DÉBORA
Eu sou a Débora, Débora Smith, é assim que eu amava ser chamada, com o sobrenome importante, amava, porque hoje muita coisa mudou. Eu tenho 25 anos, vou fazer 26 daqui a dois meses, sou médica e trabalho no Hospital de urgências San Magno. Eu cresci cheia de conforto e muitos mimos, era a garotinha dos olhos do meu pai. Meu pai era um bom homem, sabe, era um pai cuidadoso e sempre fez tudo que podia para me fazer "feliz" porque eu coloquei aspas? É muito simples, porque eu precisava ouvir NÃO, isso mesmo, eu precisei ouvir NÃO PODE, NÃO FAÇA ISSO, ISSO É r**m… mas eu só ouvi sim pra tudo. Eu cresci sem limites e por melhor que meu pai fosse, ele ainda tinha seus defeitos. Ele gostava de mostrar status e exibir seu dinheiro, era um fofo comigo e com os meus amigos, mas era arrogante e grosseiro com quem não tinha tanto dinheiro quanto nós. Minha mãe era a típica perua metida, a famosa socialite que gosta de exibir roupas, sapatos, bolsas, jóias… enfim tudo que tem marca e vale mais de 10 salários comerciais. Ela nunca tratou bem nenhum dos nossos funcionários, gostava de chamar a atenção deles, principalmente se tinha alguma das amigas ricas dela por perto. Eu sei que isso não é desculpa para ser alguém r**m, mas tendo esses exemplos dentro de casa, eu acabei me tornando uma pessoa bem desagradável.
Eu sempre tive uma personalidade forte e sempre fui exibissionista, sempre gostei de mostrar o que eu tenho e as minhas conquistas pessoais. Eu amava ser o centro das atenções, ser admirada e eu fui, meu colegas de faculdade me veneravam, faltava pouco para me colocar num pedestal quando eu lhes trazia presentes das minhas viagens. Eu considerava minha vida perfeita até começar a minha residência no San Magno e descobrir que nada daquela futilidade era tão legal assim. Querem saber quando eu me dei conta disso? Eu respondo, foi quando eu percebi que eu era suportada pelos meus colegas de trabalho. Eu implicava muito com a Vanda, todos achavam que era porque ela é pobre e porque eu tinha ciumes do Arthur, mas a verdade é que eu tinha inveja dela. A Vanda é aquela típica princesa da Disney, loira, olhos azuis perfeitos, um sorriso doce e uma alegria contagiante, ela é linda, todos adoram ela, até quando ela faz merda todos acham graça. Eu tinha raiva porque ela era amada e nem precisava pagar por isso, não precisava dar presentes ou pagar as entradas nas baladas e isso me enchia de raiva e para passar minha raiva eu tentava humilhar ela.
Eu era uma pessoa tóxica, arrogante, desagradável ao extremo, o espelho dos meus pais. Eu namorei com o Arthur um tempo e eu me senti o máximo durante esse tempo, eu amava exibir meu namorado milionário e filho de médico famoso, mas não deu muito certo, no fundo o Arthur só me suportava também. O Arthur tenta negar, mas ele gosta da Vanda. Um ano depois que eu estava no San Magno a minha vida começou a mudar, eu comecei a mudar. Meu pai sofreu um acidente e ficou em estado vegetativo, nossos negócios deram uma caída drástica e com a crise financeira foram-se os "amigos". Foi só então que eu percebi que nada do que eu tinha era de verdade, que todas as coisas e pessoas que tinham na minha vida não queriam estar nela, só tinham interesses em comum com o que eu exibia e oferecia. Tudo que pode ser comparado se vai quando não tem dinheiro para mantê-los perto.
Eu ainda tentei fingir que estava por cima da carne seca, que eu estava bem, mas não deu muito certo, o Brandon fez questão de me lembrar que minhas ações anteriores tem consequências. Ah, o Brandon… essa é uma das maiores mudanças que tive na minha vida. Eu sempre achei o Brandon um gato, isso é óbvio, um moreno lindo, de 1,95, corpo bem forte e definido, isso tudo completando com belos olhos verdes e um sorriso perfeito. O homem é um gostoso, daqueles que nos faz molhar a calcinha só de olhar, mas eu não sabia que ele era filho de quem é e muito menos que era cheio da grana, por isso eu não dei muita bola, eu também já tinha um certo interesse no Arthur porque já tinha estudado sobre as pesquisas médicas do pai dele na faculdade, rsrs isso mesmo eu não passava de uma v***a interesseira como o Brandon diz. O Brandon nunca gostou do meu jeito, mesmo que eu tenha mudado e hoje sou uma pessoa completamente diferente da Débora Smith que eu era, ele não me aceita, nem como amiga, na verdade ele não me suporta.
Depois que eu terminei com o Arthur, eu já estava sentindo um certo desejo de saber como é o beijo do Brandon, fora que ele é muito cheiroso, sabe aqueles homens com um cheiro único, é ele, aquele perfume da Paco Rabanne que ele usa é demais, só faz deixar mais evidente aquele estilo de homem com pegada boa e é boa, como é boa a pegada daquele grosso. Como eu sei que ele tem uma pegada boa? Nós acabamos ficando, foi uma noite maravilhosa. Eu já estou enxergando o mundo de um jeito diferente, mas ainda estou no processo de conquistar meu espaço na vida das pessoas aqui no hospital. Nesse dia nós saímos todos juntos, nós quatro, eu, a Vanda, o Arthur e o Brandon, a Vanda estava meio triste porque ela atendeu uma paciente parecida com a menina que morreu no início da residência médica dela, resumindo, nós resolvemos sair para animar a Vanda, na verdade eu dei a ideia. A Vanda bebeu todas e na hora de ir pra casa ela quis ir com o Arthur, dispensou o Brandon na cara dura, detalhe: eles ficam de vez em quando, tem meio que uma amizade colorida, mas todos sabem que quem a Vanda ama é o Arthur. O Brandon gosta da Vanda, isso também não é segredo pra ninguém, mas o que ninguém sabe é que eu não tenho mais nada a ver com o Arthur, que eu gosto mesmo é do Brandon. Voltando à fatídica noite de f**a maravilhosa entre mim e o Brandon, bom, ele ficou triste e resolveu beber todas depois que a Vanda foi embora, eu fui levá-lo até o apartamento dele, que é O APARTAMENTO, o cara mora muito bem, então nós acabamos transando, foi muito bom, o cara é muito gostoso, mas me deu uma dispensada básica assim que terminamos.
—Você pode passar o resto da noite no quarto de hóspedes —falou assim que saiu do banheiro.
—Brandon, eu…
—Débora, eu não vou ser hipócrita e dizer que não gostei do que acabou de acontecer aqui, eu gosto muito de um bom sexo e esse foi bom, mas é só isso. Eu não vou mudar nada do que eu acho sobre você e não quero relacionamento com você —a frieza nas suas palavras me assustou um pouco. Eu não imaginei que ele tivesse essa raiva toda de mim. Mas eu não vou me deixar ser humilhada depois de abrir as pernas e dar tudo e mais um pouco.
—Brandon, eu não sou nenhuma adolescente emocionada, não vou pegar no seu pé exigindo amor eterno. Eu também gostei do sexo, gemi feito uma gata no cio, mas isso não significa que vou me apaixonar por você —falei exibindo meu melhor sorriso —mas se você quiser repetir, não vou reclamar. Você tem um brinquedo com uma potência maravilhosa.
—Você é muito safada —falou com a voz rouca, me deixando arrepiada novamente.
—Muito safada, mas só quando eu vejo algo que me interessa. Sem compromisso é claro.
Eu me levanto da cama enrolada em um lençol e vou até ele.
—Eu não vou ser uma noitada chata, fica tranquilo, Brandon —falo rindo e dou um beijinho no seu queixo.
—Assim espero porque minha praia é outra —respondeu seco.
—É mesmo, qual é a sua praia? —pergunto enquanto acaricio aquele belo rosto.
Continua…