VANDA
Como o hospital está tranquilo hoje durante o plantão eu resolvi ir até a área da oncologia para conversar com os pacientes, eu amo esse lugar e estar com essas pessoas é um sonho realizado pra mim. Eu decidi fazer medicina por causa da doença da minha mãe, ela teve um câncer no fígado e por ser agressivo não resistiu e veio a óbito três meses depois de descobrir a doença. Eu decidi que queria ser médica e poder evitar que outras crianças sofressem como eu, perder a mãe tão nova é muito difícil. Hoje eu sei que nem sempre podemos evitar o inevitável, mas podemos tornar o processo menos doloroso, essa profissão me possibilita doar o que tenho de melhor, minha empatia e amor. Assim que chego no corredor já vejo o Russell é um paciente da ala infantil, ele tem 12 anos e está há 3 anos nessa luta.
—Minha doutora favorita finalmente veio me ver —fala com seu sorriso inabalável. O que mais me admira nesse garoto é sua alegria, ele enfrenta tudo com um sorriso no rosto.
—Eu demorei muito? Me perdoe, prometo não demorar tanto na próxima visita —cruzo os dedos em sinal de juramento. Ele alargou seu sorriso perfeito.
—Eu perdoo, mas quero um beijo como pedido de desculpas —fala apontando a bochecha, que eu beijo.
Nós seguimos para o seu quarto onde tem mais 4 crianças, eu brinco e nós conversamos por um longo tempo. Depois de passar um tempo no quarto eu sigo para a área de recreação, essa é a área onde as crianças que estão internadas passam o dia e podem brincar nas máquinas de jogos, brincar com os brinquedos e também estudar com a ajuda dos voluntários. É um lugar para eles serem crianças e brincar como crianças. Aqui também é onde o pessoal do projeto Doe amor faz suas apresentações lúdicas e as crianças adoram, eu também, esse projeto é muito lindo e o melhor eles trabalham com a ajuda de animais de estimação e sempre traz os animais para as crianças brincarem. Hoje eles trouxeram coelhos e foi uma festa, foi muito divertido.
—Doutora Vanda, nós podemos dar cenouras para os coelhinhos? —um pequeno grupo de pacientes pediu.
—Vou perguntar para o Tio Toby, se ele deixar levo vocês lá.
A visita dos animais já havia terminado e como as crianças sempre querem mais eu vou até o Toby pedir. O Toby é o organizador do projeto, ele é dono de uma clínica veterinária e sempre gostou de fazer trabalhos voluntários, cuida de animais abandonados, então ele criou esse projeto Doe amor e assim esses animais podem fazer o bem levando alegria às crianças e também recebem o bem com muito carinho delas. Isso é tão lindo! Eu estou encantada com isso. Depois de receber a autorização do Toby, eu segui com as crianças e uma cesta de cenouras até as gaiolas dos coelhos.
Era pra ser só mais alguns minutos das crianças com os coelhos, mas acabou virando uma grande bagunça, eu não fechei as gaiolas direito e os benditos coelhinhos fugiram, resultado: confusão generalizada pelos corredores do hospital e eu acabei levando uma bela bronca do Arthur. Tudo bem, eu mereci dessa vez. Depois de mais algumas horas finalmente o plantão acabou e o Brandon me chamou pra tomar um café. Nós pegamos o café e o Brandon chamou para tomar o café no hospital.
—Você está procurando alguém? —pergunto quando nós voltamos ao estacionamento e ele está olhando para os lados.
—Não. Vamos? —ele negou, mas continuou olhando.
Quando nós entramos no corredor, a Débora está saindo do consultório do Arthur, ela parece está com o rosto marcado, não deu pra ver direito porque ela foi na direção oposta, mas mesmo rápido deu pra notar sua bochecha vermelha.
—Você viu o rosto da Débora? O que será que aconteceu com ela? —perguntei, não por curiosidade, mas preocupação, ultimamente a Débora está distante e fechada.
—Não vi —o Brandon respondeu seco.
—Estava vermelho.
—Deve ser excesso de maquiagem —fala rindo —vocês mulheres sempre exageram nessas coisas.
—Não é brincadeira, Brandon. A Débora está estranha ultimamente, você não notou? Ela não é mais a mesma, sei lá, parece que está acontecendo alguma coisa com ela.
—Vandinha você se preocupa demais com quem não precisa. Ela é maior de idade e sabe o que faz, se precisar de alguma coisa tenho certeza que ela não vai exitar em falar e ter a atenção de todos pra ela —ele fala com uma frieza que me espanta.
—Nossa! Brandon, não precisa exagerar, a Débora mudou muito e não é mais essa pessoa calculista, agora ela é legal.
—Eu não acho e vamos parar de falar nela. Diz aí você está afim de ir na Devon 's no fim de semana? Meus pais vão inaugurar um novo camarote e vai ter show do Kbox aquele DJ que está estourando agora na cidade.
—Claro que sim —concordei imediatamente, a Devon 's é o máximo.
—Que bom, te pego às 23 horas então.
—Ok —respondi com um sorriso e ele me deu um beijo.
Eu e o Brandon estamos nesse rolo já tem um tempo e eu estou até curtindo, o beijo dele é delicioso. Ele segura minha nuca com uma mão e a cintura com a outra me puxando para mais perto dele. Eu retribuo o beijo e abraço seu pescoço, posso dizer com toda certeza que esse homem sabe beijar, é bom demais. Ele me faz dar alguns passos para trás e me coloca contra a bancada intensificando o nosso beijo.
—Ham Ham —o Arthur raspa a garganta chamando nossa atenção — acho melhor vocês escolherem um lugar melhor pra fazer isso —eu não sei onde enfiar a cara, essa é uma situação bem constrangedora.
—Desculpa, cara —o Brandon respondeu normalmente, ainda rindo, parece está curtindo a situação —meus pais vão inaugurar um novo camarote na Devon 's, está afim de ir? Vai ser no próximo fim de semana.
—Vou ver, se eu animar vou sim —o Arthur respondeu seco, parece está com raiva.
—Tudo bem, vou colocar o nome de vocês na lista de entrada.
—Tudo bem, obrigado.
O Arthur respondeu e saiu, eu não tive nem coragem de encará-lo, já vi que vou levar outra bronca.
—Você está com vergonha? —o Brandon perguntou depois que ficamos sozinhos. Eu enterrei meu rosto no peito dele.
—Isso foi muito constrangedor —falo em pânico —como vou olhar na cara do Arthur agora?
—Ah, pára né, Vanda! Até parece que o Arthur nunca fez essa mesma cena com a Débora por aí —Brandon responde um pouco irritado.
—Não importa, eu estou envergonhada do mesmo jeito. Eu vou pra casa agora —falo me virando pra sair, ele me puxa de volta.
—Não antes de me beijar mais uma vez —falou me beijando em seguida.
Eu cheguei e fui direto pra casa, minha intenção era ir o mais rápido possível para o meu quarto, não quero encontrar o Arthur de jeito nenhum.
—Oi, minha filha, você voltou com o Arthur? —meu pai perguntou assim que entrei na cozinha.
—Oi, papai. Não, eu voltei de táxi —falei o abraçando.
—Está nervosa?
—Não! Não é nada disso, papai, só estou cansada —forço um sorriso e saio indo em direção ao meu quarto.
—Porque está com tanta pressa, Vanda? —Ouço a voz do Arthur atrás de mim.
Continua…