Capítulo II

626 Words
Já entrou criando confusão. Vinha machucado e explicou que havia brigado na rua, porque um rapaz ficou encarando muito ele. Maristela perguntou: - E o que isso tem demais? - Não gosto de ninguém me encarando, principalmente homem. - Vai ver que ele achou você parecido com alguém que ele conhece. - Então seria mais fácil, ele perguntar e não ficar olhando fixamente pra minha cara. - Você implica com todo mundo. - Você sabe que eu não tolero gays e tava na cara que ele estava me paquerando. - Você tem certeza que o rapaz era gay? - Pra ficar me encarando daquele jeito, só podia ser. Vou tomar um banho que eu estou com fome. - É muito cedo pra jantar. - A hora de comer é aquela em que a fome bate e eu quero jantar agora. Maristela, para evitar confusão, concordou, mas avisou: - Vou colocar a tua janta, mas não estou com fome agora e acredito que pela hora, o Renato também não vai querer jantar. - Vai todo mundo comer junto. Quem determina a hora aqui de casa, sou eu. - Você está com fome e nós não estamos. - Todo mundo vai sentar na mesa e comer. Maristela olhou para a cara do filho que fez sinal para ela concordar. Paulo foi tomar o banho e Renato falou baixinho: - Melhor concordar, ele está procurando confusão aqui também. - Mas amanhã vai dar fome muito cedo. - A gente toma um café reforçado. - Vou esquentar a comida. Quando saiu do banho, veio demonstrando que estava procurando briga: - Amanhã o Renato vai num bar de um amigo meu e fazer um teste para trabalhar de ajudante de cozinha. Maristela reclamou: - Mas ele está estudando. - Vai estudar e trabalhar, já que ele gosta tanto de cozinhar, que ganhe dinheiro com isso. Renato ficou empolgado: - Vou sim, pai. A que horas eu tenho que estar lá? - Você estuda de tarde, então vai pegar no trabalho de manhã e já leva o uniforme e o material, para ir direto para o colégio. - Que havia hora abre o bar? - As seis. Eu vou te levar lá e te apresentar, o resto é contigo. - Vamos sair daqui, que horas? - Quinze para as seis. É perto daqui e você vai almoçar lá antes de sair. - Estarei pronto. Renato estava vendo o seu sonho de independência, se tornar mais fácil do que pensava. Se o pai estava tentando lhe dar um castigo, não sabia o quanto estava ajudando o filho. As cinco e meia, Renato estava pronto na sala, esperando pelo pai. Rezava para que tudo desse certo. Ajudaria na despesa da casa e o que sobrasse, guardaria para o dia que o pai o expulsasse, porque tinha certeza que isso aconteceria. Quando chegaram no bar, foi apresentado ao dono que o apresentou a cozinheira, que chegava cedo. Renato, perguntou o que tinha que fazer e Maria, a cozinheira, mandou que cuidasse dos legumes que seriam servidos no almoço. Renato perguntou: - O que vai ser o almoço? - Porquê? Está com fome? - Não. É que cada tipo de prato, requer um corte diferente dos legumes. Maria concordou: - Vai ter maionese, jardineira e rabada com agrião. Renato apanhou três bacias e começou a trabalhar. Cortou o conteúdo de cada bacia em tamanhos diferentes. Maria perguntou: - Já trabalhou em bar? - Não. É a primeira vez que estou fazendo um teste. - Mas você entende de cozinha. - É que gosto de ajudar a minha mãe. - Por mim, você está aprovado. Renato ficou satisfeito. Pois sabia que quem ia aprovar ou reprovar era ela, já que o patrão nem chegou perto da cozinha.
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