Depois que Telma voltou para casa, Rosângela ficou pensando se corria o risco de voltando para Ronaldo, aquela mulher ficar batendo na porta deles para infernizar a vida dos dois.
Tinha sido muito a***o da parte dela, vir e se apresentar como a mulher que tirou ele de casa.
Resolveu esquecer o assunto, por enquanto, para não acabar com a paz que vinha sentindo ultimamente.
Tinha chegado a conclusão que o deslize dele, foi por necessidade de s**o, e ele não tinha tido a intenção de deixar a família.
Ela nem tinha se dado ao trabalho de negar que se utilizou de magia para tirar ele de casa.
Realmente, era uma mulher muito bonita, capaz de fazer um homem esquecer das responsabilidades por alguns momentos, e isso pode acontecer com qualquer um.
Se viesse visitar os filhos no sábado, falaria com ele do desaforo da mulher de vir bater na sua porta.
Ele tinha que dar um jeito de isso não voltar a acontecer.
A campainha tocou de novo. Pensando que Telma tinha voltado, foi atender.
Era Ronaldo que estava parado no portão.
- Bom dia. Vim ver vocês.
- Se tivesse chegado um pouquinho antes, ia encontrar com a Heloísa aqui.
- Quem?
- A Heloísa. A mulher por quem você deixou a mim e aos seus filhos.
- O que ela veio fazer aqui?
- Te procurar. Queria o endereço da tua mãe, depois que eu falei que você estava morando com ela.
- Mas quando eu deixei ela, eu falei que ia morar com a minha mãe.
- Então não entendo o que ela veio fazer aqui! Mas você tem que dar um jeito para que ela não volte.
- Desculpa, mas não posso fazer isso.
- Porquê? Ainda gosta dela?
- Claro que não. Só não sei aonde procurar.
- Você nunca esteve na casa dela?
- Não. Ela dizia que morava com umas amigas, mas no dia que deixei ela, confessou que morava com o marido e que tinha largado ele porque ele não podia dar o luxo que ela queria e achava que merecia. Foi muita cara de p*u dela, vir bater aqui.
- O pior, é que a Telma escutou e veio pensando que eu estava me aborrecendo e expulsou ela daqui a tapas.
- Isso eu queria ter visto. Porque se eu estivesse aqui, era o que eu teria feito.
- Você nunca foi um homem violento.
- Porque nunca precisou. Mas numa situação dessas, eu não pensaria duas vezes. Já não chega todo o m*l que ela nos fez?
- Desculpa, mas você colaborou para isso.
- Eu já disse que errei. Mas não tive a intenção de chegar a esse ponto. Pensei em sair uma vez e depois esquecer. Mas ela ficou me cercando na saída do trabalho e deve ter me seguido até em casa. Não fui eu quem deu o endereço.
- Ela precisava do endereço para levar pro centro.
- Será que ela fez alguma coisa mesmo?
- Você mesmo disse que estava fora de si. E quando eu falei na cara dela que ela tinha feito trabalho pra você, ela não negou. E ameaçou a Telma por causa dos tapas que levou.
- Rosângela, desculpa. Nunca imaginei que ela fosse bater aqui. Aliás nem sabia que ela tinha o endereço.
- Eu acredito em você. Já que não tem como impedir, eu não dei o endereço da tua mãe. Quer que eu dê se ela voltar aqui?
- Só se for pra mim terminar com o que a Telma começou.
- Ela disse que não tinha pra onde ir.
- Que se vire! Vá trabalhar. Eu mesmo disse isso pra ela. Aí ela falou que nunca trabalhou na vida e não ia começar agora. Eu falei pra ela continuar se prostituindo. Isso é profissão.
- Ela é p********a?
- Uma mulher que fica caçando homem em bar e larga do marido buscando luxo, é o quê?
- Vai ver, ela gostou realmente de você.
- Que nada. Quando eu comecei a pagar a pensão das crianças, nossa vida virou um inferno.
- Por isso você ficou tão desesperado.
- Eu estava enfeitiçado. Como podia me negar a sustentar meus filhos, se estivesse com plena consciência?
- Esse negócio de espiritismo é perigoso.
- Só é perigoso para as pessoas que fazem m*l aos outros. Esse centro que a Telma frequenta, é de estudos e preces.
- Como você sabe?
- A minha mãe me disse. Foi lá que descobriram o que eu tinha e vocês passaram a orar por mim, não foi?
- Foi.
- Então. Primeiro eu me separei e quando a minha mãe me contou, passei a rezar também, para me livrar da mandinga dessa mulher. E estou cada dia melhor.
- Que bom. A oração fortalece.
- As crianças assistiram ao show dela?
- Não. Estão dormindo ainda. Aliás estava preparando o café da manhã. Quer um?
- Se não for te incomodar, aceito.
- Vamos até a cozinha então.
Ronaldo seguiu Rosângela, feliz da vida. Ela nunca chamava uma visita para tomar café na cozinha. As coisas estavam começando a melhorar para o lado dele.
Sentaram para tomar o café e Regina começou a chorar.
Ronaldo perguntou:
- Posso ir atender?
- Deixa que eu vou. Normalmente ela acorda molhada.
- Eu ainda sei trocar fraldas.
- Vai lá então.
Ronaldo foi, e os meninos estavam levantando. Tinham acordado com o choro da irmã.
Esperaram ele trocar a menina e depois os quatro foram juntos ao encontro de Rosângela.
Ela colocou o café deles e Ronaldo alimentou a filha. Olhava para a menina enquanto ela mamava, com os olhos cheios de amor.
Depois do café, foram para a sala brincar. Ronaldo ficou um pouco com eles e depois voltou a cozinha e perguntou:
- Precisa de ajuda?
- Não. Fica lá com eles que eles estão com saudades de você.
- E você?
- Eu vou fazer o almoço.
- Eu perguntei se você está com saudades de mim.
- Eu te pedi para não voltar a esse assunto.
- Eu estou com muita saudade de você. Me perdoa e vamos morar juntos de novo.
- Me dá um tempo. Ainda não resolvi.
- Mas está pensando pelo menos?
- E tem como não pensar, com todos me pressionando?
- Quem está te pressionando?
- Você, o Rogério e até meus pais.
- Os seus pais?
- É. Minha mãe ligou hoje logo cedo para dizer que se eu voltar contigo, eles não vão ficar chateados.
- Quem diria? Eu pensei que eles estavam com raiva de mim.
- Quando souberam do trabalho que tinham feito, a raiva passou.
- Então, Rosângela. Vamos ser felizes de novo.
- Espera eu decidir. Não vou aceitar a pressão de ninguém.
- Eu vou esperar, mas, por favor, não demora.
- Vai levar o tempo que for preciso.
- Eu posso ter esperanças?
- Digamos que eu estou dividida. Tenho medo de você cair na tentação de novo e voltar a me magoar.
- Depois do que eu estou sofrendo? Você não corre o menor perigo disso acontecer. Eu aprendi a lição.
- Me deixa resolver sozinha.
- Mas eu posso continuar a vir aqui, enquanto você não decide?
- Vir visitar as crianças, você vai poder sempre. Você é o pai deles.