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1124 Words
Assim que pousamos em Milão, na Itália, todos nós nos dirigimos para a casa de Kelyne onde ela teria seu primeiro reencontro com os pais depois de tanto tempo. Aproveito que o carro está parado para olhar ao redor e vejo que a vizinhança está praticamente igual. Tanto tempo se passou, entretanto, esse lugar não mudou nem um pouco. Cansado de esperar no carro, saio para fora e alcanço Gustav e Lucy que estão abraçados olhando a rua. – Onde está Bernard? – Pergunto e imediatamente me arrependo. – Não responda. Ele foi atrás dela, não é? – Faço uma suposição. – Não seria ele se não fizesse isso. – Lucy diz e eu concordo internamente. – Eu faria o mesmo se fosse a minha noiva. – Gustav diz. – Digo o mesmo. – Concordo a contragosto. Há algumas coisas que prefiro deixar claras. – Vejo que estou enfrentando um padrão aqui. – Lucy diz olhando de um para o outro e eu dou um sorrisinho de lado. Não costumo me sentir confortável com muitas pessoas, mas me sinto confortável com ela. Não sei se isso se deve ao fato dela ser sempre sincera ou por que já passei muito tempo em sua companhia. É o que é. Também me sinto confortável com Kelyne, provavelmente por causa da convivência na cozinha já que ela estava sempre levando comida para mim quando eu me esquecia da hora e pulava refeições. Ficamos em silêncio algum tempo até que Kelyne aparece muito abalada e entra no carro, seguida de Bernard. – Vamos lá. Assunto encerrado, pelo que vejo. – Gustav diz e eu sou o primeiro a entrar no carro, seguido dos dois. Saímos na frente e chegamos primeiro a casa principal, onde Alfred nos espera na porta. Assim que me vê sair do carro, ele se aproxima. – Ainda bem que chegaram, eles já tomaram posse do gabinete e temo que tomem posse da casa. Façam alguma coisa. – Não se preocupe, Alfred. Temos uma grande carta na manga. – Digo sorrindo confiante ao me lembrar do documento confiado a mim pela mãe de Bernard. Há uma semana atrás, depois que ela foi embora e eu fui descansar de um longo dia de trabalho, encontrei na minha cama uma caixa. Dentro dela havia o documento e uma carta endereçada a mim. “Caro Landon, sei que deve estar bastante surpreso ao ler está carta. Estou confiando o documento que está na caixa a você, sei que o guardará com segurança para um momento em que precisarem, acredite, esse momento vai chegar. Eu sempre achei você um menino excepcional, apesar de não falar muito e eu jamais esqueceria a enorme amizade e carinho que tem com os meus filhos. Eles tem sorte de ter uma pessoa tão verdadeira ao lado deles. Conto com você para realizar essa tarefa, seja feliz. PS: não revele que tem esse documento até precisar usa-lo. Att. Izabel Pierce.” Assim que o carro onde está Bernard e Kelyne estaciona, nos nós aproximamos. – É como disseram, a mãe de vocês m*l morreu e eles já estão discutindo a divisão das coisas. – Digo assim que ele está fora do carro. – Bom, vamos mostrar a eles como as coisas funcionam. – Ele parece ameaçador falando assim. As garotas vão para os seus quartos descansar e nós andamos com Bernard a nossa frente até o gabinete. Bernard respira fundo em frente a porta e a abre com um baque. Toda a conversa para na hora quando veem nós três parados na porta. – Vejo a lealdade de vocês para com a minha mãe quando seu corpo nem ao menos foi velado e enterrado e já estão aqui decidindo quem vocês querem que seja seu próximo capo. – Bernard exala sua presença por todo o ambiente. A primeira coisa que eu vejo é o meu pai, que me olha surpreso e eu desvio o olhar imediatamente. – Veja só se não é Bernard Pierce que nos fala. Veio votar ao meu favor? – Felippe de Luca está sentado cadeira da mãe de Bernard e sei que isso é a gota d'água para ele. – Na verdade, temo decepcioná-lo. Vim para tomar meu lugar de direito. – Isso não está certo, não pense que só porque sua mãe morreu o título fica para você. Você abandonou essa famiglia e por isso não tem direito algum sobre nada. Volte para Seattle e não volte para a Itália nunca mais. – Ricardo não mudou nem um pouco, continua muito filho da p**a. – Não tenho? Landon, mostre a eles. A surpresa de Gustav e Bernard no avião quando lhes mostrei esses papéis foi enorme. Eles não esperavam algo assim, mas a mãe deles arrasa sempre e isso eu preciso admitir. – Minha mãe era precavida em tudo que fazia, não é atoa que matou meu pai sem fazer nenhum esforço. Ela sabia que vocês iam fazer isso que estão fazendo agora e por isso deixou tudo por escrito com uma pessoa que nem mesmo eu imaginava. Podem olhar. – Eu entrego os papéis com toda a satisfação e o primeiro a olhar é Ricardo. Há uma veia enorme latejando em sua testa e eu desejo que ela exploda logo. – Isso aqui não prova nada. Você ainda não merece esse título. – Ele rasga os papéis na frente do próprio Bernard e isso é o suficiente para ele. Rapidamente uma faca voa e prende a mão de Ricardo na parede, que grita. Ninguém se atreve a se meter entre os dois, o que é uma decisão sabia. – Tudo bem, pode rasgar o quanto quiser, é apenas uma cópia. Mas eu continuo sendo capo mesmo assim, você querendo ou não. Agora, você tem duas escolhas, ou me respeita ou vou transformar você em peneira. Você entendeu? – Bernard fala baixo, mas de uma forma que todos nós possamos ouvir e ficar avisados. Estou admirado com o seu novo comportamento. Como Ricardo permanece em silêncio, Bernard retira a faca e mete o dedo na ferida, o que o faz gritar como uma garota. – VOCÊ ENTENDEU? – Eu entendi. Eu entendi. – Bernard retira o dedo e ele cai sentado no chão. – Ótimo. Mais alguém tem algo a dizer? – Ele se vira para os outros e pergunta amavelmente, o que é hilario já que não há nada de amável sobre ele. Gustav se ajoelha e eu o faço também. – Lunga vita al Capo. – Baixamos a nossa cabeça e falamos em volta alta e logo todos os presentes repetem o gesto. – Lunga vita al Capo. Um novo homem está na areá e eu sei que ele não vai se deixar ser derrubado por ninguém.
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