CAP 2

1253 Words
Mayla Fischer Depois do café da manhã em que comi a força, eu o esperei terminar de comer para poder sair. Desde aquela ameaça da prova, ele não disse mais nenhuma palavra e o silêncio predominou até agora. Estou ainda tentando controlar os meus nervos, porque ele me deixa em um estado de pânico total, porque eu sei do que ele é capaz. A ameaça é para valer e tento ao máximo esquecer aquela surra! Agora, eu ando em direção à sala por onde ele passou e sei que foi ao escritório, então, pego a minha bolsa e saio para ir à escola. Quem sempre me leva é Konrad, um dos seguranças da mansão e ele é responsável por mim há bastante tempo. — Bom dia, senhorita Fischer! — Ele abre a porta traseira do carro e me aproximo. — Bom dia, Konrad! — Inclino a cabeça levemente e entro no carro. Quando ele fecha, ele dá a volta e entra para dirigir. Confesso que tenho uma curiosidade grande em direção de veículos e de forma disfarçada, eu sempre observo o que ele faz ao volante. A forma como o segura e o gira, como usa outros comandos e me imagino dirigindo qualquer carro, mesmo sabendo que, provavelmente, isso nunca vai acontecer. O trajeto é calmo, silencioso e me ocupo com a vista da janela fechada. Gosto de observar já que só saio para a escola e já decorei os pontos principais que passamos. Supermercados, bares, restaurantes, lojas, igrejas, praça e logo entramos na avenida sem prédios. A escola é um pouco afastada do centro da cidade e sem nada por perto. Quando chegamos, ele estaciona bem na entrada onde há vagas de veículos e desço depois de ele abrir a porta. Com um leve aceno, me distancio dele e passo dos portões fazendo o meu caminho como de costume. O prédio é bem rústico, mas bem cuidado e tendo de tudo. A expansão é enorme de ambos os lados, são inúmeras salas de aulas e tem até locais aqui que nem conheço. Depois que se entende do perigo em se meter em algo, a reclusão é necessária. — Olha só, a muda esquisita chegou! — Engulo em seco o comentário diário e ignoro como de costume. — Será que hoje é o dia em que vai dizer alguma coisa? Acho que não, em! Os risos continuam como se fossem algo de extremo humor, mas entro na sala sem dizer uma palavra. Me sento no local de sempre, ao lado da mesa da professora e por sorte, ela ainda não chegou. A verdade, é que pelas regras que me deram na mansão a mando do meu pai, eu sigo a risca desde aquela surra. Não tenho amizades aqui e no tempo livre entre as aulas, eu fico no refeitório fazendo o meu lanche enquanto leio algo. É lá que também estudo um pouco para passar o tempo já que não tenho nada para fazer. Como as provas finais estão chegando, eu tenho feito de tudo para quase decorar as lições e conteúdos passados mesmo sendo a aluna número um. — Não ouviram o sinal? Estão surdas? — A professora chega em quase gritos com as garotas de antes. — Todas nos seus lugares! Fico quieta no meu lugar e ela coloca as suas coisas na mesa. A aula de agora é de matemática avançada e já abro o caderno com a atividade que fiz. Ela passa em mesa em mesa, olhando cada folha com atenção tendo a sua caneta vermelha na mão. O que ela acha de errado, ela risca a folha por completo e ordena que seja feito novamente. Por sorte, não ocorre comigo! {...} No fim de todas as aulas, ouço o toque do sinal para eu ir embora e já guardo as minhas coisas em pressa. — Fique, Mayla! Eu quero falar com você um minuto. — Fico tensa ao ouvir isso por dois motivos. Primeiro que com certeza não é coisa boa e segundo, é que se eu me atrasar muito, posso ser punida. Todas as garotas saem da sala e nos deixa a sós, então, ela fecha a porta e vem até mim em passos lentos. — Tenho lhe observado muito nesses meses. — Fico confusa e pelo que me lembro, eu não fiz nada de errado. — As suas atividades são impecáveis, os trabalhos são perfeitos e os mais elaborados da turma. As suas outras provas de outras disciplinas são da mesma forma e, falei com outras professoras que me confirmaram isso. — Fico sem entender aonde ela quer chegar. — Com tudo isso, eu procurei saber o real motivo daquela confusão na última prova e a Johanna confessou que ela colou por vontade própria, então, pelos transtornos causados, eu... — Fico chocada com isso. — Eu peço desculpas e você não precisa se preocupar com a minha disciplina. — Me desculpe, mas o que quer dizer exatamente? — Questiono com cautela e tentando não afrontá-la. Aqui, qualquer palavra, expressão ou questionamento é afronta para muitas delas. — Que está livre da minha prova final! — Fico mais chocada ainda. — Antes daquilo tudo, você já se esforçava por algum motivo e só tem tirado as maiores notas desde sempre. Não há necessidade da prova final, pois pela atividade realizada eu vi que irá gabaritar tudo com honras. — Eu..., eu não sei o que dizer! — Os meus olhos ardem pelas lágrimas e tento engolir o choro a força. — Aceite as minhas desculpas e eu realmente sinto muito. — Os meus lábios tremem sem parar, porque quero chorar de qualquer jeito. — Eu, é..., muito..., muito obrigada! — Me limito a dizer qualquer coisa, porque não consigo. — Posso ir? — Pode! — Com a minha bolsa na mão, saio quase correndo. Tento esconder o rosto com as mãos e ando em passos largos em direção à saída. Vejo Konrad na entrada como sempre e tento disfarçar a minha fisionomia abaixando a minha cabeça. Não lhe espero abrir a porta do carro, apenas entro indo para o banco de trás e fico encolhida no canto. Com certeza ela deve saber o que aconteceu comigo em decorrência aquilo, porque os três dias acamada eu não pisei aqui e tive que mostrar um atestado médico. Isso é loucura! Konrad dirige em silêncio como sempre e enquanto tento digerir tudo, perco a noção do tempo e vejo que chegamos à mansão. Ao passar pela porta, vejo o meu pai sentado ao sofá na companhia de alguém que nunca vi na vida e estremeço pela segunda surpresa do dia. Ele nunca está em casa nessa hora! — Bom dia e com licença! — Faço ao dois em forma de respeito. — Mayla! — Meu pai chama a minha atenção e paro no mesmo segundo. — Se apronte para o almoço, pois teremos a companhia aqui do senhor Funcherst. — Ele mostra o homem e aceno levemente. — Sim senhor, e eu não me demoro. — Ando em direção às escadas com a cabeça a mil. Eu nunca ouvi falar desse homem, ele nunca veio aqui antes e não faço ideia do motivo de eu ter que estar presente nesse almoço com eles dois. Isso nunca ocorreu. Nas poucas vezes que o meu pai teve visitas, eu tive que ficar no quarto. Será que já são preparativos para o meu casamento? Espero que não, porque ele parece ser mais velho que o meu pai e não quero isso para mim.
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