e depois de 5 você já está morto, pelo menos esse foi o aviso que ela me deu. Depois de um tempo nos deparamos com uma porta de elevador, Maha aproxima o pulso e a porta se abre. —Como está? —Ela pergunta enquanto se agacha. —Não sei, desde o momento em que cheguei aqui estou tentando não surtar, acredito que ver Pad e deixá-la ir embora, foi libertador e doloroso na mesma medida — Percebo que estava chorando novamente e já começou a limpá-las —Eu não deveria ter dito isso, eu estou bem. —Eu realmente queria saber. Aquilo foi tão gentil, parei o elevador e sentei ao seu lado, precisava dar uma uma pausa naquela onda de loucuras. — Quando eu era criança uma guerra h******l tirou tudo o que eu tinha, minha mãe dizia que se algo acontecesse você e Ane, seriam meus protetores, ela pensavam que vocês eram indestrutíveis. —Sinto muito, ninguém merece se sentir sozinho. —Eu sei que pode parecer egoísta, mas quando eu tive a oportunidade de ter você de volta eu não hesitei, mesmo sendo advertida mil vezes e quando achei que havia cometido o maior erro da minha vida tendo trazido uma inocente para uma guerra galática, vi você e Pad e eu sou que mesmo que evite, Meraki ainda é você, as duas… De alguma forma você é as duas. As palavras de Maha ecoaram dentro de mim e toda a verdade que habitava cada sílaba me deixava em uma dualidade de sentimentos. —Eu não posso ser quem quer que eu seja, mas enquanto estiver aqui serei sua amiga. Ela sorri e me abraça me deixando sem saber como reagir. Podia ouvir Ramona vibrando dizendo “É isso garota! Não foi tão difícil assim?", e em sequência não podia deixar de me sentir culpada por ter perdido tempo e não ter sido amiga de Tabata. Me dispenso de Maha, ela disse que avisaria a Anánke que estamos bem. Decido que o melhor que poderia fazer era tomar um banho quente para relaxar o corpo e talvez o espírito. Coloco o roupão branco de seda e vou em direção a banheira, ligo a torneira de ouro e giro lentamente até ficar na temperatura perfeita. Vasculho os frascos escolhendo pelos cheiros que parecem combinar um aroma suave e amadeirado, algo que me remete à tranquilidade. Assim que acabo de fazer minha porção coloco um pé e depois o outro apreciando a água e como ela era terapêutica. Era quase impossível não me lembrar da dor terrível acalmada pela cachoeira e curada por Pad. —Caraca moleque, que maluquice foi essa! —Pensei apoiando a cabeça em lugar propício na borda —Sem dúvida esse é o melhor banho que já tomei, a lados bons em pensarem que você é uma rainha de outra galáxia. Meus olhos começam a pesar e tento lutar, mas o cansaço me vence. O perfume suave começa gradativamente a se tornar um perfume de ferro. Meus ouvidos escutam gritos desesperados suplicando por misericórdia, mas meus olhos estavam em uma névoa. Até sentir o toque violento da espada passando pela minha jugular a espada afiada e precisa, o malfeitor me segurava pelo cabelo ao me jogar no chão como um saco de batata, revelando seu rosto. O susto de ver a face dele me fez acordar por sorte porque estava prestes a me afogar. Ofegante pelo tremendo susto tento me seguro forte na borda fazendo meus dedos travarem naquela posição. —Ele, não faria isso comigo! —Gritei afirmando para mim mesmo —Ele… é um guerreiro Meraki! Não se combate em guerras com um buquê de margaridas, mas ele não me machucaria — levei os joelhos até próximo ao queixo e os envolvi com meus braços —Meraki, quando vai aprender? Minha mãe sempre dizia que as pessoas que você menos espera são as que mais te machucam, ela dizia isso quando voltava para casa depois de três dias e eu perguntava o porquê. Ela não sabia como me dizer que assim que pagava o aluguel, água e luz a grana que sobrava ela gastava em ervas medicinais e pedras branquinhas como a neve. Poderia ser um m*l entendido? Passei a noite toda tentando solucionar aquilo em minha cabeça até pegar no sono. Assim que despertei, Maha estava sentada à mesa em minha frente mexendo no dispositivo holográfico. —Bom dia, preciso te perguntar uma coisa e seja sincera comigo. —Claro—Falou olhando para mim. — Ananke seria capaz de m***r Meraki? — Porque pergunta isso? —Isso não é um não! Cala a boca, ele matou ela? —Perguntei praticamente gritando. —Não, ele seria incapaz de machucar ela, mas porque está perguntando isso? —Eu vi uma lembrança dela, Ananke passando a espada em seu pescoço enquanto ela suplicava por misericórdia. —Ah… claro!Isso não é uma lembrança dela é minha de algum jeito a montanha mexeu com meus poderes e deve ter transportado essa lembrança para você. —Quando aconteceu? Quem era essa pessoa que Ananke matou? —Era meu tio e sua família —Ela fala olhando para o chão e sentando novamente na cadeira. —Que bizarro! Sinto muito —Falei surpresa. —Não, eles eram traidores! —Ainda era sua família. —Não, você não entendeu que eles eram a razão dos meus pais estarem mortos, de Ananke ter ficado 100 anos congelado, do Utham ter domínio sobre Kundale e principalmente sobre Surgit, eles me trataram como lixo durante toda minha infância, então eu não culpo Ane, eu o agradeço!—Ela falou firme e determinada. Naquele momento eu pensei o que deveria dizer um "pois é" poderia ser simplista e um "difícil" também não dariam a carga emocional certa, para mim "quer conversar sobre isso? " é psicóloga demais, "não queria ser você " pode ser sem empatia. —Você não é uma pessoa r**m por isso —Foi o que melhor pareceu. Ela encheu os 3 olhos de lágrimas. Ananke abre a porta do quarto com força quebrando o clima, ele olha para ambas e dá um suspiro aliviado. —Achou que falhariamos? Estava errado! — Disse Maha limpando as Lágrimas. —Não gosto da ideia de deixar duas adolescentes salvarem o planeta —Ele respondeu com um certo senso de humor, sem perder a altivez. —Faz piadinhas agora? —Perguntei. —Ocasionalmente —Respondeu ele. —Vou ter que deixá-los, tenho alguns assuntos urgentes —Disse Maha. —Que assuntos? —perguntamos. —São hipóteses que pretendo manter assim —Respondeu indo em direção ao laboratório. —Meraki, temos assuntos a tratar —Disse Ananke. —Só espera um minuto, vou trocar de roupa. A quantidade de roupas que não se usa rotineiramente penei para achar um vestido normal e um sapato baixo. —Sabe o que falta aqui? —Perguntei saindo do closet. —Não. —Um chinelo, acho que isso mudaria a vida de vocês. —Não acho que um tipo de sapato mudaria a vida de alguém. —Não conhece os brasileiros, nossa cultura é movida por esse artefato. —Vamos voltar ao que interessa? —Sim, senhor—Respondo fazendo o sinal de sentido. —Como prometi a você, vou levá-la para aprender a como saltar no tempo. —Vai? Mas, como? —Saltar no tempo é crime , mas o sábio pode ajudá-la a aprender—Ele fala cruzando os braços. —Quer se livrar mesmo de mim, se não for para Terra vou ser presa!—Falei sarcasticamente. —Achei que quisesse voltar de qualquer jeito. —Eu sei… —Não me diga que está mudando de ideia? —Ananke sorri arrogantemente. —Não! —Então, estamos combinados, vou levá-la para a cidade neutra, onde vamos encontrar o sábio. —Vai me deixar sozinha lá? —Não, Maha e Ravi vão cuidar das coisas até você se acostumar —Ele começa a se aproximar olhando para mim daquele jeito que me faz esquecer o meu nome —E ter certeza de que estará segura. —Obrigada —Falei me aproximando dele ficando extremamente próxima eu podia sentir o perfume dele e era o aroma de tarde no campo, a tranquilidade, o sol e as lembranças tão aconchegantes. —Eu —Ele se curva encostando a ponta do seu nariz no meu que estava levantando os pés do chão —Tenho que ir. Ele sai correndo sem mais explicações que não eram necessárias, ele bem disse que sou uma adolescente de 17 anos e ele é um homem alienígena, o mais lindo e arrogante. Mas, isso é tão confuso para ele quanto para mim. Eu sinto os sentimentos dela e tenho alguns de seis pensamentos de alguma forma sou ela e ela sou eu, nada de divino. E sim uma maneira esquisita, confusa e m*l feita.
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