Maristela chegou com Renato no trabalho e Seu Mário perguntou se Paulo havia aparecido de novo.
- Não. Quem foi me procurar foi a mãe dele. Queria saber o que tinha acontecido, para eu tomar a decisão de me separar.
- Mas, veio em paz?
- Veio. Ela já estava desconfiada que a historia que ele contou não era a verdade. Imagina que ele falou que eu me separei dele porque ficou desempregado.
- Isso é uma safadeza.
- Pois é. Nem precisei contar nada. Ela chegou enquanto eu estava aqui, e ficou me esperando na casa de uma vizinha que deu o serviço completo. Até dos maus tratos ao Renato, ela ficou sabendo.
- E ficou do lado do filho?
- Não sei o que ela vai fazer com as informações. Espero que tudo se ajeite, porque ele está na casa dela. Seria h******l deparar com ele debaixo de uma ponte.
- Não vai precisar chegar a esse ponto. Logo ele arranja um trabalho qualquer e se apruma.
- Mas é um homem que não sabe fazer nada dentro de uma casa. Não tem condições de morar sozinho. Só se arrumar alguém.
- Pior se ele fizer grosserias com a mãe.
- Pelo que ela falou, já fez. Por isso que ela veio saber o que tinha acontecido. Parece que ele andou dando umas respostas com grosseria.
Nessa hora, Pedro entrou no bar e pediu para conversar com ela. Tinha pedido dispensa no trabalho para tentar fazer a reconciliação do casal.
Maristela explicou que estava em horário de serviço e não podia lhe dar atenção. Mas pediu que passasse em sua casa depois das duas horas.
Ele afirmou que passaria e foi embora.
Na hora do almoço, Maristela contou para o filho que teriam visita na parte da tarde.
Renato perguntou:
- De quem?
- Do seu tio Pedro.
- Que bom, eu gosto dele.
- Eu também. Sempre me tratou com respeito e carinho. Até a mulher dele, procurou fazer amizade comigo, mas seu pai, com as grosserias, espantou todos lá de casa.
- Será que ele vem saber do meu pai?
- Só pode ser. Que outro assunto teria?
- É. Deve ser isso.
Depois do almoço, Renato voltou para a cozinha e foi a vez de Maria e André almoçarem.
Quando deram o trabalho por encerrado, passava um pouco das duas.
Maristela foi com Renato para casa e ainda deu tempo de tomarem banho e se arrumar para aguardar a visita de Pedro.
Ele chegou quase quatro horas. E logo que entrou, foi direto ao assunto:
- Maristela, eu vim aqui conversar com você, para saber se não existe uma possibilidade de você aceitar o Paulo de volta.
- Não existe nenhuma possibilidade.
- Mesmo sabendo que ele mudou? Está se esforçando para controlar o gênio e já aceitou até procurar ajuda psicológica para isso.
- Ele está tentando se controlar, porque está na casa da tua mãe. Se voltar pra cá, vai fazer as mesmas besteiras que sempre fez.
- Ele não está mais com a mamãe. Ela ficou com medo de ficar com ele sozinha e ele agredir ela também. Parece que uma vizinha tua, contou tudo pra ela. Ele está na minha casa.
- Se até a tua mãe ficou com medo dele, imagina eu. Eu cansei de ser saco de pancada para teu irmão e também tive receio pela tua mãe. O Paulo, quando bebe, fica cego, não raciocina e sai espancando quem estiver pela frente. Até no serviço ele brigou e só não vai sair por justa causa, porque eu fui com o Renato na empresa, pedir por ele.
- Mesmo depois de separada? Então você tem a intenção de uma volta.
- Fui pedir por ele, para que possa conseguir outro emprego.
Dificilmente uma pessoa com a carteira suja, arranja trabalho e se ele não arrumasse nada, não ia deixar a gente em paz. Eu quero que ele viva a vida dele e me deixe viver a minha.
- É sua última palavra? Nem pelo Renato?
- Principalmente pelo Renato. A vida nesta casa ultimamente estava um inferno. Agora, eu também trabalho e estamos vivendo em paz. Você sabia que ele foi no colégio do menino ameaçar ele?
- Não sabia. Como foi?
- Esperou ele na saída e falou que se ele não me convencesse a voltar com ele, matava o garoto na p*****a. E o pior é que eu sei que ele é capaz disso. Agora nós dois temos medida protetiva contra ele.
- Se as coisas estão nesse ponto, não tenho mais argumentos. Vai ser uma pena ter que vender a casa para dar a parte dele.
- Eu não vou vender e nem dar nada a ele. A casa já era minha quando casei, foi herança dos meus pais e eles morreram antes de eu conhecer o teu irmão.
- Não foi isso que ele falou. Disse que você morava de aluguel e só compraram a casa, depois do casamento.
- É mentira dele. A casa era dos meus pais e com a morte deles eu sou a única dona.
- Sendo assim, ele não tem direito mesmo. E já que você não pensa em voltar atrás, eu vou indo e deixar vocês descansarem. Espero que possa vir ver meu sobrinho e você de vez em quando.
- Sempre que quiser. Mas sempre depois das duas.
- Eu virei e trarei a Carolina com as crianças.
- Então, vem na nossa folga. Eu fogo numa semana no Sábado e na outra no Domingo. Faz as contas e vê se não se perde. Essa semana é no Sábado.
- Viremos sim. Tchau Renato!
- Tchau, tio.
Logo depois, entrou no carro e partiu.