Capítulo 10

1028 Words
Eu tomei um banho, era o que eu precisava para reagir, minha prima não deixaria por menos também. Eu me arrumei do jeito que dava, eu precisava acabar com aquela cerimônia patética de algum modo. Quando cheguei na porta da minha antiga casa as pessoas estavam aglomeradas. As cabeças baixas balbuciando orações me davam um certo tipo de náusea. - O que está havendo aqui? – Eu gritei assim que entrei pela porta. - Até que enfim você chegou Meg, uma cerimônia importante dessa e você nem aparece? – disse a minha mãe com o seu tom acusatório de sempre. Eu respirei fundo, eu precisava de alguma forma tirar de dentro de mim toda aquela revolta. Olívia se aproximou de mim e colocou os braços em volta de mim me dando apoio necessário para eu não deixar os meus sentimentos sufocados dentro de mim. - Vamos Meg, fala o que você veio falar! – disse Liv nos meus ouvidos. Eu respirei fundo mais uma vez e olhei para os olhos da minha mãe. - Essa cerimônia... Tudo aqui é uma palhaçada! – eu disse mais baixo do que o meu tom de voz normal, vai ver era medo. - Como é que é? – disse minha sogra se aproximando em choque, enquanto minha mãe só colocava a mão na boca para abafar o desespero causado pelo meu comentário. - Essa cerimônia toda é uma PALHAÇADA! – Eu falei mais alto. Todos dentro da pequena sala me olharam com a expressão de choque. - Essa é uma cerimônia importante para todos nós, eu perdi o meu filho! Como você se atreve a diminuir isso? – ela tinha o ponto dela e eu não discordava de modo geral, não era como se ela tivesse errada. Mas eu também tinha o meu ponto e o meu ponto era importante. - Ele era o meu esposo! Eu não concordei com essa decisão suicida enquanto vocês batiam palmas para aquela convocação de merda! Comemoravam a cada avanço nessa ocupação maldita e vibravam todas as vezes que ele ganhava uma nova insígnia por matar mais pessoas! E agora estão todos aqui... – olhei em volta – chorando por um homem que já havia sido declarado morto no momento em que resolveu servir a merda do país! Como vocês se atrevem a se quer pensar no Tommy quando só o que fizeram foi jogá-lo para o próprio túmulo! - Você é a viúva, mas ele era o meu filho! - E o seu ponto e só o seu ponto eu consigo entender. Porém, qual a p***a de ponto da minha mãe? E o seu pai? Qual o seu ponto para estar aqui lamentando a morte do seu genro o qual você basicamente jogou para a morte para poder contar um punhado de histórias em algum bar da cidade? Vocês são hipócritas! Como você disse... – eu respirei – eu sou a viúva, não vou impedir você de viver o seu luto, porém, quando for chorar faça como eu, chore dentro da droga da sua casa! Eu nunca mais quero passar e ver uma foto do Tommy estampada no gramado ou pendurada na soleira da porta como se ele fosse uma atração de circo! Ele era um ótimo marido, um bom filho, um bom genro e principalmente uma boa pessoa com todos... Que essa memória seja preservada! E nunca, jamais a memória a ser instigada na mente dos outros seja dele com esse uniforme maldito! Isso ficou entendido de uma vez por todas ou eu vou ter que me descontrolar? Ninguém ousou dizer nada para mim, eu não sei até que ponto eu estava certa eu só sei que falei tudo aquilo que precisava. Saí de lá com Liv me segurando e uma vontade imensa de chorar. Assim que saí pela porta Ethan estava lá me olhando profundamente nos olhos. - Finalmente Megan... Tomou uma atitude sobre alguma coisa! – disse ele ainda me encarando, as expressões de Ethan nunca eram suaves e disso eu sabia, ele me olhava até com um certo incomodo. - Não começa Ethan, eu já estou me sentindo m*l o suficiente para uma vida! Não foi certo brigar com a sua mãe, ela também está vivendo o luto dela! - Como não foi certo colocarem uma foto do Tommy para fazerem esse circo midiático nessa cidadezinha sem graça só para o entretenimento de um bando de caipiras – Ethan olhou para Liv e disse – Sem ofensas! - Tudo bem, você não mentiu em nada... Eu não vou dizer que sinto falta de quando a minha vida era amplamente discutida em cada esquina da cidade..., Mas também não me deixa confortável que a bola da vez seja a Meg. Ethan pareceu não dar a mínima para o que Liv falou, continuou me olhando nos olhos. - Megan... Precisamos conversar! – disse ele sem desviar o olhar - Não entendo o que teríamos para falar um com o outro Ethan! – eu disse usando a minha teimosia habitual. - Eu disse que precisamos conversar, esperava que pelo menos você se comportasse como uma adulta agora! - Eu já disse que não tenho nada para falar com você Ethan. Vamos Liv, eu preciso voltar para minha casa! – eu disse sem nem dar adeus a ninguém, soltei essas palavras no ar e saí andando. Olívia me seguiu, ela sabia que eu precisava de ajuda psicológica e mesmo que ela só conseguisse me oferecer vinho... Já estava de bom tamanho. Eu cheguei na minha casa e fiz o que era habitual: Me joguei no sofá na esperança mais sincera de que a casa permaneceria em um silêncio sepulcral. Mas esse não era o plano de Liv, que continuou falando sem parar na minha orelha. - Você deveria ter aceitado ficar com ele, te achei tão burra que é para expressar está difícil! - Eu não tenho nada para falar com Ethan Flitch! - Pena que você não tem como ver como fica a sua cara toda que vez que olha para ele, e eu sei todo esse problema do marido morto... Mas minha prima... Você está VIVA! - Já chega Olívia! Respeita o Tommy!
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